quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Redação Projeto Medicina - Quer ser médico?

E se para passar no vestibular você fosse convidado a escrever sobre o Porquê? Não chore não!!!! A gente te ajuda! Redija um texto opinativo destacando com argumentos concisos os motivos que o levou a escolha da profissão médica. 










Que sejas bem-vinda na minha vida
       Desde já afirmo que não sei exatamente o momento no qual tive certeza que queria ser médica. Provavelmente deve ter sido lá na minha infância quando eu ia ao médico e disputava com meus irmãos quem seria o primeiro a ser atendido ou quem sabe quando comecei a estudar e fiquei fascinada por tudo que envolvia a área de saúde. Isso pouco importa quando penso o que me espera. Os motivos e fatos que me influenciaram estão misturados em minha mente e transformá-los em palavras é uma tarefa meio complicada.
Dizer que eu quero fazer medicina para ajudar ao próximo não me basta, todos os médicos devem estar cientes que às vezes, mais vale uma ajuda e um conforto do que a cura, desse modo é incompreensível gostar de medicina e não adorar auxiliar. Assim também é o dinheiro e o reconhecimento, não me preocupo com eles, pois eles serão frutos do meu trabalho, não importa qual. Não associo medicina a riqueza, mas o ser bem-sucedido a um retorno econômico. Afinal, reconhecido é aquele que faz o que gosta.
       Ocasionalmente quando paro e reflito sobre o futuro me vejo com o tão desejado jaleco branco, entre os corredores de um hospital, em uma verdadeira correria, visitando internados e socorrendo os que de assistência precisam. E assim que meu futuro está pintado – a menina que quer mudar o mundo com seu jaleco e sonhos. Sei, porém, que a vida de médico não é nada fácil, é necessário abdicar de tempo e muitas coisas da sua vida pessoal. A rotina é maluca, ou melhor, quase não há rotina, e é preciso estar atento ao máximo e evitar que erros ocorram. O papel social do médico vai além de salvar vidas, inclui também a interação médico-paciente e a maneira como lidar com as diferenças. Não dá para elencar os motivos, mas nasci para isso porque acho que ser médico não se explica, se torna.
       Sei, mas do que o porquê quero ser, o que devo ser: aprendi que a profissão médica é sinônimo de compromisso e responsabilidade perante a sociedade e não é que se encaixa perfeitamente comigo?  Sei que a saúde é um direito de todos e seguir esta carreira é a melhor forma de estar perto das pessoas e fazer valer esse direito e não é que eu posso proporcionar justiça? Sei que o médico, diante do acordo firmado com o social, deve ter a consciência de curar quando plausível, aliviar sempre que necessário e consolar sempre e não é que entendo isso?
Então, não sou Gabriela, mas eu nasci assim, vou crescer assim e quero ser sempre assim – medica que muda o mundo.





Médica esclarecida
Machado de Assis apregoava que a sociedade capitalista humanizou as coisas e coisificou o homem. Apesar de reconhecer na sua fala o que vejo nas práticas médicas atuais, ao escolher Medicina, quero fazer a diferença em meio a um contingente de médicos que ao buscar serem "oficiais maiores da ciência e gerentes de biotecnologias complexas", desconsideraram a genuína arte de curar quando possível, mas cuidar sempre.
A meu ver, é incontestável os patentes benefícios que o conhecimento científico trouxe aos cuidados com a saúde. Porém, não sou a favor da prática mecanicista, que não leva em conta o papel dos fatores sociais ou a subjetividade individual do paciente. Por isso espelho-me em médicos como Bernard Lown e William Osler, que concluíram que não se podem aferir os males que afligem as pessoas tão somente pelas respostas dadas pelas máquinas de diagnosticar. Assim, Escolhi Medicina, no intuito de fazer da minha profissão instrumento de melhorias de vida.
Muitos não entendem que o sacrifício não é feito apenas pelo trabalho, dinheiro ou reconhecimento. Apaixonei-me pela mistura, cheia de falhas e dificuldades, de ciência e cuidado. A escolha que fiz, foi por uma filosofia, um desejo maior de poder ser útil, de ajudar os que precisam.  Portanto, buscarei ser a médica com quem meus pacientes sintam-se à vontade quando descreverem suas queixas, sem receio de serem submetidos a numerosos procedimentos, uma médica para quem o paciente nunca é uma estatística e, acima de tudo, ser um semelhante, um ser humano, cuja preocupação pelo outro é avivada pela alegria de servir, pautada pela crença de que cuidar da saúde é garantir futuros.
O que me move mesmo é a utopia, essa que foi delineada por Thomas Morus e reiterada, nesse século pelo uruguaio Galeano quando sugere que mesmo que não possamos adivinhar o tempo que virá, temos ao menos, o direito de imaginar o queremos que ele seja. Portanto, escolher ser discípula de Hipócrates foi optar por exigir que princípios básicos do humanismo no desempenho da missão sagrada de curar, continuem a fazer parte da minha rotina, ao compreender, que tão importante quanto conhecer a doença que o homem tem, é conhecer o homem que tem a doença. 


