quarta-feira, 24 de novembro de 2010

UESC - O CONTO EM 25 BAIANOS

O conto em 25 baianos - Questões e Comentários

Por : Mara Rute Lima

A abertura do livro é o parecer interessante feito por Cyro de Mattos, autor de um dos contos e organizador desta seleção. Segundo ele, o conto é uma modalidade textual de difícil definição por ser uma modalidade que se funde, algumas vezes, com outras manifestações artísticas. Afirma também que o conto provém de tempos primitivos.

1. Tomando como base o texto No Reino do Conto que faz a abertura do livro, e sem se prender somente a ele, comente sobre essa modalidade textual. Se sentir necessidade de exemplificação utilize uma das histórias que o próprio livro apresenta.

A moça dos pãezinhos de Queijo

Por: Lorena Ludovino

É uma história que se passa no Largo da Palma em Salvador e é uma história de amor entre a encantadora Célia e o mudo.....

O autor apresenta o Largo da Palma fazendo uso de uma figura de linguagem denominada de personificação dando vida ao Largo e também a cidade de Salvador.

Retire alguns exemplos dessa figura do conto.

O autor apresenta Célia como uma menina que auxilia na fama dos pãezinhos de queijo. Se “alguns se referem aos pãezinhos de queijo do Largo da palma, todos comentam a delicadeza de quem os vende”.

Tudo começou pelo pai que, ao morrer, deixa para a mãe algumas coisas, entre elas, a casa dos pãezinhos de queijo e deixou a Célia a incumbência de cuidar da mãe.

Ela é uma menina bonita, que encanta os que vão comprar os pães e dona de uma voz doce e macia. Não se deixou seduzir por nenhum dos rapazes que até então visitavam a casa. Até chegar Gustavo que foi lá comprar pãezinhos de queijo para sua avó e terminou se encantando pela voz de Célia.

Comente sobre os traços de Gustavo, a relação dele com sua família (igual ou diferente de Célia) e como era a relação dele com Célia.

Após um pedido de Gustavo Célia faz pãezinhos de queijo para ele. Eis o trecho:

“ A massa, o queijo, o sal, o fogo. E veio fazendo os pãezinhos de queijo, um a um, tendo-os nas mãos como se fosse comê-los (...) Sentiu o coração alegre enquanto durou o trabalho e foi essa alegria do coração que a fez inventar um canção que cantou, baixinho, para si mesma. “É preciso querer e querer muito para alcançar.”

....

“ – Quando fiz, Gustavo,pensei colocar nele o meu próprio sangue.

Ele come lentamente, muito lentamente, como se estivesse a comer uma fruta. E mal termina, ela fecha-lhe a boca com a sua própria boca.”

Essas cenas levarão a um desfecho da história a que se poderia aplicar o conceito de milagre do amor? Justifique.

O SORRISO DA ESTRELA

O autor Aleiton Fonseca logo na abertura de seu conto afirma:

“ Estela estava morta, aos treze anos. E eu sentia dentro de mim esta morte. Era um pouco também eu morto, sem tempo de me redimir e poder amar minha irmã, como – só agora!”

Ao utilizar a palavra redimir o autor sugere ter cometido um erro na forma como se relacionava com sua irmã. Comente sobre isso levando em consideração todo o conto.

“ O tempo me deu estes cabelos brancos, mas a minha memória guarda os sinais do semblante de Estela, com suas alegrias sem nenhum motivo. Em nosso quintal, as pedras, os tocos de pau, as folhagens ao vento puxam conversa comigo, mas eu continuo mudo. No entanto, agora sinto: Eu sou Dindinho.

Explique, com base no conto, os trechos em negritos ressaltados no trecho acima.

DEZ ANOS DEPOIS

Por: Laíla Vasconcelos

Fazia dez anos que o Coronel Otaviano Cerqueira morrera, vitima de um infarto. Comemorava seu sexagésimo quarto aniversário num jantar em família, em seu luxuoso apartamento. Participavam apenas sua mulher, D.Marilena, a filha casada, Zilda, e o genro, José Paulo de Andrada.

Foi na terceira garfada de seu prato predileto, camarão dorê com arroz à grega, preparada por Teodora, a velha cozinheira da família, que logo o Coronel empalideceu mergulhando o nariz no prato.

D. Marilena não soltou um grito, deixou se ficar imóvel, enquanto a filha, o genro e a empregada precipitavam se em pânico. Como se nada acontecera continuou seu jantar e depois exigiu sua sobremesa, pudim de leite condensado e um cafezinho.

