sábado, 5 de novembro de 2011

Vítimas Algozes - Questões importantes para a prova da Federal


O que considerar em Vítimas Algozes: 
Lembre-se o conteúdo aqui serve de auxílio para relembrar a história. Nós queremos que você leia!!!!!!!!!!!!!!



1. O livro foi escrito no Romantismo para um público (sobretudo de mulheres) que viviam sobre o regime escravocrata. Apesar de ter elementos ainda preconceituosos deve ser lembrado como um dos primeiros esforços na tentativa de libertação negra. Um livro de cunho social.
2. Lembrar também que ele era contemporâneo de Castro Alves o poeta baiano romântico conhecido por sua defesa da causa dos negros.
3. Para conseguir seu intento o autor criou uma teoria: Os negros fazem mal não importa que instância social ele esteja na sociedade – se tratado como filho (Simeão), como escravo ( Pai-Raiol), como amante ( Esméria), como escrava  ( Lucinda). E, fazem isso não porque são negros, mas por sua condição de escravo. Assim a sociedade deveria libertá-los para fazer o bem a si mesma.
4. Todas as histórias terão o mal sendo punido. Não nos esquecemos de que a obra é romântica e tem como traço para seus desfechos o Happy End
5. Abaixo veja as questões e os recortes da obra que foram cobrados, exercite as questões para entender a linguagem e a metodologia ideal para responder uma prova da UFBA. Lembre-se de quando estiver fazendo isso observar os elementos do texto. Grande parte das assertivas pode ser respondida com a leitura do texto. A base da prova é a interpretação.
6. A modalidade textual é conto.
6. Vamos conhecer as histórias?
SIMEÃO -  O CRIOULO
1. Simeão é filho da ama-de-leite que amamenta a filha do Domingos Caetano ( o senhor) a morte de sua mãe comove a senhora que passa a tratá-lo como um “filho”. A questão, porém que a obra apresenta é a falta de identidade de Simeão: Não recebe as deferências de filho, mas não trabalha com o escravo.
2. Quando começa a crescer a cozinha – representada pelas escravas de dentro vivem dizendo a  Simeão de sua condição de escravo. A Sala – seus senhores – não dão mostras de que ele seja filho e ele. Na venda – Lugar onde ocupava seu tempo -  conhece Barbudo que lhe instrui a roubar  a casa quando soube que ele fosse  alforriado, na morte de seu senhor.
3. Barbudo é  um elemento importante na história uma vez que ele é branco e um homem mal. Serve para fortificar a teoria de Joaquim Manuel de Macedo: O homem não é mal por questão de raça.
4. Quando Simeão começa a realizar pequenos furtos para manter o vício da bebida e jogo a família começa a desconfiar. Certo dia Florinda chega a ver tal ação. Primeiro  pede para ele devolver o colar depois ordena que faça. Movido pela raiva Simeão  joga o objeto do furto nos pés dela. O pai chega e visualiza a cena. Bate nele pela primeira vez colocando-o na condição de escravo.
5. Domingos Caetano adoece e providencia um casamento para filha, mas uma prova que de não via Simeão como filho e possível sucessor. A filha casa-se dom Hermano homem não muito rico, mas trabalhador.
6. Simeão não gostava de Hermano e não suportava a ideia de  ter que viver com ele como senhor. Motivo? Já tinha levado um tapa do Hermano quando invadiu sua casa à noite para ficar com uma de suas escravas. Hermano não lembrava.
7. Simeão acompanhava Domingos Caetano para todos os lugares, os outros imaginavam  ser zelo de filho, mas ele queria estar perto no momento da  morte para poder aproveitar a confusão e furtar. Ele sabia que quando o senhor morresse ele seria livre, mas precisava de dinheiro para poder ser de fato.
8. Como Domingos Caetano demorou em morrer ele volta a sair para jogar e demora em sua volta. Um dia retornou e o senhor estava morto e a casa em perfeita ordem. Pior: sua posse passou a ser da esposa e filha de Domingos.
9, O autor alerta: a liberdade não se promete. Dá-se ao escravo. Esse por não ter esperança de libertação assalta a fortaleza ( pode porque dentro dela havia escravos), mata os que estavam nela e foge.
10. O dramático é que  a chacina ocorre na noite que antecede seu aniversário e a moça tinha planejado presenteá-lo com sua carta de alforria como presente.
11. Como sabemos ele vai ser punido. Essa é uma história romântica e o mal não prevalece. Mas o livro pluraliza Simeão. Ele é apenas um dos muitos escravos que fazem o mal. Simeões .

