quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Redação Modelo - Violência como resposta


Violare humanum est/Assim somos/ Sempre violentos              
O século XXI trouxe em seu cerne mudanças substanciais na forma de relação e trabalho. O mundo virtual, a diminuição das fronteiras e o relativismo de valores também produziram maneiras “evoluídas” de violência. No entanto, uma análise um pouco mais profunda revela que seu princípio é o mesmo e está na raiz da formação do homem em sociedade. A violência assume formas associadas à identidade do grupo social.
Nos  tempos de  armas  biológicas,  invasões a países para guerras preventivas e  inimigos não declarados explodindo prédios, não é espantoso ter Suzanes matando os pais ou policiais comandando o tráfico. O mundo, hoje cada vez mais sem fronteiras, uniformiza práticas violentas que se proliferam com cliques produzindo cyber-bullying ou viagens para derrubar aviões. Bem diferente dos complôs para matar Alexandres ou os macabros rituais de Hitler em seus campos de concentração.
No entanto, os confrontos entre israelenses e palestinos ganham, a cada dia, capítulos repetidos de violência, intolerância e revanchismo, marcados apenas por breves períodos de trégua. Suzane, apontada como fruto do século XXI não difere muito dos Cains ou Brutus da história. Uma prova de que o que tem acontecido não são mudanças radicais de práticas e representações sobre violência, mas talvez uma plataforma maior para a difusão desta ou mesmo uma mídia que nos alimenta de sangue todos os dias nos telejornais.
A violência contemporânea, manifesta com diferentes formas de fanatismo, terrorismo, crescimento da xenofobia, atos de homofobia e serial killers, demonstra que a globalização não criou um caminho para a compreensão do outro ou para a pacificidade mundial. Em tempos de relativismo sequer se discute ideia de bem ou mal, no entanto querer um mundo pacífico é um ideal que a história nunca deu conta de mostrar - Somos violentos e evoluímos com isso.



REDAÇÕES NOTA DEZ DO ANGLO SOBRE VIOLÊNCIA

Aluna: Ana Maria C. Gonzales    -       Título: As reais causas da violência
O caos ocorrido recentemente em São Paulo devido aos ataques articulados com maestria pelos chefes do crime organizado (que não encontraram dificuldade para fazê-lo, mesmo estando presos) traz à tona, novamente, a falência do Estado enquanto protetor de seus cidadãos e mantenedor da ordem. E esta situação se agrava na medida em que as causas dessa falência não são combatidas.
Dentre elas, destaca-se a “justiça” de nosso país, que corrompe-se constantemente em favor daqueles que podem comprá-la, deixando-os impunes, independentemente da gravidade de seus crimes, e que mesmo quando julga, de fato, um criminoso, o faz baseada num código de lei obsoleto, o que contribui ainda mais para seu descrédito.
É também importante a escassez de verbas que o governo destina à segurança, refletida na falta de condições e de preparo da polícia, que, por isso mesmo, torna-se ineficiente e, não raro, corrupta.
Além disso, é determinante a ausência (ou desorganização) do Estado em determinadas regiões, notadamente na periferia dos grandes centros urbanos, o que leva essa população desamparada a reconhecer o crime organizado como sendo a única “instituição” capaz de exercer funções que deveriam ser desempenhadas pelo primeiro, como, por exemplo, protegê-los da violência.
Tudo isso somado só faz crescer a sensação de insegurança que toma conta dos brasileiros e causa a descrença no governo, com a conseqüente falta de interesse pela política, levando, assim, à manutenção dessa situação indefinidamente, já que para que algo mude é fundamental que a sociedade se mobilize para pressionar seus governantes a fim de que eles ajam no combate às causas acima. Até que isso ocorra, “salve-se quem puder”!

