Resgate evolutivo
No bojo da relatividade contemporânea, a humanidade encontra-se
mergulhada em uma de suas máximas – a velocidade. Tal égide condena a sociedade
a uma constante mutação que nem sempre leva ao aprimoramento do homem.
Analogamente, o exercício da memorização vai perdendo espaço perante o grande
acervo informacional que assola constantemente as inúmeras associações
pós-modernas.
É fato que, do limiar do extinto século XX ao recente século XXI o homem
transpôs um significativo número de barreiras que lhe proporcionou uma evolução
notável. Portanto, dos meios de comunicação aos meios de produção, o aumento do
arsenal tecnológico garantiu mudanças nas relações homem-terra,
homem-sociedade, homem-eu. Contudo, diante dessas transformações, a capacidade
memorial da espécie perde a sua importância e o seu espaço gradativamente para
as constantes explosões informacionais que inundam a vida atual. Por
conseguinte, evidencia-se a formação de indivíduos sem um passado cultural e
social.
Partindo desses aspectos, na atual conjuntura da humanidade, o sincero
descaso que acomete a memória, é responsável por gerar danos que vão da esfera
psicológica à ambiental. Como resultado, no período que se desdobra, há uma
expressiva formação de sujeitos sem uma identidade social e sem o sentimento de
pertencimento ao panorama que os cercam. Logo, essa não identificação, fruto da
falta de reminiscência, pode culminar no mal que mais se alastra no século XXI
– a depressão. Somando-se a essa configuração, e nessa mesma tangente, as
lembranças de acontecimentos diversos como as Grandes Guerras Mundiais ou até
mesmo a recente Primavera Árabe, servem para ratificar a importância da
memória, ao passo que, mostra ao homem os tortuosos caminhos gerados pela
intolerância, pela violência e pela escassez da clarividência.
Para Eduardo Galeano, a memória não perde o que merece ser salvo. Desse
modo, a humanidade – sem discriminar os fatos - deve-se recordar constantemente
de seus feitos e das consequências geradas por tais. Assim, prosseguirá na trilha
da evolução. Afinal, parafraseando Salvador Dali, é admitindo a persistência da
memória que o homem conhece o passado, entende o presente e projeta
perspectivas para o futuro.
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