PAI RAIOL - O FEITICEIRO
1.   O conto  começa por apresentar elementos de preconceito coma  cultura africana como suposta corrupção da crença religiosa e dos costumes. Essa questão já foi cobrada na prova.
2. O narrador condena aqueles senhores que compram escravos e não consideram que aqueles seres tem alma. E apresenta um homem bem sucedido Paulo Borges que traz a desgraça para família quando compra 20 escravos e entre eles estão Esméria e Pai Raiol.
3. Pai Raiol era feio e Esméria era bonita e se envolvia com ele  por medo. A narrativa diz que Pai Raiol sabia matar e  matou o gado e destruiu parte da plantação de Paulo Borges. Seu plano mas ambicioso porém foi utilizar Esméria para seduzir Paulo Borges e quando essa  tinha sua inteira confiança trama e realiza a morte da esposa de Paulo e  dos filhos.
4. O plano era Paulo ser morto e Esméria transformar Pai Raiol no dono de  tudo junto com ela, mas  ela engravida e por medo de Pai Raiol intentar algo contra seu filho aciona um negro forte seduzindo-o para matar Pai Raiol.  Nessa mesma noite ela envenena o café de Paulo Borges para que esse morra.
5. Pai Raiol vai ser morto por Tio Alberto e uma escrava (Lourença) avisa sobre  tudo para Paulo. Fizeram isso por amor ao seu Senhor? Tio Alberto por interesse em Esméria e Lourença por vingança contra Esméria. Provando a teoria que o escravo não faz bem ao seu senhor.
6. Pai Raiol é morto, Esméria presa e no fim de novo o bem vence o mal, mas o livro diz que há muitas Vítimas algozes – vítimas que fazem mal por aí.

LUCINDA - A MUCAMA
1. No aniversário de 11 anos Cândida ganha uma menina igual a ela.
2. Elas recebem educação diferente. Cândida aprende piano e a outra  a fazer bonecas para agradar sua senhora, e mais: a escravizar sua dona, para de algum  modo ser liberta.
3. E realiza uma série de feitos. Cândida se transforma então  em namoradeira, mente para a  mãe,  envolve-se com Souvanel....
4. Souvanel era Dermany fugitivo que queria casar com ela e pegar o dote. Prometeu a mucama que se recebesse sua ajuda fugiria com ela.
5. A mucama permite a entrada dela no quarto da menina e chega a dar café amargo pela manhã para moça para que ela pensasse estar grávida.
6. Quando descobre tudo depois de fugir com Souvanel e pegá-lo nos braços de sua mucama Cândida é  acolhida por Frederico. Atua aqui um elemento romântico. O amor como redenção.
7. A história termina dizendo que não  se podia esperar coisa diferente da mucama, uma vez que ela provinha do lodo e que a forma de evitar tudo isso era banindo a  escravidão.

