sábado, 29 de outubro de 2011

Cadernos Negros UFBA 2012 - Boa Leitura

Não é possível resumir poesia. Então aqui estão os recortes interessantes dos poemas Cadernos Negros. Obra cobrada na Federal da Bahia. Os poemas em vermelho e fragmentado já estiveram na prova.  Se quiser ver mais poemas do livro e questões acesse:  www.euqueropassar.com




prefácio
 NEGRITUDE E ARTE
Benedito Cintra
A tinta impressa e formatada sobre o papel é trans­posição, é registro. Mas a poesia transposta, gravada com leu jeito e sua forma, é uma canção, um canto revelador da nossa natureza humana, no espaço e no tempo. Como canto e grafia, ela pode ser sonho e intuição, um olhar astuto  e romântico. Pode ser a reflexão incontida, história, reminiscência, resistência, perspectiva etc. Bem situada no tempo, pode ferir ou curar, derrubar ou levantar, matar ou salvar; pode sacudir as mentes e incendiar as multidões.
Na exata reflexão da realidade, ela pode prenunciar o  crepúsculo de um velho tempo, ou a aurora de um novo tempo. Que o digam Castro Alves na luta abolicionista; os insurgentes na Revolução dos Cravos, em Portugal; os poetas mortos ou perseguidos na luta contra o apartheïd, na África do Sul.
Com certeza, o grupo Quilombo hoje, desde o seu surgimento, vem acumulando uma rica experiência não só de luta e de organização, mas sobretudo na abordagem poética da nossa realidade, com um engajamento profun­do nas sendas da resistência militante e na perspectiva de um novo Brasil que não renegue suas origens, sua forma­ção, sua africanidade.
Não é fácil ser negro num país de negros como o nosso. Os descendentes e herdeiros dos Senhores de En­genho e da Casa Grande, que se gabam de ser a elite naci­onal, se puseram, há muito tempo, a serviço do imperia­lismo, da banca e da agiotagem internacionais. Traficam nossa independência, leiloam nosso património e escalpelam nosso povo.
As principais medidas e imposições governamentais nestes tempos bicudos e sombrios do neoliberalismo vêm no sentido de ampliar a exclusão social, econômica, polí­tica e cultural da população negra, pobre e trabalhadora. Eis porque grassam a impunidade e a violência; explo­dem a degradação das nossas crianças, a alienação dos nossos jovens, o desamparo aos trabalhadores e o aban­dono dos nossos velhos.
No campo cultural, essa elite vende-pátria busca surrupiar e mercantilizar nossos valores e iniciativas. Se o intento vil não é satisfeito, criam dificuldades e impedi­mentos de toda ordem.
Nossos inimigos querem impor o individualismo como prática social, política e cultural. Querem destruir as formas coletivas de pensar e agir. Ancorados pela gran­de mídia, esta sempre em uníssono, querem excluir a crí­tica, a controvérsia, o debate. Objetivam impor uma visão única e reacionária sobre a realidade e os acontecimentos. Mais recentemente, vêm incentivando a mediocridade cultural, um esoterismo banal, a despolitização, a anti-brasilidade, o besteirol. No fundo, querem macdonaldizar a nossa cultura. Afinal, "tudo se resolve pelo mercado" que  eles mesmos manipulam.
É contra essa maré que remam os Cadernos Negros nesta edição, reunindo uma preciosa antologia poética, de autoria variada, com negros e negras de diversos cantos do país.
O conjunto da obra põe à luz, com lirismo e sagaci­dade, um pouco do universo simbólico e do cotidiano do negro; dos seus sonhos, de sua indignação, seu protesto.
Nesse banho de negritude, chama a atenção, por confortante que é, uma certa centralidade dos poemas em torno da temática feminina e das mulheres negras. Na pre­sente edição, aparecem como organizadoras e como auto­ras em número elevado, por sinal. Estão aqui e ali, na es­sência de muitos versos, não como coisa, objeto, mas como guerreiras ou como referência militante na história e no tempo. Também como negras que questionam, agem, rei­vindicam, expondo a beleza e a sensualidade que lhes são intrínsecas.
Tal como um futuro radiante é a perspectiva e o so­nho de todos os negros, também o passado para nós é re­ferência obrigatória. Se desconhecer o passado, o negro não se fará presente. Aqui também o canto poético faz justa e oportuna evocação a Zumbi, Luiza Mahin, Mandela, aos quais gostaria de acrescentar o grande Cruz e Souza, expoente maior da luta abolicionista, do Simbolismo e das nossas letras, cujo centenário da morte comemoramos neste ano que transcorre.
Ao completar vinte anos de arte pura e heróica resis­tência, os Cadernos Negros vão adquirindo sua maiorida­de política e cultural, e consolidando uma experiência iné­dita no seio da militância negra e anti-racista. Constituem já referência obrigatória para negros, brancos progressis­tas e o mundo literário mais avançado. É bom lembrar que o século XX assistiu a grandes avanços e memoráveis vi­tórias do movimento negro e anti-racista em todo o mun­do. Os Cadernos Negros fazem parte dessa onda vitorio­sa. Com certeza, no século XXI, saberemos defendê-los e preservá-los com a mesma determinação, garra e carinho com que seus autores nos oferecem estes poemas maravi­lhosos.
Jangadas ao mar!!!
Axé

abelardo   rodrigues
GARGANTA
Hoje
é preciso que tua garganta
do existir
esteja limpa
para que jorre
teu negrume.
Uma garganta não é corpo
flácido
É sangue escorrendo em leilão de cais.
Tua garganta, irmão é urna quarta-feira de cinzas.
ZUMBI
As palavras estão como cercas
em nossos braços
Precisamos delas.
Não de ouro,
mas da Noite
do silêncio no grito
em mão feito lança
na voz feito barco
no barco feito nós
no nós feito eu.
No feto
Sim,
20 de novembro
é uma canção guerreira.

