Importante!
Gente, mesmo com o Enem e as novas linguagens nas provas não podemos perder de vista a cobrança de questões relacionadas a periodização.
Aqui segue uma seleção de questões de Barroco e Arcadismo que são uma amostra do que se tem cobrado ultimamente. Respondendo-as você com certeza está preparando para as abordagens comuns dos principais processos seletivos.
QUESTÕES DE BARROCO e Arcadismo
1. (Unesp 2010) A cada canto um grande conselheiro,
Que
nos quer governar cabana, e vinha,
Não
sabem governar sua cozinha,
E
podem governar o mundo inteiro.
(...)
Estupendas
usuras nos mercados,
Todos,
os que não furtam, muito pobres,
E
eis aqui a Cidade da Bahia.
(Gregório de Matos. “Descreve o que era realmente
naquelle tempo a cidade da Bahia de mais enredada por menos confusa”)
1. O poema, escrito por Gregório de Matos no século
XVII,
a) representa, de maneira satírica, os
governantes e a desonestidade na Bahia colonial.
b) critica a colonização portuguesa e defende,
de forma nativista, a independência brasileira.
c) tem inspiração neoclássica e denuncia os
problemas de moradia na capital baiana.
d) revela a identidade brasileira, preocupação
constante do modernismo literário.
e) valoriza os aspectos formais da construção
poética parnasiana e aproveita para criticar o governo.
Uma alegria para sempre
Para Elena Quintana
As coisas que não conseguem ser
Sentimo-las como da primeira vez,
sentimo-las fora do tempo,
nesse mundo do sempre onde as
datas não datam. Só no mundo do
nunca
existem lápides... Que importa se –
depois de tudo – tenha “ela”
partido,
casado, mudado, sumido, esquecido,
enganado, ou que quer que te haja
feito, em suma? Tiveste uma parte da
sua vida que foi só tua e, esta, ela
jamais a poderá passar de ti para
ninguém.
Há bens inalienáveis, há certos
momentos que,
ao contrário do que pensas,
fazem parte de tua vida presente
e não do teu passado. E abrem-se no
teu
sorriso mesmo quando, deslembrado
deles,
estiveres sorrindo a outras coisas.
(QUINTANA, Mario. Baú de Espantos.
2ed, Rio de Janeiro: Globo, 2006.)
*John Keats
(1795-1821), poeta romântico inglês, é autor do poema épico “Endymion”, em que
se encontra o verso citado por Mario Quintana: “A beleza em cada ser é uma
alegria eterna”.
Vocabulário:
olvidado: adj. que se olvidou, se esqueceu;
esquecido (HOUAISS, Antônio, VILLAR, Mauro de Sales. Dicionário HOUAISS da
Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.)
2. (Ufrj 2011 - Adaptada)
É possível construir um diálogo
intertextual entre “Uma alegria para sempre”, o soneto de Gregório de Matos que
consta no Módulo “ A inconstância das Coisas do Mundo” e “ se estabelecermos
como chave de leitura a questão da busca e da perda, temas inerentes à vida.
Escreva um paragrafo dissertativo explicando essa relação.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO
Senhora Dona Bahia,
nobre e opulenta cidade,
madrasta dos naturais,
e dos estrangeiros madre:
Dizei-me por vida vossa
em que fundais o ditame
de exaltar os que aqui vêm,
e abater os que aqui nascem?
Se o fazeis pelo interesse
de que os estranhos vos gabem,
isso os paisanos fariam
com conhecidas vantagens.
E suposto que os louvores
em boca própria não valem,
se tem força esta sentença,
mor força terá a verdade.
|
O certo é, pátria minha,
que fostes terra de alarves,
e inda os ressábios vos duram
desse tempo e dessa idade.
Haverá duzentos anos,
nem tantos podem contar-se,
que éreis uma aldeia pobre
e hoje sois rica cidade.
Então vos pisavam índios,
e vos habitavam cafres,
hoje chispais fidalguias,
arrojando personagens.
Nota: entenda-se “Bahia” como cidade.
Gregório
de Matos
|
Vocabulário alarves -
que ou quem é rústico, abrutado, grosseiro, ignorante; que ou o que é tolo,
parvo, estúpido. ressábios - sabor; gosto que se tem depois. cafres -
indivíduo de raça negra.
4. (Uff 2011) Todas as
afirmativas sobre a construção estética ou a produção textual do poema de
Gregório de Matos (Texto) estão adequadas, EXCETO uma. Assinale-a.
a) Existem antíteses,
características de textos no período barroco.
b) Há uma personificação, pois a
Bahia, ser inanimado, é tratada como ser vivo.
c) A ausência de métrica aproxima o
poema do Modernismo.
d) O eu lírico usa o vocativo,
transformando a Bahia em sua interlocutora.
e) Há diferença de tratamento para os habitantes
locais e os estrangeiros.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
1Triste Bahia! Oh quão
dessemelhante
2 Estás, e estou do nosso antigo
estado!
