domingo, 14 de outubro de 2018

Simulado Poliedro 3 / 2018 - A Desigualdade Tributária em questão no Brasil - Gabarito de redação comentado


Gabarito comentado – leia com atenção!
CI – LÍNGUA PORTUGUESA
Estamos já na reta final do curso. Cobre do aluno um domínio da língua. O uso de vírgula, a regra dos três pontos bem como uma linguagem formal sem elementos como infelizmente, nossa ou qualquer marcador que conote pessoalidade.
Se notar muitos desvios não hesite em sugerir que ele releia a cartilha ou procure atendimento individual.
CII – RECORTE /ESTRUTURA/ ÁREA DO CONHECIMENTO
RECORTE – Os textos da coletânea tratam da desigualdade socioeconômica do Brasil, de modo a apresentar dados de institutos como a OXFAM que desenvolveram pesquisas a esse respeito, bem como falas de especialistas no tema para atestar o abismo social criado a partir dessa desigualdade. Além disso, também são fornecidas informações que apresentam esse tema a partir da perspectiva da tributação, com a finalidade de apontar que também persiste a chamada “desigualdade horizontal”. Assim, espera-se que o candidato articule essas informações para refletir sobre o que mantém o fenômeno ocorrendo e, por fim, , proponha uma intervenção que solucione o problema da desigualdade no Brasil.
- Era ideal que o aluno orientasse seu recorte de acordo com os textos de apoio do próprio tema.

Segue o que cada texto definia:

 Texto I
Traz a Constituição e os objetivos fundamentais – serve para que o aluno construa sua argumentação de que o que está garantido na Constituição ainda não está efetivado no Brasil.
Observe que diferente de outros temas relacionados ao Enem como o de  Feminicídio que apontava já politicas governamentais. Aqui não há uma política de Estado clara. O próprio texto 3 auxilia nessa visão.

Texto II
-  Apresenta os dados da OXFAM sobre os seis homens mais ricos do Brasil que detém a riqueza igual aos 100 milhões mais pobres, metade da população nacional.
Fique atento! Essa pode ser uma condição de desvio do tema. É comum que alunos escrevam sobre desigualdade sem focar na tributária. Esse texto pode servir como exemplificação ou apresentação geral do tema – o Brasil é desigual e, dentro dessa condição de desigualdade, está a desigualdade tributária.
Também o texto trata da desigualdade de gênero e de raça. O aluno poderia abordar isso no texto como sendo a desigualdade um desafio que o Brasil vai enfrentar por muitos anos. Para isso seria pertinente usar dados dos textos para dizer que, no caso da mulher, mesmo com políticas  efetivas serão, para as mulheres 29 anos. E para raça 71 anos - quase um século. Sugira aos alunos o uso de referências dos textos de apoio, mas peçam para que eles sejam capazes de mostrar isso e mais algum outro conhecimento para garantir riqueza argumentativa, para que a defesa do seu ponto de vista tenha relevância.
O próprio texto da OXFAM já traz a forma esperada de abordagem da questão: as medidas para a vitória da desigualdade que tem sido feitas no Brasil são válidas, mas não são suficientes  para vencer  os abismos sociais do Brasil.  Ela chega a tratar implicitamente de uma política do Brasil dos últimos anos para diminuição da desigualdade que é o aumento da condição financeira do mais pobre – medidas do governo Lula como o programa Bolsa Família e ampliação do salário mínimo seriam válidas de serem apresentadas nos textos.
“Se você não redistribui o que tem no topo, chega um momento em que não tem como ampliar a base.”

Texto III
 - Caso o aluno não saiba o que é desigualdade tributária o texto traz a definição e apresenta por ilustração gráfica a situação nacional comparando-a com o México, Chile, Argentina. Leiam com atenção esse texto de apoio para dar aos alunos sugestões de diferentes formas de uso dele na redação.
Essa é uma importante oportunidade de demonstrar ao aluno que se pode escrever, mesmo não tendo um domínio prévio do tema. Com a ajuda dos textos de apoio. 

