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Prof.ª
Mara Rute Lima
Exercícios de
Romantismo
“Seu potencial.
Nossa matéria-prima.”
Exercícios Propostos de
Literatura
1. (Ufpe 2012)
Considere as afirmações abaixo a respeito da produção literária
brasileira que prosperou na
primeira metade do século XIX.
( ) No Brasil, o Romantismo desenvolveu-se após a
Independência. Na Europa, com o ressuscitar do passado, o nativismo explorou
figuras e cenas medievais; em nosso país, com o indianismo romanceando as
origens nacionais, o mundo indígena foi enfocado com heróis baseados em
personagens e ações reais.
( ) José de Alencar,
na prosa, criou uma galeria de heróis indígenas que se submetiam
voluntariamente ao colonizador. Por exemplo, em O Guarani, Peri é
escravo de Ceci e converte-se ao cristianismo, sendo batizado. Em Iracema,
a personagem título se submete ao branco Martim, entrega que implica sacrifício
e abandono de sua tribo de origem.
( ) Em Ubirajara,
narrativa que enfoca uma fase anterior à colonização, Alencar despertou para a
falsidade da idílica submissão dos colonizados aos colonizadores, escrevendo:
“Foi depois da colonização que os portugueses, assaltando os índios como a
feras e caçando-os a dente de cão, ensinaram-lhe a traição que eles não
conheciam”.
( ) Gonçalves Dias,
que representa o Indianismo na poesia, já nos Primeiros Cantos, tem a
consciência do destino atroz que aguardava os tupis com a conquista portuguesa.
Na fala do xamã, as predições são assustadoras: “Manitós já fugiram da Taba/ ó
desgraça! ó ruína! ó Tupã!”
( ) Gonçalves Dias
lamentou a sorte do Novo Mundo, com sua gente vencida e suas terras profanadas.
Além do mais, o escritor maranhense, diferentemente de Alencar, dá voz ao
nativo: “Chame-lhe progresso, quem do extermínio secular se ufana/ Eu, modesto
cantor do povo extinto, /Chorarei os vastíssimos sepulcros”.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO VI
ADORMECIDA
Uma noite, eu me
lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
‘Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.
De um jasmineiro
os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos — beijá-la.
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos — beijá-la.
Era um quadro
celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Dir-se-ia que
naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes.
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes.
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio.
P’ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...
Eu, fitando a
cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
“Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
Naquela noite lânguida e sentida:
“Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
“Virgem! — tu és
a flor da minha vida!...”
CASTRO ALVES. Espumas flutuantes. In Obra compIeta Rio de
Janeiro: Nova Aguar, 1986. p. 124-125.
2. (Uff 2012) Assinale a alternativa INCORRETA em relação à
análise do poema de Castro Alves (Texto VI).
a) A valorização de elementos
da natureza confere sentidos particulares ao poema e indicia sua identificação
com propostas estéticas do Romantismo.
b) O poema se organiza a partir
de um episódio registrado pela memória do sujeito lírico, o que amplia a subjetividade
romântica presente em seu discurso.
c) O poema se constitui,
principalmente, como descrição de uma cena, repleta de elementos românticos,
configurando-se de forma plástica e visual.
d) O poema é percorrido por um
tom melancólico, próprio do Romantismo, empregado pelo poeta para expressar a
frustração amorosa do eu lírico.
e) O ambiente noturno,
privilegiado pelos poetas românticos, contribui, no poema, para o
estabelecimento de uma atmosfera de sonho, de calma e de desejo.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS QUESTÕES:
A última romântica
Cigarros, isqueiros,
copos com drinques coloridos, garrafas vazias - de vodca, do licor de coco
Malibu... Às flores, velas, retratos e mensagens de praxe os fãs acrescentaram
em frente à casa de Amy Winehouse esses objetos que dão prazer, podem viciar e
fazem mal à saúde. Para além da homenagem, era uma forma de participar do
universo de excessos da cantora.
É curioso o apelo de Amy
num mundo conservador, cada vez mais antitabagista e alerta para os riscos das
drogas - um mundo onde vamos sendo ensinados a comprar produtos sem gordura
trans e onde até as garotas de esquerda consomem horas dentro da academia.
Numa época em que as
pessoas são estimuladas a abdicar de certos prazeres na expectativa de durar
bastante, simplesmente para durar, Winehouse fez o roteiro oposto - intenso,
autodestrutivo, suicida.
Sob o aspecto clínico,
era uma viciada grave, necessitando desesperadamente da ajuda que insistia em
recusar. Uma de suas canções mais famosas trata exatamente disso.
Amy foi presa fácil do
jornalismo de celebridades, voltado à escandalização da intimidade dos famosos
(quanto pior, melhor). Foi também, num tempo improvável, a herdeira de Janis
Joplin, morta aos 27 em 1970, e de Billie Holiday, morta aos 44, em 1959, ambas
por overdose.
Como suas antecessoras,
Amy leva ao extremo o éthos romântico - do artista que vive em conflito
permanente e se rebela contra o curso prosaico e besta do mundo. Na sua figura
atormentada e em constante desajuste, o autoflagelo quase sempre se confunde
com o ódio às coisas que funcionam. Numa cultura inteiramente colonizada pelo
dinheiro e que convida à idolatria, fazer sucesso parecia uma espécie de vexame
e de vileza, o supremo fiasco existencial, contra o qual era preciso se resguardar.
Nisso Amy evoca os
gênios do romantismo tardio - Lautréamont, Rimbaud e outros poetas do inferno
humano, que tinham plena consciência da vergonha de dar certo.
(SILVA, Fernando
de Barros e. Folha de São Paulo, 26/07/2011)
3. (Insper 2012) A relação entre o título e as ideias expostas nesse
artigo evidenciam que o autor
a) pretende mobilizar os jovens
de maneira que eles passem a incorporar hábitos saudáveis em seu cotidiano.
b) considera que a cantora Amy
Winehouse encarnava uma personagem exótica apenas para conquistar a fama.
c) propõe que a morte de Amy
Winehouse deva servir de alerta às celebridades que adotam estilo de vida
destrutivo.
d) tenciona estimular a criação
de campanhas que combatam o tabagismo, o alcoolismo e o uso de entorpecentes.
e) constata que as atitudes
autodestrutivas não são exclusivas de artistas do mundo contemporâneo.
4. (Insper 2012) Considere esta definição:
Pressupostos são conteúdos implícitos que
decorrem de uma palavra ou expressão presente no ato de fala produzido. O
pressuposto é indiscutível tanto para o falante quanto para o ouvinte, pois
decorre, necessariamente, de um marcador linguístico, diferentemente de outros
implícitos (os subentendidos), que dependem do contexto, da situação de comunicação.
(Adaptado de FIORIN, J. L. O dito pelo não dito. In: Língua
Portuguesa, ano I, n. 6, 2006. p. 36-37.)
A passagem do texto "A
última romântica" em que a palavra sublinhada instaura um pressuposto é
a) “... esses objetos que dão
prazer, podem viciar e fazem mal à saúde.”
b) “... era uma forma de
participar do universo de excessos da cantora.”
c) “... onde até as
garotas de esquerda consomem horas dentro da academia.”
d) “Sob o aspecto
clínico, era uma viciada grave...”
e) “Como suas antecessoras, Amy
leva ao extremo o éthos romântico...”
5. (Ufsc
2011) O
cristão repeliu do seio a virgem indiana. Ele não deixará o rasto da desgraça
na cabana hospedeira. Cerra os olhos para não ver, e enche sua alma com o nome
e a veneração de seu Deus: – Cristo!... Cristo!... Volta a serenidade ao seio
do guerreiro branco, mas todas as vezes que seu olhar pousa sobre a virgem
tabajara, ele sente correr-lhe pelas veias uma onda de ardente chama. Assim
quando a criança imprudente revolve o brasido de intenso fogo, saltam as
faúlhas inflamadas que lhe queimam as faces. [...] Abriram-se os braços do
guerreiro adormecido e seus lábios; o nome da virgem ressoou docemente. A
juruti, que divaga pela floresta, ouve o terno
arrulho do companheiro; bate as asas, e
voa a conchegar-se ao tépido ninho. Assim a virgem do sertão aninhou-se nos
braços do guerreiro. Quando veio a manhã, ainda achou Iracema ali
debruçada qual borboleta que dormiu no
seio do formoso cacto. Em seu lindo semblante acendia o pejo vivos rubores; e
como entre os arrebóis da manhã cintila o primeiro raio do sol, em suas faces
incendidas rutilava o primeiro sorriso da esposa, aurora de fruído amor. [...]
As águas do rio banharam o corpo casto da recente esposa. Tupã já não tinha sua
virgem na terra dos tabajaras.
ALENCAR, J. de. Iracema. São Paulo: Núcleo, 1993. p. 39-41.
A partir da leitura do texto acima e do romance Iracema, e
considerando o contexto do Romantismo brasileiro, assinale a(s) proposição(ões)
correta(s).
01) Ao seduzir e possuir
Iracema, Martim está consciente dos seus atos, e isso constitui traição tanto
aos seus valores cristãos quanto à hospitalidade de Araquém. Quebra-se aqui,
portanto, uma importante característica do Romantismo, a idealização do herói,
que jamais comete ações vis.
02) Em Iracema, os elementos humanos e naturais não se mesclam. Nas
descrições que faz de Iracema, por exemplo, Alencar evita compará-la a seres da
natureza, pois isso seria contrário ao princípio romântico de valorização de
uma natureza pura, não contaminada pela presença humana.
04) A adjetivação abundante (“ardente chama”; “intenso fogo”; “tépido ninho”; “vivos rubores”) é uma importante
característica da prosa romântica, que será mais tarde evitada por escritores
realistas.
08) Ao entregar-se a Martim,
Iracema deixa de ser virgem e, portanto, não poderia mais ser a guardiã do
segredo da jurema; ainda assim continua a sê-lo, só deixando de preparar e
servir a bebida quando Caubi descobre sua gravidez e a expulsa da tribo.
16) Entre as várias
manifestações do nacionalismo romântico presentes em Iracema, está o desejo de mostrar o povo brasileiro como
híbrido, constituído pela fusão das raças negra, indígena e branca.
32) Além de indianista, Iracema é também um romance histórico;
serve assim duplamente ao projeto nacionalista da literatura romântica
brasileira.
6. (Ifsp 2011) Leia o poema de Francisco Otaviano.
Ilusões da Vida
Quem passou pela vida
em branca nuvem,
E em plácido repouso
adormeceu;
Quem não sentiu o frio
da desgraça,
Quem passou pela vida e
não sofreu;
Foi espectro de homem,
não foi homem,
Só passou pela vida,
não viveu.
(SECCHIN, Antonio Carlos. Roteiro da poesia brasileira – Romantismo.
São Paulo: Global, 2007.)