Redações feitas pelos anjos da Oficina de Ciências Médicas

Aprendendo a fazer Carta - carta direcionada ao Ministério da Saúde brasileiro dando ênfase à comparação com modelos de saúde pública de países desenvolvidos.



Sei que um dos grandes desafios de vocês é escrever numa modalidade textual que não seja dissertação. Vamos aprender?





Salvador, 04 de outubro de 2015


Ao V.Exa. Marcelo Castro
M. D., Ministro da Saúde brasileiro,
Como vai Vossa Excelência? Imagino que ocupado em assumir o grande desafio que é o da pasta da saúde com cortes de gastos e tantos desgastes governamentais envolvendo a saúde pública brasileira. Mas imagino-o bem apto para o cargo já que o senhor tem mais de 5 mandatos com deputado e, com certeza, já domina a arte da gestão pública. Com uma história tão longa envolvida com as políticas nacionais não preciso lembrar a V. Ex.ª, Senhor Ministro, que em 1988, votamos a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), e com ele afirmamos a atenção em saúde para o cidadão brasileiro. Porém, é inegável que persistem problemas a serem enfrentados para consolidá-lo como um sistema público universal que teve sua base construída nos moldes dos tradicionais sistemas de proteção social existente nos países europeus.
Na prática, prezado ministro, os propósitos de universalização, integralidade e equidade prevista constitucionalmente não foram atingidos e os recursos governamentais, destinados à manutenção da saúde dos mais de 200 milhões de brasileiros, têm sido cada vez mais insuficientes. Reconheço o protagonismo do Ministério da Saúde em prol da luta para fazer valer o direito do povo brasileiro e das grandes ações reconhecidas internacionalmente em medicina preventiva. Porém, o senhor deve concordar que os atuais gastos com a saúde pública no país ficam muito abaixo do que é investido por nações que também oferecem o mesmo direito, como Reino Unido, Alemanha e Canadá.
Apesar das mudanças significativas como a queda da mortalidade infantil e da eliminação de várias doenças infecciosas, a verdade é que o impasse entre o público e o privado mina o conceito do SUS. Como deve ser do seu conhecimento, os investimentos no nosso Sistema de Saúde, quando comparado aos dos países desenvolvidos, apresenta uma defasagem de 30 anos, relativamente. E, quando comparado por números absolutos, em PIB per capita, talvez tenha uma defasagem de até 50 anos. Assim, apesar de ter sido inspirado no modelo de saúde britânico, em nada temos de uma saúde digna. O seu contrário é que aparece estampado em jornais: falta profissionais, falta infraestrutura e as filas gigantescas para conseguir atendimento revelam na saúde pública brasileira a falta da dignidade humana para com os que pelo Estado brasileiro precisam ser assistidos.
O modelo atual de prestação de serviços de saúde, apesar de toda a evolução do SUS, ainda é ineficiente e não cumpre o desiderato apontado na Constituição, de que é dever do Estado oferecer ao cidadão todos os meios para que ele goze de boa saúde. Assim, diante de tais fatos, é de suma importância que o senhor repense conceitos, possibilidades, objetivos e necessidades do sistema público nacional para atender aos doentes desse gigante chamado Brasil.

Atenciosamente,

Redação UNIFACS 2015 e também para a UNIME - O mundo capitalista e o paradoxo financeiro, qual a real função do médico?