ESTRUTURA –
- Verificar se o aluno fez uma frase interpretativa do tema na abertura.
- Verificar se o aluno apresentou com clareza a verdade a ser discutida nos desenvolvimentos. Lembrando que nesse caso o aluno poderia trabalhar com duas ou escolher somente um ponto-de-vista, mesmo escrevendo dois desenvolvimentos. O tema só pedia um aspecto a ser trabalhado.
- Verificar se ele explicou as verdades e foi capaz de propor inclusive palavras ou elementos do campo lexical semelhante para que facilitasse a identificação das verdades.
- Verificar se ele provou, com o uso das fontes, o que se propôs discutir. Lembrando que fontes de dados, pesquisas e autoridade são as mais esperadas pois foram apontadas nos textos de apoio.
- Verificar se o aluno finalizou o desenvolvimento preferencialmente fazendo alguma reflexão/alusão a questão associada ao que foi discutido no desenvolvimento. Fiquem atentos a esse aspecto. Percebo que os alunos revelam uma grande dificuldade nesse quesito. Se puder, sugira modelos.
- Verificar se ele seguiu aspectos estéticos e linguísticos típicos do texto dissertativo como a impessoalidade/ a paragrafação...
ÁREA DO CONHECIMENTO–
- Vejo que vocês corretores estão sinalizando muito a ampliação de área do conhecimento, mas fiquem atentos porque se o aluno usa fontes variadas as áreas já são naturalmente variadas. 
CIII – PERTINÊNCIA DAS FONTES / COÊRENCIA
-  Verificar se as fontes utilizadas comprovam a explicação dada.
- Verificar qualidade da fonte utilizada.
- Verifique se as fontes utilizadas são secundárias ou fundamentais e atribuam nota a partir disso. Fiquem muito atentos a esse aspecto.
- Fique atento também ao excesso de fontes e a repetição de fontes – sobretudo dados em autoridades – nos desenvolvimentos. Se ele utilizou no desenvolvimento 1 não deve repetir no desenvolvimento 2. Nesse tema o desafio de ir além dos números será maior uma vez que há quase a supremacia dos números nos textos de apoio.
- Como é um tema não muito conhecido deles as fontes esperadas são fatos e dados que parecem na prova. Atente-se para que ele não fique só nisto.
- Veja também essas questões para considerar nessa competência - relação de sentido entre as partes do texto; progressão temática adequada ao desenvolvimento do tema, revelando que a redação foi planejada e que as ideias desenvolvidas são pouco a pouco apresentadas, em uma ordem lógica; e adequação entre o conteúdo do texto e o mundo real.

CIV – COESÃO E SENTIDO DO TEXTO
- Verifique as relações coesivas explícitas no texto para saber se a aplicação foi correta.
- É importante que ele estabeleça uma relação coesiva entre as duas verdades da introdução.
- Verificar se existem trechos confusos ou de difícil leitura no texto. (Não entendeu, tire ponto).
- Verificar falta de palavras que acarretem na compreensão do texto.
COMPETÊNCIA V – CONCLUSÃO
- Nunca atribuir 200 pontos a uma redação cuja conclusão estiver pequena.
- Nunca atribua 200 pontos a quem mistura solução e detalhamento.
- O aluno deve apresentar pelo menos 2 protagonistas da mudança e saber estabelecer a relação sociológica entre eles.
- Só atribua 200 pontos para o aluno que foi capaz responder com clareza na conclusão a solução e ao detalhamento. Portanto a organização da conclusão seria – síntese – solução - detalhamento– frase final.
- O tema já tinha predefinido que o ator social mais importante da solução seria o Estado. Ele era obrigatório entre os atores sociais. Não há como gerar nova destruição de riqueza sem ser uma política de Estado. Os outros atores a serem considerados vai depender da abordagem do problema feito no desenvolvimento. A maioria dos alunos, principalmente  os  alunos mais  antigos, criaram uma padronização de  conclusão mecanizada com atores pré-determinados. Fiquem atentos a isso para ajudá-los  a moldar os atores conforme o problema discutido nos desenvolvimentos.
Bom trabalho.

