quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

I - Juca Pirama

REVISÃO UESC/ 2011

Juca – Pirama

Por: Mara Rute Lima

Primeiras Palavras:

Essa é a primeira obra que vamos trabalhar juntos e é preciso ter em mente a importância dela no contexto de construção da literatura brasileira. Ela representa a primeira tentativa de construção do herói nacional no momento em que estávamos nos transformando em nação. Entender Juca –Pirama isolado de seu contexto literário (Romantismo) e dos objetivos de seu autor ( Gonçalves Dias – 1º geração romântica) é deixar passar elementos essenciais na construção dessa obra.

Diferente do que vocês imaginam o livro Juca Pirama só tem de difícil a forma, não muito comum a nós. Para facilitar sua compreensão antes de ler o livro leia esse resumo da história. Assim você se localizará melhor quando estiver fazendo sua leitura.

Trata-se de um índio que foi pego pela famosa tribo Timbira. A tribo era antropofágica e por isso comia a carne dos seus inimigos para adquirir sua força ou sua sabedoria. A tribo permitia que o prisioneiro cantasse seus feitos. Juca - Pirama o desconhecido inimigo não parecia alegre com sua morte e isso ficou mais bem revelado quando esse, no seu canto de morte, conta do seu pai fraco e cego que precisava dele. Pede para não morrer naquele momento e que depois de cuidar do seu pai voltaria. O chefe dos Timbiras toma a atitude de soltá-lo por não querer com a carne dele enfraquecer sua tribo já que tomou Juca como um covarde. Juca a princípio imaginou que o chefe o tivesse compreendido.

Volta depois de ter ficado mais ou menos um dia prisioneiro e quando tocado por seu pai esse percebe que seu filho tinha passado pelo ritual. Não querendo a desonra para sua tribo leva seu filho de volta para morrer. Lá ouve o chefe dizer que ele era covarde e que tinha chorado em presença da morte. O pai canta então um canto de maldição para o filho que para provar sua honra, começa a guerrear com os outros da tribo. Ao ver tal atitude o chefe percebe a coragem do moço e decide matá-lo. O pai chora, mas são lágrimas de alegria e não de desonra.

Quem conta tudo e um velho que diz ter estado no momento do acontecimento.

Pronto, agora você já conhece a história. É preciso lembrar, porém que não é o enredo somente o objeto de questão da prova, assim vamos pensar possíveis questões além da história para o vestibular...

1. Macunaíma (Mário de Andrade) é uma construção de herói que tenta corrigir o índio que os românticos apresentaram como herói.

2. O índio do Romantismo é diferente do índio do Quinhentismo. Relações de semelhanças e diferenças.

3. A prosa indianista de José de Alencar – Iracema, O guarani e Ubirajara.

4. Qual a situação do índio hoje?

5. O índio do texto é típico herói romantizado, perfeito, sem mácula que desperta bons sentimentos no

homem burguês leitor. Perceber os elementos da burguesia presentes no texto

“ I –Juca – Pirama” integra o livro Últimos Cantos e deve ter sido escrito entre 1848 e 1851, ano da publicação de Últimos Cantos, ou seja cerca de 161 anos atrás.


I-Juca-Pirama[1]

I

No meio das tabas de amenos verdores, [2]

Cercadas de troncos — cobertos de flores,

Alteiam-se os tetos d’altiva nação;

...

São todos Timbiras, guerreiros valentes!

Seu nome lá voa na boca das gentes[3],

Condão de prodígios, de glória e terror!

As tribos vizinhas, sem forças, sem brio[4],

As armas quebrando, lançando-as ao rio,

O incenso aspiraram dos seus maracás:

Medrosos das guerras que os fortes acendem,

Custosos tributos ignavos lá rendem,

Aos duros guerreiros sujeitos na paz[5].

No centro da taba se estende um terreiro,

Onde ora se aduna o concílio guerreiro

Da tribo senhora, das tribos servis:

...

Derramam-se em torno dum índio infeliz.

Quem é? — ninguém sabe: seu nome é ignoto,

Sua tribo não diz: — de um povo remoto

Descende por certo — dum povo gentil;[6]

....

II

O prisioneiro, cuja morte anseiam,

Sentado está,

O prisioneiro, que outro sol no ocaso

Jamais verá[7]!

.....

Que tens, guerreiro? Que temor te assalta

No passo horrendo?