3 Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
4 Rica te vejo eu já, tu a mi abundante.
5 A ti trocou-te a máquina mercante,
6 Que em tua larga barra tem entrado,
7 A mim foi-me trocando, e tem trocado
8 Tanto negócio, e tanto negociante.
9 Deste em dar tanto açúcar excelente
10 Pelas drogas inúteis, que abelhuda
11 Simples aceitas do sagaz Brichote.
12 Oh se quisera Deus, que de repente
13 Um dia amanheceras tão sisuda
14 Que fora de algodão o teu capote!
5. (Uel 2011)
A partir da leitura do texto de Gregório de Matos, considere as
afirmativas a seguir.
I. O poema
faz parte da produção de Gregório de Matos caracterizada pelo cunho satírico,
visto que ridiculariza vícios e imperfeições e assume um tom de censura.
II. As
figuras do desconsolado poeta, da triste Bahia e do sagaz Brichote são imagens
poéticas utilizadas para expressar a existência de um triângulo amoroso.
III. O poema
apresenta a degradação da Bahia e do eu-lírico, em virtude do sistema de trocas
imposto à Colônia, o qual privilegiava os comerciantes estrangeiros.
IV. Os
versos “Que em tua larga barra tem entrado” e “Deste em dar tanto açúcar
excelente” conferem ao poema um tom erótico, pois, simbolicamente, sugerem a
ideia de solicitação ao prazer.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são
corretas. b) Somente
as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e
IV são corretas.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
I. “A cada canto um
grande conselheiro,
Que nos quer governar
cabana e vinha;
Não sabem governar sua
cozinha,
E podem governar o mundo
inteiro.”
II. Há coisa como ver um
Paiaiá
Mui prezado de ser
Caramuru,
Descendente do sangue de
tatu
Cujo torpe idioma e
Cobepá”
III. “Rubi, concha de
perlas peregrina,
Animado cristal, viva
escarlata,
Duas safiras sobre lisa
prata,
Ouro encrespado sobre
prata fina.
Este o rostinho é de
Caterina.”
IV. “Ardor em coração
firme nascido!
Pranto por belos olhos
derramado!
Incêndio em mares de
água disfarçado!
Rio de neve em
fogo convertido!”
6. (G1 - cftmg 2011) Conforme afirma o
critico literário Alfredo Bosi, são conhecidas as críticas “de Gregório de
Matos contra algumas autoridades da colônia, mas também palavras de desprezo
pelos mestiços e de cobiça pelas mulatas. A situação de “intelectual” branco
não bastante prestigiado pelos maiores da terra ainda mais lhe pungia o amor
próprio e o levava a estiletar às cegas todas as classes da nova sociedade.”
Essa afirmação pode ser comprovada apenas pelos
fragmentos
a) I e II. b) I e
IV. c) II e
III. d) III e
IV
Leia o
Texto:
Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:
(...)
Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.
Oh não aguardes, que a madura idade
Te converta essa flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
7. Neste
poema, NÃO se percebe
a) humor ferino.
b) prazer existencial. c) fugacidade do tempo. d) efemeridade da beleza.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
SEGUE NESTE SONETO A MÁXIMA DE BEM VIVER QUE É
ENVOLVER-SE NA CONFUSÃO DOS NÉSCIOS PARA PASSAR MELHOR A VIDA
SONETO
Carregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ousadas,
Do que anda só o engenho mais profundo.
Não é fácil viver entre os insanos,
Erra, quem presumir que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.
O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo, mar de enganos,
Ser louco c'os demais, que só, sisudo.
(MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo:
Cultrix, 1989. p. 253)
8. (UFRJ
2009) O soneto de Gregório de Matos
apresenta, em sua construção, um conflito entre o eu-lírico e o mundo.
a) Em que consiste esse conflito?
b) Qual foi a solução proposta?
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
1 Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.
5 Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
9 A flor baixa se inculca por Tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra o que mais chupa.
12 Para a tropa do trapo vazo a tripa,
E mais não digo, porque a Musa topa.
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
(MATOS, Gregório de. Poemas Satíricos.
São Paulo: Martin Claret, 2004, 55-56)
9. (Unifesp
2009) Levando em consideração que, em
sua produção literária, Gregório de Matos dedicou-se também à sátira
irreverente, pode-se afirmar que os versos se marcam:
a) Pelo sentimentalismo, fruto da sintonia do eu
lírico com a sociedade.
b) Pela indiferença, decorrente da omissão do eu
lírico com a sociedade.
c) Pelo negativismo, pois o eu lírico condena a
sociedade pelo viés da religião.
d) Pela indignação, advinda de um ideal moralizante
expresso pelo eu lírico.
e) Pela ironia, já que o eu lírico supõe que todas
as pessoas são desonestas.
