O tema de redação da Bahiana vai ser a cara do Enem 2007 e a vivência seguiu o roteiro da prova. Que tal reler o tema com uma redação modelo e o que a banca esperava?
Embaixo segue a adaptação do tema e uma redação modelo associada a área médica.
#torcendoporvocê
A cultura adquire formas
diversas através do tempo e do espaço. Essa diversidade se manifesta na
originalidade e na pluralidade de identidades que caracterizam os grupos e as
sociedades que compõem a humanidade. Fonte de intercâmbios, de inovação e de
criatividade, a diversidade cultural é, para o gênero humano, tão necessária
como a diversidade biológica para a natureza. Nesse sentido, constitui o
patrimônio comum da humanidade e deve ser reconhecida e consolidada em
benefício das gerações presentes e futuras.
UNESCO. Declaração Universal sobre a Diversidade
Cultural.
Todos reconhecem a
riqueza da diversidade no planeta. Mil aromas, cores, sabores, texturas, sons
encantam as pessoas no mundo todo; nem todas, entretanto, conseguem conviver
com as diferenças individuais e culturais. Nesse sentido, ser diferente já não
parece tão encantador. Considerando a figura e os textos acima como motivadores,
redija um texto dissertativo-argumentativo a respeito do seguinte tema.
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O desafio
de se conviver com a diferença
Ao desenvolver o tema
proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao
longo de sua formação. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e
opiniões para defender seu ponto de vista e suas propostas, sem ferir os direitos
humanos.
Observações:
→ Seu texto deve ser
escrito na modalidade padrão da língua portuguesa.
→ O texto não deve
ser escrito em forma de poema (versos) ou narração.
→ O texto com até 7 (sete)
linhas escritas será considerado texto em branco.
→ O rascunho pode ser
feito na última página deste Caderno.
→ A
redação deve ser passada a limpo na folha própria e escrita a tinta.
● COMENTÁRIOS:
Esta
proposta de redação do ENEM 2007 difere das anteriores por duas razões:
→ A
primeira refere-se à montagem de imagens na qual está inserido o nome da prova
“Proposta de Redação”, onde pode-se ver
várias pessoas de diferentes etnias, idade e origem: a atriz Camila
Pitanga, negra e jovem; um senhor de chapéu que pode ser do interior do país;
um bebê branco; crianças negras
africanas, uma americana e uma indígena e um homem oriental. Esta montagem
faz parte da coletânea textual, não é apenas uma moldura para iniciar a
proposta de redação e, por meio dela, o candidato poderia inspirar-se
observando as pessoas mostradas e refletindo sobre suas vidas, comunidades,
origens, cultura, educação, passado, futuro etc.
→ O
segundo é a letra da música Ninguém = Ninguém do
grupo de rock gaúcho Engenheiros do Hawaii. Esta
música fala da variedade de etnias, culturas, costumes, dentre outros e como há
também uma variedade de visões e opiniões acerca desta diversidades e como não
há igualdades, na verdade, e sim diferenças e como estas são naturais, mas,
apesar disso, há muita indiferença a
estas diferenças e, muitas vezes, esta indiferença nem é sentida pelas
pessoas, pois tornou-se algo normal.
→ Ao
mesmo tempo em que somos todos iguais (somos todos iguais perante a lei, por
exemplo), somos uns mais iguais do que os outros (quando, por exemplo, um rico
que é detido logo é liberado e um pobre não) e, assim, no fundo, ninguém é
igual a ninguém. Bastante coisa para inspirar-se, não?!
→ O
terceiro texto motivador também é uma letra de música, agora dos Titãs, chamada Uns Iguais aos Outros.
Esta canção, de 1995, afirma que todos os homens são iguais, que todos são
filhos de Deus, que todas as etnias mencionadas são de seres humanos, mas que, apesar disso, os americanos são
contra os latinos, os nordestinos já nascem mortos (pelas condições de vida,
possivelmente), que não importa que língua se fala, não levaremos nada desta
vida e, por isso, não devemos julgar para não sermos julgados e não importa
o que se herdou, não levaremos nada (como diria minha mãe, caixão não tem gaveta)
e por isso somos todos iguais, uns
iguais aos outros, porque todos morreremos sem levar nada desta vida.
→ O
quarto e último texto motivador é um texto da UNESCO (Organizações das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – sempre transcrevam siglas nas
redações, aliás) que disserta sobre a imensa diversidade de aromas, sabores
texturas, sons no mundo todo, ou seja, não só as pessoas são diferentes entre
si, mas as frutas, as flores, os animais etc. Porém, nem todos nós conseguimos
viver bem com essas diferenças. O que era para ser encantador, é na verdade,
infelizmente, para muitas pessoas, assustador, visto a existência, ainda no
século XXI, do preconceito étnico, social, xenófobo, homofóbico, dentre outros. A UNESCO afirma, com razão, que a diversidade
é uma necessidade biológica humana e oportuniza intercâmbios, trocas e deve
ser tida como um benefício e não um problema.
