Uma das metas do Curso de Mara Rute é que os alunos consigam
escrever no menor tempo possível sem gastar muito tempo no rascunho. Algumas
histórias de sucesso do curso envolvem 980 em redação com 38 minutos de
produção do texto e 10 na UESB em 45 minutos. Escrever de forma rápida garante
tempo para as outras provas e, Mara garante que não compromete a nota da
redação. Gastar muito tempo para produzir pode tornar o texto confuso.
No mês de maio ela escreveu uma redação no quadro a pedido
dos alunos e foi muito engraçado os desafios impostos pelas turmas.
Teve aluno que passou a semana pensando no tema. Teve gente
que aproveitou para pedir redações modelos de provas que iam fazer na escola.
Teve gente que teve a sorte de ter uma redação modelo para o vestibular que
faria no fim-de-semana e rolou até grana numa aposta feita com Vitor em Vitória
da Conquista de que ela levaria 15 minutos para escrever, caso contrário
pagaria 700 reais.
Ela venceu todas as etapas, algumas bem apertadas é verdade,
Mas o objetivo foi
alcançado. Provar que como em matemática ou física escrever não tem relação com
autoria ou originalidade e sim domínio de uma fórmula.
Essa semana ela desafiou os alunos a produzirem junto com ela.
Veja um trecho da aula em Salvador. Foram 7 artigos produzidos por ela em dois
dias na hora, na aula. Alguns estão aqui para servirem de modelo para vocês.
APRENDER A ESCREVER SE APRENDE ESCREVENDO
ARTIGO 1
Li recentemente no Jornal A Folha de São
Paulo sobre a repressão policial aos professores no Sul do país. Segundo a
reportagem, os professores queriam aumento salarial e foram recebidos pelo
governo com balas de borracha e gás lacrimogênio. Lendo sobre esse episódio,
leitores, a conclusão que se tira de imediato é que, apesar de não vivermos
mais os “anos de chumbo”, lidamos ainda com tempos de liberdade cerceada. Mas
será que é só no Brasil?
Indo um pouco mais adiante na questão,
descobrimos que a falta de liberdade de expressão é uma epidemia mundial não
somente em países com regimes totalitários. E isso enseja uma reflexão não somente sobre o
caso do Brasil e do jornal francês mas acerca da liberdade de uma maneira geral. Em
primeiro lugar, é preciso dizer que, por mais óbvio que pareça, o homem nasce
com o direito de expressar-se garantido pela sua capacidade cognitiva de pensar
e falar. No entanto, ao longo da história, episódios como o regime cubano e a
Coreia do Norte tentam tirar esse direito. Mas Primaveras e Malalas existem
como resistência a esses limites.
A liberdade é inerente ao homem. Não há
regimes nem ideologias capazes de retirar a seu livre arbítrio. Afinal, desde o
Éden que a humanidade escolheu a liberdade em detrimento do paraíso.
22 minutos
ARTIGO 2
Li recentemente um artigo no Jornal A
Folha de São Paulo sobre as manifestações dos professores do Sul do país.
Segundo a notícia, as reivindicações foram recebidas pelo governo com uma
repressão militar. Lendo sobre esse episódio, leitores, a conclusão que se tira
de imediato é que apesar de vencido os anos de chumbo no Brasil ainda existem
limites para a liberdade de expressão. Mas é só o Brasil?
Indo um pouco mais adiante na questão, descobrimos
que, nos últimos anos, muitos atentados contra a liberdade de expressão
aconteceram no mundo não somente em países com regime ditatorial. E isso enseja
uma reflexão não somente sobre o caso do Brasil ou do Jornal Francês, mas sobre
a liberdade de dizer de uma maneira geral. Em primeiro lugar, é preciso dizer
que, por mais óbvio que pareça, o homem nasce com o direito de expressar –se
garantido pela atribuição da capacidade de pensar e falar, somente desta
espécie. E, portanto, seja com Primaveras pelo mundo ou com o surgimento de
novas Malalas, essa espécie buscará a capacidade de manifestar seu ponto de
vista.
A liberdade é inerente ao homem que, ao
longo da história, mutabilizou-se biologicamente e avançou na conquista dos
seus direitos. Portanto, entre o bem e o mal, o poder dizer ou aceitar o
paraíso, o homem do passado preferiu a maçã e o do presente permanece na mesma escolha.