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Simulado Poliedro 1 / 2018 - Caminhos para combater o problema do Vício no Brasil - Gabarito de redação comentado





O que diz o Gabarito Oficial:
O vício, independentemente de suas características, traz diversos prejuízos ao indivíduo e para as pessoas que estão à sua  volta ( família, amigos, colegas de  trabalho etc.) Por isso, é de extrema importância discutir as causas e os efeitos das diferentes formas de dependência presentes na sociedade atual. Os textos de apoio apresentam alguns fatores psicológicos que envolvem o tema, bem como suas consequências no âmbito individual e social. A proposta de intervenção, nesse caso, não pode ser simplista, pois deve-se considerar tanto a conscientização das pessoas para que elas não desenvolvam tais vícios, como também a melhor maneira de lidar com esse problema nos dias de hoje.
Visão dos textos de apoio:
O texto I tratava de vários aspectos que não eram importantes para o tema como a diferença entre vício e hábito e os motivos diversos para adquirir um vício.
Esperava-se desse texto de apoio  a ideia de que o vício é um mecanismo de fuga emocional ou que ele utilize a psicologia como fonte ou os tipos de vícios como exemplificação.
No texto II há uma complementação do que foi apontado no texto 1 – ele explica tipos de vícios  apontando já explicitamente quais são os desafios  e, portanto, os caminhos para vencê-los.
A)     O álcool é um vício socialmente aceitável e que começa desde a adolescência  - caminho para combater – condenação social e conscientização de  seu mal desde a adolescência .
B)     O vício em jogo  cresceu muito com o acesso a tecnologia e a internet – caminho para combater – educação tecnológica/ também caberia dizer que enquanto o combate no passado era de  corridas, rinhas e jogos de azar, o vício hoje não tem limites  exemplificar com os simulacros como  a Baleia Azul.
C)      O cigarro como um vício de  socialização -  caminho para combater – a condenação  social  - lembrar que o Brasil já faz isso e tem uma das maiores propagandas antitabagismo do mundo.
D)     As drogas ilícitas é um enorme desafio no Brasil – com um crescimento grande nos últimos anos. Esse e o álcool deveriam ser os vícios mais enfatizados nos textos.
                         O texto III  aponta o direcionamento  para a conclusão e propõe que é um problema  não somente do indivíduo, mas social e que atinge todas as classes  sociais. Portanto, era obrigatório no detalhamento o Estado, a Família, a Mídia e demais outros atores atuando no processo da mudança.

Introdução:
O aluno deveria direcionar o recorte do seu texto para mostrar caminhos para garantir a diminuição dos vícios no Brasil.
É importante conferir se o que ele disse foi explicado devidamente no desenvolvimento e se o tamanho da explicação se adequa ao que foi proposto na introdução. Há alunos que dizem mais na introdução do que no desenvolvimento ou fazem uma introdução muito curta e, quando vai explicar, trata de questões que não apresentou na introdução.
Desenvolvimentos
É um texto padrão Enem então ele deveria seguir a estrutura padrão de explicar/ provar e finalizar cada desenvolvimento.
Lembre-se que o tema já permite que o aluno vá apontando soluções ao longo do texto pois propõe a ideia de CAMINHOS para combater.
Fique atento a essa organização do texto e, quando corrigir, identifique as partes para que o aluno saiba aprimorar sua estrutura.
O tema tem sido discutido amplamente nos últimos dias no mundo, é interessante ficar atento a qualidade das fontes que ele vai utilizar para não cair no senso-comum. Veja que os textos de apoio já apontavam um certo direcionamento de  discussões. Veja os comentários  sobre os  textos de apoio feito acima.
Observe também o marcador coesivo usado para a fonte se, de fato, corresponde ao marcador ideal. 
Não se trata de um texto opinativo veja a dosagem desse ponto-de-vista extremamente pessoal que os alunos tendem a ter quando tratam de um tema muito discutido. Tudo que ele disser precisa ser provado.

IMPORTANTE – Atente-se para a estrutura da conclusão. Precisa ser modelo Enem com 4 períodos – síntese – veja se a frase usada de fato sintetiza o que foi proposto. Solução – já estava meio definida – detalhamento – veja se atores utilizados fazem sentido com a discussão proposta  e  a frase final.