10. (UFPB)Na
terceira estrofe do soneto (Texto II), o autor
a) defende a nobreza que não é hereditária.
b) utiliza o processo metonímico (uma palavra em lugar
de outra em vista de uma relação de sentido) para referir-se apenas aos nobres.
c) emprega as palavras “Tulipa” e “bengala”, revelando
uma maneira sarcástica e debochada de representar a nobreza em geral.
d) usa as expressões “flor baixa” e “garlopa”, remetendo-as
para o nobre de origem “desconhecida”.
e) traduz, sobretudo no terceiro verso dessa estrofe,
uma crítica a todo e qualquer nobre.
11.(UFPB) Em
relação aos elementos satíricos, presentes no texto II, é INCORRETO afirmar:
a) O texto é de conteúdo moralista, apesar de fazer
referência às partes baixas do corpo.
b) O verso “Para a tropa do trapo vazo a tripa”
traduz o aspecto grotesco próprio da sátira.
c) A repetição de fonemas idênticos no verso “Para a
tropa do trapo vazo a tripa” traduz os ruídos intestinais.
d) O verso “Em apa, epa, ipa, opa, upa” substitui palavras
obscenas não permitidas pela Musa.
e) A referência às partes baixas do corpo fere os princípios
da sátira por utilizar um vocabulário vulgar.
12. A
produção satírica atribuída a Gregório de Matos
a) circulou, principalmente, através de folhas avulsas,
entre os moradores da cidade.
b) pode ser compreendida como uma voz que tenta desmoralizar
os costumes e incentivar o vício.
c) faz uso de uma linguagem complexa e erudita, pois
era conhecida apenas por nobres e letrados.
d) satiriza apenas os vícios e os desmandos da população
baiana.
e) faz crítica aos princípios do Cristianismo.
13. O verso “Mostra o patife da nobreza o mapa” pode ser interpretado
como uma crítica à nobreza sem linhagem. Passando esse verso para a ordem direta,
mantém-se esse mesmo sentido em:
a) O patife mostra o mapa da nobreza.
b) O mapa da nobreza mostra o patife.
c) O patife da nobreza mostra o mapa.
d) O patife mostra da nobreza o mapa.
e) O mapa mostra a nobreza do patife.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Texto I
Largo em sentir, em respirar sucinto,
Peno, e calo, tão fino e tão atento,
Que fazendo disfarce do tormento,
Mostro que o não padeço, e sei que o sinto.
O mal que fora encubro, ou que desminto,
Dentro no coração é que o sustento:
Com que para penar é sentimento,
Para não se entender, é labirinto.
Ninguém sufoca a voz nos seus retiros;
Da tempestade é o estrondo efeito:
Lá tem ecos a terra, o mar suspiros.
Mas oh! Do meu segredo alto conceito!
Pois não chegam a vir à boca os tiros
Dos combates que vão dentro do peito.
Gregório de Matos Guerra. Sonetos
Texto II
O TEMPO NÃO PARA
Disparo como um sol. Sou forte sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara
Cansado de correr na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara
Mas se você achar que eu tô derrotado
Saiba que ainda estou rolando os dados
Porque o tempo ... o tempo não para
Dias sim ...dias não eu vou sobrevivendo sem um
arranhão
Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para.... não para... não... não para
Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando agulha num palheiro
Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor se escolhe é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam um país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro
Cazuza
14. (Uff 2004) As
estéticas literárias não se confinam a determinados tempos e a determinados
autores na expressão do sentimento e da visão de mundo. De uma forma ou de
outra, os poetas Gregório de Matos e Cazuza (séculos XVI e XX, respectivamente)
discutem as contradições que, atemporalmente, cercam a existência humana.
Transcreva DOIS VERSOS SEGUIDOS DO TEXTO I E DOIS VERSOS SEGUIDOS DO
TEXTO II que comprovem o caráter contraditório da visão de mundo de cada autor.
15. (Uff 2004)
O poeta Gregório de Matos e o compositor Cazuza, como homens de seus
tempos, apresentam, em certos aspectos, atitudes distintas em relação aos
conflitos existenciais. O primeiro reconhece a existência dos conflitos que o
atormentam. O segundo, além de reconhecer conflitos pessoais, expõe as mazelas
que cercam o ser humano em geral.
Transcreva, DE CADA AUTOR (texto I e texto II), DOIS VERSOS SEGUIDOS que
confirmem tal afirmativa.
