sábado, 30 de julho de 2011

UESC - ENEM 2012 - O Enem será uma das formas de acesso. Diz prof. Mara Rute

É fato. Acompanhei ontem a reunião do CONSEPE em que houve a votação para o uso do ENEM como alternativa ao vestibular. Proposta apresentada pela professora Flávia, membra do Conselho do vestibular da Universidade. Alguns membros do Conselho manifestaram suas preocupações em ser uma adoção tão apressada, sem uma devida discussão, do processo. Mas, segundo o reitor, há mais de 25 mil inscritos no ENEM - só em Ilhéus e Itabuna - quase o dobro de inscritos do que o vestibular da UESC no ano passado. Prova de que há, por parte da sociedade, um entendimento do ENEM como o processo.

Assim, em 2012 a UESC reservará 50% de suas vagas para o ENEM e os outros 50% para o vestibular tradicional.  O ENEM é uma forma interessante de demonstrar que a UESC está buscando unificar-se a um tipo de processo adotado por grandes universidades como UFRJ e UFMG, segundo a comissão do vestibular.

Vale ressaltar que grande parte da motivação, inclusive dos alunos que estavam presentes é o incentivo que o governo oferece de auxílio a estes que no caso da UESC poderá chegar a quase 1 milhão. Os motivos não são somente para os alunos que ainda não entraram, mas para atender os que lá já estão.

Como professora que sonha com seus nomes na lista dos aprovados. Recebo um desafio maior. Mas eu não tenho medo de desafios e já estava pronta para mais essa batalha.

Relaxem. O caminho pode ter mudado. E daí?
A gente chega... 

UNESP - Redação 2011 - O Futuro do livro

PROTESTO : Já que vamos ter que dividir nossas vagas com a galera  do Brasil inteiro, vamos então usar nossa nota do ENEM no Brasil inteiro.

Uma universidade que usará o ENEM em 2012 será a UNESP. Veja seu tema de redação e uma redação nota dez. Aprenda, inclusive porque esse tema ( a leitura no século XXI) pode aparecer em processos seletivos aqui pela Bahia.

TEMA– UNESP - 2011


Instrução: Leia os trechos dos textos que se referem ao futuro do livro.

Texto I


A possibilidade do fim do livro é traumática porque o livro não pode jamais ser visto apenas como material inerte ou simples objeto de consumo. É antes um objeto simbólico e uma instituição aos quais a cultura pós-Gutemberg confiou a tarefa de armazenar e fazer circular praticamente todo o conhecimento considerado relevante. Enquanto
instituição, o livro representa uma forma de socialização que compreende todo um circuito de produção e consumo: autores, editores, leitores, críticos, comunidades interpretativas institucionalizadas. Como qualquer forma de socialização, a instituição do livro cria um espaço público, estabelece hierarquias e constitui identidades nos grupos e nos indivíduos que dela participam."


(Sérgio Luiz Prado Bellei, O fim do livro e o livro sem fim. Universidade Federal de Santa Catarina: http://lfilipe.tripod.com.bellei.html)


Texto
II


Com relação ao desaparecimento do livro, os dois

[Umberto Eco e Jean-Claude Carrière] observam com razão que as tecnologias

digitais ficam obsoletas muito mais rapidamente que o livro impresso. Carrière vai buscar em sua biblioteca um pequeno
incunábulo em latim, impresso em Paris em 1498; com exceção de umas poucas palavras obscuras, é perfeitamente legível
como linguagem e como tecnologia, cinco séculos depois. E ele cita o caso de um cineasta belga, seu amigo, que tem no porão de casa 18 computadores diferentes, para poder consultar trabalhos antigos, criados em programas de PC que não são mais usados hoje.
Os dois comentam que a possibilidade atual de armazenar quantidades imensas de dados não significa que tudo isto continuará armazenado (e acessível) indefinidamente, e observam que mesmo uma biblioteca gigantesca não passa de uma mera seleção, um filtro de escolha, de prioridades, aplicado a um
a cultura. „O que devemos preservar?‟ – eis a questão, porque é impossível
preservar tudo, tanto quanto é impossível consultar tudo quanto foi preservado (e que é necessariamente uma pequena parte desse todo).


