domingo, 31 de maio de 2015

Redação nota dez do Tema da Severino Sombra em Vassouras - Márcio Porto

Tema: a  importância da preservação da memória da coletividade para a sociedade.
               
 
Tempo social / Persistindo ao Tempo / Resgate evolutivo

   É fato que, a humanidade hoje é reflexo dos acontecimentos do passado. Diante disto, as inúmeras sociedades existentes na era da relatividade, distinguem-se umas das outras - entre outros fatores - devido ao acervo memorial que caricatura cada povo. Por conseguinte, é inegável a concepção da memória como elemento fundamental na formação individual, cultural e coletiva do homem.

  Nesse contexto, a construção de um povo só é possível devido à rememoração e à afirmação dos componentes que o integra. Assim sendo, a história de qualquer sociedade funciona como a sua carteira de identidade. Porém, para que essa exista, faz-se necessária a “Persistência da Memória” grupal. Já que, é através desta que as associações humanas salvaguardam sua idade coletiva, suas genealogias, seus saberes técnicos e mitológicos enfim, conservam seus pilares fundantes.

   Ratificando essa ótica, o que vai garantir a perpetuação de um grupo é a sua capacidade de reminiscência, ou seja, a sua disposição para executar o exercício da memorização, através da escrita, das construções ou do conhecimento. Contudo, é evidente que o tempo oxida tudo e a todos, entretanto, os indivíduos devem sempre lembrar os eventos que os uniram e os fizeram se identificarem uns com os outros a ponto de constituírem associações com características sociais, morais, étnicas e principalmente culturais comuns a todos integrantes. Dessa forma, uma coligação que se consagre sociedade garante o sentimento de “pertencimento” e identificação com sua nação e seu país.

   Para Eduardo Galeano, a memória não perde o que merece ser salvo. Somando-se a essa máxima, na construção de uma sociedade, não se deve haver discriminação dos fatos, com o intuito, de que haja uma conservação da memória e, consequente transmissão límpida - utopia. No entanto, é indispensável a sua constante assimilação e resgate para nortear o homem rumo à qualidade: ser-social. Afinal, é através da arte de memorizar que se conhece o passado, tem consciência do presente e projeta perspectivas para o futuro.

 

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Tema de Redação Bahiana 2015



A corrida por ser médico cada dia aproxima-se mais de uma vocação. Poucos tem a força suficiente para enfrentar concorrências, estudar noites a fio e perseverar, entre tantas derrotas, até o sonho final. Fico orgulhosa de vocês que chegaram até aqui numa etapa que muitos outros queriam estar.

Ah a segunda fase da Bahiana!”, “Chega a ser quase um troféu!” e é isso que queremos: sua vitória definitiva como um troféu depois de tanta batalha. Por isso nos empenhamos como equipe para produzir esse material de apoio e, como em todos os anos, queremos que ele sirva para você alcançar seu sonho de chegar a universidade.

 Ano a ano construímos na Bahiana quase uma família de ex-alunos e, movidos pela paixão que temos por essa universidade, decidimos montar um roteiro de estudo de redação para garantir tranquilidade e aprovação para você. Veja em cada tema mais um degrau e nesses últimos dias tente pensar e produzi-los com carinho. Se não conseguir não tem problema. Você sabe que temos as famosas redações modelo.  

Portanto, nascido no coração do curso Eu Quero Passar, coordenado pela professora Mara Rute e desenvolvido por Isabel Oliveira e Tiago Silveira, e esse ano com a mãozinha de quem já está lá, mas quer muito ter você como colega apresentamos o PEBMSP 2015. Com novos os temas desenhados por Stephanie dos Anjos, Tiago Silveira e Lucas Vianna com o processo de correção coordenado por Lucas Vianna, Stephanie dos Anjos, Orlando Oliveira, Maria Cecília do Carmo Ferraz e Camilla Azevedo.

Este material foi baseado no histórico de processos seletivos da universidade e em textos relacionados a temática da prova em 2015 para orientar e, principalmente, direcionar você para o recorte desejado. Também acompanhe nossa orientação final após a vivência.