Notícias da
Califórnia
Aqui são
quatro horas mais cedo, os dias estão azuis dignos de uma crônica de Rubem Braga,
faz calor mas não muito, de noite esfria, comem-se muita verdura e fruta, as
frutas são coloridas mas sem sabor, tudo aqui tem o mesmo gosto, a maçã tem
gosto de melancia que tem gosto de cereais que têm gosto de macarrão que tem
gosto de "waffle" que tem gosto de vinho de Napa Valley que tem gosto
de graveto que tem gosto de pão que tem gosto de "ceasar salad" que
tem gosto de "syrup" que tem gosto de nescafé, a cidade é calmíssima,
as ruas espalhadas, não há edifícios de mais de três andares, apenas alguns, a
arquitetura do medo, por causa dos terremotos, e as estruturas levíssimas,
parece uma cidade de papel onde tudo é florido e arrumado e limpo e vigiado, 1a
polícia passa a cada instante, o imigrante passa a cada instante, o chicano
passa a cada instante, todo mundo de carro, claro, (...) eles mesmos lavam o
carro num posto de gasolina pagam 1,75 dólar, as geladeiras são 2repletas de
guloseimas, tudo aqui é em quantidades vertiginosas, o suco de laranja (que tem
gosto de beterraba que tem gosto de pastel) vem num galão, assim como o leite,
a massa de pizza vem num saco com sessenta, fomos a um mercadão de varejo, tudo
era apavorante, ameaçador, a garrafa de champagne era mais alta do que eu, o
tubo de pasta de dentes era maior do que um tênis do Shaquille O'Neal, o
desodorante era maior do que um pão de forma que era maior do que a presuntada
que era maior do que um garrafão de suco de tomate maior do que o vidrão de
peanut butter, eu me sentia uma liliputiana no país de Gulliver, (...) filmo o
nascimento do Raphael, a "nurse midwife" chamada Joyce faz o parto,
em vez de dizer Push diz Purra! Purra! pois ouviu meu filho dizer,
"Empurra!" Fotografo até cansar de gastar os sessenta filmes do
pacote, a mãe sofre dores atrozes e mia feito um gatinho abandonado, corta o
meu coração, o neném nasce e chora, ah, é lindo! "He's pretty and
pink" diz a "nurse", fazemos de noite uma ceia para comemorar o
nascimento, tomamos vinho e comemos bolo de nozes, hot-dogs e fumamos charutos
e tudo nos embriaga de felicidade, um sentimento vitorioso, de eternidade,
ouvindo música clássica de um disco que o Raphael ganhou na maternidade
"given to over a million new parents in hospitals across America, Smart
Symphonies, classic music to help stimulate your baby's brain development",
enquanto ouço vou também desenvolvendo o meu cérebro e aprendendo a aferir os
encantamentos na máquina de um amigo, poeta.
(Ana Miranda. CAROS AMIGOS, n0. 30, 9/99, p.19)
(com adaptações)
16.(UnB)A
partir do texto anterior, de Ana Miranda, escritora brasileira, autora de BOCA
DO INFERNO, entre outros romances, julgue os itens seguintes.
(1) A exemplo da tipologia textual associada a
Rubem Braga, o texto de Ana Miranda classifica-se como crônica.
(2) Assim como Gregório de Matos Guerra fez uma crítica
da sociedade baiana do século XVII, a autora faz uma crítica da sociedade
californiana do século XX.
(3) A sequência "a polícia passa a cada
instante, o imigrante passa a cada instante, o chicano passa a cada
instante" (ref. 1) pode ser substituída, com vantagem estilística e sem
prejuízo de qualquer natureza, por A POLÍCIA, O IMIGRANTE E O CHICANO PASSAM A
CADA INSTANTE.
(4) A menção reiterada de grandes quantidades e o
uso do grau comparativo de superioridade constituem um recurso estilístico que demonstra
a profunda admiração da autora pelos hábitos californianos (ref. 2).
(5) Com a metáfora final do texto, a autora informa
ao leitor que ela escreve seu texto ouvindo música.
O Barroco se
caracteriza pelo movimento contínuo, curvas e contracurvas, a torsão dos corpos
e o planejamento tumultuado, buscando um efeito dramático.
17. Com base nestas características,
indique a alternativa que contém apenas escultura barroca.
EU BEBO SIM
(Luiz Antônio e João do Violão)
Eu bebo sim,
Eu tô vivendo.
Tem gente que
não bebe
E tá morrendo
Tem gente que
já tá com
o pé na cova,
Não bebeu e isso
prova
Que a bebida não faz mal
Uma pro santo, desce o choro, a saideira
Desce toda a prateleira,
Diz que a vida
tá legal.
Eu bebo sim,
Eu tô vivendo
Tem gente que
não bebe
E tá morrendo
Tem gente que
detesta u m pileque
Diz que é coisa
de moleque, cafajeste
ou coisa assim
Mas essa gente,
Quando tá com a cara cheia
Vira chave
de cadeia,
E esvazia o botequim
Eu bebo sim,
Eu tô vivendo
Tem gente que
não bebe
E tá morrendo
Bebida não faz mal a ninguém
Água faz mal
à saúde.
Em geral, todo texto expressa uma tese.
Isso nem
sempre é comum
em músicas,
mas, na letra
de “Eu bebo sim”,
tal fato
é claro, uma vez
que os autores
defendem a tese de que bebida não faz mal. Para realizar tal ato,
fizeram uso de argumentos
que justifiquem a posição
assumida.
18. Assinale, portanto,
a opção que
NÃO corresponde a um
argumento utilizado pelos
autores.
A)
Quem bebe não
está com o “pé
na cova”.
