Redação Modelo
Por uma outra conduta
Por uma outra conduta
Na modernidade líquida, o
humanismo como progenitor do desenvolvimento foi substituído pelo totalitarismo
econômico do sistema capitalista. Tendo em vista essa verdade, a lógica do
capital torna-se capaz de subverter as disposições éticas mais intrínsecas da
conduta humana em nome do lucro. Imersa nesse panorama, encontra-se a esfera
médica hodierna repleta de banalização do sofrimento alheio e exercício
essencialmente monetário da profissão.
A era do triunfalismo do mercado
coincide com a falência dos valores morais e subjetivos no âmbito médico.
Partindo desse pressuposto, da recusa ao atendimento de um paciente, motivada
por questões financeiras às consultas superficiais desprovidas de solidariedade
e princípios humanistas, os profissionais de saúde do século XXI tendem a
privilegiar os aspectos tecno-científicos em detrimento dos valores e virtudes
inerentes da profissão, ou seja, o ethos de cuidar. Nesse sentido, distancia-se
progressivamente dos aspectos éticos e altruístas idealizados por Hipócrates.
Segundo Eduardo Galeano a
esperança deve ser a concepção de futuro da humanidade. Seguindo esse viés, os filhos de Asclépio são
capazes por si só de alterar os ditames insustentáveis e bárbaros da comunidade
médica pós-industrial. Dessa forma, os Voluntários do Sertão e a Medicina Paliativa
ensinam: a procura por fazer o bem, seja através de um atendimento não guiado
pelo interesse
financeiro
ou pela inclinação às angústias e sofrimento do próprio ser humano, deve ser o
guia das ações de todos os médicos. Sendo assim, mais que necessário, é
efetivamente possível que mudanças clarividentes no presente projetem
profissionais capazes de realizar com êxito a missão que lhes foi confiada: a
de salvar vidas.
A vida humana torna-se, na sociedade
contemporânea, o grande motor do capital.
Portanto, garantir a reumanização da esfera médica representa,
sobretudo, romper com uma barbárie do século XXI: a banalização do sofrimento
do outro. Nesse sentido, no caminho das mudanças, compreender que não se pode
mudar o começo mas se pode modificar o final deve ser a premissa básica a ser
seguida pela comunidade médica.
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