Este poema pertence à
estética romântica porque
a) sugere que o leitor, para
ser feliz, viva alienado e distante da realidade.
b) são explícitas as
referências a alguns cânones do Catolicismo.
c) expõe os problemas sociais
que afetavam a sociedade da época.
d) nele se percebe a vassalagem
amorosa, isto é, a submissão do homem em relação à mulher.
e) sugere que é importante
viver, de forma intensa e profunda, as experiências da existência humana.
7. (Unb 2011) I-Juca Pirama
Gonçalves Dias
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi.
Da tribo pujante,
Que agora
anda errante
Por fado
inconstante,
Guerreiros,
nasci;
Sou bravo,
sou forte,
Sou filho
do Norte;
Meu canto
de morte,
Guerreiros,
ouvi.
Aos golpes
do imigo,
Meu último
amigo,
Sem lar,
sem abrigo
Caiu junto
a mi!
Com
plácido rosto,
Sereno e
composto,
O acerbo
desgosto
Comigo
sofri.
Meu pai a
meu lado
Já cego e
quebrado,
De penas
ralado,
Firmava-se
em mi:
Nós ambos,
mesquinhos,
Por ínvios
caminhos,
Cobertos
d’espinhos
Chegamos
aqui!
Eu era o
seu guia
Na noite
sombria,
A só
alegria
Que Deus
lhe deixou:
Em mim se
apoiava,
Em mim se
firmava,
Em mim
descansava,
Que filho
lhe sou.
Ao velho coitado
De penas
ralado,
Já cego e
quebrado,
Que resta?
— Morrer.
Enquanto
descreve
O giro tão
breve
Da vida
que teve,
Deixai-me
viver!
Não vil,
não ignavo,
Mas forte,
mas bravo,
Serei
vosso escravo:
Aqui virei
ter.
Guerreiros,
não coro
Do pranto
que choro:
Se a vida
deploro,
Também sei
morrer.
A partir do trecho apresentado, extraído do
clássico poema do indianismo brasileiro I-Juca Pirama, julgue os itens a
seguir.
a) No
contexto da literatura brasileira do século XIX, era incomum o recurso a
protagonistas ameríndios em poemas épicos e romances. Especialmente os autores
que se filiavam ao romantismo tenderam a dar destaque, nos seus textos a heróis
de proveniência europeia, como forma de rejeitar o projeto de uma identidade
brasileira, bem como de restaurar os laços com a cultura europeia, que haviam
sido cortados desde a independência.
b) O refrão do poema — “Meu canto de morte,/
Guerreiros, ouvi” — remete ao passado do personagem épico I-Juca Pirama, como indica o emprego da
forma verbal “ouvi”, flexionada no pretérito do indicativo.
c) Ao utilizar como recurso de composição a narrativa
em primeira pessoa do singular, o autor potencializa o apelo romântico do
texto, fazendo que o drama do personagem Tupi seja sublinhado pela perspectiva
íntima, a partir da qual os fatos são apresentados.
d) Para conferir dramaticidade ao momento de tensão em
que o índio Tupi se apresenta à tribo que o aprisionou, o poeta utiliza esquema
métrico e rítmico ágil, destacando-se a redondilha maior e as rimas cruzadas.
e) O índio, nesse poema de Gonçalves Dias e nas demais
obras do indianismo romântico brasileiro, é representado segundo técnica
literária realista, por meio da qual se pretende revelar o índio como legítimo
dono das terras e da identidade cultural do país.
f) Verifica-se, nas últimas estrofes apresentadas, que
o grande temor do personagem narrador é a morte, apesar de a desdita que a vida
reservou a ele e a seu pai ser apresentada em forma de lamento.
g) O movimento romântico brasileiro, do qual o poema I-Juca
Pirama é produção
exemplar, procurou estabelecer as bases
literárias da identidade cultural brasileira, objetivando a superação do cosmopolitismo expresso
pela estética neoclássica,
característica do Arcadismo.
h) Autores do modernismo brasileiro retomaram o tema
do índio moralmente forte como símbolo da nação, como se pode verificar na obra
Macunaíma,
de Mário de Andrade.
“Onde estás”
1 É meia-noite... e rugindo
2 Passa triste a ventania,
3 Como um verbo de desgraça,
4 Como um grito de agonia.
5 E eu digo ao vento, que passa
6 Por meus cabelos fugaz:
7 “Vento frio do deserto,
8 Onde ela está? Longe ou perto?”
9 Mas, como um hálito incerto,
10 Responde-me o eco ao longe:
11 “Oh! minh’amante, onde estás?...”
12 Vem! É tarde! Por que tardas?
13 São horas de brando sono,
14 Vem reclinar-te em meu peito
15 Com teu lânguido abandono!...
16 ’Stá vazio nosso leito...
17 ’Stá vazio o mundo inteiro;
18 E tu não queres qu’eu fique
19 Solitário nesta vida...
20 Mas por que tardas, querida?...
21 Já tenho esperado assaz...
22 Vem depressa, que eu deliro
23 Oh! minh’amante, onde estás?...
24 Estrela – na tempestade,
25 Rosa – nos ermos da vida,
26 Íris – do náufrago errante,
27 Ilusão – d’alma descrida!
28 Tu foste, mulher formosa!
29 Tu foste, ó filha do céu!...
30 ... E hoje que o meu passado
31 Para sempre morto jaz...
32 Vendo finda a minha sorte,
33 Pergunto aos ventos do Norte...
34 “Oh! minh’amante, onde estás?”
(CASTRO ALVES, A. F. Espumas flutuantes. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005. p.
84-85.)
8. (Uel 2011)
Sobre a relação entre o poema e a obra Espumas flutuantes, considere as afirmativas a seguir.
I. Idealização
da mulher amada e demonstração emotiva são modos de expressão típicos do poeta,
inscrito no Romantismo brasileiro.
II. É um
poema à parte de Espumas flutuantes,
pois a idealização da mulher é tema fortuito na obra de Castro Alves.
III. O uso
abundante de interrogações, exclamações e reticências fortalece seu teor
sentimental, marca típica do Romantismo.
IV. Nos versos
16 e 17, o eu-lírico estende seu olhar sentimental, indo do espaço mínimo ao
espaço máximo, a fim de expor sua imensa saudade.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e
II são corretas.
b) Somente as afirmativas II e
IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e
IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II
e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Texto
O “Adeus” de
Teresa
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a
correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a
fala...
E ela, corando, murmurou-me:
“adeus.”
Uma noite... entreabriu-se um
reposteiro...
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus...
Era eu... Era a pálida Teresa!
“Adeus” lhe disse conservando-a
presa...
E ela entre beijos murmurou-me:
“adeus!”
Passaram tempos... séc’los de
delírio
Prazeres divinais... gozos do
Empíreo...
... Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse – “Voltarei!...
descansa!...”
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”
Quando voltei... era o palácio em
festa!...
E a voz d’Ela e de um homem lá na
orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei!... Ela me olhou branca...
surpresa!
Foi a última vez que eu vi
Teresa!...
E ela arquejando murmurou-me:
“adeus!”
(CASTRO ALVES, Antonio Frederico. Espumas flutuantes. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 2005. p. 51.)
9. (Uel 2011)
Sobre características do estilo de Castro Alves
presentes no poema, considere as afirmativas a seguir.
I.
Presença de uma visão erotizada do amor e da mulher.
II.
Abandono do tom aclamatório presente nos poemas sobre os escravos.
III.
Confirma sua inserção na segunda geração do Romantismo.
IV.
Revela influência do sentimentalismo amoroso adulto.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as
afirmativas I e IV são corretas.
b) Somente as afirmativas
II e III são corretas.
c) Somente as
afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II
e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, II
e IV são corretas.
10. (Fuvest 2010) Gente que mamou leite romântico pode meter
o dente no rosbife* naturalista; mas em lhe cheirando a teta gótica e oriental,
deixa logo o melhor pedaço de carne para correr à bebida da infância. Oh! meu
doce leite romântico!
Machado de Assis, Crônicas.
*Rosbife:
tipo de assado ou fritura de alcatra ou filé bovinos, bem tostado externamente
e sangrante na parte central, servido em fatias.
a) A
imagem do “rosbife naturalista” — empregada, com humor, por Machado de Assis,
para evocar deter minadas características do Naturalismo — poderia ser
utilizada também para se referir a certos aspectos do romance O cortiço?
Justifique sua resposta.
b) A
imagem do “doce leite romântico”, que se refere a certos traços do Romantismo,
pode remeter também a alguns aspectos do romance Iracema? Justifique sua resposta.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Tudo o que
aqui escrevo é forjado no meu silêncio e na penumbra. Vejo pouco, ouço quase
nada.
Mergulho
enfim em mim até o nascedouro do espírito que me habita. Minha nascente é
obscura. Estou escrevendo porque não sei o que fazer de mim. Quer dizer: não
sei o que fazer com meu espírito. O corpo informa muito. Mas eu desconheço as
leis do espírito: ele vagueia. Meu pensamento, com a enunciação das palavras
mentalmente brotando, sem depois eu falar ou escrever – esse meu pensamento de
palavras é precedido por uma instantânea visão sem palavras, do pensamento –
palavra que se seguirá, quase imediatamente – diferença espacial de menos de um
milímetro. Antes de pensar, pois, eu já pensei.
Clarice Lispector. Um sopro de vida.
11. (Uff 2010)
O modo de Clarice Lispector ver a criação literária guarda relação com o
momento histórico em que ela escreve. Em outros momentos históricos, outras
relações ocorreram.
Assinale a
opção correta.
a) O Modernismo relaciona-se
com um modo de escrever que pretende discutir a criação literária e produzir a
simplicidade e a métrica do pastoralismo.
b) O Neoclassicismo
relaciona-se com um modo de escrever que reproduz a arte barroca tal como ela
era.
c) O Realismo relaciona-se com
um modo de escrever que se caracteriza pela musicalidade, pela sinestesia e
pelas aliterações.
d) O Simbolismo relaciona-se
com um modo de escrever que apresenta a realidade tal como ela é.
e) O Romantismo relaciona-se
com um modo de escrever que adota a estética da expressão do eu autoral.
12. (Enem cancelado 2009) Texto 1
O Morcego
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e
escaldante molho.
“Vou mandar levantar outra parede...”
Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um
olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro:
Aguilar, 1994.
Texto 2
O lugar-comum em que se converteu a imagem de um poeta doentio, com o
gosto do macabro e do horroroso, dificulta que se veja, na obra de Augusto dos
Anjos, o olhar clínico, o comportamento analítico, até mesmo certa frieza, certa
impessoalidade científica.
CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia.
Rio de Janeiro: Cátedra, 1988 (adaptado).
