quinta-feira, 16 de julho de 2015

Redação Modelo Altruísmo


Ensaiando um novo amanhã
No limiar da contemporaneidade as relações entre os homens se tornam fluidas e impalpáveis. Tal fato ratifica que o mundo evolui em tecnologias e regride em solidariedade. No bojo dessa problemática, o conceito de cativar ensinado pela raposa no livro de Saint-Exupéry demonstra que os valores hodiernos pautados no individualismo são passíveis de modificações atreladas ao surgimento de uma nova visão altruísta e fraterna de convivência coletiva.
A evolução humana ainda é incapaz de alçar voos que consolidem a plenitude em todas as instâncias sociais. Nesse viés, o século passado emergiu como exemplo de frustração onde concomitante às grandes descobertas técnico-científicas surgiram governos ditatoriais capazes até, a exemplos do nazista, de distinguir os seres humanos e decidir quem deve ou não viver. Logo, a essência do homem elucidada pelo filósofo Sócrates é deturpada pela busca por poder.
Contrariando a lógica perversa do capitalismo que permite a perduração das imposições individuais de poder, o pequeno príncipe que dá nome a obra de Exupéry, ensina-nos que o amor e a amizade são ferramentas estratégicas para a enfim realização pessoal. Afinal, é sensato pensar que, embasado na lei física de Newton de ação e reação, tornar-se responsável por alguém é garantir o inverso com a mesma intensidade. Foi alcançando essa cognoscibilidade que a médica Zilda Arns trouxe a esperança de um futuro possível para crianças desnutridas no Brasil.
Para o sociólogo Jean Paul Sartre, a esperança é ainda uma concepção de futuro. Embasado nessa verdade, a extensão do ato de cativar ao próximo converge em um mecanismo primordial para se atingir um mundo próspero. Para tanto, as condições técnicas e científicas atuais nunca antes alcançadas devem ser usadas primordialmente em prol da coletividade, bem como para sanar o problema da fome e doenças epidêmicas. Dessa forma, a ciência que já foi propulsora de conflitos representaria a ferramenta consolidadora da ainda onírica ideia de harmonia coletiva.

Blenda Erdes 

Redação Modelo Amizade

Aprendendo com a raposa

Da máxima Camoniana de que as vontades se modificam junto aos tempos à sociedade líquida proposta pelo sociólogo Bauman, os laços humanos tornaram-se fragilizados. O homem, passou então a cultivar valores subjugados à materialidade e seus relacionamentos se desfaz de princípios altruístas e do conceito de cativar.
A perspectiva de competição e consumo, nos tempos hodiernos, se sobrepõem à necessidade de manter com o outro um vínculo sólido e verdadeiro. Nesse sentido, perpassando por ações de corruptos e corruptores ao apego a “smartphones” e amizades construídas e desfeitas virtualmente, a humanidade cega o seu olhar para o outro e “coisifica” sua vida e relações. Dessa maneira, os laços altruísticos cederam lugar à indiferença.
Ademais, vive-se tempos efêmeros. Alicerçado nessa lógica, o homem atribui preço às horas, desfalece os rituais de afetividade, trata as pessoas como bens de consumo e se prende às suas inseguranças ao fazer da interpessoalidade algo volúvel. Assim, o ideal de cativar presente na obra O Pequeno Príncipe dilui-se no imediatismo e descartabilidade dos vínculos hodiernos.
De forma análoga ao livro de Saint-Exupéry, a humanidade, despida de valores, carece de raposas que resgatem a essência dos relacionamentos. Portanto, faz-se necessário ir além dos princípios ideológicos e promover, em âmbitos que vão desde o familiar às relações profissionais, momentos que fortaleçam as interações e permitam que o ato de cativar não se perca em meio à liquidez.
Anne Dias