B) Quem não
bebe faz isso por
despeito, pois,
quando bebe, exagera.
C)
Quem
bebe tem um ritual.
D)
Quem não
bebe não fica criticando os outros que
bebem.
E) Quem bebe vive de bem com a vida.
19. Leia o texto abaixo e
assinale a resposta INCORRETA:
Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem
Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:
Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal em chamas derretido.
Se és fogo como passas brandamente,
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!
Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.
Porfia: insistência, perseverança, obstinação.
MATOS, Gregório de. Seleção, introdução e notas: José Miguel Wisnik. Poemas
escolhidos. São Paulo: Cultrix. p. 218.
A) No poema, a subjetividade do eu lírico é despertada por dois
elementos da natureza que se
opõem: o fogo e a água. O primeiro simboliza a paixão, o pranto pelo
sofrimento amoroso.
B) Nos versos “Incêndio em mares de água disfarçado;/Rio de neve em fogo
convertido”, têm-se a
figura de linguagem prosopopéia, que indica a tensão nos dualismos
“incêndio” e “mares de água”; “fogo” e “rio de neve”.
C) O eu lírico questiona a contradição na manifestação do sentimento
amoroso: se ele é fogo, não deveria passar brandamente; se é neve, não poderia
queimar tanto. Isso evidencia as
contradições da paixão, que confundem o eu lírico por sua manifestação conflituosa.
D) O amor, segundo o eu lírico, utiliza uma estratégia para “disfarçar”
a sua tirania, fazendo com
que pareça menos ameaçadora, pois deseja despertar um sentimento mais
arrebatador que elimine qualquer defesa ou prudência contra a paixão.
E) Nos dois últimos versos, o paradoxo “neve ardente” pode ser
interpretada como a contenção que desaparece quando a paixão nasce; por
oposição, “chama fria” pode significar a paixão “controlada”, que não representa
ameaça ou descontrole.
Leia
o texto:
A Christo S. N. Crucificado estando o poeta na última hora de sua vida.
Meu Deus, que estais pendente em um madeiro,
Em cuja lei protesto viver,
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso, constante, firme, e inteiro.
Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minh vida anoitecer,
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai manso Cordeiro.
Mui grande é vosso amor, e meu delito,
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor, que é infinito.
Esta razão me obriga a confiar,
Que por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.
20. No poema anterior, como em vários
outros da lírica religiosa de Gregório de Matos, o poeta explora algumas
ambiguidades inerentes à doutrina católica. Assinale a alternativa correta
quanto à presença dessa característica no poema.
a) O eu-lírico manifesta sua desconformidade com a doutrina
católica, protestando contra o fato de ter de viver na "lei de Deus"
(primeira estrofe).
b) O eu-lírico confia no perdão divino, escudado no
argumento de que o pecado, por maior que seja, é finito, enquanto o amor de
Deus é, necessariamente, infinito (terceira e quarta estrofes).
c) O eu-lírico, descontente com a própria sorte, é cético
quanto à possibilidade de que Jesus interceda, no momento crucial de sua
morte, em seu favor (segunda estrofe).
d) O eu-lírico argumenta em favor de si
mesmo ao recordar que a r$zão o leva a acreditar em Deus, mas a emoção, em
conflito, leva-o a descrer e a pecar, e) O eu-lírico é irónico ao considerar
"santa" a lei de Deus, e afirma que, apesar dela, morrerá fiel aos
seus próprios princípios (primeira estrofe).
21. Com referência ao Barroco, todas as alternativas são corretas, exceto:
a) O Barroco estabelece contradições entre espírito e carne, alma
e corpo, morte e vida.
b) O homem centra suas preocupações em seu próprio ser, tendo em
mira seu aprimoramento, com base na cultura greco-latina.
c) O Barroco apresenta, como característica marcante, o espírito de
tensão, conflito entre tendências opostas: de um lado, o teocentrismo medieval
e, de outro, o antropocentrismo renascentista.
d) A arte barroca vincula-se à Contra-Reforma.
e) O Barroco caracteriza-se pela sintaxe obscura,
uso de hipérboles
e de metáforas.
22. Assinale a alternativa incorreta.
a) O cultismo, ou gongorismo, é a vertente barroca voltada para
as imagens, a manipulação verbal, a ornamentação estilística.
b) O conceptismo é a vertente barroca voltada para o jogo de idéias,
a argumentação sutil que visa a convencer pêlos recursos da lógica.
c) A linguagem cultista tende ao rebuscamento, ao
preciosismo, pelo acúmulo de
figuras (metáforas, antíteses, hipérboles, sinestesias, hipérbatos, quiasmos,
anáforas etc.).
d) A linguagem conceptista é menos rebuscada que a
gongórica, volta-se mais para o conteúdo das palavras, para a essência de sua
significação.
e) Cultismo e conceptismo são pólos opostos do Barroco é
tendem a ser mutuamente excludentes.