Em consonância com os comentários do texto 2 acerca da poética de
Augusto dos Anjos, o poema O morcego apresenta-se, enquanto percepção do
mundo, como forma estética capaz de
a) reencantar
a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na poesia.
b) expressar
o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto pelo macabro.
c) representar
realisticamente as dificuldades do cotidiano sem associá-lo a reflexões de
cunho existencial.
d) abordar
dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista distanciado e
analítico acerca do cotidiano.
e) conseguir
a atenção do leitor pela inclusão de elementos das histórias de horror e
suspense na estrutura lírica da poesia.
13. (Enem cancelado 2009) O sertão e o sertanejo
Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses
campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo
ardor do sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o
incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha
do seu isqueiro. Minando à surda na touceira, queda a vívida centelha. Corra
daí a instantes qualquer aragem, por débil que seja, e levanta-se a língua de
fogo esguia e trêmula, como que a contemplar medrosa e vacilante os espaços
imensos que se alongam diante dela. O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a
consumir com mais lentidão algum estorvo, vai aos poucos morrendo até se
extinguir de todo, deixando como sinal da avassaladora passagem o alvacento
lençol, que lhe foi seguindo os velozes passos. Por toda a parte melancolia; de
todos os lados tétricas perspectivas. É cair, porém, daí a dias copiosa chuva,
e parece que uma varinha de fada andou por aqueles sombrios recantos a traçar
às pressas jardins encantados e nunca vistos. Entra tudo num trabalho íntimo de
espantosa atividade.
Transborda a vida. TAUNAY, A. Inocência. São Paulo: Ática, 1993
(adaptado).
O romance romântico teve
fundamental importância na formação da ideia de nação. Considerando o trecho
acima, é possível reconhecer que uma das principais e permanentes contribuições
do Romantismo para construção da identidade da nação é a
a) possibilidade
de apresentar uma dimensão desconhecida da natureza nacional, marcada pelo
subdesenvolvimento e pela falta de perspectiva de renovação.
b) consciência
da exploração da terra pelos colonizadores e pela classe dominante local, o que
coibiu a exploração desenfreada das riquezas naturais do país.
c) construção,
em linguagem simples, realista e documental, sem fantasia ou exaltação, de uma
imagem da terra que revelou o quanto é grandiosa a natureza brasileira.
d) expansão
dos limites geográficos da terra, que promoveu o sentimento de unidade do
território nacional e deu a conhecer os lugares mais distantes do Brasil aos
brasileiros.
e) valorização
da vida urbana e do progresso, em detrimento do interior do Brasil, formulando
um conceito de nação centrado nos modelos da nascente burguesia brasileira.
14. (Uepg 2008)
Canto IX - I Juca Pirama
O guerreiro parou, caiu nos braços
Do velho pai, que o cinge contra o peito,
Com lágrimas de júbilo bradando:
"Este, sim, que é meu filho muito amado!
E pois que o acho enfim, qual sempre o tive,
Corram livres as lágrimas que choro,
Estas lágrimas, sim, que não desonram".
(Gonçalves Dias. "Poesias Americanas")
Com relação à obra indianista de Gonçalves Dias, e
sobre este poema em particular, assinale o que for correto.
01) O herói do poema não é apenas um índio tupi:
representa todos os índios brasileiros ou ainda todos os brasileiros, uma vez
que o índio foi durante o Romantismo o representante de nossa nacionalidade.
02) O poeta, ao pôr em discussão profundos valores e
sentimentos humanos, como a bondade filial e a honra, supera os limites da
abordagem puramente indianista e ganha universalidade.
04) O índio de Gonçalves Dias diferencia-se do de
Joaquim Norberto e Gonçalves Magalhães, não pela questão de autenticidade do
índio, mas por ser mais poético, como vemos em "I-Juca-Pirama". O
deslumbramento sem vulgaridade do herói indígena traduz a poesia do poeta,
malabarista de ritmos nos sentimentos de heroísmo, dignidade, generosidade,
bravura, maldição e tradição.
08) Quanto aos aspectos formais, em
"I-Juca-Pirama" Gonçalves Dias variou a métrica de trecho em trecho.
Teoricamente, o poeta teria desprezado a metrificação. No entanto, do ponto de
vista expressivo, a variação métrica utilizada produz a iconicidade sonora do
texto, construindo plasticamente o poema como um significante rítmico do ritual
narrado.
16) I Juca Pirama significa "aquele que é digno de
ser morto"; o poema conta a história de um guerreiro tupi, aprisionado
pelos Timbiras, que vai morrer em um festim canibal.
15. ) Leia o
poema a seguir, de Álvares de Azevedo, e escolha a afirmação CORRETA a seu
respeito:
PÁLIDA INOCÊNCIA
Por que, pálida inocência,
Os olhos teus em dormência
A medo lanças em mim?
No aperto de minha mão
Que sonho do coração
Tremeu-te os seios assim?
E tuas falas divinas
Em que amor lânguida afinas
Em que lânguido sonhar?
E dormindo sem receio
Por que geme no teu seio
Ansioso suspirar?
Inocência! quem dissera
De tua azul primavera
As tuas brisas de amor!
Oh! quem teus lábios sentira
E que trêmulo te abrira
Dos sonhos a tua flor!
Quem te dera a esperança
De tua alma de criança,
Que perfuma teu dormir!
Quem dos sonhos te acordasse,
Que num beijo t'embalasse
Desmaiada no sentir!
Quem te amasse! e um momento
Respirando o teu alento
Recendesse os lábios seus!
Quem lera, divina e bela,
Teu romance de donzela
Cheio de amor e de Deus!
a) Trata-se de um poema pertencente à terceira
fase do Romantismo, na qual prevalece a poesia de cunho social, caracterizada
pelo uso de linguagem inflamada e grandiloquente.
b) Trata-se de um poema pertencente à segunda
fase do Romantismo, o que se pode perceber pela figura de mulher inacessível,
virginal e infantilizada.
c) Trata-se de um poema pertencente à primeira
fase do Romantismo, o que se pode perceber pelas referências à natureza
brasileira ("azul primavera", "brisas de amor", "tua
flor").
d) Trata-se de um poema pertencente ao
Parnasianismo, o que se pode perceber pelo erotismo contido e pelo uso do metro
de 10 sílabas.
e) Trata-se de um poema pertencente ao Arcadismo,
como revelam tanto a figura feminina acessível (mulher companheira) quanto à
natureza estilizada, artificial ("azul primavera").
16. (Uff 2007)
A modernidade tem-se utilizado de meios
expressionais que dialogam com diversas linguagens, produzindo pela
intertextualidade novos sentidos e novos diálogos. Por exemplo, a pintura de
Portinari é retomada pelo grafite, deslocando a realidade do trabalhador rural
para a cidade.
Identifique o comentário pertinente sobre a
ressignificação promovida pela intertextualidade dos fragmentos que se seguem.
a) Amor é fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não
se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem
doer.
Luís Vaz de Camões
O amor é o fogo que
arde sem se ver.
É ferida que dói e não
se sente.
É um contentamento
descontente.
É dor que desatina sem
doer.
Ainda que eu falasse a
língua dos homens.
E falasse a língua dos
anjos, sem amor eu nada seria.
Legião Urbana,
"Monte Castelo"
Os versos de "Monte Castelo" retomam três
fontes distintas que remetem ao local de resistência (título da canção), à
necessidade imperiosa do sentimento fraterno (Apóstolo Paulo) e ao caráter
contemplativo e dócil da vivência amorosa (Camões).
b) Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na
sombra
Disse: Vai, Carlos! ser
gauche na vida.
Carlos Drummond de
Andrade, "Poema das sete faces"
Quando nasci um anjo
esbelto,
desses que tocam
trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra
mulher,
esta espécie ainda
envergonhada.
Adélia Prado, "Com licença poética"
Os versos de Adélia Prado retomam a imagem do
"anjo", reproduzindo o caráter de aceitação do papel da mulher no
contexto social.
c) Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais
flores
Nossos bosques têm mais
vida,
Nossa vida mais amores.
Gonçalves Dias
Nossas várzeas têm mais
flores
nossas flores mais
pesticidas.
Só se banham em nossos
rios
Desinformados e
suicidas.
Luiz FernandoVeríssimo
O fragmento retomado por Veríssimo - versos de
"Canção do Exílio" - situa a realidade em que se insere, sob o ponto
de vista crítico, confrontando-se à visão ufanista do Romantismo.
d) Conselho se fosse bom, as pessoas
não dariam, venderiam.
Vá dormir que a dor
passa.
Quem espera sempre
alcança.
Provérbios e ditos
populares.
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor
não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem
espera nunca alcança.
Chico Buarque, "Bom conselho"
O fragmento de "Bom conselho" reforça
pela linguagem poética o caráter moralista e educativo desses provérbios.
e) A feição deles é serem
pardos, maneira d'avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos.
Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar
suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como também em mostrar
o rosto.
Trecho da Carta de Pero
Vaz de Caminha a el-rei d. Manuel
Senhor:
Escrevo esta carta para vos dar conta dos sucessos da terra de Vera Cruz
desde o dia de seu achamento até a construção desta Brasília onde agora me
encontro. Eu a tenho, Senhor, por derradeiro feito e última louçania da gente
de cepa e me empenharei em bem descrevê-la, nada pondo ou tirando para
aformosear nem para enfear, mas só praticando do que vi, ouvi ou me pareceu.
Segunda Carta de Pero
Vaz de Caminha, a El Rei, escrita da Novel Cidade de Brasília com a data de 21
de abril de 1960. Por Darcy Ribeiro
O fragmento da carta de Darcy Ribeiro retoma o
estilo detalhista e inventivo de Pero Vaz de Caminha, ao construir a imagem do
Brasil segundo o olhar europeu.
17. (Ueg 2006) À DERIVA
O coração é a casa de ninguém.
Tapera de artérias.
Vibram
ventos vermelhos nas folhas
de fibra.
Ora erra
o ritmo... Outra
nota...
Murros na matéria.
Coração, ilusão,
vida,
paupérrimas rimas.
GUIMARÃES, Edmar.
"Caderno". 2a ed. Goiânia: Kelps. p. 46.
Sobre a leitura, é CORRETO afirmar que o poema
a) destoa sensivelmente do
título da obra "Caderno", bem como da parte "Rasuras", pois
apresenta precisão no acabamento formal e temático.
b) expõe alternadamente
linguagem denotativa e conotativa, pois as imagens são exploradas sob a
perspectiva abstrata e concreta.
c) vale predominantemente como
exercício estético, pois o efeito de sentido é sobreposto pelos efeitos
formais, como assonância e aliteração.
d) impõe impreterivelmente uma
leitura intertextual, pois o desvendamento do sentido necessita da referência
literária do Romantismo brasileiro.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A S. PAULO
1 Terra da liberdade!
2 Pátria de heróis e berço de
guerreiros,
3 Tu és o louro mais brilhante e
puro,
4 O mais belo florão dos
Brasileiros!
5 Foi no teu solo, em borbotões
de sangue
6 Que a fronte ergueram
destemidos bravos,
7 Gritando altivos ao quebrar dos
ferros:
8 Antes a morte que um viver de
escravos!