D. Marilena não compareceu ao velório, não foi ao enterro, não derramou alguma lágrima. Todos não entendiam o que estava acontecendo. D. Marilena enlouquecera completamente e, agora, não era mais a indiferença, ocorria também a ressurreição do marido, mas não houve a necessidade de interná-la.

E que não tentasse dizer-lhe que o coronel morrera, porque era o mesmo que falar com uma parede.

No aniversário do Coronel, todos os anos, o jantarzinho íntimo se repetia igualmente quando ele era vivo.

Aquele era o décimo jantar apor a morte do Coronel. Zilda já tão acostumada com a loucura da mãe quis saber o que o pai estava achando do seu jantar de aniversário. D. Marilena se espanta e indaga a filha perguntando que bobagem era o que ela estava dizendo e reforçando que o marido já havia morrido há dez anos e naquela mesma mesa.

D. Marilena se levanta e caminha para o quarto onde se deita. Neste momento, sua filha e seu genro ao conferi-la na cama, percebem que ela já não estava mais neste mundo, agora sim, devia estar ao lado do seu marido Coronel, e para sempre!

“ – Zilda, que bobagem é esta? O seu pai está morto há dez anos... Foi aqui mesmo, nesta mesa, não se lembra?

E, sem esperar resposta, ergueu-se, sem sequer lançar-lhes um olhar, retirou-se da sala em direção ao seu quarto, deixando a filha e o genro perplexos e emudecidos. Como não voltou de lá de dentro, foram, os dois, atrás dela”.

Porque a resposta de D. Marilena deixou a filha e o genro perplexos?

ROSA TEM FEBRE DEMAIS

“ Chamo os ventos e mando que a ergam, chamo o mar e mando que limpe aquele lugar, chamo os pássaros, chamo as flores e chamos os anjos a cantar. Os ventos a embalam, os pássaros tecem uma rede, uma rede de penas e luar – e Rosa nela se deita, a vida toda refeita sorrindo para a morte que morre a estertorar.”

È correto afirmar a presença do onírico no texto acima?

CORONEL, CACAUEIRO E TRAVESSIA

Considerando a ambientação da história comente o trecho abaixo:

“ Felizes são aqueles que descobrem logo cedo que a vida não passa de uma armadilha que não falha, aqueles que não encontram na morte o pavor de todo coração, os sabedores de que tudo isso aqui embaixo não passa nada mais e nada menos de uma simples travessia e que acreditam nisso aqui como uma passagem que se faz para outro reino com seus grandes pastos verdes onde tudo é alegria e canto e paz e abrigo e fortuna de pássaro na sensação de um vôo perfeito.”

O texto do escritor Cyro de Mattos cria diversas passagens sobre o tempo. O que ele retrata quando propõe “Outros tempos”?

COMO UM VELHO SAVEIRO

Retrato
"Eu não tinha esse rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo
eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas
eu não tinha este coração que nem se mostra
eu não dei por esta mudança tão simples, tão certa, tão fácil
em que espelho ficou perdida minha face?"

O tempo já foi cantado pela lira de ilustres escritores da literatura nacional e sobre o tempo, Cecília foi uma das que mais se notabilizou. O Autor Dias da Costa também faz em Como um Velho Saveiro... uma reflexão semelhante a da autora no texto retrato. Após ler o trecho do autor comente sobre ele responder ou não a pergunta feita por Cecília em seu texto.

“ Estou aqui e não estou. Estou aqui, sei que meu corpo está nesta casa, nesta sala. Vejo as coisas familiares, os móveis, os objetos, a lâmpada oscilando de leve, o quadro na parede. Sei que sou eu, que os braços longos, caídos,desanimados são meus braços. Olho no espelho a minha face, reconheço o olhar vago, a testa cada dia mais larga, aboca descaída nos cantos, a barba azulando sobre o queixo e essa palidez de coisa morta, definitivamente morta. Sei que o rosto refletido no vidro é meu rosto, mas não o reconheço.(...) em verdade estou distante, tão distante,no tempo, e no espaço, no passado cada vez mais presente. Olho outra vez a minha face no espelho e nela não encontro desespero, mas somente fadiga e cansaço, irremediáveis e mansos, e imensa solidão”.

Apesar de ser construído em forma de imagens é possível perceber alguns elementos concretos na história. E, em conhecê-los é possível explicar a imagem final de como um velho saveiro que jamais voltará ao caminho do mar. Qual seria?

O ALEIJADO

Apesar de ser a história do menino Elvira Foeppel nesse texto constrói nas entrelinhas a história da mãe, o que amplia o conceito de aleijado aplicado ao menino.

