A produção de artigo de opinião tem sido cobrada em vestibulares recentemente e muitos alunos enfrentam dificuldades em saber que modalidade textual é essa uma vez que eles só sabem ( alguns mal sabem) fazer a famigerada dissertação.
Quer aprender a fazer? Leia artigos de opinião de escritores já renomados. Veja o de Gabriel Chalita abaixo, leia Arnaldo Jabor, vá no site da Uol, G1 e procure artigos de opinião.... Você notará que o que diferencia esse texto da dissertação é o uso da primeira pessoa, a presença de uma linguagem menos ( mas sem exagerar) formal . O que importa mesmo é saber que a base de sua produção é a mesma da dissertação: bons argumentos, mas nesse caso não precisa ser de uma fonte, nem de ninguém. Pode ser de você mesmo. Mas quer um conselho? Diga sua opinião sempre com base numa verdade maior que você.
Boa Produção
Para fazer a
proposta primeiro leia a coletânea
O conto de fadas mudou
O talento para trabalhar e
sofrer de Cinderela dá lugar a mitos que lutam pela própria felicidade.
As princesas estão de volta –
mas desta vez elas não ficam adormecidas aguardando um beijo. Ao descobrir a
demanda das mulheres de hoje por novos modelos de comportamento (heroínas
independentes e poderosas), as indústrias de entretenimento e de brinquedos
repaginaram as personagens para que deixassem de se parecer com donas de casa.
O sucesso foi impressionante. A linha Princesas, da Disney, lançadas em 2001,
uniu Cinderela, Branca de Neve, Bela Adormecida, Ariel, Bela e Jasmine na mesma
série para movimentar US$ 2 bilhões ao ano. Até Cinderela, ícone infantil de
submissão que lavava, passava e cozinhava, empresta seu rosto a produtos como
laptops para garotas que brincam de ser executivas.
(...)
As novas princesas – como a dos
filmes Diário de uma Princesa, 1 e 2 – são adolescentes com interesses pop como
quaisquer outras e podem até terminar o filme nos braços de um grande amor mas
porque o escolheram (e, não raro, o conquistaram). Qualquer semelhança com a
vida atual das mulheres reais modernas não é mera coincidência. “A felicidade
não é mais delegada a outro. Não é necessário que algo ou alguém as torne
especiais”, diz a professora do Instituto de Psicologia da USP, especialista em
relaçõe humanas, Sueli Damergian.
(Texto adaptado, Revista Época, 29/11/2004)
Reportagem do Fantástico
"Esta semana, a Secretaria
de Segurança Pública de São Paulo divulgou dados inéditos sobre a violência
doméstica que atinge o Estado. Os números assustam: a cada hora, pelo menos
oito mulheres são agredidas." - 26/10/2011 - Em SP, uma mulher é agredida
a cada 7 minutos
"No mundo real, as
brasileiras contam com o apoio da Central de Atendimento à Mulher. É só ligar
para o número 180. Em cinco anos, o serviço recebeu quase dois milhões de
ligações. A maior parte feita por mulheres de São Paulo, Bahia e Minas
Gerais." - 27/10/2011 - Reportagem sobre violência congestiona o serviço
Ligue 180
"Segundo dados do governo
federal, 40% das vítimas que fazem a denúncia convivem com o agressor há mais
de dez anos. A atriz Dira Paes, que faz o papel de Celeste, acredita que
denunciar o companheiro é mais difícil do que parece. 'A pergunta que eu mais
ouvia nas ruas era: ‘Quando é que você vai denunciar esse homem? Quando é que
você vai parar de apanhar?’. E eu acho isso incrível, porque é o desejo de todo
mundo, mas não é fácil para quem está dentro do furacão', comenta Dira."
"Desde 2006, quando a Lei
Maria da Penha entrou em vigor, mais de 11 mil homens que agrediram suas
companheiras foram parar na cadeia no Brasil."