9 Foi nos teus campos de mimosas
flores,
10 À voz das aves, ao soprar do norte,
11 Que um rei potente às multidões curvadas
12 Bradou soberbo - Independência ou morte!
13 Foi de teu seio que surgiu,
sublime,
14 Trindade eterna de heroísmo e glória,
15 Cujas estátuas, - cada vez
mais belas,
16 Dormem nos templos da Brasília história!
17 Eu te saúdo, ó majestosa plaga,
18 Filha dileta, - estrela da nação,
19 Que em brios santos carregaste os cílios
20 À voz cruenta de feroz Bretão!
21 Pejaste os ares de sagrados cantos,
22 Ergueste os braços e sorriste à guerra,
23 Mostrando ousada ao murmurar das turbas
24 Bandeira imensa da Cabrália terra!
25 Eia! - Caminha o Partenon da glória
26 Te guarda o louro que premia os bravos!
27 Voa ao combate repetindo a lenda:
28 - Morrer mil vezes que viver escravos!
(Fagundes Varela, O ESTANDARTE AURIVERDE. ln:___.
POESIAS COMPLETAS. São Paulo, Edição Saraiva, 1956, p. 85-86.)
18. (Cesgranrio 1991) Tendo em vista o texto, assinale a opção com DUAS
características do Romantismo PRESENTES NO POEMA:
a) entendimento racional do
mundo / adjetivação abundante
b) polarização entre o Bem e o
Mal / rigidez métrica
c) exaltação do heroísmo /
musicalidade acentuada
d) assimilação do ideário
liberal / valorização da simplicidade do povo brasileiro
e) temática de fundo histórico
/ presença da cor local
19. (Unesp 1989)
Identifique os movimentos literários a que
pertencem as seguintes estrofes, na ordem em que elas se apresentam.
I- "A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
E o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor."
II- "Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpia dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."
III- "Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara:"
IV- "Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,
Fui honrado Pastor da tua aldeia;
Vestia finas lãs, e tinha sempre
A minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal, e manso gado,
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado."
V- "Torce, aprimora, alteia, lima
A frase, e enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito."
a) Romantismo, Simbolismo,
Barroco, Arcadismo e Parnasianismo.
b) Modernismo, Parnasianismo,
Barroco, Arcadismo e Romantismo.
c) Romantismo, Modernismo,
Arcadismo, Barroco e Simbolismo.
d) Simbolismo, Modernismo,
Arcadismo, Parnasianismo e Barroco.
e) Modernismo, Simbolismo,
Barroco, Parnasianismo e Arcadismo.
20. (Unesp 1989)
Assinale a alternativa INCORRETA com relação à
Literatura Portuguesa:
a) O ambiente das cantigas de amor é sempre o
palácio, com o trovador declarando seu amor por uma dama (tratada de
"senhor", isto é, senhor. Daí o relacionamento respeitoso, cortês,
dentro dos mais puros padrões medievais que caracterizam a vassalagem, a
servidão amorosa.
b) o teatro vicentino é basicamente caracterizado
pela sátira, criticando o comportamento de todas as camadas sociais: a nobreza,
o clero e o povo. Gil Vicente não tem preocupação de fixar tipos psicológicos,
e sim a de fixar tipos sociais.
c) o marco inicial do Romantismo em Portugal é a
publicação do poema "Camões". Todavia, a nova estética literária só
viria a se firmar uma década depois com a Questão Coimbrã, quando se aceitou o
papel revolucionário da nova poesia e a independência dos novos poetas em
relação aos velhos mestres.
d) Eça de Queirós, em sua obra, dedica-se a
montar um vasto painel da sociedade portuguesa, retratada em seus múltiplos
aspectos: a cidade provinciana; a influência do clero; a média e a alta
burguesia de Lisboa; os intelectuais e a aristocracia.
e) A mais rica, densa e intrigante faceta da obra
de Fernando Pessoa diz respeito ao fenômeno da heteronímia que deu aos poetas
Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos biografias, características,
traços de personalidade e formação cultural diferentes.
Leia os versos do poeta
romântico Casimiro de Abreu.
Meus oito anos
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
21. Comparando-se a ideia de saudades,
apresentada nos versos de Casimiro, com a da propaganda, é correto afirmar que
elas são
(A) equivalentes, pois ambas tratam da questão
do afastamento e da impossibilidade do contato físico.
(B) contrárias, pois a primeira traduz um
sentimento de tristeza profunda; já a segunda, uma tristeza superável.
(C) diferentes, pois os versos tratam de um
sentimento mais geral, envolvendo fases da vida; e a propaganda, de um
sentimento mais específico, envolvendo as pessoas.
(D) semelhantes, pois remetem à possibilidade
de vencer barreiras para suprir os sentimentos.
(E) paradoxais, pois envolvem alegria e
tristeza para expressar o que se sente por algo que está distante.
22. O estilo dos versos de
Casimiro de Abreu
(A) é brando e gracioso, carregado de
musicalidade nas redondilhas maiores.
(B) traduz-se em linguagem grandiosa, por meio
das quais estabelece a crítica social.
(C) é preciso e objetivo, deixando em segundo
plano o subjetivismo.
(D) reproduz o padrão romântico da morbidez e
melancolia.
(E) é rebuscado e altamente subjetivo, o que o
aproxima do estilo de Castro Alves.
23. Nos versos, evidenciam-se
as seguintes características românticas:
(A) nacionalismo e religiosidade.
(B) sentimentalismo e saudosismo.
(C) subjetivismo e condoreirismo.
(D) egocentrismo e medievalismo.
(E) byronismo e idealização do amor.
24. (ITA-SP) Assinale a alternativa que caracteriza o
Romantismo:
a) valorização do eu. O assunto passa a ser manifestado a partir do
artista, que traz à tona o seu mundo interior, com plena liberdade; esta
liberdade se impõe na forma. Sentimentalismo.
b) literatura multifacetada: valorização da palavra e do ritmo: temática
humana e universal.
c) literatura intrinsecamente brasileira; linguagem direta, coloquial,
livre das regras gramaticais, imagens diretas; inspiração a partir da
burguesia, da civilização industrial, da máquina.
d) literatura que busca inspiração no subconsciente, nas regiões
inexploradas da alma: para isso, usa meios indiretos a fim de sugerir ou
representar as sensações; funde figura, música e cor.
e) literatura que visa à perfeição da forma, à objetividade, ao
equilíbrio, à perfeição absoluta da linguagem; prefere os temas novos e
exóticos.
25. No poema “A hora íntima”, Vinicius de Moraes pergunta “Quem pagará o enterro e as flores / Se eu me morrer de amores?”. Nessa passagem, os versos de Vinícius retomam, num tom ameno e voltado para a temática da relação amorosa, a idéia de “se eu morresse amanhã”, consagrada por
a) Alvares de Azevedo - condoreiro romântico.
b) Castro Alves - lírico romântico.
c) Fagundes Varela - condoreiro romântico.
d) Alvares de Azevedo - lírico romântico.
e) Castro Alves - condoreiro romântico.
“Tu
choraste em presença da morte?
Em
presença de estranhos choraste?
Não
descende o cobarde do forte;
Pois
choraste, meu filho não és!
Possas
tu, descendente maldito
De uma
tribo de nobres guerreiros,
Implorando
cruéis forasteiros,
Seres
presa de vis Aimorés.
Possas
tu, isolado na terra,
Sem
arrimo e sem pátria vagando,
Rejeitado
da morte na guerra,
Rejeitado
dos homens na paz,
Ser
das gentes o espectro execrado;
Não
encontres amor nas mulheres,
Teus
amigos, se amigos tiveres,
Tenham
alma inconstante e falaz!”
26.
O trecho do poema “ I-juca pirama” refere-se ao momento em que o filho
guerreiro volta para a sua tribo e se encontra com seu pai após ter pedido ao
líder da tribo inimiga, pela qual havia sido capturado, que o poupasse da morte
para que pudesse cuidar de seu pai amado, muito velho, até este morrer. Pensando nos valores defendidos pelo
Indianismo romântico no Brasil, pode-se dizer que a reação do pai ocorre porque
o filho:
01)
considerou-o um velho incapaz, evidenciando que não o amava de forma digna.
02)
demonstrou fraqueza diante da morte, o que representava falta de dignidade.
03)
usou-o como desculpa para escapar da morte, ou seja, não possuía nobreza de
sentimento.
04)
havia sido capturado pelos inimigos, tornando-se incapaz de continuar a ser um
guerreiro.
05)
era, na verdade, descendente de outra tribo, o que o tornava impuro para
conviver entre eles.
27. Pode-se afirmar
que noções como “fraqueza”, “não dignidade”, “falta de nobreza”, “impureza” são
renegadas na poética romântica indianista no Brasil. Isso ocorreu devido:
01)
à necessidade de se desenvolver e moldar o sentimento de nacionalismo no Brasil
da época, que acabava de se tornar independente.
02)
à tentativa de compensar os índios mortos pelos primeiros colonizadores
europeus, resgatando seus valores primitivos.
03)
ao fato de os escritores da época se oporem à corrente do “mal do século”, com
seu sofrimento amoroso e culto à idealização.
04)
ao desejo de se igualar as principais raças do Brasil da época: portugueses
(nobreza), negros (força) e índios (dignidade guerreira).
05)
ao esforço de se criar um movimento literário forte, que anulasse os escritores
árcades, com suas tentativas fracassadas de independência.
Canção
do exílio
Minha
terra tem palmeiras, / Onde canta o Sabiá;
As
aves, que aqui gorjeiam, / Não gorjeiam como lá.
Nosso
céu tem mais estrelas, / Nossas várzeas têm mais flores, / Nossos bosques têm
mais vida,
Nossa
vida mais amores. / Em cismar, sozinho,
à noite,
Mais
prazer eu encontro lá; / Minha terra tem palmeiras,
Onde
canta o Sabiá. / Minha terra tem primores,
Que
tais não encontro eu cá; / Em cismar –sozinho, à noite–
Mais
prazer eu encontro lá; / Minha terra tem palmeiras,
Onde
canta o Sabiá. / Não permita Deus que eu morra,
Sem
que eu volte para lá; / Sem que disfrute os primores / Que não encontro por cá;
/ Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde
canta o Sabiá.
28. O texto acima pertence à Primeira Geração -
indianista /nacionalista a que pertence Gonçalves Dias, autor de I Juca-pirama.
Explique de que maneira esse texto também serve à causa da afirmação da
nacionalidade brasileira.
Exercícios Propostos de
Literatura / GABARITO
1. (Ufpe 2012)
Considere as afirmações abaixo a respeito da produção literária
brasileira que prosperou na primeira
metade do século XIX.