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Simulado Poliedro 2 - Crise Migratória do século XXI e seus reflexos no Brasil - Gabarito de Redação


Gabarito comentado – leia com atenção!
CI – LÍNGUA PORTUGUESA
Se notar muitos desvios não hesite em sugerir que ele releia a cartilha ou procure atendimento individual.
Cobre além das questões referentes ao uso formal da língua e da precisão vocabular, que o aluno respeite os aspectos estéticos do texto como margem e letra. Como é um texto escrito sinalize o erro exatamente onde ele está sugerindo formas de melhoria.
CII – RECORTE /ESTRUTURA/ ÁREA DO CONHECIMENTO
RECORTE
Esse tema trazia para o aluno o desafio de escrever sobre a crise de refugiados no mundo e como se dá o reflexo da mesma no Brasil. Era preciso apresentar proposta de intervenção para os desafios que já foram apontados no próprio texto de apoio. Atente-se para ele seja capaz de apontar claramente as questões associadas ao Brasil. 
- Era ideal que o aluno orientasse seu recorte de acordo com os textos de apoio do próprio tema.
Segue o que cada texto definia:
 Texto I
Traz uma norma governamental de proteção para refugiados que não são acolhidos pelo Acordo de Residência.
O objetivo desse texto é mostrar que fazer a lei – oferecendo residência temporária -  não é suficiente já que desafios como  burocracia e a xenofobia  persistem.

Texto II
A imagem apresenta uma releitura da obra Guernica de Picasso. Na obra original há um significado de denuncia política e funciona como uma crítica à devastação causada pelas forças Nazistas aliadas com o ditador espanhol Franco. Outra possível interpretação indica que o quadro Guernica funciona como um símbolo de paz ou anti-guerra.
O quadro apresentado na prova indica que a questão do tema deve ser tratada no âmbito mundial uma vez que apresenta a ideia dos refugiados  que morrem ao mar na tentativa de  atravessar o oceano em busca de novas alternativa de vida.


Texto III
O texto apresenta um gráfico com o número de solicitações  de pedidos de asilo no Brasil e o elevado número de pedidos não deferidos. A burocracia passa a ser um dos desafios a serem enfrentados e temática de importante discussão no texto dos alunos.

Texto IV
O texto retrata uma cena de xenofobia vivida por um refugiado sírio na cidade do Rio. É um dos problemas apontados e que deve ser discutido e proposto possíveis soluções no texto do aluno.  

Texto V
 Trata da história de um jovem de Bangladesh refugiado no Brasil. O texto aponta uma lista de desafios  para a questão entre eles a barreira da língua entre  advogados e servidores públicos que não são capazes de se comunicar com os refugiados/ a burocracia/ a postura dos empregadores, facilitando para os alunos as discussões a serem feitas em seus textos.  

ESTRUTURA
- Verificar se o aluno fez uma frase interpretativa do tema na abertura.
- Verificar se o aluno apresentou com clareza a verdade a ser discutida nos desenvolvimentos. Lembrando que nesse caso o aluno poderia trabalhar com duas ou escolher somente um ponto-de-vista, mesmo escrevendo dois desenvolvimentos. O tema só pedia um aspecto a ser trabalhado.
- Verificar se ele explicou as verdades e foi capaz de propor inclusive palavras ou elementos do campo lexical semelhante para que facilitasse a identificação das verdades.
- Verificar se ele provou, com o uso das fontes, o que se propôs discutir. Lembrando que fontes de dados, pesquisas e autoridade são as mais esperadas pois foram apontadas nos textos de apoio.
- Verificar se o aluno finalizou o desenvolvimento preferencialmente fazendo alguma reflexão/alusão a questão associada ao que foi discutido no desenvolvimento. Fiquem atentos a esse aspecto. Percebo que os alunos revelam uma grande dificuldade nesse quesito. Se puder, sugira modelos.
- Verificar se ele seguiu aspectos estéticos e linguísticos típicos do texto dissertativo como a impessoalidade/ a paragrafação...
ÁREA DO CONHECIMENTO
- o aluno deve usar no mínimo três fontes ao longo do texto, mas o ideal é que tenha um molde  textual de duas em cada desenvolvimento. Tente sugerir isso ao aluno como  forma de  fortalecer sua verdade.

CIII – PERTINÊNCIA DAS FONTES / COÊRENCIA
-  Verificar se as fontes utilizadas comprovam a explicação dada.
- Verificar qualidade da fonte utilizada.
- Verifique se as fontes utilizadas são secundárias ou fundamentais e atribuam nota a partir disso. Fiquem muito atentos a esse aspecto.
- Fique atento também ao excesso de fontes e a repetição de fontes – sobretudo dados em autoridades – nos desenvolvimentos. Se ele utilizou no desenvolvimento 1 não deve repetir no desenvolvimento 2. Nesse tema o desafio de ir além dos números será maior uma vez que há quase a supremacia dos números nos textos de apoio.
- Como é um tema não muito conhecido deles as fontes esperadas são fatos e dados que parecem na prova. Atente-se para que ele não fique só nisto.
- Veja também essas questões para considerar nessa competência - relação de sentido entre as partes do texto; progressão temática adequada ao desenvolvimento do tema, revelando que a redação foi planejada e que as ideias desenvolvidas são pouco a pouco apresentadas, em uma ordem lógica; e adequação entre o conteúdo do texto e o mundo real.