Questões da UFBA envolvendo Vítimas – Allgozes
Questão 06   (Valor:  20  pontos) - Adaptada
Plácido Rodrigues, o padrinho de Cândida, conseguira vencer a justíssima repugnância, talvez a instintiva ou providencial obstinação da afilhada, trazendo-lhe de presente para sua mucama a crioula Lucinda, que sabia pentear e fazer bonecas. Depois da ama, mulher livre, a mucama, crioula escrava!... Cândida tinha perdido a companhia da mulher que era nobre, porque era livre, e o serviço de braços animados por coração cheio de amor generoso, que é somente grande, quando a liberdade exclui toda imposição de deveres forçados por vontade absoluta de senhor. E em substituição da companheira livre, amiga, e devotada, recebeu alegre a crioula quase de sua idade, a mulher escrava, uma filha da mãe fera, uma vítima da opressão social, uma onda envenenada desse oceano de vícios obrigados, de perversão lógica, de imoralidade congênita, de influência corruptora e falaz, desse monstro desumanizador de de criaturas humanas, que se chama escravidão.
MACEDO, Joaquim Manuel de. As vítimas-algozes: quadros da escravidão. 4 ed. São Paulo: Zouk, 2005. p. 127.UFBA 2006 - 2ª fase - Português - 10
O  texto  de  onde  foram  extraído  o  fragmento  transcrito  discute,  em   contexto sócio-histórico,  a  condição  do  negro.
1. Com base na leitura da obra, analise o ponto de vista que se manifesta nesse fragmento.

UFBA – 2006 –
Simeão foi ator nesse teatro de reais e despedaçadoras aflições, em que só ele tinha papel estudado. Os transportes de dor, em que se estorciam Angélica e Florinda, não o comoveram. Viu sem se enternecer as lágrimas que Angélica chorara de joelhos, abraçando os pés de seu marido quase agonizante, e em um momento supremo, em que a todos se afigurou derradeiro trance de Domingos Caetano, e quando Florinda nesse desespero que olvida tudo, tudo e até o pudor de donzela, quando Florinda descabelada, delirante se lançava no leito de seu pai, e era dali arrancada por parentes, contra quem se debatia em desatino, ele, o escravo, o animal composto de gelo e ódio, ele teve olhos malvados, sacrílegos, infames que pastassem lubricamente nos seios nus, nos seios virginais da donzela que se deixava em desconcerto de vestidos pelo mais sagrado desconcerto da razão.
Simeão, escravo, contando com a liberdade, e calculando com o roubo de sacos de prata e ouro, velava sinistro ao lado de seu senhor agonizante, estudando-lhe na desfiguração, na decomposição do rosto, e no arfar do peito os avanços da morte, que era o seu desejo. [...]
Não condeneis o crioulo; condenai a escravidão. O crioulo pode ser bom, há de ser bom amamentado, educado, regenerado pela liberdade.
O escravo é necessariamente mau e inimigo de seu senhor.
A madre-fera escravidão faz perversos, e vos cerca de inimigos.
MACEDO, Joaquim Manuel de. As vítimas-algozes: quadros da escravidão. 4. ed. São Paulo: Zouk, 2005. p.26-27.

