Com base na leitura dos textos abaixo e nos seus conhecimentos de mundo escreva um texto dissertativo-argumentativo respondendo ao seguinte questionamento:
Podemos
salvar o mundo do egoísmo e da escala destrutiva em que ele está inserido ou
somos todos Canalhas?
Nós, humanos, temos um potencial
extraordinário para o bem, mas também um imenso poder para fazer o mal. Qualquer
instrumento pode ser usado para construir ou destruir. Tudo depende da
nossa motivação. Por isso, é ainda mais importante promover uma
motivação altruísta em vez de egoísta.
De fato, estamos enfrentando muitos
desafios, atualmente. Poderiam ser desafios pessoais. Nossa mente
pode ser nossa melhor amiga ou pior inimiga. Existem também desafios
sociais: a pobreza em meio a abundância, desigualdades, conflitos,
injustiça. E ainda há novos desafios inesperados. Há 10 mil anos,
havia cerca de 5 milhões de seres humanos na Terra. Qualquer coisa que
eles fizessem, a resiliência da Terra logo remediaria a atividade
humana. Após as Revoluções Industrial e Tecnológica, não é mais
assim. Agora somos o principal agente de impacto na Terra.
Por isso a pergunta é: tudo bem,
o altruísmo é a resposta, isso não é novidade, mas pode ser uma solução
real, pragmática? E primeiro, ele existe, o verdadeiro altruísmo, ou
somos egoístas demais? Alguns filósofos pensavam que éramos irremediavelmente egoístas. Mas
somos realmente todos sacanas? Isso é uma boa notícia, não é? Muitos
filósofos, como Hobbes, falaram isso. Mas nem todos parecem
sacanas. Ou o homem é como um lobo para o homem? Este cara não parece
tão mal. É um dos meus amigos do Tibete. É muito gentil. Agora,
nós adoramos cooperação. Não há prazer maior do que trabalhar juntos,
certo? E não só os humanos. Então, claro, há a luta pela vida, a
sobrevivência do mais apto, o darwinismo social. Mas na evolução, a
cooperação – embora a competição exista, claro - a cooperação deve ser bem
mais criativa para ir a níveis altos de complexidade. Somos
supercooperadores e deveríamos ir mais além.
Se queremos uma sociedade mais
altruísta, precisamos de duas coisas: mudança individual e mudança
social. É possível a mudança individual? Dois mil anos de estudo
contemplativo disseram que sim, que é. E 15 anos de colaboração com a
neurociência e a epigenética disseram que sim, que nosso cérebro muda
quando se treina o altruísmo. Passei 120 horas numa máquina de ressonância
magnética. Essa foi a primeira vez, por duas horas e meia. O
resultado foi publicado em muitos trabalhos científicos Mostra, sem
dúvidas, que há uma mudança estrutural e funcional no cérebro, quando se
treina o amor altruísta. Só para vocês terem uma ideia: aqui está o
meditador em repouso, à esquerda, fazendo meditação de compaixão, vemos
toda a atividade, e o grupo de controle em repouso, nada
aconteceu, em meditação, nada aconteceu. Eles não foram treinados.
Mas a nível mais global, o que podemos fazer? Precisamos de três
coisas. Aumentar a cooperação: aprendizagem cooperativa na escola, em vez
de aprendizagem competitiva; cooperação incondicional dentro das
empresas, pode existir certa competição entre empresas, mas não dentro
delas. Precisamos de harmonia sustentável. Adoro esse termo! Nada de
crescimento sustentável. Harmonia sustentável significa que agora
reduziremos a desigualdade. No futuro, faremos mais com menos,
continuaremos crescendo qualitativamente, não quantitativamente. Precisamos
da economia solidária. O Homo Economicus não pode lidar com a pobreza em meio a
abundância, não pode lidar com o problema dos bens comuns da
atmosfera, dos oceanos. Precisamos da economia solidária. Se um diz
que a economia deve ser compassiva, dizem: “Não é trabalho nosso.” Mas
se você diz que eles não se importam, isso é mal visto. Precisamos de
compromisso local, e responsabilidade global. Precisamos estender o
altruísmo ao outro 1,6 milhão de espécies.
Portanto,
vida longa à revolução altruísta! Viva a revolução de altruísmo!
Matthieu Ricard – o homem mais feliz do mundo
Trechos do Livro – Somos todos Canalhas
É importante
salientar, Clóvis, que é justamente a incompetência para aferir o grau de
felicidade ou dor do outro que caracteriza o canalha. Não que o canalha seja,
de fato, incapaz de fazê-lo. Não se trata de incompetência por falta de virtude,
mas por indiferença para com o outro. É difícil esperar que alguém que não liga
muito para os outros avalie bem benefícios e malefícios em relação aos seus
semelhantes. Quando um grande benefício para outro requer um pequeno dissabor,
o canalha não cede. É o contrário do herói, que comete grande sacrifício em
prol do outro. O canalha sacrifica o outro desde que isso signifique algum
ganho. Raciocínios típicos do utilitarismo são sedutores para o canalha, mas
ele não chancela perspectivas canalhas.
Redações Modelo dos Alunos do Curso Eu Quero Passar
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