Aluna: Gladys Ribeiro Rosa                -          Título: Teatro da desordem
A violência é o termômetro da ordem na sociedade. Países com Estado organizado e população com boas condições de vida não têm motivo para apresentar altos índices de criminalidade. Aqueles que, no entanto, ao construir sua história esqueceram no caminho o real significado de “democracia” e “Estado” sofrem hoje as conseqüências. E é nesse grupo que o Brasil se encaixa.
A função do Estado é prover aos cidadãos as condições para viver de forma digna. Hobbes afirmava que é em troca dessa ordem e segurança que o homem entrega sua liberdade a uma “assembléia de homens”. No entanto, hoje, no Brasil, o Estado não apenas não desempenha sua função corretamente como também afirma que todo cidadão é livre, ignorando o fato de que temos liberdade de “ir” sem nunca ter certeza de que estaremos vivos para “vir”.
Esse Estado desorganizado abre espaço para o crime organizado uma vez que os acertos deste dependem dos erros daquele. E o Estado não pára de errar: governa em favor dos interesses das elites, se esquece dos direitos dos cidadãos – mas nunca dos deveres – e, para completar o retrato da desordem, semeia a impunidade. Junta-se tudo e tem-se a fórmula de como fadar um país ao eterno subdesenvolvimento.
Em um país subdesenvolvido como o Brasil, com um Estado ausente e distante, o povo é apenas espectador de sua história, nunca protagonista. Mas “tudo bem”, antes de as cortinas fecharem vem o “final feliz”: o Brasil vai ser hexacampeão. E a realidade vai continuar assim, sempre igual.

Aluna: Renata C. de Mello F. Delfino        -       Título: Ordem e inclusão
As cenas de violência escancarada que se tem presenciado no país, até então atípicas, principalmente nos últimos meses, demonstram as falhas do Estado e servem como base de indagações sobre o seu papel e sua forma de agir contra o crime.
Essa situação de extrema violência e medo que a sociedade tem vivenciado dá indicações de um Estado desorganizado e corrupto. Vive-se sob o domínio de um Estado que não cumpre sua função de garantir a liberdade, o trabalho, a educação e a saúde de seus cidadãos; sem isso, principalmente as classes menos favorecidas ficam totalmente sem perspectivas e motivações então responsáveis pela disseminação da violência como forma de sobrevivência (assaltos, seqüestros, etc.).
O Estado erra novamente na maneira de combater essa violência, fruto do seu mau gerenciamento, que se resume na tentativa de apenas reprimir a criminalidade, como se a prisão dos criminosos resolvesse todos os problemas, ou seja, trata a violência com mais violência, o que é na maioria das vezes aprovado pelas classes mais favorecidas, interessadas apenas na manutenção da ordem, quando deveria combater as desigualdades sociais, a corrupção, a sonegação de impostos e proporcionar educação, emprego, e com isso combater primeiramente o que gera a criminalidade.
Enquanto não se conseguir uma gestão organizada com atuações claras e objetivas a fim de restaurar a moral política e social, lutando contra o individualismo e frisando a importância do exercício da cidadania e da inclusão social, continuar-se-á a assistir cada vez mais à impunidade do Estado frente a facções criminosas e a viver cenas de uma guerra civil.

Bauman dá uma força na Redação do ENEM


O maior desafio da escrita de um bom texto está, sobretudo, na produção de fontes que fundamentem o que você quer dizer. Ter uma cartela de pensadores que explicam as grandes questões que os processos nos pede para discorrer é importante. Entender a forma da construção de um mundo melhor sobre o olhar de Eduardo Galeano ou de Milton Santos, as faces desse Brasil sob as  vistas de Roberto da Matta e Sérgio Buarque de  Holanda é a forma que temos para não repetirmos os chavões de sempre. 
Mudar o olhar e escrever com propriedade relaciona-se menos com ler revistas e assistir jornais e mais com ter pensadores fundamentando nossos  pontos de vista.
 Um bom texto não tem somente minha voz, mas  vozes mais importantes que a minha. Por isso apresento um vídeo indicado pelas minhas queridas "Butes" do homem que estamos aprendendo a admirar Zygmunt Bauman: 
Assista e perceba que suas respostas se encaixam perfeitamente com o que precisamos entender....
Há muitos outros....aventure-se a navegar no mar de possibilidades do mundo  sem fronteiras....