O fragmento transcrito e a leitura da obra respaldam as seguintes proposições:
(01) Ao dizer  “Simeão foi ator nesse teatro de reais e despedaçadoras aflições, em que só ele
tinha papel estudado.” (l. 1-2),  o narrador onisciente critica a postura dissimulada do escravo.
(02) As expressões “não o comoveram” (l. 2-3), “sem se enternecer” (l. 3), “animal composto de gelo e ódio” (l. 8), “olhos malvados, sacrílegos, infames” (l. 8-9) sublinham a transparência da personalidade de Simeão.
(04) O fragmento “velava sinistro ao lado de seu senhor agonizante, estudando-lhe na desfiguração, na  decomposição  do rosto, e no arfar do peito os avanços da morte, que era o seu desejo.” (l. 13-15) antecipa ações que vão marcar o desfecho da narrativa.
(08) A escravidão avilta o ser humano que, nessa condição, desenvolve sentimentos e atitudes irracionais e cruéis.
(16) Ao afirmar “O escravo é necessariamente mau e inimigo de seu senhor” (l. 19), o narrador assume um ponto de vista fatalista, inspirado na tese do determinismo social.
(32) Os três parágrafos finais do texto apresentam indícios de que se deve abolir a escravidão por razões humanitárias e econômicas.
UFBA 2007
O escravo africano é o rei do feitiço.
Ele o trouxe para o Brasil como o levou para quantas colônias o mandaram comprar, apanhar, surpreender, caçar em seus bosques e em suas aldeias selvagens da pátria. Nessa  importação  inqualificável e forçada do homem, a prepotência do importador que vendeu e do comprador que tomou e pagou o escravo, pôde pela força que não é direito, reduzir o homem a cousa, a objeto material de propriedade, a instrumento de trabalho; mas não pôde separar do homem importado os costumes, as crenças absurdas, as idéias falsas de uma religião extravagante, rudemente supersticiosa, e eivada de ridículos e estúpidos prejuízos.
Nunca houve comprador de africano importado, que pensasse um momento sobre a alma do escravo: comprara-lhe os braços, o corpo para o trabalho; esquecera-lhe a alma; também se estivesse conscienciosamente lembrado, não compraria o homem, seu irmão diante de Deus.
Mas o africano vendido, escravo pelo corpo, livre sempre pela alma, de que não se cuidou, que não se esclareceu, em que não se fez acender a luz da religião única verdadeira, conservou puros e ilesos os costumes, seus erros, seus prejuízos selvagens, e inoculou-os todos na terra da proscrição e do cativeiro.
O gérmen lançado superabundante no solo desenvolveu-se, a planta cresceu, floresceu, e frutificou: os frutos foram quase todos venenosos.
Um corrompeu a língua falada pelos senhores. Outro corrompeu os costumes e abriu fontes de desmoralização. Ainda outro corrompeu as santas crenças religiosas do povo, introduzindo nelas ilusões infantis, idéias absurdas e terrores quiméricos. E entre estes (para não falar de muitos mais) fundou e propagou a alucinação do feitiço com todas as suas conseqüências muitas vezes desastrosas.
E  assim  o  negro  d’África,  reduzido  à  ignomínia  da  escravidão,  malfez  logo  e naturalmente a sociedade opressora, viciando-a, aviltando-a e pondo-a também um pouco assalvajada, como ele.
O negro d’África africanizou quanto pôde e quanto era possível todas as colônias e todos os países, onde a força o arrastou condenado aos horrores da escravidão. No Brasil a gente livre mais rude nega, como o faz a civilizada, a mão e o tratamento fraternal ao escravo; mas adotou e conserva as fantasias pavorosas, as superstições dos míseros africanos, entre os quais avulta por mais perigosa e nociva a crença do feitiço.
MACEDO, Joaquim Manuel de A. As vítimas-algozes: quadros da escravidão. 4 ed. São Paulo: Zouk, 2005. p. 59
A leitura e a análise  desse fragmento permitem afirmar:
(01) O texto encerra uma condenação severa à escravidão.
(02) O trabalho servil desumaniza o escravo, reduzindo-o à condição de besta irracional.
(04) O narrador assume um ponto de vista imparcial, limitando-se a relatar as ações praticadas pelas personagens.
(08) Os escravos eram selvagens e rudes, sendo impossível realizar, com sucesso, a conversão de suas almas à religião de seus senhores.
(16) O texto explicita um ponto de vista etnocêntrico em relação aos povos escravizados.
(32) O narrador, ao dizer que o negro africanizou as sociedades para as quais foi transplantado, apóia seu julgamento em um ponto de vista preconceituoso e estigmatizante.
(64) A influência do negro na esfera religiosa foi nociva, mas se revelou altamente produtiva nos demais campos da atividade social.