(Braulio Tavares.
Não contem com o fim do livro: http://jornaldaparaiba.globo.com/)


Texto III


Ou seja, apesar de sua imagem idealizada

– as vezes, sacralizada de fonte de lazer, informação, conhecimento, fruição
 intelectual, o livro, enquanto objeto, é apenas „o suporte da leitura‟, o meio pelo
qual o escritor chega ao leitor. E assim

permanecerá até que „alguma coisa similar‟ o substitua. Saber quanto tempo essa transição
levará para se consumar é mero e
 certamente inútil exercício de futurologia. Até porque provavelmente não ocorrerá exatamente uma transição, mas apenas a
acomodação de uma nova mídia no amplo universo da comunicação. Tem sido assim ao longo da História. Tranquilizem-se
portanto, os amantes do livro impresso. Tal como „a colher, o martelo, a roda ou a tesoura‟, ele veio
para ficar, pelo menos até

onde a vista alcança. E não se desesperem os novidadeiros amantes de gadgets. Estes continuarão sendo inventados e
aprimorados por força da voracidade do business globalizado. E é possível até mesmo que algum eles venha a se tornar definitivo e entrar no time do livro, da colher, da roda...


(A. P. Quartim de Moraes.

É o fim do livro? Rir para não chorar. www.estadao.com.br/)


Proposição


Os

e-readers, aparelhos de leitura de livros digitalizados, e os chamados tablets, que incorporam outras funções além da leitura

de livros e revistas, estão conquistando cada vez mais usuários. Hoje já é possível, com um desses leitores digitais, ter uma
biblioteca de milhares de obras e, além disso, acessar para leitura imediata jornais e revistas do mundo inteiro. Diante dessa
nova realidade, caracterizada por uma competição muito grande entre empresas que pretendem criar o melhor aparelho
eletrônico de leitura, muitos estudiosos já preveem o fim dos jornais e revistas e o fim dos livros. Outros, porém, questionam
tais previsões e afirmam que o livro não desaparecerá. Que poderá acontecer de fato?
Com base nos textos apresentados na instrução e, se achar necessário, levando em consideração os textos acima, escreva uma
redação de

gênero dissertativo, empregando a norma-padrão, sobre o tema: O futuro do livro

MODELO DE REDAÇÃO

Novos tempos, novos suportes

Apesar de não nascermos leitores essa é uma das habilidades que tem acompanhado o homem em seu processo evolutivo. Assim, ler e o desenvolvimento humano passaram por transformações que permitem perceber que o livro – suporte do texto, não sobreviverá ao novo modelo social que substitui Gutemberg por Steve Jobs.
Do pergaminho aos tablets, o caminho de desenvolvimento humano passou por transformações grandes. As principais mudanças foram as de vivermos num tempo em que ler transpõe o texto escrito e alcança a interatividade conquistada pelo mundo das novas mídias, compiladas em hipertextos e as novas dimensões de espaço – elemento cada vez mais escasso numa sociedade rápida e compacta.  Desta maneira esse texto-caleidoscópio não pode esperar a impressão para o jornal de amanhã ou livro do próximo mês e nem ocupar prateleiras em livrarias que oferecem não mais centenas, mas milhares de publicações.
O diretor da Apple surge  para tornar o já existente, mas pouco conhecido, leitor de texto em fenômeno de venda. Seu Ipad passa a popularizar um novo suporte textual para tempos pós-modernos. Assim como museus, a leitura de livros acontecem hoje num mundo mais em rede – haja vista a biblioteca de Harvard  hoje tão importante porque pode ser acessada em qualquer lugar do mundo.  E, para ter uma semelhante não é preciso espaços tão grandiosos, apenas 2 quilos ( peso de um tablet) e alguns megas de memória.
É possível dizer que novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática. Ler tomou então outra dimensão associada agora à visão e audição capturadas por uma informática cada vez mais avançada. Assim, o livro não é mais o suporte para tamanha mudança, mas sabemos - pelos milhares de anos que nos afasta dos escribas e das centenas que também existe entre nós e a máquina imprensa criadora do livro que tudo evolui e o livro se transforma em e-book.


segunda-feira, 18 de julho de 2011

Tema de redação para o ENEM 2011

O tema água é um das vedetes a serem cobradas no ENEM 2011. Sobretudo porque é uma questão que diz respeito também ao Brasil. Afinal, faz parte da nossa identidade, desde nosso nascimento de sermos um país de muitas águas segundo Caminha em seu primeiro relato sobre nossa terra e, numa leitura menos genérica, sermos a maior reserva de água doce do planeta. Resta saber se saberíamos discutir a respeito se o tema água aparecesse em nosso processo seletivo.