Honra das tabas que nascer te viram,

Folga morrendo[8].

Folga morrendo[9]; porque além dos Andes

Revive o forte,

Que soube ufano contrastar os medos

Da fria morte.

III

Vem a terreiro o mísero contrário;

Do colo à cinta a muçurana desce:

"Dize-nos quem és, teus feitos canta,

"Ou se mais te apraz, defende-te." Começa

O índio, que ao redor derrama os olhos,

Com triste voz que os ânimos comove[10].

IV

Meu canto de morte,

Guerreiros, ouvi:

Sou filho das selvas,

Nas selvas cresci;

Aos golpes do imigo[11],

Meu último amigo,

Sem lar, sem abrigo

Caiu junto a mi!

O velho no entanto

Sofrendo já tanto

De fome e quebranto,

Só qu’ria morrer!

Não mais me contenho,

Nas matas me embrenho,

Das frechas que tenho

Me quero valer[12].

Eu era o seu guia

Na noite sombria,

A só alegria

Que Deus [13]lhe deixou:

Em mim se apoiava,

Em mim se firmava,

Em mim descansava,

Que filho lhe sou.

Ao velho coitado

De penas ralado,

Já cego e quebrado,

Que resta? — Morrer.

Enquanto descreve

O giro tão breve

Da vida que teve,

Deixai-me viver!

Não vil, não ignavo,

Mas forte, mas bravo,

Serei vosso escravo:

Aqui virei ter.

Guerreiros, não coro

Do pranto que choro[14]:

Se a vida deploro,

Também sei morrer.

V

Soltai-o! — diz o chefe. Pasma a turba[15];

Os guerreiros murmuram: mal ouviram,

Nem pode nunca um chefe dar tal ordem!

...

Timbira, diz o índio enternecido,

Solto apenas dos nós que o seguravam:

És um guerreiro ilustre, um grande chefe,

Tu que assim do meu mal te comoveste[16],

...

— És livre; parte.

— E voltarei.

— Debalde.

— Sim, voltarei, morto meu pai.

— Não voltes!

É bem feliz, se existe, em que não veja,

Que filho tem, qual chora: és livre; parte!

— Acaso tu supões que me acobardo,

Que receio morrer!

— És livre; parte!

— Ora não partirei; quero provar-te

Que um filho dos Tupis vive com honra,

E com honra maior, se acaso o vencem,

Da morte o passo glorioso afronta.

— Mentiste, que um Tupi não chora nunca,

E tu choraste!... parte; não queremos

Com carne vil enfraquecer os fortes.

VI

— Filho meu, onde estás?

— Ao vosso lado;

Aqui vos trago provisões; tomai-as,

As vossas forças restaurai perdidas,

E a caminho, e já!

— Tardaste muito!

Não era nado o sol, quando partiste[17],

E frouxo o seu calor já sinto agora!

— Sim demorei-me a divagar sem rumo,

Perdi-me nestas matas intrincadas,

Reaviei-me e tornei; mas urge o tempo[18];

...

— Mas tu tremes!

— Talvez do afã da caça....

— Oh filho caro!

Um quê misterioso aqui me fala,

Aqui no coração; piedosa fraude

Será por certo, que não mentes nunca!

...

E com mão trêmula, incerta

Procura o filho, tateando as trevas

Da sua noite lúgubre e medonha.

Sentindo o acre odor das frescas tintas,

Uma idéia fatal ocorreu-lhe à mente...

...

Recua aflito e pávido, cobrindo

Às mãos ambas os olhos fulminados,

Como que teme ainda o triste velho

De ver, não mais cruel, porém mais clara,

Daquele exício grande a imagem viva

Ante os olhos do corpo afigurada.

...

— Tu prisioneiro, tu?

— Vós o dissestes.

— Dos índios?

— Sim.

— De que nação?

— Timbiras.

— E a muçurana funeral rompeste,

Dos falsos manitôs quebraste a maça...

— Nada fiz... aqui estou.

— Nada! —

Emudecem;

Curto instante depois prossegue o velho:

— Tu és valente, bem o sei; confessa,

Fizeste-o, certo, ou já não fôras vivo!

— Nada fiz; mas souberam da existência

De um pobre velho, que em mim só vivia....

— E depois?...

— Eis-me aqui.

VII

"Por amor de um triste velho,

Que ao termo fatal já chega,

Vós, guerreiros, concedestes

A vida a um prisioneiro.