Aqui estão dois temas novos baseados nos textos de apoio sugeridos na prova, um tema do Enem sobre diversidade Cultural que deve ser adaptado para o papel do médico no processo de preservação da diversidade e, como a prova lembrou muito a UNEB, colocamos o tema de redação da UNEB 2015 que tratava da ideia de turismo e patrimônio. Ainda publicaremos em nossa página reflexões sobre a Baianidade se esse recorte por ventura for confirmado pela Bahiana na vivência.

Por fim lembre-se que cada história de vida é produzida por um passo. E esse, de escolher fazer o portfólio, é um passo de vitória. Esperamos que a cada redação entregue você caminhe mais à frente chegando ao lugar onde está o seu sonho.

Estaremos aqui ajudando-o a caminhar passo-a-passo.
                                                   Mara Rute Lima


Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus."


Proposta 1

Negro sofre 'discriminação institucionalizada' no serviço de saúde, diz diretor de ONG.                   


Maurício Moraes

Da BBC Brasil em São Paulo


       A tese defendida por Motta, que dirige o Fundo Baobá, uma ONG que viabiliza projetos que promovam a equidade racial, já foi sentida na pele por Marcelo Antonio de Jesus. Educador em uma ONG em São Paulo, 36 anos, Jesus conta que "durante exames", já sentiu "que há o receio de alguns médicos de tocar o paciente, pelo fato de ser negro". "Isso também ocorreu com familiares. No meu caso, em uma ocasião, fui a dois médicos diferentes. Um deles nem me examinou e deu o diagnóstico só a partir do que eu havia contado", disse.

       Eliane Barbosa, pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo que publicou um trabalho analisando políticas públicas que lidam com desigualdade no país, diz que parte dos médicos dá tratamento diferenciado a indivíduos brancos e negros, mas não apenas no serviço de saúde público como também no privado.

       Para Eliane, não se trata necessariamente de um "um preconceito racional" por parte dos profissionais de saúde. "Não quer dizer que eles querem discriminar alguém", diz. "É uma questão de referência dos médicos, geralmente homens e mulheres brancas. É uma questão muito profunda, uma reprodução inconsciente de um comportamento (racista da sociedade)", diz.

      Marcelo Antonio de Jesus, que é educador, defende que a questão seja abordada nos cursos de medicina do país. "É necessária uma quebra de cultura. Boa parte dos estudantes de medicina vem de uma elite. É difícil que esses profissionais queiram depois atender na periferia. É até compreensível, porque eles vão encontrar uma realidade muito diferente da que vivem. Por isso a educação é importante", diz.


Há racismo no atendimento aos negros no SUS, diz ministro.


Agência Estado.


 


       O ministro da saúde admitiu que há racismo no atendimento a negros no Sistema Único de Saúde (SUS). Essa discriminação se reflete em diagnósticos incompletos, exames que deixam de ser feitos e até na ausência do toque ao paciente, disse o ministro, citando pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz. “Esse racismo cria condições muito perversas que temos de combater fortemente. Queremos construir uma nova cultura e criar valores de solidariedade e tolerância em relação à população negra”, afirmou o ministro.


 


       O ministro Àlvares informou que o combate à discriminação inclui cursos de capacitação aos médicos, enfermeiros, atendentes de instituições credenciadas ao SUS, além do incentivo à denúncia de mau atendimento à Ouvidoria Geral do Sistema Único de Saúde.


 


       De acordo com a coordenadora do Comitê Técnico de Saúde da População Negra do ministério, Ana Costa, o governo tem alguns dados que são indicativos do preconceito no atendimento aos negros. A taxa de mortalidade materna, por exemplo, é mais que o dobro para mulheres negras em comparação com as brancas (4.79 e 2.09 mulheres por cem mil habitantes, respectivamente). Militantes do movimento negro comemoraram a postura no Ministério da Saúde. “O SUS foi criado para servir o cidadão, mas na verdade serve de acordo com a classe social, a cor”.




Campanha do SUS atribui a ‘racismo’ mortes por doença genética predominante em negros. Médicos reagem.