No link especial de redação acompanhe dicas e uma proposta para você treinar.



INTERPRETAÇÃO DE TEXTO – VILÃO DO VESTIBULAR

Cada vez mais a leitura tem sido cobrada como habilidade mais importante nos processos seletivos. Ler e interpretar não estão restritos apenas a prova de literatura e língua portuguesa. Pelo contrário, os últimos processos dão atenção especial a elas inclusive reformulando questões de provas como história e biologia. Quem fez a última prova da UESB sentiu na pele isso.
Pensando nisso é que no mês de julho a professora Mara Rute tem feito um trabalho especial de interpretação de texto com seus alunos. Para acompanhar um pouco do seu trabalho vá a nosso site www.euqueropassar.com , baixe os simulados de interpretação e comece a treinar. Você pode fazer a diferença!

Como estar preparado para o ENEM 2011

Você é daqueles que não sabe como estudar e se preparar para Enem e vive procurando sites que auxiliem nessa tarefa?

Um conselho: Leia cuidadosamente a matriz de referência e verifique se você domina essas habilidades. Não há opção melhor.

Segue aqui o endereço:

Aproveite e acesse nosso site www.euqueropassar.com
Lá temos propostas de redação e questões de interpretação que são interessantes para seu treinamento.

A LISTA DE LIVROS DO VESTIBULAR UFBA 2012



As mudanças não são grandes mais é interessante saber. Esses são os livros do vestibular UFBA 2012 e 2013:

1ª Fase



· Joaquim Manoel de Macedo - As vítimas algozes

· Eça de Queirós - A correspondência de Fradique Mendes

· Graciliano Ramos - Vidas secas

· Antônio Callado - Quarup

· Cadernos Negros; Os melhores poemas (antologia publicada pelo Fundo Nacional de Cultura/MinC)

· Mia Couto - O Último vôo do flamingo (novo)



2ª Fase



· Joaquim Manoel de Macedo - As vítimas algozes

· Eça de Queirós - A correspondência de Fradique Mendes

· Graciliano Ramos - Vidas secas

· Adonias Filho - O largo da Palma

· Antônio Callado - Quarup

· José Eduardo Agualusa - Nação Crioula (novo)

· Mário de Andrade - Macunaíma

· Cadernos Negros; Os melhores poemas (antologia publicada pelo Fundo Nacional de Cultura/MinC)

· Mia Couto - O último vôo do flamingo

· Italo Moriconi (org) - Os cem melhores poemas brasileiros do século.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

A Invenção de Orfeu - Uesb 2011 - por Mara Rute Lima




PRIMEIRAS PALAVRAS:

Tenho recebido muitos e-mails pedindo uma explicação sobre A Invenção de Orfeu. Como eu disse jamais comentaria um livro que foi estudado por Jorge Araújo. O que mais eu poderia dizer? Jorge sempre diz tudo. Mas então resolvi apresentar um roteiro simples para quem sabe, despertar em vocês a paixão por ler tão interessante obra.

A QUESTÃO DA UESB 2010.2

Então, seguindo o roteiro da questão do ano passado. Eis a questão:



Texto I

Um barão assinalado

Sem brasão, sem gume e fama

Cumpre apenas o seu fado:

Amar, louvar sua dama,

Dia e noite a navegar,

Que é de aquém e de além-mar

A ilha que busca e amor que ama.

Texto II

A linguagem

Parece outra

Mas é a mesma

Tradução

Mesma viagem

Presa e fluente

E a ansiedade

Da canção.

Lede além

Do que existe

Na impressão.

E daquilo

Que está aquém

Da expressão.