CIV – COESÃO E SENTIDO DO TEXTO
- Verifique as relações coesivas explícitas no texto para saber se a aplicação foi correta.
- É importante que ele estabeleça uma relação coesiva entre as duas verdades da introdução.
- Verificar se existem trechos confusos ou de difícil leitura no texto. (Não entendeu, tire ponto).
- Verificar falta de palavras que acarretem na compreensão do texto.

COMPETÊNCIA V – CONCLUSÃO
- Nunca atribuir 200 pontos a uma redação cuja conclusão estiver pequena.
- Nunca atribua 200 pontos a quem mistura solução e detalhamento.
- O aluno deve apresentar pelo menos 2 protagonistas da mudança e saber estabelecer a relação sociológica entre eles.
- Só atribua 200 pontos para o aluno que foi capaz responder com clareza na conclusão a solução e ao detalhamento. Portanto a organização da conclusão seria – síntese – solução - detalhamento– frase final.

Produzido pela Equipe do Curso da Professora Mara Rute - Proibida a reprodução. 
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Tema de redação Enem 2018 - FUVEST


Tema FUVEST para modelo Enem
UNESP
2018 - O voto deveria ser facultativo no Brasil?
2017 – A riqueza de poucos beneficia a sociedade inteira?
2016 – Publicação de imagens trágicas: banalização do sofrimento ou forma de sensibilização?
2015- O legado da escravidão e o preconceito contra negros no Brasil
2014 – Corrupção no congresso nacional: reflexo da sociedade brasileira?
2013- Escrever: o trabalho e a inspiração
2012 – A bajulação: virtude ou defeito?
FUVEST
2018 – Devem existir limites para a arte?
2017 – O homem saiu de sua menoridade?
2016 – As utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas?
2015 – “Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia
2014 – Envelhecimento da população
2013 – Consumismo
2012 – Participação política: indispensável ou superada?
UNIFESP
2011 – Intolerância em Xeque
2012 – A questão da variação linguística no contexto da educação
2013 – Comissão da Verdade: que verdade alcançar?
2014 – Programas de espionagem norte-americano: autoproteção ou violação dos direitos de outras nações?
2015 – O financiamento de campanhas eleitorais por empresas deve ser proibido?
  2016 - A adoção da pena de morte pode contribuir para a redução do número de crimes hediondos no Brasil?
2017 - O voto nulo é um ato político eficaz?
2018 - As redes sociais estreitam os laços entre as pessoas ou as tornam egoístas?