( F ) No Brasil, o Romantismo desenvolveu-se após a
Independência. Na Europa, com o ressuscitar do passado, o nativismo explorou
figuras e cenas medievais; em nosso país, com o indianismo romanceando as
origens nacionais, o mundo indígena foi enfocado com heróis baseados em
personagens e ações reais.
( V ) José de Alencar,
na prosa, criou uma galeria de heróis indígenas que se submetiam
voluntariamente ao colonizador. Por exemplo, em O Guarani, Peri é
escravo de Ceci e converte-se ao cristianismo, sendo batizado. Em Iracema,
a personagem título se submete ao branco Martim, entrega que implica sacrifício
e abandono de sua tribo de origem.
( V ) Em Ubirajara,
narrativa que enfoca uma fase anterior à colonização, Alencar despertou para a
falsidade da idílica submissão dos colonizados aos colonizadores, escrevendo:
“Foi depois da colonização que os portugueses, assaltando os índios como a
feras e caçando-os a dente de cão, ensinaram-lhe a traição que eles não
conheciam”.
( V ) Gonçalves Dias,
que representa o Indianismo na poesia, já nos Primeiros Cantos, tem a
consciência do destino atroz que aguardava os tupis com a conquista portuguesa.
Na fala do xamã, as predições são assustadoras: “Manitós já fugiram da Taba/ ó
desgraça! ó ruína! ó Tupã!”
( V ) Gonçalves Dias
lamentou a sorte do Novo Mundo, com sua gente vencida e suas terras profanadas.
Além do mais, o escritor maranhense, diferentemente de Alencar, dá voz ao
nativo: “Chame-lhe progresso, quem do extermínio secular se ufana/ Eu, modesto
cantor do povo extinto, /Chorarei os vastíssimos sepulcros”.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO
VI
ADORMECIDA
Uma noite, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
‘Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.
De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos — beijá-la.
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos — beijá-la.
Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes.
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes.
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio.
P’ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...
Eu, fitando a cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
“Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
Naquela noite lânguida e sentida:
“Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
“Virgem! — tu és a flor da minha vida!...”
CASTRO ALVES. Espumas flutuantes. In Obra
compIeta Rio de Janeiro: Nova Aguar, 1986. p. 124-125.
2.
(Uff 2012) Assinale a alternativa INCORRETA em relação à
análise do poema de Castro Alves (Texto VI).
a) A valorização de elementos
da natureza confere sentidos particulares ao poema e indicia sua identificação
com propostas estéticas do Romantismo.
b) O poema se organiza a partir
de um episódio registrado pela memória do sujeito lírico, o que amplia a subjetividade
romântica presente em seu discurso.
c) O poema se constitui,
principalmente, como descrição de uma cena, repleta de elementos românticos,
configurando-se de forma plástica e visual.
d) O poema é percorrido por um
tom melancólico, próprio do Romantismo, empregado pelo poeta para expressar a
frustração amorosa do eu lírico.
e) O ambiente noturno,
privilegiado pelos poetas românticos, contribui, no poema, para o
estabelecimento de uma atmosfera de sonho, de calma e de desejo.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS QUESTÕES:
A última romântica
Cigarros, isqueiros,
copos com drinques coloridos, garrafas vazias - de vodca, do licor de coco
Malibu... Às flores, velas, retratos e mensagens de praxe os fãs acrescentaram
em frente à casa de Amy Winehouse esses objetos que dão prazer, podem viciar e
fazem mal à saúde. Para além da homenagem, era uma forma de participar do
universo de excessos da cantora.
É curioso o apelo de Amy
num mundo conservador, cada vez mais antitabagista e alerta para os riscos das
drogas - um mundo onde vamos sendo ensinados a comprar produtos sem gordura
trans e onde até as garotas de esquerda consomem horas dentro da academia.
Numa época em que as
pessoas são estimuladas a abdicar de certos prazeres na expectativa de durar
bastante, simplesmente para durar, Winehouse fez o roteiro oposto - intenso,
autodestrutivo, suicida.
Sob o aspecto clínico,
era uma viciada grave, necessitando desesperadamente da ajuda que insistia em
recusar. Uma de suas canções mais famosas trata exatamente disso.
Amy foi presa fácil do
jornalismo de celebridades, voltado à escandalização da intimidade dos famosos
(quanto pior, melhor). Foi também, num tempo improvável, a herdeira de Janis
Joplin, morta aos 27 em 1970, e de Billie Holiday, morta aos 44, em 1959, ambas
por overdose.
Como suas antecessoras,
Amy leva ao extremo o éthos romântico - do artista que vive em conflito
permanente e se rebela contra o curso prosaico e besta do mundo. Na sua figura
atormentada e em constante desajuste, o autoflagelo quase sempre se confunde
com o ódio às coisas que funcionam. Numa cultura inteiramente colonizada pelo
dinheiro e que convida à idolatria, fazer sucesso parecia uma espécie de vexame
e de vileza, o supremo fiasco existencial, contra o qual era preciso se resguardar.
Nisso Amy evoca os
gênios do romantismo tardio - Lautréamont, Rimbaud e outros poetas do inferno
humano, que tinham plena consciência da vergonha de dar certo.
(SILVA, Fernando
de Barros e. Folha de São Paulo, 26/07/2011)
3. (Insper 2012) A relação entre o título e as ideias expostas nesse
artigo evidenciam que o autor
a) pretende mobilizar os jovens
de maneira que eles passem a incorporar hábitos saudáveis em seu cotidiano.
b) considera que a cantora Amy
Winehouse encarnava uma personagem exótica apenas para conquistar a fama.
c) propõe que a morte de Amy
Winehouse deva servir de alerta às celebridades que adotam estilo de vida
destrutivo.
d) tenciona estimular a criação
de campanhas que combatam o tabagismo, o alcoolismo e o uso de entorpecentes.
e) constata que as atitudes
autodestrutivas não são exclusivas de artistas do mundo contemporâneo.
4. (Insper 2012) Considere esta definição:
Pressupostos são conteúdos implícitos que
decorrem de uma palavra ou expressão presente no ato de fala produzido. O
pressuposto é indiscutível tanto para o falante quanto para o ouvinte, pois
decorre, necessariamente, de um marcador linguístico, diferentemente de outros
implícitos (os subentendidos), que dependem do contexto, da situação de comunicação.
(Adaptado de FIORIN, J. L. O dito pelo não dito. In: Língua
Portuguesa, ano I, n. 6, 2006. p. 36-37.)
A passagem do texto "A
última romântica" em que a palavra sublinhada instaura um pressuposto é
a) “... esses objetos que dão
prazer, podem viciar e fazem mal à saúde.”
b) “... era uma forma de
participar do universo de excessos da cantora.”
c) “... onde até as
garotas de esquerda consomem horas dentro da academia.”
d) “Sob o aspecto
clínico, era uma viciada grave...”
e) “Como suas antecessoras, Amy
leva ao extremo o éthos romântico...”
5. (Ufsc 2011) O cristão
repeliu do seio a virgem indiana. Ele não deixará o rasto da desgraça na cabana
hospedeira. Cerra os olhos para não ver, e enche sua alma com o nome e a veneração
de seu Deus: – Cristo!... Cristo!... Volta a serenidade ao seio do guerreiro
branco, mas todas as vezes que seu olhar pousa sobre a virgem tabajara, ele
sente correr-lhe pelas veias uma onda de ardente chama. Assim quando a criança
imprudente revolve o brasido de intenso fogo, saltam as faúlhas inflamadas que
lhe queimam as faces. [...] Abriram-se os braços do guerreiro adormecido e seus
lábios; o nome da virgem ressoou docemente. A juruti, que divaga pela floresta,
ouve o terno
arrulho do companheiro; bate as asas, e voa a conchegar-se ao tépido
ninho. Assim a virgem do sertão aninhou-se nos braços do guerreiro. Quando veio
a manhã, ainda achou Iracema ali
debruçada qual borboleta que dormiu no seio do formoso cacto. Em seu
lindo semblante acendia o pejo vivos rubores; e como entre os arrebóis da manhã
cintila o primeiro raio do sol, em suas faces incendidas rutilava o primeiro
sorriso da esposa, aurora de fruído amor. [...] As águas do rio banharam o
corpo casto da recente esposa. Tupã já não tinha sua virgem na terra dos
tabajaras.
ALENCAR, J. de. Iracema.
São Paulo: Núcleo, 1993. p. 39-41.
A partir da leitura do texto acima e do romance Iracema, e
considerando o contexto do Romantismo brasileiro, assinale a(s) proposição(ões)
correta(s).
01) Ao seduzir e possuir
Iracema, Martim está consciente dos seus atos, e isso constitui traição tanto
aos seus valores cristãos quanto à hospitalidade de Araquém. Quebra-se aqui,
portanto, uma importante característica do Romantismo, a idealização do herói,
que jamais comete ações vis.
02) Em Iracema, os elementos humanos e naturais não se mesclam. Nas
descrições que faz de Iracema, por exemplo, Alencar evita compará-la a seres da
natureza, pois isso seria contrário ao princípio romântico de valorização de
uma natureza pura, não contaminada pela presença humana.
04) A adjetivação abundante (“ardente chama”; “intenso fogo”; “tépido ninho”; “vivos rubores”) é uma importante
característica da prosa romântica, que será mais tarde evitada por escritores
realistas.
08) Ao entregar-se a Martim,
Iracema deixa de ser virgem e, portanto, não poderia mais ser a guardiã do
segredo da jurema; ainda assim continua a sê-lo, só deixando de preparar e
servir a bebida quando Caubi descobre sua gravidez e a expulsa da tribo.
16) Entre as várias
manifestações do nacionalismo romântico presentes em Iracema, está o desejo de mostrar o povo brasileiro como
híbrido, constituído pela fusão das raças negra, indígena e branca.
32) Além de indianista, Iracema é também um romance histórico;
serve assim duplamente ao projeto nacionalista da literatura romântica
brasileira.
6. (Ifsp 2011) Leia o poema de Francisco Otaviano.
Ilusões da Vida
Quem passou pela vida
em branca nuvem,
E em plácido repouso
adormeceu;
Quem não sentiu o frio
da desgraça,
Quem passou pela vida e
não sofreu;
Foi espectro de homem,
não foi homem,
Só passou pela vida,
não viveu.
(SECCHIN, Antonio Carlos. Roteiro da poesia brasileira – Romantismo.
São Paulo: Global, 2007.)
Este poema pertence à
estética romântica porque
a) sugere que o leitor, para
ser feliz, viva alienado e distante da realidade.
b) são explícitas as
referências a alguns cânones do Catolicismo.
c) expõe os problemas sociais
que afetavam a sociedade da época.
d) nele se percebe a vassalagem
amorosa, isto é, a submissão do homem em relação à mulher.
e) sugere que é importante
viver, de forma intensa e profunda, as experiências da existência humana.
7. (Unb 2011) I-Juca Pirama
Gonçalves Dias
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi.
