sábado, 26 de março de 2022

Tema: As tecnologias da comunicação atrapalham as relações humanas?


                                                                                 Homens mais que seus inventos  

Não somente os circuitos das invenções tecnológicas vão evoluindo com o passar dos anos. Os circuitos neurais dos seres humanos tendem a acompanhar essas mudanças. A maior evidência disso está no cérebro dos jovens que não conheceram o mundo sem computadores e internet. Entretanto, essa geração é formada por pessoas mais ansiosas e apressadas que, por querer tudo ao mesmo tempo e agora, retém menos conhecimento em profundidade e entendem as relações virtuais como sua vida social.  

Há milhares de anos atrás, a leitura não era natural para o cérebro, mas a enorme capacidade de adaptação desse órgão aproveitou mecanismos de identificação de objetos para reconhecer rapidamente letras e palavras. Agora, as mídias digitais vieram alterar as aptidões cerebrais da nova geração. Esses discípulos  de Zuckerberg, têm melhor atenção seletiva visual e tomam decisões com mais rapidez. Portanto, os estímulos das telas sensíveis ao toque e dos jogos eletrônicos pavimentaram uma via expressa entre os olhos e os dedos das novas gerações. 

Apesar de terem desenvolvido um raciocínio rápido e flexível, a geração Y é superinformada, mas superficial. Isso porque ela retém menos conhecimento significativo, por fazer da memória digital uma extensão da sua. Pesquisas da Universidade Estadual da Califórnia aponta que, enquanto conversam com alguém que está fisicamente ao seu lado, os jovens costumam verificar  suas mensagens  em aplicativos como  WhatsApp, "curtir" as publicações dos amigos no Facebook e jogar no celular ou em consoles. No entanto, o cérebro precisa das tentativas e dos erros ocorridos na prática das interações face a face para desenvolver uma inteligência psíquica capaz de ler as micro expressões faciais e a linguagem do corpo, além de reconhecer os estímulos táteis e olfativos. Assim, sem esse tipo de treino social, essa geração não desenvolverá a empatia e a compaixão tornando-se o que Bauman denominou  de humanos-robôs. 

A tecnologia e a conectividade, em si mesmas, não são nem positivas, nem negativas, são apenas ferramentas. Tal como foi na história humana o machado, a faca. Tal verdade permite a cognoscibilidade que o bom ou o mal está no uso indevido e excessivo. Mas se as pessoas substituem o contato pessoal pelo virtual, menos elas treinam as habilidades fundamentais para serem seres sociais. Deixam portanto de ter saúde social e são vencidos pelas ferramentas.  


Redação adaptada pela professora Mara Rute e equipe