UFBA 2010
I .
Era junho e o tempo estava inteiramente frio. A macumba se rezava lá no Mangue no zungu da tia Ciata, feiticeira como não tinha outra, mãe de santo famanada e cantadeira ao violão. Às vinte horas Macunaíma chegou na biboca levando debaixo do braço o garrafão de pinga obrigatório. Já tinha muita gente lá, gente direita, gente pobre, advogados garçons pedreiros meias-colheres deputados gatunos, todas essas gentes e a função ia principiando.
 [...]
Então a macumba principiou de deveras se fazendo um sairê pra saudar os santos. E era assim: Na ponta vinha o ogã tocador de atabaque, um negrão filho de Ogum, bexiguento e fadista de profissão, se chamando Olelê Rui Barbosa. Tabaque mexemexia acertado num ritmo que manejou toda a procissão. E as velas jogaram nas paredes de papel com florzinhas, sombras tremendo vagarentas feito assombração. Atrás do ogã vinha tia Ciata quase sem mexer, só beiços puxando a reza monótona. E então seguiam advogados taifeiros curandeiros poetas o herói gatunos, portugas, senadores, todas essas gentes dançando e cantando a resposta da reza.
ANDRADE, M. de. Macunaíma. São Paulo: ALLCA XX, 1996. p. 57-58.
I I .
Na cidade do Rio de Janeiro (e quanto mais nas outras do império!) ainda há casas de tomar fortuna, e com certeza pretendidos feiticeiros e curadores de feitiço que espantam pela extravagância, e grosseria de seus embustes.
A autoridade pública supõe perseguir, mas não persegue séria e ativamente esses embusteiros selvagens em cujas mãos de falsos curandeiros têm morrido não poucos infelizes.
E que os perseguisse zelosa e veemente, a autoridade pública não poderá acabar com os feiticeiros, nem porá termo ao feitiço, enquanto houver no Brasil escravos, e ainda além da emancipação destes, os restos e os vestígios dos últimos africanos, a quem roubamos a liberdade, os restos e os vestígios da última geração escrava de quem hão de conservar muitos dos vícios aqueles que conviveram com ela em intimidade depravadora. O feitiço, como a sífilis, veio d’África. Ainda nisto o escravo africano, sem o pensar, vinga-se da violência tremenda da escravidão.
MACEDO, J. M. de. As vítimas-algozes: quadros da escravidão. São Paulo: Zouk, 2005. p. 58.
Os fragmentos transcritos aludem a práticas religiosas afro-brasileiras.
• Tendo em vista o contexto das duas obras, compare os dois fragmentos, apontando
semelhanças e/ou diferenças nos pontos de vista enunciados sobre tais práticas.