Marque com V ou F, conforme sejam as afirmações verdadeiras ou  falsas:

Os fragmentos, contextualizados na obra, permitem afirmar:

1. o poema mantém diálogo com outras obras da tradição literária. V – é uma das principais características da obra.

2. O narrador, no fragmento I, apresenta-se ao leitor e evidencia o seu intento de descobrir novas terras, ampliando as fronteiras físicas do mundo. F – era uma questão de interpretação do texto que estava na própria prova.

3. O narrador, no fragmento II, sugere ao leitor ir além da superfície do texto a fim de alcançar o seu sentido profundo.  V – Também dependia da interpretação do texto na própria prova.

4. O poema  A Invenção de Orfeu  caracteriza-se pela ruptura com o rigor formal da narrativa épica, evidenciando o uso tão somente dos versos livre e brancos. F – é marcado pela mistura de  versos inclusive o próprio autor começa no parnasianismo, passa pelo simbolismo até chegar  a modernidade.

5. O narrador sugere, na obra, uma viagem de caráter metafísico em busca da plenitude espiritual. V  é uma das marcas da  obra.

O  que se pode perceber com a questão é que para ser bem sucedido o aluno deveria conhecer algumas características da obra e interpretar o texto na prova. Então segue abaixo um recorte das principais características da obra sugerida pelo meu mestre Jorge Araújo e o estudioso Luciano Marcos.

Depois alguns textos para você conhecer.

Espero ter ajudado.

Mara Rute


O poeta se utiliza do absurdo e do maravilhoso, elementos que proporcionam inesgotáveis possibilidades para o enriquecimento de sua poesia.   
Os caminhos da Literatura de Jorge de Lima
A crítica concorda em geral que o percurso poético de Jorge de Lima é distinto dos demais poetas de sua geração e que ele se destaca como um dos mais ricos e de maior complexidade de nossa literatura. Jorge de Lima inicia-se como poeta parnasiano, posteriormente, no ano de 1925,adere ao Modernismo com outro poema antológico, “O mundo do menino impossível”.O tema regional, a linguagem coloquial, o folclore e o elemento negro marcam seus versos. Este último aspecto proporciona ao poeta mais uma de suas grandes realizações – e das mais representativas de nosso modernismo –, o célebre “Essa negra Fulô”. Logo após, o poeta converte-se ao catolicismo e juntamente com Murilo Mendes publica Tempo e Eternidade (1935). Naquele momento, sua poética evidencia influências do Surrealismo e de suas preocupações religiosas.  Compartilhando essas características, assim como o apelo ao inconsciente, ao universalismo e à valorização da palavra poética surgem suas duas obras consideradas mais importantes: Livro de Sonetos (1949) e sua criação máxima, Invenção de Orfeu (1952).
SINTESE: Jorge de Lima, poeta sucessivamente regional, negro, bíblico e hermético.
INTERESSANTE - Jorge de Lima dedicou-se não só à poesia, mas também à pintura e à colagem... além de ensaios esparsos em jornais e revistas. O poeta foi também deputado, médico e fez várias tentativas frustradas para se firmar no comércio.

Na antiguidade, era dado à poesia o poder de tornar presente os fatos passados e futuros, de renovar e restaurar a vida. A palavra cantada. É este poder ontopoético que Jorge de Lima busca trazer para Invenção de Orfeu, o poder de instaurar uma realidade própria à poesia, de iluminar o mundo que sem ela se extinguiria.


O fazer poético em Jorge de Lima é concebido a partir da forma, a sua linguagem é trabalhada e seu conteúdo mágico privilegiado. Em Invenção de Orfeu. Aqui, vemos um engenhoso trabalho poético que “dá a medida exata da linguagem e que reúne todas as outras, combinando o onírico, o apelo social, a angústia metafísica, a reflexão mística com o expressionismo e a reiteração barroca.” (Araújo, 1986, p.29).