Ação tão nobre vos honra,

Nem tão alta cortesia

Vi eu jamais praticada

Entre os Tupis, — e mas foram

Senhores em gentileza.

"Eu porém nunca vencido,

Nem nos combates por armas,

Nem por nobreza nos atos;

Aqui venho, e o filho trago.

Vós o dizeis prisioneiro,

Seja assim como dizeis;

Mandai vir a lenha, o fogo,

A maça do sacrifício

E a muçurana ligeira:

Em tudo o rito se cumpra!

E quando eu for só na terra,

Certo acharei entre os vossos,

Que tão gentis se revelam,

Alguém que meus passos guie;

Alguém, que vendo o meu peito

Coberto de cicatrizes,

Tomando a vez de meu filho,

De haver-me por pai se ufane![19]"

Mas o chefe dos Timbiras,

Os sobrolhos encrespando,

Ao velho Tupi guerreiro

Responde com tôrvo acento:

— Nada farei do que dizes:

É teu filho imbele e fraco!

Aviltaria o triunfo

Da mais guerreira das tribos

Derramar seu ignóbil sangue:

Ele chorou de cobarde;

Nós outros, fortes Timbiras,

Só de heróis fazemos pasto. —

...

VIII[20]

"Tu choraste em presença da morte?

Na presença de estranhos choraste?

Não descende o cobarde do forte;

Pois choraste, meu filho não és!

...

"Um amigo não tenhas piedoso

Que o teu corpo na terra embalsame,

Pondo em vaso d’argila cuidoso

Arco e frecha e tacape a teus pés!

Sê maldito, e sozinho na terra;

Pois que a tanta vileza chegaste,

Que em presença da morte choraste,

Tu, cobarde, meu filho não és."

IX

Isto dizendo, o miserando velho

A quem Tupã tamanha dor, tal fado

Já nos confins da vida reservara,

Vai com trêmulo pé, com as mãos já frias

Da sua noite escura as densas trevas

Palpando. — Alarma! alarma! — O velho pára!

O grito que escutou é voz do filho,

Voz de guerra que ouviu já tantas vezes

Noutra quadra melhor. — Alarma! alarma!

...

Ele que em tanta dor se contivera,

Tomado pelo súbito contraste,

Desfaz-se agora em pranto copioso[21],

Que o exaurido coração remoça.

...

Era ele, o Tupi; nem fora justo

Que a fama dos Tupis — o nome, a glória,

Aturado labor de tantos anos,

Derradeiro brasão da raça extinta,

De um jacto e por um só se aniquilasse.

— Basta! Clama o chefe dos Timbiras,

— Basta, guerreiro ilustre! Assaz lutaste,

E para o sacrifício é mister forças. —

O guerreiro parou, caiu nos braços

Do velho pai, que o cinge contra o peito,

Com lágrimas de júbilo bradando[22]:

"Este, sim, que é meu filho muito amado!

"E pois que o acho enfim, qual sempre o tive,

"Corram livres as lágrimas que choro,

"Estas lágrimas, sim, que não desonram."

X

Um velho Timbira, coberto de glória,

Guardou a memória

Do moço guerreiro, do velho Tupi!

E à noite, nas tabas, se alguém duvidava

Do que ele contava,

Dizia prudente: — "Meninos, eu vi!

"Eu vi o brioso no largo terreiro

Cantar prisioneiro

Seu canto de morte, que nunca esqueci:

Valente, como era, chorou sem ter pejo;

Parece que o vejo,

Que o tenho nest’hora diante de mi.

"Eu disse comigo: Que infâmia d’escravo!

Pois não, era um bravo;

Valente e brioso, como ele, não vi!

E à fé que vos digo: parece-me encanto

Que quem chorou tanto,

Tivesse a coragem que tinha o Tupi!"

Assim o Timbira, coberto de glória,

Guardava a memória

Do moço guerreiro, do velho Tupi.

E à noite nas tabas, se alguém duvidava

Do que ele contava,

Tornava prudente: "Meninos, eu vi![23]".

QUESTÕES

Trecho I

As tribos vizinhas, sem forças, sem brio[24],

As armas quebrando, lançando-as ao rio,

O incenso aspiraram dos seus maracás:

Medrosos das guerras que os fortes acendem,

Custosos tributos ignavos lá rendem,

Aos duros guerreiros sujeitos na paz[25].

