Retrato
"Eu
não tinha esse rosto de hoje,
assim
calmo, assim triste, assim magro,
nem
estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo
eu
não tinha estas mãos sem força,
tão
paradas e frias e mortas
eu
não tinha este coração que nem se mostra
eu
não dei por esta mudança tão simples, tão certa, tão fácil
em
que espelho ficou perdida minha face?"
1.
O tempo já foi cantado pela lira de ilustres escritores da literatura nacional
e sobre o tempo, Cecília foi uma das que mais se notabilizou. Mas, para essa
questão vamos nos lembrar que a literatura tem o poder de nos fazer refletir e
também nos oferecer respostas. Sendo
assim, assinale a alternativa cujo texto apresente uma possível resposta a
questão levantada pela Cecília.
a)"...tempo
é um tecido invisível em que se pode bordar tudo, uma flor, um pássaro, uma
dama, um castelo, um túmulo. Também se pode bordar nada. Nada em cima de
invisível é a mais sutil obra deste mundo, e acaso do outro."
(Machado de Assis)
b)
Minha bela Marília, tudo passa;
A
sorte deste mundo é mal segura;
Se vem
depois dos males a ventura,
Vem
depois dos prazeres a desgraça.
( Tomás Antônio Gonzaga)
c)
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou
um tempo que a vida é uma ordem.
A vida
apenas, sem mistificação.
(Carlos
Drummond de Andrade)
d)
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois
da Luz se segue a noite escura,
Em
tristes sombras morre a formosura,
Em
contínuas tristezas a alegria.
...
Começa
o mundo enfim pela ignorância,
E
tem qualquer dos bens por natureza
A
firmeza somente na inconstância.
(Gregório
de Mattos)
E) Meu
tema é o instante? Meu tema de vida. Procuro estar a par dele, divido-me
milhares de vezes, em tantas vezes quanto os instantes que decorrem,
fragmentária que sou e precários os momentos – só me comprometo com a vida que
nasça com o tempo e com ele cresça: só no tempo há espaço para mim.(Clarice
Lispector)
Eu te vejo
sair por aí
Te avisei
que a cidade era um vão
— Dá tua
mão
— Olha pra
mim
5 – — Não
faz assim
— Não vai
lá não
Os
letreiros a te colorir
Embaraçam
a minha visão
Eu te vi
suspirar de aflição
10 – E
sair da sessão, frouxa de rir
Já te vejo
brincando, gostando de ser
Tua sombra
a se multiplicar
Nos teus
olhos também posso ver
As
vitrines te vendo passar
15 – Na
galeria, cada clarão
É como um
dia depois de outro dia
Abrindo um
salão
Passas em
exposição
Passas sem
ver teu vigia
20 –
Catando a poesia
Que
entornas no chão
BUARQUE,
C. As vitrines.
2. A leitura do
poema-canção “As Vitrines” permite afirmar:
(01) A cidade é mostrada como lugar de perigo.
Confirmado na imagem “tua sombra a se multiplicar.”
(02) A palavra “colorir” poderia ser trocada
por “encantar” sem perder o sentido aplicado no texto.
(03) O enunciador, na primeira pessoa,
dirige-se à mulher amada, colocando-a como sua protetora.
(04) Sugere-se no texto a cidade como lugar
propício para a poesia.
(05) A repetida referência a “vitrines”
reflete o fascínio que elas exercem sobre o poeta.
3. A charge ao lado faz uma crítica
a. à retirada dos viadutos das grandes cidades a
fim de facilitar o tráfego de veículos.
b. à valorização
dos símbolos do crescimento do país em detrimento das pessoas necessitadas.
c. a políticas
públicas que contribuem para o aumento de problemas sociais urbanos.
d. a grandes
projetos de alteração urbana que atingem o patrimônio histórico das cidades.
e. aos pobres que
enfeiam a cidade.
