Texto 1 - A
memória, entendida como elemento fundamental na formação da identidade cultural
individual e coletiva, na instituição de tradições e no registro de
experiências significativas, deve ser valorizada e preservada. Preservar a
memória de uma sociedade não significa atrelá-la ao passado e impedir o seu
desenvolvimento, mas sim conservar seus pilares constituintes a fim de não
perder conhecimentos e identidades.
Noé
von Atzingen, Presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá. Fonte: http://www.hiroshibogea.com.br/
Texto 2 -
Texto 3 - A modernidade
transformou o homem em um ser insensível e sem memória; desproveu-o, inclusive,
da capacidade de ter uma preocupação com ela. Na Era da Informação o receptor da
comunicação de massa é, na verdade, um ser desmemoriado. Recebe um excesso de
informações que saturam sua forma de conhecer o mundo; incham-no, pois não há
lenta mastigação e assimilação daquilo que é transmitido pela mídia. O mundo
contemporâneo, pós-moderno, é
superficial. Nele, a imagem tem um papel preponderante na vida das pessoas. Há,
nas palavras do filósofo Nelson Brissac Peixoto, uma excessiva banalização
dessas imagens. "Vivemos no universo da sobreexposição e da obscuridade,
saturado de clichês, onde a banalização e a descartabilidade das coisas e
imagens foi levada ao extremo", diz ele. Paradoxalmente, ocorre uma
hiperrealização do real. Contudo, existem apenas simulacros, como afirma Jean
Baudrillard. A concretude das coisas e do mundo desaparece cedendo lugar à
artificialidade.
(...)
De
qualquer maneira, é necessário inculcar nas pessoas a importância da lembrança.
É ela, ao lado da tradição, que fará com que aquilo que aconteceu permaneça.
(...) Com efeito, ela é a sobrevivência do passado.
(...)
Por
outro lado, não resta a menor dúvida que a preservação da memória é condição
indispensável para a existência e continuidade históricas de um povo. Todavia,
é pertinente observar que na sociedade industrial, dominada pela velocidade, o
"velho" é menosprezado, é visto com preconceito e considerado muitas
vezes um ser inútil.
Roberto
Massei, "Do direito à Memória". Fonte: www.avesso.net/memoria.htm
Com
base nos textos acima, na leitura feita do filme Utopia e Barbárie e no seu conhecimento sobre o assunto elabore um texto
dissertativo argumentativo sobre a crise da memória no século XXI.
Redação Modelo
Produzida pela professora Andréa Póvoas
Redação Modelo
Memória
como possibilidade
É fato
que o mundo pós-moderno, gradativamente, torna-se superficial com a perda e a
desvalorização da memória. Em tal perspectiva, a ausência de memórias
cognitivas e sociais levou a humanidade a barbáries que precisam ser
relembradas para que cenários de destruição não sejam repetidos. Em
contrapartida, a Era da Conhecimento reverbera um excesso de informação
midiática atrelada à superficialidade, gerando indivíduos desmemoriadoe sem
vistas no futuro.
Desde as
bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, as formas desmedidas de dominação
fizeram com que utopias almejadas fossem transformadas em projetos de
sociedades subjugadas pelo poder. Para além dos caracteres ideológicos, a
ausência de um arcabouço intelectual-histórico conduziu comunidades a
atrocidades xenofóbicas, como o holocausto nazista, em virtude de teorias
pseudogenéticas que afirmavam a supremacia ariana sobre os povos hebraicos.
Dessa maneira, relembrar tais fatos compõe a égide de não repetição e,
consequentemente, o predomínio de ideais iluministas como a liberdade,
igualdade e fraternidade.
Para
Milton Santos, a globalização é regida segundo os interesses de um restrito
grupo de grandes corporações internacionais, o que configura o globalitarismo.
Tendo em vista tal premissa, as culturas locais tendem a ser anuladas, pois o
indivíduo pós-moderno está diante da intensa atividade midiática no seu
cotidiano, sendo facilmente manipulado e propiciando, assim, a padronização e
superficialização ideológica. Partindo dessa máxima, a memória
histórico-cultural encontra-se ameaçada por essa lógica capitalista que se
perpetua na sociedade contemporânea.
Para além
disso, Eduardo Galeano apregoa que a memória social é progenitora da afirmação
de melhorias no futuro. Desse modo, é preciso que a memória social seja
conservada para que a recordação do passado possibilite a construção de
melhorias no presente e, principalmente, no porvir.
Produzida pela professora Andréa Póvoas
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