23.Leia o trecho de um sermão, do
Padre António Vieira:
Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos
um estilo tão empeçado, um estilo tão dificultoso, um estilo tão afetado, um estilo tão encontrado a toda parte e a toda a natureza? O
estilo há de ser muito fácil e muito natural. Compara Cristo o pregar e o
semear, porque o semear é uma arte que tem mais de natureza que de arte.
O objetivo do autor é:
a) destacar que a naturalidade - propriedade da
natureza pode tornar mais claro o estilo das pregações religiosas.
b) salientar que o estilo usado na igreja, naquela época, não era afetado nem
dificultoso.
c) argumentar que a lição de Cristo é desnecessária
para os objetivos da pregação religiosa.
d) lamentar o fato de os sermões serem dirigidos dos púlpitos,
excluindo da audiência as pessoas que ficavam fora da igreja.
e) mostrar que, segundo o exemplo de Cristo, pregar
e semear afetam o estilo, porque são práticas inconciliáveis.
24. Assinale a alternativa verdadeira sobre Pe. Vieira e sua obra:
a) Representa o abrasileiramento do estilo barroco
pela incorporação de
tupinismos, termos africanos e do falar coloquial à sua obra.
b) Afastou-se totalmente do cultismo ou gongo-rismo,
atitude que radicalizou a partir do Sermão da Sexagésima.
c) Defendeu o conceptismo, o primado da ideia, dos
argumentos, da "palavra de Deus" sobre o malabarismo verbal e sobre o
preciosismo estéril.
d) Como jesuíta, concentrou-se nos temas místicos: a devoção
mariana, a elevação espiritual, o afastamento das questões mundanas.
e) Foi a maior figura da poesia barroca sacra e
conceptista.
25 - Considere as seguintes afirmações abaixo:
I) O Barroco literário, no Brasil, correspondeu a
um período em que o incremento da atividade mineradora propiciou o
desenvolvimento urbano e o surgimento de uma incipiente classe média formada
por funcionários, comerciantes e profissionais liberais.
II) Uma das feições da poesia barroca era o chamado
conceptismo – exploração de conceitos e idéias abstratas através de evolução
engenhosa do pensamento.
III) A ornamentação da linguagem que caracterizou o
Barroco brasileiro pode ser identificada pelo uso repetido de jogos de
palavras, pela construção frasal e pelo emprego da antítese.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II. c) Apenas III d) Apenas I e III. e) I, II e III.
LXXIX
Entre
este álamo, ó Lise, e essa corrente,
Que
agora estão meus olhos contemplando,
Parece
que hoje o céu me vem pintando
A
mágoa triste, que meu peito sente.
Firmeza
a nenhum deles se consente
Ao
doce respirar do vento brando;
O
tronco a cada instante meneando,
A
fonte nunca firme, ou permanente.
Na
líquida porção, na vegetante
Cópia
daquelas ramas se figura
Outro
rosto, outra imagem semelhante:
Quem
não sabe que a tua formosura
Sempre
móvel está, sempre inconstante,
Nunca
fixa se viu, nunca segura?
(Cláudio
Manoel da Costa)
26. (Unb – Adaptada –
2012) Considerando o textos acima
apresentado como um soneto árcade do Brasil Colônia, julgue os itens e assinale
a alternativa que corresponda a resposta correta.
a)Apesar
de a natureza no Arcadismo ser
apresentada como cenário estático e artificial, no qual o eu lírico não
encontra espaço para manifestar, de forma mais profunda, as verdadeiras emoções
humanas, o texto de Cláudio Manoel da Costa não a apresenta dessa maneira.
b)
No soneto LXXIX, há referências ao próprio ato de representação artística nas
seguintes imagens poéticas: “Parece que hoje o céu me vem pintando” (v.3) e “Na
líquida porção, na vegetante / Cópia daquelas ramas se figura” (v.9-10).
c)
A adoção de formas clássicas europeias, tanto na lírica de Cláudio Manoel da
Costa quanto nos épicos Uraguai, de Basílio da Gama, e Caramuru, de Santa Rita
Durão, impediu que a realidade da Colônia fosse inserida na produção literária
do Arcadismo brasileiro.
c)
A temática lírico-amorosa do soneto LXXIX evoca o mito de Narciso, como
evidenciam os versos em que o eu lírico mira sua imagem nas águas de uma fonte,
o que se realiza, no entanto, de maneira renovada, uma vez que, no reflexo
artístico produzido pelos versos, estão associados os conflitos do mundo
interno do eu lírico à instabilidade do mundo.
d)
A referência textual a mitos gregos está associada à fonte inspiradora dos
artistas árcades que retomam os ideais gregos de arte para a sua produção.
Se das flores a bela contextura
Esmalta o campo na melhor fragrância,
Para dar uma idéia da ventura;
Como, ó Céus, para os ver terei constância,
Se cada
flor me lembra a formosura
Da bela causadora de minha ânsia?
(Cláudio Manuel da Costa)
27.