Da tribo pujante,
Que agora
anda errante
Por fado
inconstante,
Guerreiros,
nasci;
Sou bravo,
sou forte,
Sou filho
do Norte;
Meu canto
de morte,
Guerreiros,
ouvi.
Aos golpes
do imigo,
Meu último
amigo,
Sem lar,
sem abrigo
Caiu junto
a mi!
Com
plácido rosto,
Sereno e
composto,
O acerbo
desgosto
Comigo
sofri.
Meu pai a
meu lado
Já cego e
quebrado,
De penas
ralado,
Firmava-se
em mi:
Nós ambos,
mesquinhos,
Por ínvios
caminhos,
Cobertos
d’espinhos
Chegamos
aqui!
Eu era o
seu guia
Na noite
sombria,
A só
alegria
Que Deus
lhe deixou:
Em mim se
apoiava,
Em mim se
firmava,
Em mim
descansava,
Que filho
lhe sou.
Ao velho coitado
De penas
ralado,
Já cego e
quebrado,
Que resta?
— Morrer.
Enquanto
descreve
O giro tão
breve
Da vida
que teve,
Deixai-me
viver!
Não vil,
não ignavo,
Mas forte,
mas bravo,
Serei
vosso escravo:
Aqui virei
ter.
Guerreiros,
não coro
Do pranto
que choro:
Se a vida
deploro,
Também sei
morrer.
A partir do trecho apresentado, extraído do
clássico poema do indianismo brasileiro I-Juca Pirama, julgue os itens a
seguir.
a) No
contexto da literatura brasileira do século XIX, era incomum o recurso a
protagonistas ameríndios em poemas épicos e romances. Especialmente os autores
que se filiavam ao romantismo tenderam a dar destaque, nos seus textos a heróis
de proveniência europeia, como forma de rejeitar o projeto de uma identidade
brasileira, bem como de restaurar os laços com a cultura europeia, que haviam
sido cortados desde a independência.
b) O refrão do poema — “Meu canto de morte,/
Guerreiros, ouvi” — remete ao passado do personagem épico I-Juca Pirama, como indica o emprego da
forma verbal “ouvi”, flexionada no pretérito do indicativo.
c) Ao utilizar como recurso de composição a narrativa
em primeira pessoa do singular, o autor potencializa o apelo romântico do
texto, fazendo que o drama do personagem Tupi seja sublinhado pela perspectiva
íntima, a partir da qual os fatos são apresentados.
d) Para conferir dramaticidade ao momento de tensão em
que o índio Tupi se apresenta à tribo que o aprisionou, o poeta utiliza esquema
métrico e rítmico ágil, destacando-se a redondilha maior e as rimas cruzadas.
e) O índio, nesse poema de Gonçalves Dias e nas demais
obras do indianismo romântico brasileiro, é representado segundo técnica
literária realista, por meio da qual se pretende revelar o índio como legítimo
dono das terras e da identidade cultural do país.
f) Verifica-se, nas últimas estrofes apresentadas, que
o grande temor do personagem narrador é a morte, apesar de a desdita que a vida
reservou a ele e a seu pai ser apresentada em forma de lamento.
g) O movimento romântico brasileiro, do qual o poema I-Juca
Pirama é produção
exemplar, procurou estabelecer as bases
literárias da identidade cultural brasileira, objetivando a superação do cosmopolitismo expresso
pela estética neoclássica,
característica do Arcadismo.
h) Autores do modernismo brasileiro retomaram o tema
do índio moralmente forte como símbolo da nação, como se pode verificar na obra
Macunaíma,
de Mário de Andrade.
“Onde estás”
1 É meia-noite... e rugindo
2 Passa triste a ventania,
3 Como um verbo de desgraça,
4 Como um grito de agonia.
5 E eu digo ao vento, que passa
6 Por meus cabelos fugaz:
7 “Vento frio do deserto,
8 Onde ela está? Longe ou perto?”
9 Mas, como um hálito incerto,
10 Responde-me o eco ao longe:
11 “Oh! minh’amante, onde estás?...”
12 Vem! É tarde! Por que tardas?
13 São horas de brando sono,
14 Vem reclinar-te em meu peito
15 Com teu lânguido abandono!...
16 ’Stá vazio nosso leito...
17 ’Stá vazio o mundo inteiro;
18 E tu não queres qu’eu fique
19 Solitário nesta vida...
20 Mas por que tardas, querida?...
21 Já tenho esperado assaz...
22 Vem depressa, que eu deliro
23 Oh! minh’amante, onde estás?...
24 Estrela – na tempestade,
25 Rosa – nos ermos da vida,
26 Íris – do náufrago errante,
27 Ilusão – d’alma descrida!
28 Tu foste, mulher formosa!
29 Tu foste, ó filha do céu!...
30 ... E hoje que o meu passado
31 Para sempre morto jaz...
32 Vendo finda a minha sorte,
33 Pergunto aos ventos do Norte...
34 “Oh! minh’amante, onde estás?”
(CASTRO ALVES, A. F. Espumas flutuantes. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005. p.
84-85.)
8. (Uel 2011)
Sobre a relação entre o poema e a obra Espumas flutuantes, considere as afirmativas a seguir.
I. Idealização
da mulher amada e demonstração emotiva são modos de expressão típicos do poeta,
inscrito no Romantismo brasileiro.
II. É um
poema à parte de Espumas flutuantes,
pois a idealização da mulher é tema fortuito na obra de Castro Alves.
III. O uso
abundante de interrogações, exclamações e reticências fortalece seu teor
sentimental, marca típica do Romantismo.
IV. Nos versos
16 e 17, o eu-lírico estende seu olhar sentimental, indo do espaço mínimo ao
espaço máximo, a fim de expor sua imensa saudade.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e
II são corretas.
b) Somente as afirmativas II e
IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e
IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II
e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Texto
O “Adeus” de
Teresa
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a
correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a
fala...
E ela, corando, murmurou-me:
“adeus.”
Uma noite... entreabriu-se um
reposteiro...
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus...
Era eu... Era a pálida Teresa!
“Adeus” lhe disse conservando-a
presa...
E ela entre beijos murmurou-me:
“adeus!”
Passaram tempos... séc’los de
delírio
Prazeres divinais... gozos do
Empíreo...
... Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse – “Voltarei!...
descansa!...”
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”
Quando voltei... era o palácio em
festa!...
E a voz d’Ela e de um homem lá na
orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei!... Ela me olhou branca...
surpresa!
Foi a última vez que eu vi
Teresa!...
E ela arquejando murmurou-me:
“adeus!”
(CASTRO ALVES, Antonio Frederico. Espumas flutuantes. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 2005. p. 51.)
9. (Uel 2011)
Sobre características do estilo de Castro Alves
presentes no poema, considere as afirmativas a seguir.
I.
Presença de uma visão erotizada do amor e da mulher.
II.
Abandono do tom aclamatório presente nos poemas sobre os escravos.
III.
Confirma sua inserção na segunda geração do Romantismo.
IV.
Revela influência do sentimentalismo amoroso adulto.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as
afirmativas I e IV são corretas.
b) Somente as afirmativas
II e III são corretas.
c) Somente as
afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II
e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, II
e IV são corretas.
10. (Fuvest 2010) Gente que mamou leite romântico pode meter
o dente no rosbife* naturalista; mas em lhe cheirando a teta gótica e oriental,
deixa logo o melhor pedaço de carne para correr à bebida da infância. Oh! meu
doce leite romântico!
Machado de Assis, Crônicas.
*Rosbife:
tipo de assado ou fritura de alcatra ou filé bovinos, bem tostado externamente
e sangrante na parte central, servido em fatias.
a) A
imagem do “rosbife naturalista” — empregada, com humor, por Machado de Assis,
para evocar deter minadas características do Naturalismo — poderia ser
utilizada também para se referir a certos aspectos do romance O cortiço?
Justifique sua resposta.
b) A
imagem do “doce leite romântico”, que se refere a certos traços do Romantismo,
pode remeter também a alguns aspectos do romance Iracema? Justifique sua resposta.
b) A metáfora
“doce leite romântico” alude a uma estética marcada pela subjetividade,
sentimentalismo, emotividade, exotismo e idealização de personagens. Em
Iracema, José de Alencar privilegia a temática amorosa numa narrativa plena de
metáforas e comparações, descrições de paisagem idílica, enaltecedora da pátria
brasileira. Os nativos, fortes guerreiros portadores de códigos de honra
irrepreensíveis, são descritos de forma idealizada, obedecendo à teoria do “bom
selvagem” de Rousseau - felicidade primitiva dos selvagens que se corrompem ao
contato com a civilização.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Tudo o que
aqui escrevo é forjado no meu silêncio e na penumbra. Vejo pouco, ouço quase
nada.
Mergulho
enfim em mim até o nascedouro do espírito que me habita. Minha nascente é
obscura. Estou escrevendo porque não sei o que fazer de mim. Quer dizer: não
sei o que fazer com meu espírito. O corpo informa muito. Mas eu desconheço as
leis do espírito: ele vagueia. Meu pensamento, com a enunciação das palavras
mentalmente brotando, sem depois eu falar ou escrever – esse meu pensamento de
palavras é precedido por uma instantânea visão sem palavras, do pensamento –
palavra que se seguirá, quase imediatamente – diferença espacial de menos de um
milímetro. Antes de pensar, pois, eu já pensei.
Clarice Lispector. Um sopro de vida.
11. (Uff 2010)
O modo de Clarice Lispector ver a criação literária guarda relação com o
momento histórico em que ela escreve. Em outros momentos históricos, outras
relações ocorreram.
Assinale a
opção correta.
a) O Modernismo relaciona-se
com um modo de escrever que pretende discutir a criação literária e produzir a
simplicidade e a métrica do pastoralismo.
b) O Neoclassicismo
relaciona-se com um modo de escrever que reproduz a arte barroca tal como ela
era.
c) O Realismo relaciona-se com
um modo de escrever que se caracteriza pela musicalidade, pela sinestesia e
pelas aliterações.
d) O Simbolismo relaciona-se
com um modo de escrever que apresenta a realidade tal como ela é.
e) O Romantismo relaciona-se
com um modo de escrever que adota a estética da expressão do eu autoral.
12. (Enem cancelado 2009) Texto 1
O Morcego
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e
escaldante molho.
“Vou mandar levantar outra parede...”
Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um
olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro:
Aguilar, 1994.
Texto 2
O lugar-comum em que se converteu a imagem de um poeta doentio, com o
gosto do macabro e do horroroso, dificulta que se veja, na obra de Augusto dos
Anjos, o olhar clínico, o comportamento analítico, até mesmo certa frieza, certa
impessoalidade científica.
CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia.
Rio de Janeiro: Cátedra, 1988 (adaptado).
