Redação Modelo:
Tema 2 – Função social do médico
Por uma outra conduta
Carol Alcântara
Amenizar
a dor é uma obra divina. Dita por Hipócrates e propagada durante o curso
histórico da medicina, tal máxima entra em desuso na era de relatividade e
liquidez. Seguindo essa ótica, os profissionais da saúde do século XXI tendem a
privilegiar os aspectos técnico-científicos da esfera terapêutica em detrimento
dos valores e virtudes humanos inerentes a
profissão, ou seja, o ethos de cuidar. No bojo desse dilema, surge o equilíbrio
entre a autonomia do paciente e beneficência
médica como alicerces para uma relação interpessoal ética.
A banalização da vida, marca da modernidade líquida, torna a relação
médico-paciente carente de solidariedade e dos princípios éticos e humanistas
idealizados por Hipócrates. Partindo desse pressuposto, adequar-se ao próprio
ser humano, mostrando-se sensível às suas angústias e a seu sofrimento não se
destaca como conduta modelo entre os profissionais da saúde do século XXI.
Desde a violação do juramento médico ao atendimento superficial oferecido
àqueles que dependem do serviço público, a égide contemporânea suscita a
dissociação entre os aspectos científicos e afetivos na intervenção
terapêutica. D1
A procura por fazer o bem está na
essência do respeito à vida humana. Para além dessa verdade, a Medicina
Paliativa ensina: a busca por um atendimento humanizado e não massificado dos
sistemas privado e público de saúde emerge como possibilidade de uma
intervenção médica baseada nas
necessidades que o paciente apresenta no momento do diagnóstico e não somente no conhecimento teórico sobre sua deficiência. Tendo em
vista essa premissa, a assistência médica durante a dinâmica do tratamento
torna-se essencial para que se estabeleça uma relação de confiança e evite
cuidados negligenciados.
Em um mundo imerso em crises e
incertezas, o relacionamento médico-paciente torna-se alheio aos aspectos subjetivos da condição humana.
Diante dessa realidade, a formação
técnico–científica aliada à humanização dos profissionais de saúde pode favorecer
o atendimento e garantir maior eficácia no serviço. Portanto, mudanças
clarividentes no presente poderão fazer com que o médico do século XXI realize
com êxito a missão que lhe foi confiada: a de salvar vidas.