carlos de assumpçao
BATUQUE
(Dança afro-tietense)
Tenho um tambor Tenho um tambor Tenho um tambor
Tenho um tambor Dentro do peito Tenho um tambor
E todo enfeitado de fitas Vermelhas pretas amarelas e brancas
Tambor que bate
Batuque batuque bate
Tambor que bate
Batuque batuque bate
Que evoca bravuras dos nossos avós
lamborquebate Batuque batuque bate Tambor que bate Batuque batuque bate Tambor que bate 0 toque de reunir Todos os irmãos
De todas as cores Sem distinção
Tenho um tambor Tenho um tambor Tenho um tambor
Tenho um tambor Dentro do peito Tenho um tambor
É todo enfeitado de fitas
Vermelhas pretas amarelas brancas azuis e verdes
Tambor que bate
Batuque batuque bate
Tambor que bate
Batuque batuque bate
Tambor que bate
O toque de reunir
Todos os irmãos
Dispersos
Jogados em senzalas de dor
Tambor que bate
Batuque batuque bate
Tambor que bate
Batuque batuque bate
Tambor que fala de ódio e de amor
Tambor que bate sons curtos e longos
Tambor que bate
Batuque batuque bate
Tambor que bate Batuque batuque bate Tambor que bate O toque de reunir Todos os irmãos De todas as cores
Num quilombo Num quilombo Num quilombo
Tenho um tambor Tenho um tambor Tenho um tambor
Tenho um tambor Dentro do peito Tenho um tambor.




LINHAGEM
Eu sou descendente de Zumbi Zumbi é meu pai e meu guia Me envia mensagens do orum Meus dentes brilham na noite escura Afiados como o agadá de Ogum





IX  Encontro Local do Proler – UESC


Com o tema A Narrativa de Jorge e a representação do Amado Sul baiano o Proler – UESC promoveu no Teatro  Municipal e no Centro de  Convenções de 10 e 11 de agosto um prestigiado Evento que contou com nomes como Jorge Araújo e  Maria de Lourdes Simões como palestrantes. O Evento foi organizado pelo Comitê Proler  que tem a coordenação da professora envolvida com a causa da Leitura Glória de Fátima.  A professora Mara Rute participou do evento  com um minicurso sobre Leitura e e-texto e a apresentação do projeto Mãe, lê pra mim da Fundação Biblioteca Nacional em forma d e oficina com as professoras  Jorsinai Argolo e Jacira Dantas. O Oficina ainda contou com a experiência de produção do prestigiado  escritor Jorge Araújo.

Se você quiser acessar o conteúdo dos minicursos e oficinas ministrado pela professora bem como os vídeos em homenagem a Jorge Amado e Jorge Araújo basta acessar a área de downloads e vídeos do site www.euqueropassar.com

A professora Mara Rute participará do  Ciclo de Palestras da UESC do Grupo  - GESSAM – Grupo de Estudos da Saúde da Mulher.

Será no dia 03 ( próxima quinta-feira) no Pavilhão Jorge Amado Sala 3103 das 16h as 18h. A palestra será ministrada para alunos de enfermagem, mas aberta a público. Será a experiência de pesquisa da professora que trabalha com novas tecnologias e vai compartilhar métodos e usos desses recursos para a pesquisa acadêmica. Compareçam.

Festival de literatura em Vídeo. Participem!

Festival de literatura em Vídeo .  Vamos participar?
Estão abertas as inscrições até o início de dezembro do Festival de Literatura em Vídeo. São vídeos baseados em obras literárias de duração de até 5 minutos. Para participar basta produzir o vídeo com até cinco alunos com a ajuda de um professor. O que vocês acham? Mais informações consultem o regulamento no site:  http://www.literaturaemvideo.com.br/regulamento.aspx

UESB Processo Seletivo 2012 - Novos Filmes

A Uesb já divulgou a lista de  livros e filmes para o vestibular 2012. Os livros continuam os mesmos e são:  “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis; “Invenção de Orfeu”, de Jorge de Lima; e “O Amanauense Belmiro”, de Cyro dos Anjos, são as obras literárias cujos conteúdos, críticas e reflexões estão disponíveis na análise de obra do nosso site: www.euqueropassar.com

Já no campo cinematográfico, uma das tramas escolhidas é “Terra Estrangeira”. De direção de Walter Salles e Daniela Thomas, o filme aborda dramas vividos na época do Plano Collor, anunciado nos anos 90. A história de um garoto cego desprezado pelo pai é trazida pela produção iraniana “A Cor do Paraíso”, dirigida por Majid Majid. A última obra trata-se de um documentário do diretor Lírio Ferreira sobre a vida e música de Humberto Teixeira: “O homem que engarrafava nuvens”.


Assistam e aguardem nossos comentários na nossa área especial de leitura de filmes do site www.euqueropassar.com

E lembre-se: “ A sorte favorece o Espírito preparado”.