Felipe Moura Brasil

Revista Veja


Transcrevo o texto:

“Diz que não existe racismo, mas… em 2012 a taxa de mortalidade por doença falciforme entre pessoas pretas foi de 0.73 mortes e 0.28 entre pardas, enquanto na população branca foi de 0.08 (por 100.000 hab).”

Só tem um detalhe, que pode ser encontrado em qualquer página médica, como a do doutor Dráuzio Varella: A anemia falciforme é uma doença genética e hereditária, predominante em negros, mas que pode manifestar-se também nos brancos.” Logo, é ÓBVIO que a anemia falciforme tende a matar mais negros do que brancos, mas a realidade nunca foi empecilho para a propaganda.


Felizmente, os médicos reagiram ao embuste nas redes sociais, considerando a manipulação “torpe” e “absurda”.“Quem deveria de verdade sofrer campanha anti-racismo neste caso são as doenças e não os profissionais que trabalham no SUS. Vamos colocar no holofote as atitudes racistas que a anemia falciforme propaga, assim como o câncer de próstata e a hipertensão arterial, que insiste em adoecer mais negros do que brancos”, ironizou a página Academia Médica.

Ou então, acrescento eu, vamos acusar o câncer de pele de racismo contra os brancos, já que os negros produzem mais melanina, especialmente a eumelanina, muito eficiente na proteção contra os raios ultravioleta do sol, e têm menor risco de desenvolver a doença.

Considerando esses e muitos outros casos que você conhece sobre o assunto e refletindo sobre seus aspectos sociológicos, culturais e históricos, escreva um texto dissertativo abordando a dualidade dos posicionamentos referidos acima, acerca do racismo aos negros nos serviços de saúde, focando a figura do médico.

Redação Modelo


O racismo aos negros é uma realidade no Brasil que afeta diversos setores como o de serviços de saúde. Isso é um problema pois altera os dados epidemiológicos de mortalidade e morbidade sobre as populações negras. Assim, o preconceito a determinada raça atinge também as taxas de agravamento de doenças, devido à má conduta do médico para com esse contingente populacional.

“Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meu paciente.” Dessa forma, não deve haver espaço para estratificações acarretadas por preconceitos que tornam os atendimentos diferenciados ao ponto de prejudicar a saúde de um grupo racial. Nessa perspectiva, o Ministério da Educação juntamente com a Fundação Oswaldo Cruz e a Fundação Getúlio Vargas afirmam, pautados em pesquisas, que tal discriminação prejudica nos diagnósticos devido a não eficácia da coleta da história clínica (anamnese do paciente) pela má comunicação e na não eficácia da semiologia médica (toque ao paciente). Cabe ao médico, portanto, honrar seu juramento de Hipócrates a fim de oferecer qualidade em seus atendimentos, focando principalmente, de forma holística e clínica, na cura ou prevenção.

O tratamento diferenciado que parte dos médicos oferecem aos indivíduos brancos e negros é fruto de uma cultura racista que está enraizada na sociedade brasileira como um todo. Por isso, muitas vezes, esse gesto é feito de forma inconsciente pelo profissional de saúde, afinal, a grande maioria dos estudantes de medicina são de uma elite branca que quando colocada frente a uma realidade “pobre e preta” não reage de forma adequada devido a falha no sistema educacional nas escolas médicas. Há quem defenda a invalidade desse discurso, que a forma como o médico ver o outro não afeta na qualidade de atendimento e, portanto, na saúde. No entanto, esse argumento não é adequado, afinal, em qualquer forma de comunicação, quando se estabelece o preconceito, há uma falha no fluxo e na interação entre as partes e, no caso do serviço de saúde, acaba por afetar a lógica nas consultas que trazem qualidade na saúde.

Destarte, faz-se mister implementar nas aulas de antropologia médica, bioética, psicologia médica e introdução a atenção básica discussões voltadas para o respeito as diferenças raciais. Ademais, o estudante de medicina deve aprender a consagrar sua vida a prática médica voltada para consciência social, para empatia e para inclinação humanística. Esse aprendizado deve ser adquirido pela teoria nas salas de aulas e pelas práticas de trabalhos de campo em comunidades pobres cuja maioria habitacional seja negra. Com esses primeiros passos, o problema do preconceito acerca do racismo aos negros nos serviços de saúde será atenuado.