4 pilares da Educação da UNESCO - Tema de Redação Enem


Redação Modelo

Na trilha da evolução

             Sempre prontos. Tal máxima não se aplica bem em um mundo supra competitivo que firma a renovação do saber como ferramenta para alcance do sucesso. Seguindo esse viés, percebe-se que o ethos de aprender faz parte do curso histórico da humanidade. Porém, a sociedade pós-moderna abandona o valor subjetivo da aprendizagem ao instituir uma busca pelo conhecimento guiada, fundamentalmente, por interesses profissionais e individuais.
           Desde a compreensão da dinâmica da natureza adquirida pelos povos nômades ao exercício de governar nações sob valores éticos e morais, que a aprendizagem se transformou em mola propulsora das estruturas sócio-políticas capaz de projetar a sobrevivência e evolução do homem. Para tanto, o sociólogo Bauman aponta que o homem vive hoje em um mundo repleto de incertezas, no qual as crises são diárias e as guerras são imprevisíveis, nessa perspectiva, ter a capacidade de conhecer e interpretar torna-se uma peça chave para a construção de novos saberes e melhoria da vida humana. Assim, cabe a máxima de que o saber liberta, e aprender efetivamente é o caminho pelo qual o homem deve seguir.
           Indo adiante nessa reflexão, percebe-se que os homens do século XXI associam o aprender, essencialmente, à sua formação intelectual e profissional. Em contrapartida à verdade grega, as escolas pós-modernas abandonam gradativamente a função de espaços destinados à formação humanista dos cidadãos. Contraditoriamente à realidade contemporânea, os centros do saber da Antiguidade objetivavam que alunos estivessem preparados para a vida.  A Unesco, sobre isso, realizou uma pesquisa entre jovens que entendem a corrida para a universidade não mais atrelada à busca pelo conhecimento, mas ao prestígio e ascensão social. Dessa forma, firmamo-nos como uma sociedade que assiste a falência do valor subjetivo das práticas do aprender e ensinar, visto que, cobramos que as teorias ensinadas se desmembrem em futuros ganhos materiais e pecuniários.
          Para Eduardo Galeano, a memória não perde o que merece ser salvo. Dessa forma, devemos recordar que o ethos de aprender fez-se presente nos momentos mais decisivos para o destino da humanidade e esse deve prosseguir como guia das nossas ações através do estímulo propulsionado pelo Estado, dado o seu caráter abarcativo, e do apoio da sociedade civil a uma educação que promova a aprendizagem destinada a formação de cidadãos com senso crítico, social e moral. Só assim o saber será a ponte sobre os abismos da ignorância.
Os quatro Pilares da Educação – UNESCO
Nota explicativa
Os quatro pilares da Educação são conceitos de fundamento da educação baseados no Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional Sobre Educação para o Século XXI , coordenada por Jacques Delors.
No relatório editado sob a forma do livro: “Educação: Um Tesouro a Descobrir” de 1999 e reeditado pela Editora Cortez (tendo parte da 7ª edição, de 2012, como base para este fichamento), a discussão dos “quatro pilares” ocupa todo o quarto capítulo, onde se propõe uma educação direcionada para os quatro tipos fundamentais de educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros, aprender a ser, eleitos como os quatro pilares fundamentais da educação.

Um dos maiores desafios para a educação será a transmissão, de forma maciça e eficaz, da informação e da comunicação adaptadas à civilização cognitiva (pois estas são as bases das competências do futuro). Simultaneamente, compete ao ensino encontrar e ressaltar as referências que impeçam as pessoas de ficarem ilhadas pelo número de informações, mais ou menos efêmeras, que invadem os espaços públicos e privados. Assim como, orientar os educandos para projetos de desenvolvimento individuais e coletivos.
Para dar resposta ao conjunto das suas missões, a educação deve organizar-se  em torno de quatro aprendizagens fundamentais, que ao longo da vida humana, serão pilares do conhecimento: aprender a conhecer (adquirir instrumentos de da compreensão), aprender a fazer (para poder agir sobre o meio envolvente, aprender a viver juntos (cooperação com os outros em todas as atividades humana), e finalmente aprender a ser (conceito principal que integra todos os anteriores).  Estas quatro vias do saber, na verdade, constituem apenas uma, dado que existem pontos de interligação entre elas.
Geralmente, o ensino se apoia apenas em um dos pilares: aprender a conhecer, e em menor escala, no aprender a fazer. Os outros dois pilares ou são negligenciados, ou são subentendidos como prolongamentos naturais dos dois primeiros. A Delors (2012) entende ensino estruturado a fim de que a educação surja como uma experiência global a ser concretizada ao longo de toda a vida, tanto no plano cognitivo quanto no prático (pg 74).