Em consonância com os comentários do texto 2 acerca da poética de
Augusto dos Anjos, o poema O morcego apresenta-se, enquanto percepção do
mundo, como forma estética capaz de
a) reencantar
a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na poesia.
b) expressar
o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto pelo macabro.
c) representar
realisticamente as dificuldades do cotidiano sem associá-lo a reflexões de
cunho existencial.
d) abordar
dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista distanciado e
analítico acerca do cotidiano.
e) conseguir
a atenção do leitor pela inclusão de elementos das histórias de horror e
suspense na estrutura lírica da poesia.
13. (Enem cancelado 2009) O sertão e o sertanejo
Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses
campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo
ardor do sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o
incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha
do seu isqueiro. Minando à surda na touceira, queda a vívida centelha. Corra
daí a instantes qualquer aragem, por débil que seja, e levanta-se a língua de
fogo esguia e trêmula, como que a contemplar medrosa e vacilante os espaços
imensos que se alongam diante dela. O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a
consumir com mais lentidão algum estorvo, vai aos poucos morrendo até se
extinguir de todo, deixando como sinal da avassaladora passagem o alvacento
lençol, que lhe foi seguindo os velozes passos. Por toda a parte melancolia; de
todos os lados tétricas perspectivas. É cair, porém, daí a dias copiosa chuva,
e parece que uma varinha de fada andou por aqueles sombrios recantos a traçar
às pressas jardins encantados e nunca vistos. Entra tudo num trabalho íntimo de
espantosa atividade.
Transborda a vida. TAUNAY, A. Inocência. São Paulo: Ática, 1993
(adaptado).
O romance romântico teve
fundamental importância na formação da ideia de nação. Considerando o trecho
acima, é possível reconhecer que uma das principais e permanentes contribuições
do Romantismo para construção da identidade da nação é a
a) possibilidade
de apresentar uma dimensão desconhecida da natureza nacional, marcada pelo
subdesenvolvimento e pela falta de perspectiva de renovação.
b) consciência
da exploração da terra pelos colonizadores e pela classe dominante local, o que
coibiu a exploração desenfreada das riquezas naturais do país.
c) construção,
em linguagem simples, realista e documental, sem fantasia ou exaltação, de uma
imagem da terra que revelou o quanto é grandiosa a natureza brasileira.
d) expansão
dos limites geográficos da terra, que promoveu o sentimento de unidade do
território nacional e deu a conhecer os lugares mais distantes do Brasil aos
brasileiros.
e) valorização
da vida urbana e do progresso, em detrimento do interior do Brasil, formulando
um conceito de nação centrado nos modelos da nascente burguesia brasileira.
14. (Uepg 2008)
Canto IX - I Juca Pirama
O guerreiro parou, caiu nos braços
Do velho pai, que o cinge contra o peito,
Com lágrimas de júbilo bradando:
"Este, sim, que é meu filho muito amado!
E pois que o acho enfim, qual sempre o tive,
Corram livres as lágrimas que choro,
Estas lágrimas, sim, que não desonram".
(Gonçalves Dias. "Poesias Americanas")
Com relação à obra indianista de Gonçalves Dias, e
sobre este poema em particular, assinale o que for correto.
01) O herói do poema não é apenas um índio tupi:
representa todos os índios brasileiros ou ainda todos os brasileiros, uma vez
que o índio foi durante o Romantismo o representante de nossa nacionalidade.
02) O poeta, ao pôr em discussão profundos valores e
sentimentos humanos, como a bondade filial e a honra, supera os limites da
abordagem puramente indianista e ganha universalidade.
04) O índio de Gonçalves Dias diferencia-se do de
Joaquim Norberto e Gonçalves Magalhães, não pela questão de autenticidade do
índio, mas por ser mais poético, como vemos em "I-Juca-Pirama". O
deslumbramento sem vulgaridade do herói indígena traduz a poesia do poeta,
malabarista de ritmos nos sentimentos de heroísmo, dignidade, generosidade,
bravura, maldição e tradição.
08) Quanto aos aspectos formais, em
"I-Juca-Pirama" Gonçalves Dias variou a métrica de trecho em trecho.
Teoricamente, o poeta teria desprezado a metrificação. No entanto, do ponto de
vista expressivo, a variação métrica utilizada produz a iconicidade sonora do
texto, construindo plasticamente o poema como um significante rítmico do ritual
narrado.
16) I Juca Pirama significa "aquele que é digno de
ser morto"; o poema conta a história de um guerreiro tupi, aprisionado
pelos Timbiras, que vai morrer em um festim canibal.
15. ) Leia o
poema a seguir, de Álvares de Azevedo, e escolha a afirmação CORRETA a seu
respeito:
PÁLIDA INOCÊNCIA
Por que, pálida inocência,
Os olhos teus em dormência
A medo lanças em mim?
No aperto de minha mão
Que sonho do coração
Tremeu-te os seios assim?
E tuas falas divinas
Em que amor lânguida afinas
Em que lânguido sonhar?
E dormindo sem receio
Por que geme no teu seio
Ansioso suspirar?
Inocência! quem dissera
De tua azul primavera
As tuas brisas de amor!
Oh! quem teus lábios sentira
E que trêmulo te abrira
Dos sonhos a tua flor!
Quem te dera a esperança
De tua alma de criança,
Que perfuma teu dormir!
Quem dos sonhos te acordasse,
Que num beijo t'embalasse
Desmaiada no sentir!
Quem te amasse! e um momento
Respirando o teu alento
Recendesse os lábios seus!
Quem lera, divina e bela,
Teu romance de donzela
Cheio de amor e de Deus!
a) Trata-se de um poema pertencente à terceira
fase do Romantismo, na qual prevalece a poesia de cunho social, caracterizada
pelo uso de linguagem inflamada e grandiloquente.
b) Trata-se de um poema pertencente à segunda
fase do Romantismo, o que se pode perceber pela figura de mulher inacessível,
virginal e infantilizada.
c) Trata-se de um poema pertencente à primeira
fase do Romantismo, o que se pode perceber pelas referências à natureza
brasileira ("azul primavera", "brisas de amor", "tua
flor").
d) Trata-se de um poema pertencente ao
Parnasianismo, o que se pode perceber pelo erotismo contido e pelo uso do metro
de 10 sílabas.
e) Trata-se de um poema pertencente ao Arcadismo,
como revelam tanto a figura feminina acessível (mulher companheira) quanto à
natureza estilizada, artificial ("azul primavera").
16. (Uff 2007)
A modernidade tem-se utilizado de meios
expressionais que dialogam com diversas linguagens, produzindo pela
intertextualidade novos sentidos e novos diálogos. Por exemplo, a pintura de
Portinari é retomada pelo grafite, deslocando a realidade do trabalhador rural
para a cidade.
Identifique o comentário pertinente sobre a
ressignificação promovida pela intertextualidade dos fragmentos que se seguem.
a) Amor é fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não
se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem
doer.
Luís Vaz de Camões
O amor é o fogo que
arde sem se ver.
É ferida que dói e não
se sente.
É um contentamento
descontente.
É dor que desatina sem
doer.
Ainda que eu falasse a
língua dos homens.
E falasse a língua dos
anjos, sem amor eu nada seria.
Legião Urbana,
"Monte Castelo"
Os versos de "Monte Castelo" retomam três
fontes distintas que remetem ao local de resistência (título da canção), à
necessidade imperiosa do sentimento fraterno (Apóstolo Paulo) e ao caráter
contemplativo e dócil da vivência amorosa (Camões).
b) Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na
sombra
Disse: Vai, Carlos! ser
gauche na vida.
Carlos Drummond de
Andrade, "Poema das sete faces"
Quando nasci um anjo
esbelto,
desses que tocam
trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra
mulher,
esta espécie ainda
envergonhada.
Adélia Prado, "Com licença poética"
Os versos de Adélia Prado retomam a imagem do
"anjo", reproduzindo o caráter de aceitação do papel da mulher no
contexto social.
c) Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais
flores
Nossos bosques têm mais
vida,
Nossa vida mais amores.
Gonçalves Dias
Nossas várzeas têm mais
flores
nossas flores mais
pesticidas.
Só se banham em nossos
rios
Desinformados e
suicidas.
Luiz FernandoVeríssimo
O fragmento retomado por Veríssimo - versos de
"Canção do Exílio" - situa a realidade em que se insere, sob o ponto
de vista crítico, confrontando-se à visão ufanista do Romantismo.
d) Conselho se fosse bom, as pessoas
não dariam, venderiam.
Vá dormir que a dor
passa.
Quem espera sempre
alcança.
Provérbios e ditos
populares.
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor
não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem
espera nunca alcança.
Chico Buarque, "Bom conselho"
O fragmento de "Bom conselho" reforça
pela linguagem poética o caráter moralista e educativo desses provérbios.
e) A feição deles é serem
pardos, maneira d'avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos.
Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar
suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como também em mostrar
o rosto.
Trecho da Carta de Pero
Vaz de Caminha a el-rei d. Manuel
Senhor:
Escrevo esta carta para vos dar conta dos sucessos da terra de Vera Cruz
desde o dia de seu achamento até a construção desta Brasília onde agora me
encontro. Eu a tenho, Senhor, por derradeiro feito e última louçania da gente
de cepa e me empenharei em bem descrevê-la, nada pondo ou tirando para
aformosear nem para enfear, mas só praticando do que vi, ouvi ou me pareceu.
Segunda Carta de Pero
Vaz de Caminha, a El Rei, escrita da Novel Cidade de Brasília com a data de 21
de abril de 1960. Por Darcy Ribeiro
O fragmento da carta de Darcy Ribeiro retoma o
estilo detalhista e inventivo de Pero Vaz de Caminha, ao construir a imagem do
Brasil segundo o olhar europeu.
17. (Ueg 2006) À DERIVA
O coração é a casa de ninguém.
Tapera de artérias.
Vibram
ventos vermelhos nas folhas
de fibra.
Ora erra
o ritmo... Outra
nota...
Murros na matéria.
Coração, ilusão,
vida,
paupérrimas rimas.
GUIMARÃES, Edmar.
"Caderno". 2a ed. Goiânia: Kelps. p. 46.
Sobre a leitura, é CORRETO afirmar que o poema
a) destoa sensivelmente do
título da obra "Caderno", bem como da parte "Rasuras", pois
apresenta precisão no acabamento formal e temático.
b) expõe alternadamente
linguagem denotativa e conotativa, pois as imagens são exploradas sob a
perspectiva abstrata e concreta.
c) vale predominantemente como
exercício estético, pois o efeito de sentido é sobreposto pelos efeitos
formais, como assonância e aliteração.
d) impõe impreterivelmente uma
leitura intertextual, pois o desvendamento do sentido necessita da referência
literária do Romantismo brasileiro.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A S. PAULO
1 Terra da liberdade!
2 Pátria de heróis e berço de
guerreiros,
3 Tu és o louro mais brilhante e
puro,
4 O mais belo florão dos
Brasileiros!