Fábio Rodrigues

Proposta 2

Entre a ciência e a crença: A postura médica frente à “Cura Religiosa”

Revista Âncora.

Uma retrospectiva histórica no campo da saúde nos leva a perceber que o processo saúde/doença sempre foi acompanhado de crenças e rituais, os mais diversos, ligados a questões transcendentes, ao sobrenatural. Mesmo respeitando as especificidades de cada cultura, observamos que a ligação com o sagrado no processo de adoecimento e morte percorre todas elas. O surgimento da medicina ao que tudo indica começa da apropriação das terapias e procedimentos de cura populares. A intervenção em muitos casos de doenças, feita por feiticeiros ou xamãs com ervas e procedimento digamos, “cirúrgico rudimentar”, como sugere o crânio pré-histórico exposto no Museu Etnológico de Berlim, apontam para essa questão.

Esta concepção, a partir dos autores, pode tentar explicitar a maneira como os indivíduos e diversos grupos enquanto sujeitos sociais vão construir seu conhecimento em saúde/doença a partir da inscrição social e cultural dos sujeitos sociais por um lado; e por outro, como a sociedade se dá a conhecer e construir esse conhecimento do binômio com os indivíduos. Na interação entre sujeito e sociedade é que podemos dizer que se dá a realidade.

Assim, compreender o universo das representações sociais de médicos e pacientes torna-se aspecto fundamental para compreender a polaridade das relações. A dicotomia existente entre terapias médicas e terapias populares tem que permanecer? A ruptura entre medicina e sagrado responde as questões mais subjetivas da existência humana?


A ruptura entre o conhecimento popular e o científico em saúde.

Pesquisa em educação em ciências.

Vasconcelos entende a medicina como sendo construída no diálogo. Por esse motivo, a atitude do profissional de saúde em relação à medicina popular deve ser de promover a troca de idéias: “Saber ouvir, procurar aprender, respeitar aspectos que não consegue entender mas também de dizer aquilo que sabe, de criticar atitudes que vê estarem erradas. Afinal sua ciência é fruto de muitos séculos de esforço de milhares de cientistas sérios e já teve oportunidade de provar a sua eficiência”.

Essa forma própria que as pessoas têm de encarar o mundo influência a maneira pela qual buscam conforto físico, lançando mão de diversas alternativas, que vão desde a prática informal (automedicação, aconselhamento com outras pessoas), passando pela alternativa popular (curandeiros), até chegar ao setor profissional. A cura por intermédio das alternativas populares oferece diversas vantagens a seus usuários, se comparadas à medicina ocidental moderna, tais como proximidade, afeto, informalidade, visões de mundo semelhantes, linguagem coloquial e envolvimento da família no tratamento.

O aperfeiçoamento da relação profissional de saúde e paciente deve estar centrado principalmente sobre a educação desses profissionais. É durante o período de formação que eles aprendem a se tornar mediadores entre o conhecimento científico e o senso comum, para promover a saúde da população. Uma forma de abordar essa relação seria trabalhar com os estudantes de forma integrada e não fragmentada. Os estudantes poderiam incorporar em seus conhecimentos, ainda no período de graduação, a compreensão dos fatores sociais e culturais da população e sua inter-relação com a saúde.

A análise dos problemas de forma global, considerando os pontos de vista de outros ramos do conhecimento para a abordagem de problemas de saúde, conduz a uma flexibilidade maior da maneira de pensar, integrando e articulando diferentes formas de resolução. Somente uma visão mais ampla e não fragmentada propiciará ao profissional identificar e compreender os problemas de saúde da população, agindo como um mediador entre o senso comum e o conhecimento científico, e trabalhando para promover a mudança de atitude por parte dos pacientes. Porém, a mudança de atitude deve atingir principalmente o profissional, que, além de possuir as habilidades próprias da carreira, deve atuar como um intermediário entre o conhecimento científico e o popular.