“ Daí o receio da automação consumista da medicina. Como
vai, chegaremos ao ponto de empurrar o paciente no oco de um cilindro
eletrônico e esperar o diagnostico adiante, com os remédios já enfrascados, eis
que outros mecanismos aviarão a receita. E não faltará um computador levando o
dinheiro da conta do cliente à do hospital. Tudo como se faz hoje com uma
senha, pedindo o saldo bancário. Alias, o próprio cliente de recursos quer ver
as entranhas do corpo, assim como vai à cartomante saber da sorte, ou ao
psicanalista desejando conhecer os segredos da alma.
Claro que ninguém é contra o avanço da
tecnologia médica, mesmo que chegue a tal absurdo. Mas, quem vai atender os
catingueiros do Raso da Catarina e os miseráveis que entopem as bordas das
cidades interioranas? Que viram fantasmas desfilando nas salas de
assistência social, arrastando os pés ,
olhar de poça suja, trôpegos, estendendo as mãos escavadeiras em busca de
remédios e requisições de impossíveis exames sofisticados. A medicina, cada vez
mais mecanizada, esta sem paciência e tempo para ouvir queixas. Não apalpa, nem
percurte. Desaparece o ouvindo treinado, protegido por uma toalha, nas costas
do doente. Os sentidos, atrofiam-se. Acabou a empatia que curava mais que as
poções. E essa tecnologias toda ainda
vai desempregar muito medico e inviabilizar a pratica medica nos
sertões.”
4. Sobre o texto acima é incorreto
afirmar:
a.
o autor faz uma reflexão sobre a medicina sem necessariamente ser contra
o avanço tecnológico.
b.
Ele prega que automação é fruto
do capitalismo que transformou os médicos em gente que só quer dinheiro.
c.
O autor não é contra o avanço da medicina, mas acha que a tecnologia não
deve nos tornar mecanizados.
d.
A tecnologia , segundo o autor
poderia ser prejudicial para os próprios médicos.
e.
O avanço no texto não está relacionado somente ao avanço da medicina.
5. O Movimento Pau-Brasil queria fazer
uma poesia de exportação. E a ponta de lança dessa proposta moderna de arte foi
Oswald de Andrade. Os poemas abaixo extraídos da obra Pau-Brasil, do autor
citado, utiliza uma poesia reduzida ao essencial que busca uma interpretação de
seu país, EXCETO em:
A) Se Pedro
Segundo
Vier aqui
Com história
Eu boto ele na
cadeia
(Senhor Feudal)
B) Aprendi com
meu filho de dez anos
Que a poesia é a
descoberta
Das coisas que eu
nunca vi.
(3 de maio)
C)Muitos metaes
pepinos romans e figos
De muitas castas
Cidras limões e
laranjas
Uma infinidade
Muitas cannas
daaçucre
Infinito algodam
Também há muito
paobrasil
Nestas capitanias
(Riquezas Naturais)
D) Seguimos nosso
caminho por este mar de longo
Até a oitava da
Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista
de terra.
(A Descoberta)
E) Eram três ou
quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui
pretos pelas espáduas
E suas vergonhas
tão altas e tão saradinhas
Que de nós as
muito bem olharmos
Não tínhamos
nenhuma vergonha.
Quando o homem
não trata bem a natureza, a
natureza não
trata bem o homem.
Essa
afirmativa reitera a necessária interação das diferentes espécies,
representadas na imagem ao lado.
6. Depreende-se dessa imagem a
A. atuação
do homem na clonagem de animais pré-históricos.
B. exclusão
do homem na ameaça efetiva à sobrevivência do planeta.
C.
ingerência do homem na reprodução de espécies em cativeiro.
D. mutação
das espécies pela ação predatória do homem.
E.
responsabilidade do homem na manutenção da biodiversidade.
Leia o texto:
RAÇA & CLASSE
Nossa pele teve maldição de
raça
e exploração de classe
duas faces da mesma diáspora e
desgraça
Nossa dor fez pacto antigo com
todas as estradas do
mundo e cobre o corpo fechado
e sem medo do sol
Nossa raça traz o selo dos sóis
e luas dos séculos
a pele é mapa de pesadelos
oceânicos
e orgulhosa moldura de
cicatrizes quilombolas.