Trecho II

Os outros dois o Capitão teve nas naus, aos quais deu o que já ficou dito, nunca mais aqui apareceram -- fatos de que deduzo que é gente bestial e de pouco saber, e por isso tão esquiva. Mas apesar de tudo isso andam bem curados, e muito limpos. E naquilo ainda mais me convenço que são como aves, ou alimárias montesinhas, as quais o ar faz melhores penas e melhor cabelo que às mansas, porque os seus corpos são tão limpos e tão gordos e tão formosos que não pode ser mais!. ( A carta de Pero Vaz de Caminha)

1. Os trechos pertencem a momentos na história literária brasileira em que o índio aparece como elemento constitutivo de nossa nacionalidade. De que maneira os textos devem ser tomados como distintos?

Leia o trecho abaixo da obra I Juca – pirama para responder ao questionamento proposto.

No centro da taba se estende um terreiro,

Onde ora se aduna o concílio guerreiro

Da tribo senhora, das tribos servis:

Os velhos sentados praticam d’outrora,

E os moços inquietos, que a festa enamora,

Derramam-se em torno dum índio infeliz.

2. Justifique a infelicidade do índio apresentando elementos que estejam presentes no poema.

No meio das tabas de amenos verdores,

Cercadas de troncos — cobertos de flores,

Alteiam-se os tetos d’altiva nação;

São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,

Temíveis na guerra, que em densas coortes

Assombram das matas a imensa extensão.

São rudos, severos, sedentos de glória,

Já prélios incitam, já cantam vitória,

Já meigos atendem à voz do cantor:

São todos Timbiras, guerreiros valentes!

Seu nome lá voa na boca das gentes,

Condão de prodígios, de glória e terror!

As tribos vizinhas, sem forças, sem brio,

As armas quebrando, lançando-as ao rio,

O incenso aspiraram dos seus maracás:

Medrosos das guerras que os fortes acendem,

Custosos tributos ignavos lá rendem,

Aos duros guerreiros sujeitos na paz.

3. a) O trecho acima apresenta a descrição do grupo que aprisionou ou do grupo a que pertencia Juca-Pirama?

b) Transcreva versos que comprovem a descrição como seguidora do ideal apresentado por Gonçalves Dias na Primeira geração Romântica.

c) O que se poderia entender do verso “ seu nome lá voa na boca das gentes”?

Quem é? — ninguém sabe: seu nome é ignoto,

Sua tribo não diz: — de um povo remoto

Descende por certo — dum povo gentil;

Assim lá na Grécia ao escravo insulano

Tornavam distinto do vil muçulmano

As linhas corretas do nobre perfil.

4. As impressões que os guerreiros tiveram de Juca- Pirama estavam certas? Justifique.

Que tens, guerreiro? Que temor te assalta

No passo horrendo?

Honra das tabas que nascer te viram,

Folga morrendo.

Folga morrendo; porque além dos Andes

Revive o forte,

Que soube ufano contrastar os medos

Da fria morte.

5. a) Qual seria a resposta de Juca – Pirama para a resposta acima?

b) É correto afirmar que o valor apresentado acima difere do nosso modelo social? Justifique.

"Dize-nos quem és, teus feitos canta,

"Ou se mais te apraz, defende-te." Começa

O índio, que ao redor derrama os olhos,

Com triste voz que os ânimos comove.

6. A resposta para esse questionamento constrói o canto IV do poema Juca-Pirama. Releia-o e apresente uma resposta para os questionamentos acima.

"Tu choraste em presença da morte?

Na presença de estranhos choraste?

Não descende o cobarde do forte;

Pois choraste, meu filho não és!

7. Apresente maldições construídas pelo pai para o filho e justifique o motivo das maldições.

Assim o Timbira, coberto de glória,

Guardava a memória

Do moço guerreiro, do velho Tupi.

E à noite nas tabas, se alguém duvidava

Do que ele contava,

Tornava prudente: "Meninos, eu vi!".

8. Qual a importância dessa personagem na história?

9. Comente sobre a construção poética presente na Obra.

10. Juca Pirama nos dá uma visão mais próxima do índio, ligado aos seus costumes, convenhamos dizer que ainda é muito idealizado e moldado ao gosto romântico. Apresente elementos do romantismo presentes na construção do índio.