"A juíza Elaine Cavalcante
só julga casos envolvendo crimes contra as mulheres na cidade de São Paulo. É
em uma sala que ela faz as audiências e fica frente a frente com agressor e
vítima. 'Eles raramente chegam a pedir perdão para a mulher. Acho que a maioria
nega, poucos acabam admitindo e sentindo arrependimento e vergonha pelo ato
cometido', afirma Elaine."
Proposta 1 :
Pensando no antagonismo dos textos propostos produza um artigo de
opinião sobre os desafios e conquistas
da mulher no século XXI.
MODELOS DE ARTIGOS DE OPINIÃO :
CRAQUE CONTRA O CRACK
Caminhar por certas ruas de São
Paulo é doloroso. Vemos jovens perambulando como zumbis pela cracolândia, com
suas vidas desperdiçadas. Muitos nem sequer viverão para transmitir a nenhuma
criatura o "legado de sua miséria", como afirmava Brás Cubas.
Esse cenário desolador não se resume à capital
paulista. Um estudo do psiquiatra Pablo Roig, especialista no tratamento de
viciados em crack, revela que há 1,2 milhão de usuários da droga no Brasil. O
trabalho mostra que, em média, o consumo começa aos 13 anos.
As sombrias constatações são o resultado de
escolhas erradas feitas no passado. O problema não foi diagnosticado a tempo de
evitar que ele assumisse tamanha dimensão. Para reverter essa realidade, temos de
agir imediatamente.
A presidente Dilma Rousseff,
ainda em campanha, anunciou que o combate ao crack seria uma das prioridades de
seu governo. No último dia 21, cumprindo a promessa, afirmou que serão
inaugurados 49 Centros de Referência em Crack e outras Drogas, os quais
formarão 15 mil profissionais de saúde para o atendimento aos usuários.
O consumo de crack se expande em progressão
geométrica. Por ser muito barato, é facilmente disseminado entre a população de
baixa renda. Pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
indica que 72,5% da população em situação de rua de Porto Alegre usa a droga.
Mas o crack também ganha adeptos em outros
extratos sociais. Uma pesquisa feita em 2009 pela Secretaria de Saúde do Estado
de São Paulo indicou um crescimento anual de quase 140% no consumo entre
pessoas com renda superior a 20 salários mínimos.
Os economicamente
desfavorecidos embarcam nessa viagem por não terem condições sociais, materiais
e psicológicas de enfrentar as adversidades da vida.
Os demais veem nas drogas uma possibilidade de
fugir dos problemas inerentes à condição humana. Buscam o prazer aqui e agora,
ilimitadamente. Por caminhos diferentes, uns e outros entram no submundo da
criminalidade, destruindo vidas, sonhos e esperanças.
Aterrorizar os jovens com a desculpa de
informá-los sobre os perigos das drogas não os afasta delas. Estudos mostram
que mais de 90% dos usuários adolescentes conhecem os efeitos e os riscos.
Para prevenir, é fundamental o acesso à
educação plena, aos esportes e ao lazer, além de mais e melhores condições de
trabalho no futuro. Cabe aos pais dar aos jovens a oportunidade de desenvolver
a autoestima, de construir projetos de vida e de estabelecer a percepção de que
cada um é responsável pelas suas escolhas e, portanto, pelo próprio destino.
Os jovens necessitam de um tema
para viver. Os governos e a sociedade têm a imensa tarefa de tratar aqueles que
já estão sob o domínio do vício, reintegrando-os ao convívio social.
Prevenir o uso de drogas significa educar e
conscientizar. Para cuidar dos jovens viciados, que se tornam verdadeiros
farrapos humanos, temos de aliar políticas públicas efetivas a cuidados
especiais.
Fazê-los encontrar um sentido para suas vidas
vai além da ação pública; é um ato de amor ao próximo. E isso requer
"engenho e arte", como dizia Camões. Ou, nas palavras do psicanalista
Erich Fromm, "o amor é uma arte que requer conhecimento e esforço".
Esse é o nosso desafio!
Artigo de Gabriel Chalita,
professor, doutor em filosofia do direito e em comunicação e semiótica, é
Deputado Federal (PSB-SP). Foi secretário de Estado da Educação de São Paulo
(2003-2006).
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