7. Sobre o texto acima pode-se afirmar:
a) O texto revela que o sofrimento do negro não
está firmado na questão da pele e sim na questão econômica.
b) O texto trata da questão da mão-de-obra negra
ter servido como força para a construção
de potencias mundiais no oriente.
c) O termo “corpo fechado” está associado ao fato
de que o negro não sente o sofrimento por sua grande religiosidade.
d) O trecho “pesadelos oceânicos” pode ser
entendido como referência aos navios negreiros.
e) Os negros são apresentados no texto como um povo
novo.
Pensamos
não como página aberta, mas como hipertexto em metamorfose.
A linha de evolução da humanidade ofereceu
em tempos diversos a prioridade a órgãos diferentes como fundamentais à
comunicação. Quando ainda não se havia inventado a escrita, toda comunicação se
fazia pela boca e esta simbolizava a essência da comunicação. Malditos eram os
que rogavam pragas, e não se podia pensar em castigo maior que a imposição do
silêncio.
Mais tarde, no cenário da escrita, a mão
substituiu a boca, e toda a grandeza se fez em torno dos imortais, pelos textos
escritos que deixaram. Exaltou-se o escrever “de próprio punho”, desenvolveu-se
acurado sistema de estudo caligráfico e descobriu-se que nada expressa melhor a
identidade da pessoa que sua assinatura.
Na era da informática que chega até nós, a
importância da comunicação rapidamente vai substituindo as mãos pelos olhos, e
a visão passa a constituir órgão soberano nos emails que se enviam, no
hipertexto que se cultua. Num mundo globalizado e em muitos aspectos virtual, a
boca pouco vale, e as mãos passam a ser apenas instrumento da visão. É de se
acreditar que a evolução pare por aí, não porque ainda faltam órgãos para isso,
mas porque o hipertexto simboliza a própria forma de pensar.
O que significa um hipertexto? O
hipertexto, nova forma de escrita e de comunicação no mundo da informática, é
uma espécie de metáfora na qual a informação se apresenta através de uma rede
de nós interconectados por inúmeros links, a qual permite livre navegação
não-linear por parte do leitor. É uma página absolutamente diferente de uma
página textual, nela se descobre metamorfose permanente – pois muda a cada
instante –, grande heterogeneidade – os nós do hipertexto são compostos por
diversos conteúdos – e imensa multiplicidade, pois qualquer nó da rede, mesmo
isolada das demais, contém uma nova rede e, principalmente, grande mobilidade
dos centros. Assim, ao invés de uma “ideia principal”, presente em uma página
comum, existem idéias multiconectadas que passam a ser acionadas ao sabor das
necessidades e dos interesses.
Em síntese, o hipertexto se identifica com
a nossa maneira de pensar, que, na verdade, funciona pela conexão entre
diferentes modos de conhecer e de expressar.
(Celso
Antunes. A prática de novos saberes. Fortaleza (CE):Edições Livro Técnico,
2003, p. 43-45. Adaptado.)
8. O Texto , quanto
ao tema central em torno do qual se desenvolve, evidencia a pretensão do autor
de ressaltar:
A)
o pouco valor da comunicação oral em um mundo globalizado.
B) a rapidez com que os e-mails
substituem a comunicação escrita.
C)
a funcionalidade da metáfora no mundo virtual da informática.
D)
o hipertexto, como manifestação da forma de pensar do homem.
E)
a importância da idéia central presente na página do texto escrito.
FOI MUDANDO, MUDANDO
Tempos e tempos passaram
por sobre teu ser.
Da era cristã de 1500
até estes tempos severos de hoje,
quem foi que formou de novo teu ventre,
teus olhos, tua alma?
Te vendo, medito: foi negro, foi índio ou foi cristão?
Os modos de rir, o jeito de andar, pele,
gozo,
coração...
Negro, índio ou cristão?