● DIRECIONAMENTO – RECORTE:
1.
Todos os textos motivadores da proposta de redação do ENEM 2007
abordam que, na verdade, ser diferente é normal, criticam todos os
tipos de preconceitos e colocam a diversidade como algo natural e benéfico, que
pode ser relacionada à democracia, por exemplo. Relembrar conflitos
étnicos, ainda existentes no mundo, demonstra conhecimento prévio por parte do
candidato.
2.
Exemplificar este problema, com casos conhecidos de discriminação, de
qualquer ordem, contextualiza o tema e pode ser o início de uma
discussão: qual a origem dos preconceitos? Por que eles existem? Por que é tão
difícil para as pessoas conviverem com as diferenças?
3.
A proposta de intervenção social deve pautar-se em projetos
palpáveis, práticos e reais que possibilitem a compreensão, o respeito e a boa
convivência entre todas as pessoas, como por exemplo, oportunidades de
integração de pessoas de religiões diferentes para que uma conheça a da outra.
A escola é um bom ambiente para realizar este tipo de projeto, pois nela, em
todas as aulas, pode acontecer conscientização, educação, juntamente com os
pais e a comunidade.
À favor da vida
No decorrer da
história, segundo Darwin, a vida vem se diferenciando por meio de processos
evolutivos, através dos quais surgiu o homem, portanto somos fruto da
diferença. Entretanto, embora pertençamos à mesma espécie, aspectos étnicos
culturais nos diferenciam uns dos outros. Dificilmente iremos concordar com
todas as manifestações culturais a que seremos expostos, porém temos de
respeitar a todas, o que só acontecerá com a educação e com a civilização do
indivíduo.
A compreensão de um
determinado povo ou costume está intimamente atrelada à necessidade de
entendê-los. Porém, para entendê-los é preciso estudá-los. Nessa perspectiva, a
escola de qualidade proporciona um aprendizado dos motivos pelos quais uma
determinada cultura age desta ou daquela maneira. Do bumba meu boi à capoeira,
não é possível conceber as marcas do regionalismo antes mesmo de saber quais
são as raízes históricas e a formação do povo baiano ou amazonense. Por outro
lado, o ensino também ajuda a moldar a ética através de valores morais, como a
da cidadania.
As várias liberdades,
de religião, de imprensa, de opinião, estão estabelecidas na constituição de
nosso Estado em seu caráter abarcativo. Em virtude disso, é necessário
evidenciar a importância de respeitá-las e de exercê-las enquanto premissa
básica para afirmação da democracia. No entanto, tais liberdades não devem
ferir as liberdades alheias. A
civilização da pessoa implica, entre outras coisas, na aceitação, no respeito e
na convivência com os outros cidadãos.
Para Roberto DaMatta,
antropólogo brasileiro, a história do Brasil mostra que sempre insistimos em
ler e interpretar o país pela via exclusiva da combinação cultural. De posse
desse legado, é preciso ressaltar que embora diferentes, somos todos oriundos
de uma mesma diferença, a vida. Desse modo respeitar o outro, independentemente
de sua cor, credo ou cultura, está para além de uma questão ética, mas
existencial.
A adaptação do tema:
a) o desafio do médico de conviver com as diferenças
b) o desafio da formação do médico para conviver com a diversidade cultural
redação modelo
O século XXI é marcado pela Era da Globalização e do
desrespeito as diferenças. Esses novos comportamentos são um entrave para uma
prática médica capaz de tratar dos aspectos biológicos sem deixar de assistir ao
paciente em sua saúde social.
O mundo está profundamente marcado por um processo de
massificação e o indivíduo, envolvido nesse processo, termina por não respeitar
as singularidades dos seus semelhantes. Mesmo o Brasil, nação multicultural
marcada por diversas matrizes fundadoras, não foge da padronização dos
comportamentos. Nesse processo, a medicina contemporânea é marcada por metas de
tempo e formulários padronizados e vê cada paciente como um número de prontuário.
Assim, como na biologia nada é exato, na cultura o respeito as
diferenças também são primordiais para a garantia da saúde social. Sendo o
médico parte integrante da sociedade e formado para atender os indivíduos também
no aspecto social esse deve respeitar as singularidades entendendo cada paciente
como parte integrante de uma forma de viver própria de ma comunidade.
As mudanças necessárias para que os abismos culturais sejam
preenchidos perpassa por um rompimento de paradigmas historicamente construídos
na cultura brasileira. Às escolas de medicina, como transformadoras de realidades,
cabe fomentar ações como discussões e
vivências para que o futuro médico, nas suas práticas possam produzir igualdades no tratamento.
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