19 minutos
ARTIGO 3
Li recentemente um artigo sobre verdades
que nossos avôs ensinam. Segundo o autor, uma das mais famosas e perfeitamente
aplicável ao momento atual, é a de que não devemos confundir liberdade com
libertinagem. Lendo sobre isso, leitor, a conclusão que se tira de imediato é
que há regras para a liberdade de expressão. Mas será que são respeitadas?
Indo um pouco mais adiante na reflexão,
descobrimos que, quando usado devidamente, o direito de dizer produz mudanças e
justiça social, assim como se viu na Primavera Árabe e no movimento Vem Pra
Rua. Nesses casos, quando a liberdade é punida com repressão e violência, ela
se transforma em mais mudanças, como ocorreu com a ditadura brasileira que não
venceu o Tropicalismo, com os muçulmanos que não calaram Malala ou com os
africanos que não apagaram o discurso de Mandela.
Por outro lado, há os que enxergam a
liberdade sem respeito aos direitos dos outros e assim produzem barbáries. Para
esses, surgem novas leis como o Marco Civil e novas formas de regulamentação,
como a que foi imposta à mídia brasileira.
As frases dos avôs trouxeram à minha
memória outra grande verdade, dessa vez do filósofo Voltaire: “Posso não
concordar com tudo que dizes, mas defenderei até à morte o seu direito de dizer”.
Disto não tenho certeza, já que a liberdade do outro começa quando a minha
termina. Complexo não é? Então podes discordar.
20 minutos
ARTIGO 4
Li recentemente no Jornal A Folha de São
Paulo sobre o ataque ao Jornal Francês e à Editora Abril. Segundo a reportagem,
foram atentados à liberdade de expressão, no século em que dizemos viver o
princípio voltariano de que a liberdade é universal. Lendo essa reportagem,
qual a conclusão que se tira de imediato? Que a liberdade tem algemas. Mas será
que é mesmo?
Indo um pouco mais adiante na questão,
descobrimos que, ao longo da história, o direito à expressão custou vidas. E
isso enseja uma reflexão, não somente sobre o caso da França, mas também sobre
os Anos de Chumbo no Brasil e acerca dos regimes totalitaristas, como ocorre na
Coreia do Norte e em Cuba. Em primeiro lugar, é preciso dizer que, por mais
paradoxal que pareça, o cerceamento da liberdade só impulsiona mais o desejo
humano de expressar-se como bem se viu no Tropicalismo e na Primavera Árabe.
É da natureza humana romper com os
limites impostos para a sua liberdade de expressão. Portanto, mesmo existindo
novos Maos-Tsé-Tungs ou Fideis, haverão sempre Malalas e Mandelas para resistir
às algemas.
19 minutos
ARTIGO 5
Li recentemente no Jornal A Folha de São
Paulo uma declaração do Papa Francisco. Segundo o pontífice, não é porque o
indivíduo tem o direito de dizer que deve dizer o que quer. O mesmo Jornal
trazia como notícia de capa sobre a morte dos jornalistas franceses. Lendo essas
notícias, leitores, qual é a conclusão que se tira de imediato? Que há um
limite na liberdade de expressão. Mas quem o estabeleceu?
Indo um pouco mais adiante na reflexão,é
possível perceber que, ao longo da história humana, os Estados, sobretudo os de
Regime totalitários, buscaram cercear essa liberdade ou limitá-la. No entanto,
os Anos de Chumbo no Brasil não venceram a Tropicália nem tão pouco no Oriente
houve quem pudesse conter a Primavera.
Tais acontecimentos ensejam uma reflexão
não mais sobre o homem lutar pelo seu direito de dizer, mas sobre até que ponto
ele pode dizer sem ferir o outro. Para responder a essa necessidade, surge a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, apontando a ideia de que
expressar-se está diretamente ligado à responsabilidade pelo que é dito. E, no
Brasil, o Marco Civil, regularizando o
uso da internet, aponta caminhos de que o governo deve ser parte integrante
neste processo.
O homem não possui liberdade plena
quando vive em sociedade. Resta a esse, aprender com o filósofo Voltaire que
pode dizer o que quiser, desde que seja respeitado o direito do outro dizê-lo
ou mesmo com a sabedoria popular de que o direito do outro começa quando o meu
termina.
25 minutos - Salvador
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