11. Os Modernistas do primeiro tempo do Brasil propõem um manifesto denominado de Antropofágico. É possível assemelhar o ideal desses escritores com a antropofagia proposta em I- Juca- pirama?

12. Em sua segunda viagem ao Brasil, Staden partiu de Castela rumo ao Novo Mundo, alcançando o Brasil a 24 de Novembro. Depois de violentos enfrentamentos com indígenas e passar por fortes tempestades, o seu navio naufragou próximo a São Vicente. Ele e seus companheiros sobreviveram e Staden foi contratado como artilheiro pelos colonos portugueses para o Forte de São Filipe da Bertioga.

Enquanto caçava sozinho, Staden foi feito prisioneiro por uma tribo Tupinambá que o conduziu a Ubatuba. Desde o início ficou claro que a intenção dos seus captores era devorá-lo. Pouco tempo depois, os tupiniquins aliados dos portugueses atacaram a aldeia onde ele era mantido prisioneiro. Mesmo cativo, e não tendo escolha, lutou ao lado dos tupinambás. Seu desejo era tentar fugir para unir-se aos atacantes. Mas, estes, vendo que a luta era inútil, logo desistiram. Foi resgatado pelo navio corsário francês Catherine de Vetteville, comandado por Guillaume Moner, depois de mais de nove meses aprisionado.

Observe um trecho de seu relato:

"Formaram um círculo ao redor de mim, ficando eu no centro com duas mulheres, amarraram-me numa perna um chocalho e na nuca penas de pássaros. Depois começaram as mulheres a cantar e, conforme um som dado, tinha eu de bater no chão o pé onde estavam atados os chocalhos.

As mulheres fazem bebidas. Tomam as raízes de mandioca, que deixam ferver em grandes potes. Quando bem fervidas tiram-nas (...) e deixam esfriar (...) Então as moças assentam-se ao pé, e mastigam as raízes, e o que fica mastigado é posto numa vasilha à parte.

Acreditam na imortalidade da alma(...)."

Observe a imagem:

12. É possível estabelecer uma relação entre o texto de Hans Staden a imagem e o poema I Juca –pirama? Justifique.


13. observe a imagem em seguida assinale a alternativa que faz uma real correspondência entre o texto e a imagem:

01. “Também eu, valente que sou, já amarrei e matei vossos maiores”.

02. “O prisioneiro, apesar de não ignorar que a assembléia se reúne para seu sacrifício, longe de mostrar-se pesaroso, enfeitava-se todo de penas e salta e bebia como um dos mais alegres convivas.”

03. “era ele agarrado por dois ou três dos personagens mais importantes do bando e sem que opusesse a menor resistência, era amarrado pela cintura com cordas de algodão ou de fibra de árvore.”

04. “os prisioneiros julgavam-se felizes por morrerem assim, publicamente, no meio de seus inimigos, não revelando nunca o mínimo pesar.”

05. “Começava o prisioneiro a atirar projéteis com todas as suas forças contra os que ali se reuniam em torno dele.”

14. Pode-se afirmar que noções como “fraqueza”, “não dignidade”, “falta de nobreza”, “impureza” são renegadas na poética romântica indianista no Brasil. Isso ocorreu devido:

01) à necessidade de se desenvolver e moldar o sentimento de nacionalismo no Brasil da época, que acabava de se tornar independente.

02) à tentativa de compensar os índios mortos pelos primeiros colonizadores europeus, resgatando seus valores primitivos.

03) ao fato de os escritores da época se oporem à corrente do “mal do século”, com seu sofrimento amoroso e culto à idealização.


04) ao desejo de se igualar as principais raças do Brasil da época: portugueses (nobreza), negros (força) e índios (dignidade guerreira).

05) ao esforço de se criar um movimento literário forte, que anulasse os escritores árcades, com suas tentativas fracassadas de independência.

Texto I

A CARTA DE CAMINHA

Carta ao Rei de portugal

Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis

Com cabelos mui pretos pelas espáduas

E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas

Que de nós as muito bem olharmos

Não tínhamos nenhuma vergonha

(Pero Vaz de Caminha)

Texto II

AS MENINAS DA GARE

Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis

Com cabelos mui pretos pelas espáduas

E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas

Que nós a muito bem olharmos

Não tínhamos nenhuma vergonha.