(MACKENZIE) - Nos versos anteriores, componentes de um soneto,
o eu lírico
a) associa imagens provenientes de sensações distintas para cantar a
beleza da Natureza, tema principal dos tercetos.
b) faz uso de uma estrutura lógica cuja conclusão nega a
proposição inicial acerca da Natureza, manifesta no primeiro terceto.
c) levanta uma hipótese acerca do espaço que o cerca para exaltar as
qualidades superiores da Natureza em relação a qualquer outro ser.
d) confessa sua incapacidade de ser fiel a qualquer
amor possível,
dada a exuberância com que a Natureza concede formosura às mais variadas
mulheres.
e) confessa desgosto por não usufruir em plenitude a
harmonia da Natureza, cuja imagem ele associa à da amada distante.
Texto para o teste 28.
Faz a
imaginação de um bem amado,
Que nele
se transforme o peito amante;
Daqui vem
que a minha alma delirante
Se não distingue já do meu cuidado.
(Cláudio Manuel da Costa)
28.
(MACKENZIE-SP) - Depreende-se corretamente do texto que
a) a pessoa
amada, por meio da imaginação,
transforma o peito amante em alma delirante.
b) a distância entre amante e pessoa amada
é tão grande, que faz do amor algo irremediavelmente perdido.
c) nem nos
sonhos é
possível realizar plenamente o desejo amoroso.
d) o amante,
no plano do imaginário,
transfigura-se no ser amado.
e) o bem
amado atrai para si o peito amante, graças ao delírio amoroso.
“Que os brasileiros são bestas
E estão sempre a trabalhar
Toda a vida por manter
Maganos de Portugal”
29. De acordo com a visão de Gregório de Matos, que tipo de atitude os
brasileiros assumem em relação a Portugal?
INSTRUÇÃO: As questões a seguir têm como base este poema de Cláudio Manuel da
Costa:
Onde
estou? Este sítio desconheço:
Quem fez
diferente aquele prado?
Tudo outra
natureza tem tomado;
E em
contemplá-lo tímido esmoreço.
Uma fonte
aqui houve; eu não me esqueço
De estar a
ela um dia reclinado.
Ali em
vale um monte está mudado:
Quanto
pode dos anos o progresso!
Árvores
aqui vi tão florescentes,
Que faziam
perpétua a primavera:
Nem
troncos vejo agora decadentes.
Eu me
engano: a região esta não era:
Mas que
venho a estranhar, se estão presentes
Meus
males, com que tudo degenera!
30. O estilo neoclássico, fundamento do Arcadismo brasileiro, de que fez
parte Cláudio Manuel da Costa, caracteriza-se pela utilização das formas
clássicas convencionais, pelo enquadramento temático em paisagem bucólica
pintada como lugar aprazível, pela delegação da fala poética a um pastor culto
e artista, pelo gosto das circunstâncias comuns, pelo vocabulário de fácil
entendimento e por vários outros elementos que buscam adequar a sensibilidade,
a razão, a natureza e a beleza. Dadas estas informações,
a) indique qual a forma convencional clássica em
que se enquadra o poema.
b) transcreva a estrofe do poema em que a expressão
da natureza aprazível, situada no passado, domina sobre a expressão do
sentimento da personagem poemática.
31. A crítica literária
brasileira tem ressaltado que o terceiro verso do poema é aquele que concentra
o tema central. Essa mesma crítica, por outro lado, anotou com propriedade a
importância do décimo segundo verso: este verso exprime uma mudança de atitude,
que se corrige nos versos finais graças à descoberta, feita pelo eu poemático,
da verdadeira causa do fenômeno descrito em todo o poema. Responda:
a) Qual o
tema que o terceiro verso concentra? Transcreva outros dois versos que o
repercutem.
b) A que
causas o eu poemático atribui o fenômeno observado na natureza?
Leia o Texto
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
De vossa
alta clemência me despido;
Porque
quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho
a perdoar mais empenhado
32.(FUVEST-SP) - Como
aparece, na lírica
religiosa de Gregório de Matos, a idéia de Deus e do pecado?
33.(FUVEST-SP) - Explique
o paradoxo formulado pelo poeta na estrofe acima.
(FAAP)
Quem deixa o trato pastoril amado
Pela
ingrata, civil correspondência,
Ou
desconhece o rosto da violência,
Ou do
retiro a paz não tem provado.
Que bem é ver nos campos transladado
No gênio
do pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver
sempre o cortesão dissimulado!
Ali respira amor, sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre;
Um só trata a mentira, outro a verdade.
Ali não há fortuna, que soçobre;
Aqui
quanto se observa, é variedade:
Oh
ventura do rico! Oh bem do pobre!
(Cláudio Manuel da Costa)
34. O poema acima relaciona, por meio de antíteses, dois lugares. Dê duas características opositivas desses
lugares.
(UNESP-adaptada) - Instrução: As questões
seguintes referem-se a um fragmento do poema satírico Cartas Chilenas,
atribuído ao poeta neoclássico Tomás Antônio Gonzaga (1744 - 1810).