Quem foi que te deu esta sabedoria,
mais dengo e alvura,
cabelo escorrido, tristeza do mundo,
desgosto da vida, orgulho de branco, algemas, resgates, alforrias?
Foi negro, foi índio ou foi cristão?
Quem foi que mudou teu leite,
teu sangue, teus pés,
teu modo de amar,
teus santos, teus ódios,
teu fogo,
teu suor,
tua espuma,
tua saliva, teus abraços, teus suspiros, tuas comidas,
tua língua?
Te vendo, medito: foi negro, foi índio ou foi cristão?
(Jorge de Lima).
9.
No século anterior ao poema de Jorge de Lima, nossos escritores já se
posicionavam a respeito de
nossa
identidade etnocultural. Assinale a opção em que a afirmativa de um autor do
Romantismo pode ser
tomada
como resposta a indagações suscitadas no texto “Foi mudando, mudando”.
(A) Nós já estamos começando a falar uma mixórdia franco-ítala-saxônia que
produz dispepsias incuráveis nos puristas mas é a única linguagem que exprimiu
a sensibilidade, a vida moderna. O que nós devemos é enriquecer essa maravilhosa
algaravia como dengues, a graça e essa esculhambação brasileira amulatada e
cabrocha. (Manuel Bandeira)
(B) De feijão se faz tutu,/ que não é mau bocadinho;/ Mas não se seja
mesquinho:/ Como o feijão sem gordura/ é coisa que não se atura. (Bernardo Guimarães)
(C) Nossos ideais não podem ser os da França porque as nossas necessidades
são inteiramente outras, nosso povo outro, nossa terra outra etc. Nós só
seremos civilizados em relação às civilizações o dia em que criarmos o ideal, a
orientação brasileira. (Mário de Andrade)
(D) Por uma praia arenosa/ Vagarosa/ Divagava uma donzela;/ Dá largas ao
pensamento,/ Brinca o vento/ Nos soltos cabelos dela. (Gonçalves Dias)
(E) Os operários da transformação das nossas línguas são esses
representantes de tantas raças, desde a saxônia até a africana, que fazem neste
solo exuberante amálgama do sangue, das tradições e das línguas. (José de
Alencar)
Leia o texto.
O cyberbullying é um problema crescente justamente porque os jovens
usam cada vez mais a tecnologia. Ana, 13 anos, já era perseguida na escola – e
passou a ser acuada, prisioneira de seus agressores via internet. Hoje, vive
com medo e deixou de adicionar “amigos” em seu perfil no Orkut. Além disso,
restringiu o acesso ao MSN. Mesmo assim, o tormento continua. As meninas de sua
sala enviam mensagens depreciativas, com apelidos maldosos e recados
humilhantes, para amigos comuns. Os qualificativos mais leves são “nojenta, nerd
e lésbica”. Outros textos dizem: “Você deveria parar de falar com aquela
piranha” e “A emo já mudou a sua cabeça, hein? Vá pro inferno”. Ana, é claro,
fica arrasada. “Uso preto, ouço rock
e pinto o cabelo. Curto coisas
diferentes e falo de outros assuntos. Por isso, não me aceitam.” (Beatriz Santomauro. Nova
Escola, junho/julho 2010. Adaptado.)
10. Conforme o texto,
(A)
o desenvolvimento da tecnologia extinguirá o problemas do cyberbullying entre
os jovens.
(B)
apenas os jovens que não frequentam a escola são perseguidos implacavelmente
pela internet.
(C)
Ana é vítima do cyberbullying porque tem gostos e interesses que seu grupo social não
aprecia.
(D)
os qualificativos enviados pelas colegas de sala a amigos comuns levaram Ana a
usar preto e pintar o cabelo.
(E)
a restrição do acesso ao MSN e o uso mais limitado do Orkut eliminam,
significativamente, problemas de cyberbullying.
Gabarito:
1. d
2. 02
3. b
4. b
5. b
6. e
7. d
8. d
9.e
10.c