A regra de ouro

       Milton Santos apregoava que nunca na história da humanidade houve condições técnicas e científicas tão favoráveis à construção de um mundo da dignidade humana. Entretanto, a ótica capitalista impôs à sociedade uma globalização perversa e redirecionou a formação e atuação do médico, modificando também sua visão do paciente como pessoa.
       As condições tecnológicas existentes, apesar de mudarem o panorama ideológico estrutural, não foram capazes de alterar o cenário perverso do capitalismo.  Assim, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, define o mal-estar da pós-modernidade como “tempos líquidos”, em consequência da dissolução de todos os valores “sólidos” que nos acompanharam ao longo de nossa história. Pode-se observar então, que as transformações políticas, econômicas e sociais trazidas com a implantação do sistema capitalista, ao mesmo tempo em que ampliaram a produtividade do trabalho, também instalaram uma nova ordem mundial caracterizada pelo tom de individualismo, abandono da solidariedade e a desumanização em nome do capital. A saúde, mesmo sendo produzida sobre a premissa do altruísmo socializante sucumbiu ao capitalismo como valor absoluto.
       Nesse contexto, as universidades estão preparando cientistas da saúde habilitados a diagnosticar e curar, mas sem capacidade de demonstrar consideração, compaixão e benevolência frente a seus pacientes. Partindo desse pressuposto, o médico atual se vê em uma realidade paradoxal, pois nunca a Medicina avançou tanto na diagnose e no tratamento como nas últimas cinco décadas, e nunca o ser humano enfermo foi tão malcuidado. Nessa perspectiva, a maioria dos médicos perdeu a arte de curar, que vai além da capacidade do diagnóstico e da mobilização dos recursos tecnológicos e se depara com a exagerada ênfase que as escolas médicas empregam na formação técnica de profissionais em detrimento   da formação pautada na humanização.
Para Machado de Assis, a sociedade capitalista humanizou as coisas e coisificou o homem. Partindo dessa égide, o jovem médico é mais exposto à alta tecnologia e menos ao lado humanístico e filosófico da Medicina. Portanto, é cada vez mais necessário ter a coragem de rever e mudar este cenário para resgatar o valor maior do ato de ser médico, que é ver o paciente como um ser humano único e respeitá-lo como tal, para poder entender e tratar sua doença e garantir seu bem-estar.

Redação Produzida pelos Anjos da Oficina de Ciências Médicas do Curso Eu Quero Passar

Redação Medicina para a FASA/UNIME/UNIT - 2015 A importância do conhecimento histórico da medicina e os seus reflexos na contemporaneidade

Caminho percorrido

Aristóteles afirmou que, entende-se melhor as coisas e os conceitos quando se tem uma visão clara de como eles se formaram. Partindo dessa premissa, grande parte do conhecimento médico, nos primeiros 20 séculos da humanidade, esteve atrelado ao conhecimento histórico, e atualmente, serve como base para novos avanços e tratamentos complementares.
Séculos da história médica formataram-se nos alicerces hipocráticos, viés que só foi alterado no século XX, influenciados pela valorização da técnica e pelo positivismo de Comte. Nessa perspectiva, a história da medicina em seus diferentes períodos mostra como o conceito de uma enfermidade, sua etiologia e seu tratamento, prevalentes em um dado momento, podem ser substituídos por outros, como no caso do éter descoberto no medievo por Paracelso e redescoberto 300 anos posteriormente. Esta noção da transitoriedade da verdade científica educa o médico no espírito independente e crítico, tornando-o preparado para assimilar as mudanças e as novas verdades que na medicina ou na sociedade se desenvolvem.
Na arte médica é fundamental o princípio de que as conquistas, que constituem o patrimônio do passado, devem servir de base às investigações do presente. Nessa conjuntura, acompanha-se o fluxo de revitalização e aprimoramento da medicina tradicional, valendo-se no século XXI por remédios fitoterápicos e acupuntura, que se tornaram parte de uma extensa pesquisa acadêmica na busca de novas soluções. Tal fato tem associado a alternativa popular à medicina moderna, apoiado por programas como o Sistema Único de Saúde no Brasil, mesmo em locais onde os tratamentos médicos modernos prevalecem.
Conforme Littré, não existe nada na mais avançada medicina contemporânea cujo embrião não se encontre na medicina do passado. Assim, não se pode compreender a medicina atual de forma concisa e profunda se ignorar a evolução do conhecimento médico, pois existe uma coesão histórica do pensamento, sendo necessário conhecer o caminho percorrido para que se possa compreender os conceitos presentes. Portanto, nem a medicina escapa ao axioma de que para caminhar rumo ao o futuro é preciso entender como foram os passos do passado.


Redação Produzida pelos Anjos do Curso Eu Quero Passar para a Oficina de Ciências Médicas