(Oswald Andrade – Poesia Pau-Brasil)

15. Assinale a alternativa que melhor explique as semelhanças e/ou diferenças entre os textos.

01. Os textos são iguais, portanto não é possível estabelecer distinção ente eles.

02. Os textos guardam diferenças tênues percebidas pelo título. O primeiro é dirigido ao rei de Portugal e o segundo para as meninas da gare.

03. Os textos apresentam visões de mulheres brasileiras em tempos distintos. No primeiro são as inocentes índias no segundo as prostitutas da estação de trem.

04.. São diferentes porque foram escritos por pessoas diferentes.

05. Oswald usa o texto de Pero Vaz para criticar a visão que os portugueses tiveram da mulher brasileira.

QUESTÃO 16

Leia este poema:

Papo de índio

Veio uns ômi di saia preta

cheiu di caixinha e pó branco

qui êles disserum qui chamava açucri

Aí êles falaram e nós fechamu a cara

depois êles arrepitirum e nós fechamu o corpo

Aí êles insistiram e nós comemu êles.

CHACAL. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (Org.).

poetas hoje. 6. ed. Rio de Janeiro: Aeroplano

Editora, 2007. p. 219.

UFMG (Adaptada) - REDIJA um parágrafo dissertativo, indicando três características desse poema que permitem reconhecê-lo como possuidor de elementos presentes na obra I- Juca –pirama de Gonçalves Dias.






[1] O que há de ser morto. O que é digno de ser morto.

[2] Observe que o autor, consciente que os leitores não conhecem o ambiente, antes de apresentar os “atores” apresenta o local. Tente transpor em suas palavras como seria esse lugar.

[3] Fica famoso. Conhecido

[4] Foram derrotadas

[5] Preparados para a guerra, mas são pacíficos

[6] Observe que há índios pacíficos e guerreiros, não correspondendo à primeira impressão que teve Caminha. No Quinhentismo.

[7] Prova que o narrador conhece o desfecho da história. Que é onisciente.

[8] Essa é uma das muitas expressões que remetem a antropofagia do texto.

[9] Além dessa , existem outras expressões que demonstram o prazer com a morte. Tente localizá-las.

[10] Observe que a resposta para esses questionamentos é o canto IV. Leia tendo em mente que você precisa responder: O que ele diz sobre si mesmo? Qual é a sua história?

[11] A supressão dessa e de algumas sílabas ( na verdade português arcaico) no texto tem caráter meramente estético. Não nos esqueçamos que além da preocupação com a história, Gonçalves Dias também produz um poema com variados cantos que se relacionam com a narrativa. Inclusive na questão sonora. Pesquise um pouco sobre o assunto. Há muita musicalidade haja visto o título [ Cantos ] por isto esteja atento para as medidas poéticas [ decassílabos e alexandrinos ] isto poderá ser tema de questão no vestibular. Lembre-se porém que a marca do Romantismo é a liberdade formal e que essa forma poética não se aplica a todos os românticos.

[12] Não para guerrear, mas para encontrar alimento para o pai.

[13] A presença do Deus cristão e não de Tupã só comprova que há no texto o índio, mas o autor, como a maioria dos românticos da época, reproduzem o herói medieval cheio de valores como ética, respeito à família, religião cristã...

[14] Ele diz não ter vergonha do seu pranto, mas seu choro envergonha a tribo Timbira e seu pai.

[15] Turba era a multidão de índios que nunca tinham visto algo semelhante.

[16] Vale lembrar que o motivo que fez o chefe soltá-lo não foi comoção. Ele não queria “ com carne vil” enfraquecer os fortes.

[17] Essa medida de tempo é usada pelo pai porque é cego.

[18] Note que aqui o filho mente

[19] Na morte do filho, outro índio cuidaria dele. Perceba que o pai não está aqui revelando desamor pelo filho, mas honrando uma prática cultural de sua tribo. Assim como em Caramuru – a invenção do Brasil faz Paraguaçu e Moema.

[20] Na leitura desse canto tente propor pelo menos uma lista de dez maldições pregadas pelo pai. Eu começo: ser rejeitado, não ter amor, não ter amigos leais...

[21] O pai chora

[22] O pai também chora, mas seu choro não envergonha. Porque chora porque agora seu filho “é digno de ser morto.”

[23] Além de nos apresentar o narrador da história, traz autenticidade a ela. Quem conta, conta uma história verdadeira.

[24] Foram derrotadas

[25] Preparados para a guerra, mas são pacíficos