Conhecimento médico esclarece métodos caseiros para tratamento de doenças.


Rafael Amêndola.


As virtudes medicinais dos chás são de conhecimento milenar, especialmente seus efeitos estimulantes. É uma crença popular que geralmente funciona e é explicada também pela ciência. Suas propriedades terapêuticas e cosméticas, como neutralizar os radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento celular precoce, ajudam a prevenir doenças cardíacas e circulatórias, acelerar o metabolismo e queimar gordura corporal; são cada vez mais comprovadas.


Outra doença bastante auto medicável é a febre. “Quando se está com febre, o cérebro manda um comando ordenando que a pessoa se aqueça, pois percebe a sensação de frio”, afirma a médica. Para tratar a febre alta, os métodos caseiros propõem o uso de cobertores e agasalhos para que o ar não faça mal ao enfermo. Na verdade, o que os médicos recomendam é justamente o contrário: deve-se despir, pois o contato com o ar, nesse caso, é benéfico para o corpo.


Levando em consideração as particularidades entre o saber científico do médico e o saber adquirido do paciente, escreva um texto dissertativo abordando a importância da integração desses saberes, com o foco no respeito do profissional às influências do conhecimento popular, crenças e culturas, para a melhoria do bem-estar biopsicossocial do paciente.

Redação Modelo


Pela formação de Pedros Arcanjos

De Asclépio, deus da medicina greco-romana, passando pelas feiticeiras medievais até chegar aos médicos-espíritas contemporâneos, a medicina evoluiu estritamente relacionada ao avanço do saber popular e religioso. Nessa perspectiva, o conhecimento médico se perpetuou como divino, assegurando, àqueles que o detém, poder e status social. Por outro lado, a base e a origem, de todo avanço médico-científico advém do saber popular, sendo assim, a tendência hodierna é justamente o contato dos profissionais de saúde com as crenças e técnicas terapêuticas populares. 

Dos asclepíades da Grécia Antiga (sacerdotes considerados seguidores de Asclépio, detentores do conhecimento médico, o qual era herdado do pai) aos pajés das tribos indígenas (líderes espirituais e da Tribo em si), torna-se perceptível a concepção da medicina como saber divino. Os detentores do saber médico, no decorrer histórico, conseguiram reformular a concepção do conhecimento das ciências médicas de acordo com o tempo e com a sociedade em que se encontravam inseridos. Entretanto, todas as reformulações propostas sempre objetivaram empoderar e garantir status àqueles que já detinham esse poder e não garantindo à medicina a importante condição de estar inserida dentro de um contexto social múltiplo em que ervas, fé e pílulas contribuem para a cura e o conforto.

Na contramão do conservadorismo médico, nos últimos tempos tem surgido e se disseminado algumas técnicas terapêuticas alternativas que se aproximam mais ao saber popular do que ao conhecimento científico em si. Desse modo, da homeopatia, passando pela fitoterapia até chegar à massoterapia, o que se tem observado é que todas essas correntes surgem como uma forma de suprir a necessidade daqueles indivíduos desacreditados do saber puramente técnico-científico que padroniza e protocola patologias ao invés de especificar o olhar. E, em meio a essa dicotomia entre cultura popular e conhecimento científico, o ser pós-moderno encontra-se cada vez mais distante do ponto de equilíbrio.

Jorge Amado já defendia em sua obra Tenda dos Milagres, que no embate entre saber popular e saber médico cada qual tem seu espaço, sendo facultativo a cada indivíduo, inserido em sua cultura, fazer sua escolha. Sob essa ótica, cabe ao Estado, assumindo seu caráter abarcativo e educador, investir na formação de futuros médicos que detenham um olhar voltado para o respeito a diversidade, capaz, assim, de entender e respeitar a importância do saber popular. Seguindo esse raciocínio, teremos mais médicos cientes de que seu papel na sociedade é tal qual o de Pedro Arcanjo, ou seja, configurar-se como o ponto de encontro entre a cultura popular e o saber acadêmico.


Orlando Oliveira