Cartas Chilenas
A lei
do teu contrato não faculta
que
possas aplicar aos teus negócios
os
públicos dinheiros. Tu, com eles,
pagaste
aos teus credores grandes somas!
Ordena
a sábia junta que dês logo
da tua
comissão estreita conta;
o
chefe não assina a portaria,
não
quer que se descubra a ladroeira,
porque
te favorece, ainda à custa
dos
régios interesses, quando finge
que os
zela muito mais que as próprias rendas.
Por
que, meu Silverino? Porque largas,
porque
mandas presentes, mais dinheiro.
................................................
Agora,
Fanfarrão, agora falo
contigo,
e só contigo. Por que causa
ordenas
que se faça uma cobrança
tão
rápida e tão forte contra aqueles
que ao
Erário só devem tênues somas?
Não
tens contratadores, que ao rei devem
de mil
cruzados centos e mais centos?
Uma só
quinta parte que estes dessem,
não
matava do Erário o grande empenho?
O
pobre, porque é pobre, pague tudo,
e o
rico, porque é rico, vai pagando
sem soldados
à porta, com sossego!
Não
era menos torpe, e mais prudente,
que os
devedores todos se igualassem?
Que,
sem haver respeito ao pobre ou rico,
metessem
no Erário um tanto certo,
à
proporção das somas que devessem?
Indigno,
indigno chefe! Tu não buscas
o
público interesse. Tu só queres
mostrar
ao sábio augusto um falso zelo,
poupando,
ao mesmo tempo, os devedores,
os
grossos devedores, que repartem
contigo
os cabedais, que são de reino.
(Tomás
Antônio Gonzaga)
35 - O texto focaliza com ironia e humor, o
problema da corrupção administrativa e econômica em sua época. Satiriza os
desmandos do governador de Minas Gerais entre 1783 e 1788, Luís da Cunha
Meneses, que aparece no texto sob ocriptônimo de Fanfarrão Minésio. Releia-o
com atenção e, em seguida:
a)
Cite uma passagem do trecho de Cartas Chilenas em que se caracteriza
malversação de recursos públicos pela personagem;
b)
Interprete a passagem compreendida entre os versos de números 26 e 30,
relacionando-se com o tema da “justiça fiscal”, defendida por muitos políticos
e economistas atuais.
Gabarito:
1. a
2. Na poesia de Gregório de Matos a conciliação não se resolve. Na verdade ele reitera um traço do Barroco de tentar unir elementos contrários. Já a poesia " Alegria para sempre" trabalha a ressignificação da perda transformando-a em uma coisa positiva.
3. ?
4. C
5. b
6. a
7. a
8. a) crise por se sentir deslocado ( inadequado,desajustado) em relação coletividade,ao mundo.
b) rende-e ao mundo - o eu lírico mostra que é melhor seguir o mundo o caminho da coletividade do que ficar só.
9. d
10. d
11. e
12. b
13. b
14. Do texto I poderiam ser:
Largo em sentir, em respirar sucinto,
Peno, e calo, tão fino e tão atento,
Que fazendo disfarce do tormento,
Mostro que o não padeço, e sei que o sinto.
Pois não chegam a vir à boca os tiros
Dos combates que vão dentro do peito.
Do texto II poderiam ser:
Cansado de correr na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Mas se você achar que eu tô derrotado
Saiba que ainda estou rolando os dados
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
15. Texto I - Largo em sentir, em respirar sucinto,
Peno, e calo, tão fino e tão atento,
Que fazendo disfarce do tormento,
Mostro que o não padeço, e sei que o sinto.
O mal que fora encubro, ou que desminto,
Dentro no coração é que o sustento:
Pois não chegam a vir à boca os tiros
Dos combates que vão dentro do peito.
Texto II
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam um país inteiro num puteiro
Transformam um país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro.
16. VVFFV
17. a
18. d
19.b
20.b
21.b
22.e
23.a
24.c
25. não tem a resposta - seria apenas a II e III
26. Anulada
27. e
28. d
29. De subserviência , ou seja, trabalhar para sustentar a glória Portuguesa.
30. a) Soneto
b) Árvores aqui vi tão florescentes
...Nem tronco vejo agora decadentes
31. a) A transitoriedade das coisas. " Quem fez diferente aquele prado?"/ " Ali em vale um monte está mudado."
b) aos seus males e ao progresso
32 e 33. O pecado apesar de nos afastar de Deus, seu perdão é a forma de Deus manifestar a sua glória.
34. A oposição se dá entre o campo e a cidade. O primeiro é o lugar de paz, inocência, de sinceridade e de verdade. O segundo é o lugar da violência aparente, dissimulação e da mentira.
35. a) A lei teu contrato não faculta
que possas aplicar aos teus negócios
os publicos dinheiros. Tu, com eles,
pagaste aos teus credores grandes somas,
b) A desigualdade do tratamento da cobrança de imposto entre os ricos e pobres. Os que recebem menos pagam mais.