Comente a afirmação acima

TUPAC AMARU

É possível estabelecer uma relação entre essa história e Iracema de José de Alencar em relação a forma de expressão do amor da figura feminina - de adoração.

Ela começa falando da grandeza dele e que, no entanto quando ela o despojava de seus trajes ele era apenas seu homem. Depois fala de quando seu rei foi pego, subjugado a outra cultura, inclusive religiosa e foi humilhado em frente a seus súditos. Conta afirmando ter visto tudo e diz depois “então morri”.

Essa morte é real ou apenas simbólica?

AS CURVAS DA TOCAIA DO ALTO DA MARAVILHA

A história do conto ao apresentar Tibério Boa Morte faz a denúncia de como se estabelecia as coisas nas terras do cacau e retrata uma personagem que compõe a escala social da hierarquia do cacau.

Comente a afirmação acima tomando como base o conto e seus conhecimentos de história regional.

A CASA É A CASA

O texto de Helena Parente faz a leitura de dois tempos e apresenta um interlocutor(es) que conversa com a dona da casa. Quais são esses dois tempos e em qual está o interlocutor(es)?

É possível perceber a história da vida da mulher através de imagens relacionadas à casa. Apresente sua trajetória apresentando imagens que comprovem suas afirmações.

O que se pode entender do texto abaixo que finaliza o conto A casa é a casa?

“ Por que você ainda não arrumou suas coisas no apartamento? Por que você só pendurou na parede o quadro de flores? Por que você não quer receber suas amigas? Por que você não quer ir caminhar no calçadão? (...) Pelo amor de Deus, você não se lembra de nós? Ouça, nós somos suas melhores amigas, vamos indicar um tratamento para você e só queremos o seu bem. Sobretudo agora que você está perto de nós, morando no Leblon.”

O OUTONO DO NOSSO VERÃO

Além de propor esse título de sentido conotativo, o autor constrói um texto para um interlocutor específico. De quem se trata e sobre o que é a história?

CASA DOS TRINTA

O autor começa por dizer que criar uma academia não é uma idéia original, diz que no Brasil inclusive possui muitas e não somente de letras literárias o que seria perfeitamente plausível a criação de uma academia dos trinta. O que nela de pouco comum? É possível perceber uma certa ironia machadiana na construção dela. Comente também.

No texto, Herberto Sales apresenta uma justificativa, segundo ele, histórica para o fato de não sermos leitores. Qual seria?

O que o autor quis dizer com o trecho: “oh, a derrota! Vaidades feridas, frustrações, ressentimentos. Não havia dúvida: a Casa dos Trinta, conquanto fosse uma academia diferente, era uma academia como outra qualquer.”

Que tipo de denuncia aparece no texto relacionada ao carnaval?

Horário de Expediente

Dr. Mariano, homem por natureza morigerado e paciente, mesmo levando-se em conta o tempo que já passou a esperar, não se apressa, tanto mais que sendo a única pessoa a esperar audiência fatalmente acabará por ser recebido conforme imagina. E assim se deixa ficar, mudando discretamente de posição na poltrona a intervalos (....)

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Serenados os ânimos, ouve-se apenas a longínqua voz do Dr. Libório no interfone;percebendo que ninguém lhe dá atenção, ele tenta abrir a porta do seu gabinete para saber o que estava acontecendo na ante-sala;mas inutilmente, porque a porta já está inteiramente bloqueada por uma montanha de livros empilhados.

Os trechos acima revelam dois momentos distintos na história no que se refere a forma como Dr. Mariano está ocupando o escritório de Dr. Libório. O que há de diferente?

O título da história diz muito do conteúdo do conto? Justique.

É correto aplicar ao texto a idéia de que a paciência do outro e o relapso na ocupação de nossos espaços podem nos levar a perder território?

A CAMPAINHA ASSASSINA

Essa história está bem relacionada com o conto ...... de Senhorita Simpson que também conta de um trabalhador que é oprimido por seu trabalho.

Aqui o homem vive irritado com o barulho da companhia chegando a ser traumatizante e provacando nele a vontade de destruir, destruir, destruir

Apesar de sugerir que o que mata João Marangávio é uma campainha o autor vai apresentando a personagem de modo a dar ao leitor a oportunidade de entender o tal som apenas como elemento no conjunto de coisas que levam João ao final trágico. Quais são as referências que o texto faz disso?

Qual leitura sociológica pode ser feita do trecho abaixo?