(UFBA 2010)
Queremos agora contar-vos em alguns romances histórias verdadeiras que todos vós já sabeis, sendo certo que em as já saberdes é que pode consistir o único merecimento que porventura tenha este trabalho: porque na vossa ciência e na vossa consciência se hão de firmar as verdades que vamos dizer.
Serão romances sem atavios, contos sem fantasias poéticas, tristes histórias passadas a nossos olhos, e a que não poderá negar-se o vosso testemunho. Não queremos ter segredos, nem reservas mentais convosco. É nosso empenho e nosso fim levar ao vosso espírito e demorar nas reflexões e no estudo da vossa razão fatos que tendes observado, verdades que não precisam mais de demonstração, obrigando-vos deste modo a encarar de face, a medir, a sondar em toda sua profundeza um mal enorme que afeia, infecciona, avilta, deturpa e corrói a nossa sociedade, e a que a nossa sociedade ainda se apega semelhante a desgraçada mulher que, tomando o hábito da prostituição, a ela se abandona com indecente desvario.
E o empenho que tomamos, o fim que temos em vista adunam-se com uma aspiração generosa da atualidade, e com a exigência implacável da civilização e do século.
MACEDO, J. M. de. As vítimas-algozes: quadros da escravidão. 4. ed. São Paulo: Zouk, 2005. p. 7.
É correto afirmar sobre o fragmento e a obra:
(01) O enunciador, em texto dirigido aos leitores, explicita seu propósito de denunciar a escravidão e de convocar seus contemporâneos a agir pela extinção do trabalho escravo.
(02) A escravidão como prática do passado contradiz, segundo o texto, já no momento em foco, os anseios de uma sociedade moderna e democrática.
 (04) A  crítica à escravidão aparece ilustrada no trecho “Simeão odiava o senhor, que o castigara com o açoute, odiava a senhora que nem sequer o castigara, e, inexplicável nuança ou perversão insensata do ódio, odiava mais que a todos Florinda, a senhora-moça, a santa menina que ofendida, insultada por ele, tão pronta lhe perdoara a ofensa, tão prestes se precipitara a livrá-lo do açoute. O negro escravo é assim.”
(08) O  discurso “E sempre que puserdes a mão em um desses feiticeiros, encontrareis nele um negro escravo... ou algum seu iniciado. E tomai sentido e precauções: o escravo, não nos cansaremos de o repetir, é antes de tudo natural inimigo de seu senhor; e o escravo que é feiticeiro, sabe matar.”, extraído do conto Pai-Raiol, o Feiticeiro, contradiz as aspirações do enunciador do fragmento da obra em análise.
(16) O trecho “Quem pede ao charco água pura, saúde à peste, vida ao veneno que mata, moralidade à depravação, é louco. Dizeis que com os escravos, e pelo seu trabalho vos enriqueceis: que seja assim: mas em primeiro lugar donde tirais o direito da opressão?...” exalta as virtudes do senhor em contradição com a depravação e a maldade do escravo.

UFBA 2011
No fim de cinco anos Lucinda, que era inteligente e habilidosa, deixou a mestra, e tornou à casa de seu senhor para passar logo ao poder de Cândida, trazendo as prendas que presunçosa ostentava, e dissimuladamente escondidos os conhecimentos e o noviciado dos vícios e das perversões da escravidão: suas – irmãs, as escravas com quem convivera, algumas das quais muito mais velhas que ela, tinham-lhe dado as lições de sua corrupção, de seus costumes licenciosos, e a inoculação da imoralidade, que a fizera indigna de se aproximar de uma senhora honesta, quanto mais de uma inocente menina.
A crioula, mucama de Cândida, era pois já então uma rapariga muito pervertida e muito desejosa de se perverter ainda mais; sabia tudo quanto era preciso que ignorasse para não ser nociva à sua senhora.
Assim pois na casa de Florêncio da Silva estava posto o charco em comunicação com a fonte límpida.
MACEDO, Joaquim Manuel de. As vítimas algozes: quadros da escravidão. 4. ed. São Paulo: Zouk, 2005. p. 131-132.
Com base na análise desse fragmento, contextualizado na obra, é verdadeiro o que se
afirma nas seguintes proposições
(01) “presunçosa” (l. 3) e “dissimuladamente” (l. 3) expressam um traço da personalidade e um modo de agir comuns a Lucinda e a Cândida.
(02) A narrativa, de influência romântica, apresenta um final trágico e à personagem Cândida não é concedida a regeneração de sua humanidade, de sua pureza.
(04) A transformação por que passa Lucinda contradiz o ponto de vista, reiterado na obra como um todo, de que a escravidão corrompe e vicia o ser escravo.
(08) A narrativa interage com as questões políticas e econômicas do Brasil oitocentista ao apresentar a mucama como um bem presenteado a Cândida.
(16) O  fragmento e a obra põem a nu o preconceito que vê, no branco, honestidade e pureza e, no negro, perversão e crueldade.
(32) A escrava pervertida será purificada pelo contato com a pureza da menina Cândida,
no transcorrer da narrativa.
(64) A influência corruptora da mucama, para o narrador, é oriunda da própria índole natural
do escravo negro, bem como da influência  do meio.

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