É recorrente em Invenção de Orfeu o diálogo que o poeta empreende com a poética clássica, através das referências a Dante  (A Divina Comédia), Virgílio (A Eneida), Camões (Os Lusíadas) e Milton (O Paraíso Perdido) como também à poesia moderna .... Com esse livro, o poeta pretende realizar seu projeto mais corajoso: criar uma “biografia épico-lírica” e interpretar as dores coletivas.
Nele, combinam-se, em dez cantos, formas poéticas múltiplas, mundo particular e místico, distribuídos por temas, subtemas emotivos, num verdadeiro rio metafórico. Formalmente, utilizasse da montagem, da superposição de diferentes moldes poéticos, do alexandrino clássico, da redondilha popular, das sextilhas
trovadorescas, do soneto, da estrofe única e longa, etc.. A busca de expressão própria, o cultivo de formas e elementos temáticos novos, tudo isso constitui a riqueza de situações em que se configura a poética de Jorge de Lima.

Podemos dizer que o universo de Invenção de Orfeu carrega um sentido utópico, já que propõe uma nova possibilidade para os homens, entre elas a de superação do individualismo, da hostilidade, estabelecendo uma nova ordem, mais solidária e mais sensível, similar à da arte. O poeta é, então, um visionário que tenta reorganizar o caos em novo mundo, em um momento utópico e cristão, caracterizado por um desejo de reencontro do homem com o éden perdido.

Invenção de Orfeu inicia-se com o canto denominado “Fundação da Ilha”, e o termo “fundação” é bem sugestivo, já que denota o estabelecimento dos alicerces para a edificação de seu poema. Portanto, o que o poeta pretende é estabelecer a base de seu poema (o que sustenta e possibilita qualquer edificação).

O vocábulo “ilha”, constantemente utilizado pelo poeta, recebe uma variada gama de significações, seja no seu sentido mais usual e histórico de acidente geográfico, da ilha de Santa Cruz (Brasil); ou em seu sentido metafórico-literário, sugerindo as fabulosas ilhas medievais, as ilhas utópicas renascentistas, as ilhas literárias (presentes nas obras de Camões, Dante, Thomas Morus, John Milton, Homero, etc.) como também do paraíso bíblico. O poema de Jorge de Lima trará para si todas estas possíveis relações intertextuais, mas também as transcende para assumir um sentido próprio em Invenção de Orfeu.

A preocupação com o conteúdo do texto desloca-se para a preocupação com a forma do texto, visão metalingüística que percorre todo o poema, principalmente caracterizado pela técnica da montagem, processo de composição que desmistifica o texto enquanto “intocável”, ou com uma tradição que conceberia a obra como “acabada”. O texto passa a se decompor em outros mais, estabelecendo uma “circularidade” e/ou “espiralidade” que possibilita o diálogo intertextual com outros textos, do mesmo modo que com ele próprio.

Em Invenção de Orfeu, podemos dizer que o desenvolvimento do seu texto se apresenta em três tempos: o primeiro, é o momento da Criação, o Éden, a felicidade primitiva, real e sonhada; o segundo, refere-se ao instante da Queda, da perdição, do obscurecimento, destruição e morte; o terceiro, é aquele da salvação, Redenção, em que poema e poeta se vitalizam na fé, na esperança e no amor.

Nesse sentido, sua poesia prioriza o ato da criação concordando com o significado constitutivo da imagem órfica que se dá, principalmente, na utilização que o poeta faz da inspiração noturna e do sonho como espaço de elaboração de sua poesia.
Assim, Orfeu representa a imagem do libertador e do criador que estabelece uma ordem superior no mundo, uma ordem sem repressão.

O poeta está em busca da transcendência e é através do poema que ele tenta superar as contradições do mundo moderno.
Este sonho do poeta só pode se realizar através da arte, pois é a partir da representação artística que ele tenta reordenar este mundo e passar sua mensagem de esperança futura. Nele, o poeta reconcilia o tempo do passado com o presente e o futuro; o espaço, o aqui e o acolá; e finalmente ambiciona reunir todas as pessoas em um único corpo. É esta utopia que Invenção de Orfeu nos proporciona. É o lugar onde os espaços e os tempos são extinguidos, e todos os seres, numa espécie de confraternização universal, formam um único corpo. Nesse “espaço-tempo”, os encontros mais surpreendentes podem ocorrer.

Trechos escolhidos:


Mesmo sem naus e sem rumos

Mesmo sem vagas e areias,

Há sempre um copo de mar

Para um homem navegar

...

