Aprendendo
com a raposa
Da máxima Camoniana de que as
vontades se modificam junto aos tempos à sociedade líquida proposta pelo
sociólogo Bauman, os laços humanos tornaram-se fragilizados. O homem, passou então
a cultivar valores subjugados à materialidade e seus relacionamentos se desfaz
de princípios altruístas e do conceito de cativar.
A perspectiva de competição e
consumo, nos tempos hodiernos, se sobrepõem à necessidade de manter com o outro
um vínculo sólido e verdadeiro. Nesse sentido, perpassando por ações de
corruptos e corruptores ao apego a “smartphones” e amizades construídas e
desfeitas virtualmente, a humanidade cega o seu olhar para o outro e
“coisifica” sua vida e relações. Dessa maneira, os laços altruísticos cederam
lugar à indiferença.
Ademais, vive-se tempos
efêmeros. Alicerçado nessa lógica, o homem atribui preço às horas, desfalece os
rituais de afetividade, trata as pessoas como bens de consumo e se prende às
suas inseguranças ao fazer da interpessoalidade algo volúvel. Assim, o ideal de
cativar presente na obra O Pequeno Príncipe dilui-se no imediatismo e
descartabilidade dos vínculos hodiernos.
De forma análoga ao livro de
Saint-Exupéry, a humanidade, despida de valores, carece de raposas que resgatem
a essência dos relacionamentos. Portanto, faz-se necessário ir além dos
princípios ideológicos e promover, em âmbitos que vão desde o familiar às
relações profissionais, momentos que fortaleçam as interações e permitam que o
ato de cativar não se perca em meio à liquidez.
Anne Dias
Nenhum comentário:
Postar um comentário