terça-feira, 25 de junho de 2013

Tema Bahiana Hilda Hilst - Paulo Ramires

 Para os homens do nosso tempo
                                      
Durante a história da humanidade os conflitos dos interesses entre dominados e dominantes foram se agravando devido a excludência da sociedade global. de que maneira a medicina pode contribuir para  dessa realidade? 


Arquitetando os lobos e acordando o mundo
A humanidade, durante todo seu curso histórico, vivenciou a força de tiranos determinando o modo de vida das pessoas. Perante tal vertente, as várias esferas da segregação se intensificam e contribuem para o alargamento da margem entre os povos. No bojo dessa problemática, a atividade médica, símbolo de inclusão e fraternidade, contrasta com tais atitudes e apresenta-se como um símbolo de liderança na conquista de um mundo possível.
   Dos Gregos e sua dominância, na antiguidade, sustentada por uma massa escrava aos Estados Unidos e seus frequentes ataques mascarados de preventivos, que a sociedade vivenciou e vivencia, práticas excludentes e imperialistas justificada por uma superioridade ilegítima e afirmada por líderes favorecidos. Pautado nessa lógica, atitudes preconceituosas, oriundas de tais ações, energizam a intolerância social e o desrespeito entre as nações, contribuindo para a conservação das divergências sociais e dificultando a construção de um futuro de possibilidades.
Contrário a tal premissa, a medicina proporciona, através de práticas de solidariedade e compaixão ao próximo, um olhar diferenciado as problemáticas humanas, enxergando com os olhos livres as virtudes e diferenças de todos os grupos. Seguindo tal premissa, mesmo com um mundo ao contrário, pensar na construção de outras atuações é possível e, através do exercício médico, podemos liderar uma mudança que priorize “os nossos ossos e o sangue das gentes” ao invés de “ouro, conquista, lucro e logro”.

Para Eduardo Galeano, estamos apegados aos vícios do passado e ainda somos relutantes em correr rumo ao futuro. Assim, através do exercício médico podemos “arquitetar os lobos” que querem dominar o rebanho e “acordar o mundo” para a realização de uma outra maneira de interação entre sociedades.  

Tema Redação Bahiana 2013 - SAÚDE MENTAL DOS MÉDICOS - RESPEITO AOS LIMITES‏ - Gabriel Gomes

Limiar

              A linha tênue entre o equilíbrio e a sandice é um desafio no exercício da Medicina. Se por um lado a possibilidade de salvar vidas atribui ao médico características dignas a um herói, por outro, o constante desgaste emocional frente à natureza estressante da profissão faz dele uma suscetível vítima da própria virtude. Nesse contexto, ressalta-se a necessidade de um alerta para a saúde psíquica dos médicos, tendo em vista que a lucidez é imprescindível na dinâmica dessa profissão.
                De fato, a medicina é uma arte sublime. No entanto, este profissional, é apenas um homem comum que saiu da própria caverna em busca do entendimento acerca do corpo humano. Nessa perspectiva, a Medicina descrita por Hipócrates continua a ser iluminada pela fusão entre razão e emoção. Essas luzes do conhecimento, no entanto, tornam-se instrumentos de risco, ao passo que potencializam a obsessão pelo saber inerente ao Homem. Nesse sentido, médicos como Mengele, considerado louco por muitos estudiosos por cometer atrocidades para fins científicos, são exemplos de que a compulsão pela ciência médica pura, em detrimento da prática humanística, manifesta-se como sinônimo de insanidade.
               Em contrapartida, os riscos psíquicos também estão presentes na excessiva dedicação à profissão. Recentemente, uma pesquisa do Departamento de Ciências Médicas da Universidade de São Paulo constatou que cerca de cinquenta por cento dos médicos brasileiros apresentam vulnerabilidades à doenças psíquicas. Dentre eles, mais da metade utilizam álcool ou outras drogas a fim de potencializar o corpo para as longas jornadas de trabalho e estudo, subjugando a máxima latina “mens sana in corpore sano”. Assim, tornam-se algozes da própria existência e põem em xeque a capacidade de exercer o sacerdócio da cura.

            Desse modo, Medicina é um paradoxo entre a totalidade do ser e as limitações humanas. Portanto, a prática médica deve aliar-se à sanidade daquele que a exerce. Tendo em vista que todo excesso racional ou emotivo, torna-se prejudicial à sua plenitude. Afinal, até a virtude necessita de limites.