1- Aprender a conhecer
Esta aprendizagem deve ser encarada como um meio e uma finalidade da vida humana (já que a educação deve ser pensada e planejada para ocorrer em todas as fases da vida). Simultaneamente ela visa não tanto à aquisição de um repertório de saberes codificados, mas antes, o domínios dos próprios instrumentos do conhecimento. É um meio, porque pretende que cada um aprenda a compreender o mundo que o cerca, pelo menos na medida em que isso lhe é necessário para viver dignamente. Finalidade, porque seu fundamento é o prazer de compreender, de conhecer, de descobrir.
A tendência para prolongar a escolaridade e o tempo livre deveria levar os adultos a apreciar, cada vez mais, as alegrias do conhecimento e da pesquisa individual. O aumento dos saberes, que permitem compreender melhor o ambiente sob os seus diversos aspectos, favorece o despertar da curiosidade intelectual, estimula o sentido crítico e permite compreender o real, mediante a aquisição de autonomia a capacidade de discernir.
(DELORS, Jacques 2012 pg 74)
Como o conhecimento humano é múltiplo evolui infinitamente, torna-se cada vez mais inútil tentar conhecer tudo. No entanto, a especialização (até para os futuros pesquisadores) não deve excluir a cultura geral. Esta cultural geral é entendida como uma abertura para outras linguagens e a outros conhecimentos. Fechado em sua própria ciência, o especialista corre o risco de se desinteressar pelo que fazem os outros. A formação cultural implica na abertura a outros campos de conhecimento e, assim, pode operar fecundas sinergias entre as disciplinas.
Aprender para conhecer pressupõe, antes de tudo, aprender a aprender, exercitando a atenção, a memória e o pensamento. O exercício da memória é um antídoto necessário contra a submersão pelas informações instantâneas difundidas pelos meios de comunicação social, já que, somos sobrecarregados de conhecimentos superficial e de consumo imediato. Também, se devem combinar, tanto no ensino como na pesquisa, dois métodos muitas vezes apresentados como antagônicos: o dedutivo e o indutivo. Dependendo da disciplina ensinada, um método terá mais destaque do que o outro, no entanto, o encadeamento de ambos se faz necessário.

2- Aprender a fazer
Aprender a conhecer e aprender a fazer estão, em larga medida, indissociáveis. No entanto, a segunda aprendizagem está mais estreitamente ligada à questão da formação profissional.
Nas sociedades assalariadas que se desenvolvem a partir do modelo industrial ao longo do século XX, a substituição do trabalho humano pelas máquinas tornou cada vez mais imaterial e acentuou o caráter cognitivo das tarefas. Aprender a fazer não deve limitar o ensino apenas a uma tarefa material bem definida.

Da noção de qualificação à noção de competência
O progresso técnico modifica, inevitavelmente, as qualificações exigidas pelos novos processos de produção. As tarefas puramente físicas são substituídas por tarefas de produção mais intelectuais ou mentais, como o comando de máquinas, a sua manutenção e sua vigilância, ou por tarefas de concepção, de estudo e de organização, à medida que as máquinas também se tornam mais “inteligentes”, e que o trabalho se “desmaterializa” (pg 76). Qualidades como a capacidade de comunicar, de trabalhar com os outros, de gerenciar e de resolver conflitos, tornam-se cada vez mais importantes. E essa tendência torna-se mais forte devido ao desenvolvimento do setor de serviços.

A “desmaterialização” do trabalho e a importância dos serviços entre as atividades assalariadas
A “desmaterialização” da aprendizagem aumenta economia voltada para o setor de serviços. Esse setor altamente diversificado define-se, sobretudo, pela negativa: seus membros não são nem industriais nem produtores agrícolas e, apesar da sua diversidade, têm em comum o fato de não produzirem bens materiais. Muitos serviços definem-se principalmente em função das relações interpessoais a que dão origem. O desenvolvimento do setor terciário exige, pois, cultivar qualidades humanas que as informações tradicionais não transmitem, necessariamente, e que correspondem à capacidade de estabelecer relações estáveis e eficazes entre as pessoas(pg 77).  Agora, as relações interpessoais mostram-se cada vez mais importantes para a solidificação de uma educação que traga a criticidade ao educando.

3- Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros
Esta aprendizagem, sem dúvida, representa um dos maiores desafios da atualidade. O mundo atual está repleto de violência, em oposição à esperança que alguns têm no progresso da humanidade.  Sobre isto, Delors (2012) nos orienta:
É de se louvar a ideia de ensinar a não violência na escola, mesmo que apenas constitua um instrumento, entre outros, para se combater os preconceitos geradores de conflitos.  A tarefa é árdua porque, naturalmente, os seres humanos têm a tendência de supervalorizar as suas qualidades e as do grupo a que pertencem, e a alimentar preconceitos em relação aos outros. Por outro lado, o clima geral de concorrência que atualmente caracteriza a atividade econômica no interior de cada país e, sobretudo no nível internacional, tende a dar prioridade as espirito de composição e ao sucesso individual. De fato, essa competição resulta, na atualidade, em uma guerra econômica implacável e em uma tensão entre os mais e os menos favorecidos, que divide os países do mundo e exacerba as rivalidades históricas. É de se lamentar que a educação contribua, por vezes, para alimentar esse clima, devido a uma má interpretação da ideia de emulação.
(DELORS, Jacques 2012 pg 79)
A educação deve utilizar duas vias complementares. Primeiramente a descoberta progressiva do outro. Num segundo nível, e ao longo de toda a vida, a participação em projetos comuns, tendo este método o intuito de evitar ou resolver os conflitos latentes.
A descoberta do outro
A educação tem como missão transmitir conhecimentos sobre a diversidade da espécie humana, assim como, conscientizar as pessoas sobre as semelhanças e interdependências que existem entre todos os cidadãos do planeta.
Uma vez que a descoberta do outro passa, necessariamente, pela descoberta de si mesmo, e pelo fato de que deve dar à criança e ao adolescente uma visão ajustada do mundo, a educação, seja ela fornecida pela família, pela comunidade ou pela escola, deve, antes de mais nada, ajudá-los a descobrir-se a si mesmos.
(DELORS, Jacques 2012 pg 80)
A tática de ensinar aos jovens a adotar a perspectiva de outros grupos étnicos ou religiosos, pode evitar atritos que produzem o ódio entre adultos. Assim como, o ensino da historia das religiões ou dos costumes pode servir de referencia vantajosa para futuros comportamentos.
Tender para objetivos comuns
As diferenças e até mesmo os conflitos interindividuais tendem a reduzir-se quando os jovens trabalham conjuntamente em projetos motivadores (o desporto é um ótimo exemplo disso). Neste caso, estamos valorizando a coletividade em detrimento à individualidade. Outra alternativa bastante viável é a inserção de jovens em projetos de ajuda social.
4- Aprender a ser
A educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa – espirito, corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, reponsabilidade pessoal e espiritualidade. Todo o ser humano deve receber uma educação que lhe dê ferramentas para o despertar do pensamento crítico  e autônomo, assim como para formular seus juízos de valor e ser autônomo intelectualmente.
Mais do que nunca a educação parece ter como papel essencial, conferir a todos os seres humanos a liberdade de pensamento, o discernimento, os sentimentos e a imaginação de que necessitam para desenvolver os seus talentos e permanecerem, tanto quanto possível, donos de seus próprios destinos (pg 81).
A diversidade de personalidades, a autonomia e o espirito de iniciativa, até mesmo o gozo pela provocação, são suportes da criatividade e da inovação.  O que poderia parecer apenas como uma forma de defesa do indivíduo perante a um sistema alienante ou considerado como hostil, é também por vezes a melhor oportunidade de progresso para as sociedades (pg 81).
Na escola, a arte e a poesia deveriam ocupar um lugar mais importante do que aquele lhes é concedido, em muitos países, por uma espécie de ensino tomado mais utilitarista do que cultural. Além disso, a preocupação em desenvolver a imaginação e a criatividade deveria também revalorizar a cultura oral e os conhecimentos retirados da experiência da criança e do adulto.
(…)
Esse desenvolvimento do ser humano, que se realiza desde o nascimento até a morte, é um processo dialético que começa pelo conhecimento de si mesmo para se abrir, em seguida, à relação com o outro. Nesse sentido, a educação é, antes de mais nada, uma viagem interior, cujas etapas correspondem à da maturação contínua da personalidade.
(DELORS, Jacques 2012 pg 82)

Pistas e recomendações
Abaixo, seguem na íntegra as pistas e recomendações indicadas por Delors (2012). Elas, basicamente, sintetizam o significado de cada pilar.
  • A educação ao longo de toda a vida baseia-se em quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.
  • Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias. O que também significa: aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida.
  • Aprender a fazer, a fim de adquirir, não somente uma qualificação profissional, mas  de uma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe. Mas também aprender a fazer, no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho que se oferecem aos jovens e adolescentes; quer espontaneamente, fruto do contexto local ou nacional; quer formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho.
  • Aprender a viver juntos desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências — realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos — no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.
  • Aprender a ser, para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir com cada vez maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Para isso, não negligenciar na educação nenhuma das potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se.
  • Numa altura em que os sistemas educativos formais tendem a privilegiar o acesso ao conhecimento, em detrimento de outras formas de aprendizagem, importa conceber a educação como um todo. Esta perspectiva deve, no futuro, inspirar e orientar as reformas educativas, tanto em nível da elaboração de programas como da definição de novas políticas pedagógicas.