Ao longo de vários dias, a conversa girou em torno dos desígnios que transformaram um cidadão humilde num perigoso assaltante noturno. Todos sentenciavam que na vida há fatos inexplicáveis e que é preciso muita cautela com a força dos astros diante do destino frágil dos homens. Na rotina dos dias imprevisíveis, um novo servente, aprumado na saleta, começava a ser massacrado pelo som da companhia que transformara, aos poucos, num inferno sem remissão, a vida do infeliz Marangávio, morto a bala no meio da rua, apesar da sua conduta de ‘pacifico cidadão exemplar’ – como dizem, com gravidade, os patrões benevolentes, e acabou constatando dos seus últimos registros profissionais.”

ALANDELÃO DE LA PATRIE

O conto, apesar de ser uma história que envolve animais, é em sua profundidade uma análise de raças. Que opinião o narrador propõe sobre as raças expostas no texto?

O APITO

O Conto apresenta a história de um menino que sonhava em ver um grande navio no Porto de Ilhéus. Tal sonho não se realiza e o motivo foi inclusive um dos temas desencadeadores do romance Gabriela: cravo e canela de Jorge Amado. De que questão se trata?

DEUS NUMA SEGUNDA-FEIRA

Esse conto possui trechos de caráter existencial que precisa ser analisado por partes ele será enviado na íntegra para o e-mail de vocês.

ALMOÇO POSTO NA MESA

É correto afirmar que a construção desse conto é feita com elementos fantásticos? Justifique.

UM CASO COMPLICADO

“Afinal, porque gritavam tão alto, porque choravam e se maldiziam aos brados, o que diziam de monstruoso e terrível que não percebia?

O sol incidiu vigorosamente nos vidros da clarabóia, o quarto suspenso em luz, nave espacial de transparência opaca, parados os ponteiros dos relógios, o tempo aprisionado naquele espaço,domado no seu corcovear de cavalo enfurecido.”

Considerando a totalidade do conto, o que levou ao espanto, às pessoas que viam essa cena?

O conto também reflete que a profissão está relacionada a vocação.

FELIZ ANIVERSÁRIO!

O jantar transcorreu na mais perfeita harmonia. Ela sorriu, gesticulou muito, contou coisas de si. A criada apenas ouvia. Perplexa. O fato é que a inesperada ausência do convidado, tão ansiosamente esperado, não pareceu tê-la entristecido nem um pouco. E se isso aconteceu, passou bem rápido. Estava disposta e bem humorada. Um tanto esquisita essa patroa...”

A naturalidade com que a personagem lida com a ausência do convidado no seu aniversário pode ser vista pela perspectiva da empregada?

O DESEJO E SUA DANÇA

“Elvira estava próximo ao desespero porque ia completar trinta anos de idade e ainda era virgem. Mas preferiria morrer a declarar tal desespero a alguém. Para serenar seu desejo de homem, costumava dançar sozinha, trancada no seu quarto.”

A personagem acima foi construída numa história que revela um teor religioso/mitológico sobre sua personalidade. Explique tomando como base o conto.

EMÍLIA

Então ele sentiu dois punhos nas costas:

- Covarde!

Agora, contra o peito:

- Covarde! Covarde!

Ela nunca estivera tão próxima. Recuou, tonto, a vida para sempre desgraçada.

No contexto do conto explique o trecho “ a vida para sempre desgraçada.”

A OUTRA PONTA DO ARCO-ÍRIS

O texto é uma história de construção de respeito a cultura afro? Justifique.

NA PENUMBRA

“ A respiração do homem vai ficando mais regular e ruidosa. Quando percebe que ele dorme profundamente, a mulher desprende-se devagarinho do seu abraço e fica observando-o. Depois se aproxima, beija-o de leve nos lábios. Com uma das mãos, acaricia-lhe o rosto, com a outra vai explorando o fundo poço do seu próprio sexo, numa lenta exploração de prazer.

- Papai, papai – ela murmura, olhando para o homem adormecido.

A imagem proposta acima pode ser entendida como patológica?

UM SAVEIRO TEM MAIS VALIA

“Quando o viu, a nado e safo, embora de mastro quebrado, sem os panos, um rombo no casco, com metade nágua – mas mesmo assim, cheio de dignidade – só então lágrimas afloraram nos olhos de Maria.”

O termo “só então” sugere que houveram outras coisas que ocorreram. Quais seriam?

2 comentários:

W. Dantas disse...

Obrigado Professora, pela postagem!
Você sempre pensando nos estudantes...
Tá de parabénss!
Abraços!

Marcia Souza disse...

Gracas a vc professora, eu conseguir fazer uma resenha critica sobre o conto A campainha Assassina....
Muito obrigada....
Excelente tarde...
Bjinhos e + bjinhos....