quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Tema de Redação Crise da Memória da Professora Andréa Póvoas



Texto 1 - A memória, entendida como elemento fundamental na formação da identidade cultural individual e coletiva, na instituição de tradições e no registro de experiências significativas, deve ser valorizada e preservada. Preservar a memória de uma sociedade não significa atrelá-la ao passado e impedir o seu desenvolvimento, mas sim conservar seus pilares constituintes a fim de não perder conhecimentos e identidades.
Noé von Atzingen, Presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá. Fonte: http://www.hiroshibogea.com.br/

Texto 2 - 
 

Texto 3 - A modernidade transformou o homem em um ser insensível e sem memória; desproveu-o, inclusive, da capacidade de ter uma preocupação com ela. Na Era da Informação o receptor da comunicação de massa é, na verdade, um ser desmemoriado. Recebe um excesso de informações que saturam sua forma de conhecer o mundo; incham-no, pois não há lenta mastigação e assimilação daquilo que é transmitido pela mídia. O mundo contemporâneo, pós-moderno, é superficial. Nele, a imagem tem um papel preponderante na vida das pessoas. Há, nas palavras do filósofo Nelson Brissac Peixoto, uma excessiva banalização dessas imagens. "Vivemos no universo da sobreexposição e da obscuridade, saturado de clichês, onde a banalização e a descartabilidade das coisas e imagens foi levada ao extremo", diz ele. Paradoxalmente, ocorre uma hiperrealização do real. Contudo, existem apenas simulacros, como afirma Jean Baudrillard. A concretude das coisas e do mundo desaparece cedendo lugar à artificialidade.
(...)
De qualquer maneira, é necessário inculcar nas pessoas a importância da lembrança. É ela, ao lado da tradição, que fará com que aquilo que aconteceu permaneça. (...) Com efeito, ela é a sobrevivência do passado.
(...) 
Por outro lado, não resta a menor dúvida que a preservação da memória é condição indispensável para a existência e continuidade históricas de um povo. Todavia, é pertinente observar que na sociedade industrial, dominada pela velocidade, o "velho" é menosprezado, é visto com preconceito e considerado muitas vezes um ser inútil. 
Roberto Massei, "Do direito à Memória". Fonte: www.avesso.net/memoria.htm

Com base nos textos acima, na leitura feita do filme Utopia e Barbárie e no seu conhecimento sobre o assunto elabore um texto dissertativo argumentativo sobre a crise da memória no século XXI.

Redação Modelo 
Memória como possibilidade
É fato que o mundo pós-moderno, gradativamente, torna-se superficial com a perda e a desvalorização da memória. Em tal perspectiva, a ausência de memórias cognitivas e sociais levou a humanidade a barbáries que precisam ser relembradas para que cenários de destruição não sejam repetidos. Em contrapartida, a Era da Conhecimento reverbera um excesso de informação midiática atrelada à superficialidade, gerando indivíduos desmemoriadoe sem vistas no futuro.
Desde as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, as formas desmedidas de dominação fizeram com que utopias almejadas fossem transformadas em projetos de sociedades subjugadas pelo poder. Para além dos caracteres ideológicos, a ausência de um arcabouço intelectual-histórico conduziu comunidades a atrocidades xenofóbicas, como o holocausto nazista, em virtude de teorias pseudogenéticas que afirmavam a supremacia ariana sobre os povos hebraicos. Dessa maneira, relembrar tais fatos compõe a égide de não repetição e, consequentemente, o predomínio de ideais iluministas como a liberdade, igualdade e fraternidade.
Para Milton Santos, a globalização é regida segundo os interesses de um restrito grupo de grandes corporações internacionais, o que configura o globalitarismo. Tendo em vista tal premissa, as culturas locais tendem a ser anuladas, pois o indivíduo pós-moderno está diante da intensa atividade midiática no seu cotidiano, sendo facilmente manipulado e propiciando, assim, a padronização e superficialização ideológica. Partindo dessa máxima, a memória histórico-cultural encontra-se ameaçada por essa lógica capitalista que se perpetua na sociedade contemporânea.
Para além disso, Eduardo Galeano apregoa que a memória social é progenitora da afirmação de melhorias no futuro. Desse modo, é preciso que a memória social seja conservada para que a recordação do passado possibilite a construção de melhorias no presente e, principalmente, no porvir. 

Produzida pela  professora Andréa Póvoas 

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