Reinventamos o mar com seu colombos

Com a linguagem dos livros ignoradas;

Reinventamos o mar para essa ilha

Que possui “ cabos-não” a ser dobrados

E terras e brasis com boa aguada

Para as naves que vão para o oriente.

...

Não esqueçais escribas os somenos,

As geografias pobres, os nordestes

Vagos, os setentriões desabitados

E essas flores pétreas antilhanas.

...

Vejo-vos em fantasmas uma vezes

E outras vos ostentais reincidentes,

Que doces prostitutas pareceis

Vistas assim do beco com essas lentes.

....

Que noite se condensa e que muralha

Preserva dos juízes os declives?

Que despido há no mundo realmente

Sem as roupas que a vida lhe teceu?

....

Como todo o amoroso ódio e a angústia mansa

Há na face um desânimo latente;

qualquer coisa exaurida na distância

para dar à paixão, outra vertente.



Entristeço-me ao ruído persistente

Do tempo para trás como a memória,

Permaneço ora ileso ora ilusório.

Que segredo tão árduo eu esse doente!



E entre temeridades e temores

Dou às coisas irreais nova constância

Sob o peso dos seres meus e vossos.



Pois de todos os grandes desatinos

Que possuem densidades diferentes,

Diante de muitos sou sozinho e ossos.



...

E esse velho e atroz poema?

Quem acaso o arquitetou? Que mão sem braço o escreveu?

Que Lenora o mereceu?

Que mulheres vivem nele?

Que loucura o escureceu?

Ó tecido de memórias

Recuadas de meu tempo

Que eternidade comeu!










UESB 2011.2 - ÚLTIMAS DICAS ...


Pois é, a prova se aproxima e eu fico pensando sobre o que mais eu poderia dizer...

Então vai:

Não deixe que sua incerteza atrapalhe seu sonho. Tente dormir bem. Não consegue? Toma um tranquilizante (suco de alface, maracujá, comprimido de passiflora...)  e pede pra sua mãe te acordar. Depois toma Bivolt que vai dar tudo certo.

Use o tempo da prova a seu favor. Cada questão é uma escolha e cada minuto é decisivo. Não sabe? Não fique remoendo. Passe para a seguinte.

Sabe aquelas questões que você perdeu e não sabe como? Eu sei. Leia atentamente. Quase tudo que você precisa saber das questões de interpretação de texto estão na prova.

Vale também ter fé. Não desista. Lembre-se de estar na linha de passe. Seu tênis pode estar furado, mas você tem chance como qualquer outro candidato.

Sobre a redação? Relaxe. Diga duas verdades na introdução. Use cada um dos seus desenvolvimentos para explicá-las (nada de ir inserindo ideias e escrevendo, escrevendo) o que importa é explicar e exemplificar o que você propôs na introdução. Lembre-se também de fugir de frases longas, quase sempre confusas. Vai dizer outra coisa? Coloque ponto.

E a conclusão? Deu branco? Leia seus dois desenvolvimentos. Resuma-os. Depois leia sua introdução e com certeza sua conclusão vai ficar perfeita. Lembre-se: ela geralmente é lida em conjunto com a introdução portanto faça assim também.

Mais uma questão:

A UESB nos últimos vestibulares especificou o que queria. Por exemplo:

COM BASE NOS TEXTOS ACIMA ESCREVA UM TEXTO DISSERTATIVO SOBRE O TEMA: O TRÂNSITO NO BRASIL UMA QUESTÃO DE GUERRA.

Instruções:

1. Utilize a língua portuguesa padrão.

2. Discuta a necessidade de implementação de ações c que julgar justas em favor da diminuição dos problemas enfrentados nas principais metrópoles brasileiras.

3. Incorpore ao seu texto exemplos da contribuição de projetos já existentes nesse sentido.

4. Proponha ações ou caminhos que respeitem os direitos humanos de todo cidadão.



Percebe que não é só escrever sobre o Trânsito uma questão de guerra e escolher seus argumentos e exemplos? Você precisa responder passo-a-passo as instruções. Isso é que é garantir uma boa redação.

Pense nisso. Siga as instruções.

Quero agradecer cada acesso entendido como uma fé depositada.

Mara Rute