Essa Carta ao leitor se
transformaria num perfeito artigo de opinião ou até em argumentos plausíveis
para uma dissertação. Aproveitem!!!!!!
Carta ao leitor
A ecologia entrou na moda. Sustentabilidade é
palavra bonita, que agora integra belas frases de anúncios milionários de
bancos, indústrias químicas, empresas de cigarros e de refrigerantes. Todo
mundo se veste de verde, muitas vezes para não mudar nada. Verde agora é o
uniforme dos devastadores. Prevendo a tendência, o nosso cartunista Santiago já
produziu uma charge nos anos 1970 em que árvores são derrubadas e transformadas
em papel para imprimir cartazes que convocam para a preservação ambiental.
Ironias à parte, enquanto o planeta agoniza, o
comportamento sustentável, que realmente poderia mudar alguma coisa, continua
coisa rara. Para o historiador e escritor uruguaio Eduardo Galeano, “a ecologia
neutra, que mais se parece com jardinagem, torna-se cúmplice da injustiça de um
mundo onde a comida sadia, a água limpa, o ar puro e o silêncio não são
direitos de todos, mas sim privilégios dos poucos que podem pagar por eles”.
Para Galeano, o que realmente está acabando com o
planeta é o nosso cinismo. Não estamos fazendo o que alardeamos. Continuamos
consumindo desenfreadamente. Não há limites para o lucro e o acúmulo. Apesar de
todos os dramáticos alertas, nada mudou substancialmente no comportamento da
humanidade, que agora recicla parte do lixo, trata a ecologia como um tema
importante, dorme de consciência tranquila, mas não cessa a devastação e não
reduz o consumo.
Com sua edição sobre sustentabilidade, a Novolhar
quer contribuir de modo significativo para o debate sobre um dos temas mais
urgentes do século 21. A capa do artista gráfico Roberto Soares é
representativa disso. O planeta, retratado como uma maçã, transforma-se numa
espécie de fruto proibido simbólico, que vai sendo lentamente devorado, em
trágica analogia com o fim do único paraíso que temos.
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