5 Foi no teu solo, em borbotões
de sangue
6 Que a fronte ergueram
destemidos bravos,
7 Gritando altivos ao quebrar dos
ferros:
8 Antes a morte que um viver de
escravos!
9 Foi nos teus campos de mimosas
flores,
10 À voz das aves, ao soprar do norte,
11 Que um rei potente às multidões curvadas
12 Bradou soberbo - Independência ou morte!
13 Foi de teu seio que surgiu,
sublime,
14 Trindade eterna de heroísmo e glória,
15 Cujas estátuas, - cada vez
mais belas,
16 Dormem nos templos da Brasília história!
17 Eu te saúdo, ó majestosa plaga,
18 Filha dileta, - estrela da nação,
19 Que em brios santos carregaste os cílios
20 À voz cruenta de feroz Bretão!
21 Pejaste os ares de sagrados cantos,
22 Ergueste os braços e sorriste à guerra,
23 Mostrando ousada ao murmurar das turbas
24 Bandeira imensa da Cabrália terra!
25 Eia! - Caminha o Partenon da glória
26 Te guarda o louro que premia os bravos!
27 Voa ao combate repetindo a lenda:
28 - Morrer mil vezes que viver escravos!
(Fagundes Varela, O ESTANDARTE AURIVERDE. ln:___.
POESIAS COMPLETAS. São Paulo, Edição Saraiva, 1956, p. 85-86.)
18. (Cesgranrio 1991) Tendo em vista o texto, assinale a opção com DUAS
características do Romantismo PRESENTES NO POEMA:
a) entendimento racional do
mundo / adjetivação abundante
b) polarização entre o Bem e o
Mal / rigidez métrica
c) exaltação do heroísmo /
musicalidade acentuada
d) assimilação do ideário
liberal / valorização da simplicidade do povo brasileiro
e) temática de fundo histórico
/ presença da cor local
19. (Unesp 1989)
Identifique os movimentos literários a que
pertencem as seguintes estrofes, na ordem em que elas se apresentam.
I- "A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
E o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor."
II- "Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpia dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."
III- "Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara:"
IV- "Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,
Fui honrado Pastor da tua aldeia;
Vestia finas lãs, e tinha sempre
A minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal, e manso gado,
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado."
V- "Torce, aprimora, alteia, lima
A frase, e enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito."
a) Romantismo, Simbolismo,
Barroco, Arcadismo e Parnasianismo.
b) Modernismo, Parnasianismo,
Barroco, Arcadismo e Romantismo.
c) Romantismo, Modernismo,
Arcadismo, Barroco e Simbolismo.
d) Simbolismo, Modernismo,
Arcadismo, Parnasianismo e Barroco.
e) Modernismo, Simbolismo,
Barroco, Parnasianismo e Arcadismo.
20. (Unesp 1989)
Assinale a alternativa INCORRETA com relação à
Literatura Portuguesa:
a) O ambiente das cantigas de amor é sempre o
palácio, com o trovador declarando seu amor por uma dama (tratada de
"senhor", isto é, senhor. Daí o relacionamento respeitoso, cortês,
dentro dos mais puros padrões medievais que caracterizam a vassalagem, a
servidão amorosa.
b) o teatro vicentino é basicamente caracterizado
pela sátira, criticando o comportamento de todas as camadas sociais: a nobreza,
o clero e o povo. Gil Vicente não tem preocupação de fixar tipos psicológicos,
e sim a de fixar tipos sociais.
c) o marco inicial do Romantismo em Portugal é a
publicação do poema "Camões". Todavia, a nova estética literária só
viria a se firmar uma década depois com a Questão Coimbrã, quando se aceitou o
papel revolucionário da nova poesia e a independência dos novos poetas em
relação aos velhos mestres.
d) Eça de Queirós, em sua obra, dedica-se a
montar um vasto painel da sociedade portuguesa, retratada em seus múltiplos
aspectos: a cidade provinciana; a influência do clero; a média e a alta
burguesia de Lisboa; os intelectuais e a aristocracia.
e) A mais rica, densa e intrigante faceta da obra
de Fernando Pessoa diz respeito ao fenômeno da heteronímia que deu aos poetas
Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos biografias, características,
traços de personalidade e formação cultural diferentes.
Leia os versos do poeta
romântico Casimiro de Abreu.
Meus oito anos
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
21. Comparando-se a ideia de saudades,
apresentada nos versos de Casimiro, com a da propaganda, é correto afirmar que
elas são
(A) equivalentes, pois ambas tratam da questão
do afastamento e da impossibilidade do contato físico.
(B) contrárias, pois a primeira traduz um
sentimento de tristeza profunda; já a segunda, uma tristeza superável.
(C) diferentes, pois os versos tratam de um
sentimento mais geral, envolvendo fases da vida; e a propaganda, de um
sentimento mais específico, envolvendo as pessoas.
(D) semelhantes, pois remetem à possibilidade
de vencer barreiras para suprir os sentimentos.
(E) paradoxais, pois envolvem alegria e
tristeza para expressar o que se sente por algo que está distante.
ANULADA. PRECISAVA DE UMA IMAGEM
22. O estilo dos versos de
Casimiro de Abreu
(A) é brando e gracioso, carregado de
musicalidade nas redondilhas maiores.
(B) traduz-se em linguagem grandiosa, por meio
das quais estabelece a crítica social.
(C) é preciso e objetivo, deixando em segundo
plano o subjetivismo.
(D) reproduz o padrão romântico da morbidez e
melancolia.
(E) é rebuscado e altamente subjetivo, o que o
aproxima do estilo de Castro Alves.
23. Nos versos, evidenciam-se
as seguintes características românticas:
(A) nacionalismo e religiosidade.
(B) sentimentalismo e saudosismo.
(C) subjetivismo e condoreirismo.
(D) egocentrismo e medievalismo.
(E) byronismo e idealização do amor.
24. (ITA-SP) Assinale a alternativa que caracteriza o
Romantismo:
a) valorização do eu. O assunto passa a ser manifestado a partir do
artista, que traz à tona o seu mundo interior, com plena liberdade; esta
liberdade se impõe na forma. Sentimentalismo.
b) literatura multifacetada: valorização da palavra e do ritmo: temática
humana e universal.
c) literatura intrinsecamente brasileira; linguagem direta, coloquial,
livre das regras gramaticais, imagens diretas; inspiração a partir da
burguesia, da civilização industrial, da máquina.
d) literatura que busca inspiração no subconsciente, nas regiões
inexploradas da alma: para isso, usa meios indiretos a fim de sugerir ou
representar as sensações; funde figura, música e cor.
e) literatura que visa à perfeição da forma, à objetividade, ao
equilíbrio, à perfeição absoluta da linguagem; prefere os temas novos e
exóticos.
25. No poema “A hora íntima”,
Vinicius de Moraes pergunta “Quem pagará o enterro e as flores / Se eu me
morrer de amores?”. Nessa passagem, os versos de Vinícius retomam, num tom
ameno e voltado para a temática da relação amorosa, a idéia de “se eu morresse amanhã”,
consagrada por
a)
Alvares de Azevedo - condoreiro romântico.
b)
Castro Alves - lírico romântico.
c)
Fagundes Varela - condoreiro romântico.
D)
Alvares de Azevedo - lírico romântico.
e)
Castro Alves - condoreiro romântico.
“Tu
choraste em presença da morte?
Em
presença de estranhos choraste?
Não
descende o cobarde do forte;
Pois
choraste, meu filho não és!
Possas
tu, descendente maldito
De uma
tribo de nobres guerreiros,
Implorando
cruéis forasteiros,
Seres
presa de vis Aimorés.
Possas
tu, isolado na terra,
Sem
arrimo e sem pátria vagando,
Rejeitado
da morte na guerra,
Rejeitado
dos homens na paz,
Ser
das gentes o espectro execrado;
Não
encontres amor nas mulheres,
Teus
amigos, se amigos tiveres,
Tenham
alma inconstante e falaz!”
26.
O trecho do poema “ I-juca pirama” refere-se ao momento em que o filho
guerreiro volta para a sua tribo e se encontra com seu pai após ter pedido ao
líder da tribo inimiga, pela qual havia sido capturado, que o poupasse da morte
para que pudesse cuidar de seu pai amado, muito velho, até este morrer. Pensando nos valores defendidos pelo
Indianismo romântico no Brasil, pode-se dizer que a reação do pai ocorre porque
o filho:
01)
considerou-o um velho incapaz, evidenciando que não o amava de forma digna.
02)
demonstrou fraqueza diante da morte, o que representava falta de dignidade.
03)
usou-o como desculpa para escapar da morte, ou seja, não possuía nobreza de
sentimento.
04)
havia sido capturado pelos inimigos, tornando-se incapaz de continuar a ser um
guerreiro.
05)
era, na verdade, descendente de outra tribo, o que o tornava impuro para
conviver entre eles.
27. Pode-se afirmar
que noções como “fraqueza”, “não dignidade”, “falta de nobreza”, “impureza” são
renegadas na poética romântica indianista no Brasil. Isso ocorreu devido:
01)
à necessidade de se desenvolver e moldar o sentimento de nacionalismo no Brasil
da época, que acabava de se tornar independente.
02)
à tentativa de compensar os índios mortos pelos primeiros colonizadores
europeus, resgatando seus valores primitivos.
03)
ao fato de os escritores da época se oporem à corrente do “mal do século”, com
seu sofrimento amoroso e culto à idealização.
04)
ao desejo de se igualar as principais raças do Brasil da época: portugueses
(nobreza), negros (força) e índios (dignidade guerreira).
05)
ao esforço de se criar um movimento literário forte, que anulasse os escritores
árcades, com suas tentativas fracassadas de independência.
Canção
do exílio
Minha
terra tem palmeiras, / Onde canta o Sabiá;
As
aves, que aqui gorjeiam, / Não gorjeiam como lá.
Nosso
céu tem mais estrelas, / Nossas várzeas têm mais flores, / Nossos bosques têm
mais vida,
Nossa
vida mais amores. / Em cismar, sozinho,
à noite,
Mais
prazer eu encontro lá; / Minha terra tem palmeiras,
Onde
canta o Sabiá. / Minha terra tem primores,
Que
tais não encontro eu cá; / Em cismar –sozinho, à noite–
Mais
prazer eu encontro lá; / Minha terra tem palmeiras,
Onde
canta o Sabiá. / Não permita Deus que eu morra,
Sem
que eu volte para lá; / Sem que disfrute os primores / Que não encontro por cá;
/ Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde
canta o Sabiá.
28. O texto acima pertence à Primeira Geração -
indianista /nacionalista a que pertence Gonçalves Dias, autor de I Juca-pirama.
Explique de que maneira esse texto também serve à causa da afirmação da
nacionalidade brasileira.
Ao propôr que os elementos da natureza e vida brasileira são melhores que os elementos europeus, terra onde o autor estava.
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