domingo, 22 de março de 2015

Redação Nota mil tema água



Água desafio do século XXI. A proposta deve sugerir soluções para problemas ocasionados pela má gestão dos recursos hídricos.
Redação Modelo
O ouro azul e a seca ética
A sociedade muda com o passar do tempo e com ela suas ações e ideais, permitindo afirmar que concepções alteram-se a todo instante no decurso histórico da humanidade. Tal verdade, aplica-se ao uso e gestão da água na pós-modernidade. Destarte, a mesma tem sido vedete de diversas discussões no âmbito sociopolítico, no qual figura o embate entre capitalismo versus visões humanitárias.
Nesse cenário, é preciso destacar, inicialmente, que o ideário que rege a sociedade contemporânea baseia-se fundamentalmente no olhar capitalista de mundo, uma vez que a visão do pequeno grupo que detêm o poder econômico e político mundial sobressai-se em detrimento dos ideais da parcela esmagadora que compõe todo o resto. Logo, bens que em décadas anteriores eram vistos como direitos de todos, passam a ser enxergados - pelo pequeno grupo - como meios econômicos, suscetíveis a privatizações e negociáveis no mercado capital. Nesse contexto histórico da atualidade, a água é analisada sob tais perspectivas, uma vez que sua disponibilidade futura é fruto de dúvidas, o que por vez a transformaria em produto de luxo, o chamado “ouro azul”.
Tal possibilidade não é causada por fatores ambientais, mas por ações antrópicas no meio ambiente. Sendo assim, do desperdício às extremas secas, da destruição ambiental às alterações climáticas, o homem parece não salientar que a pauta refere-se a um bem inalienável a sua vida. Dessa forma, persistem os debates sobre racionalização e gestão adequada da água, bem como o seu papel: de um lado vista como bem econômico, do outro como direito da humanidade. Enquanto isso, dezenas de pessoas morrem todos os anos devido à escassez de tal líquido vital, aliada a fatores como fome, pobreza e falta de higiene. Entretanto, os recursos hídricos continuam sendo utilizados de maneira predatória pelas empresas, agricultura e setores de energia.
Parafraseando o geógrafo Milton Santos, as grandes empresas não têm responsabilidades sociais nem morais, desorganizando desta forma o território tanto moral como socialmente. Partindo desse pressuposto, o controle capitalista dos recursos hídricos não é ético e não deve ser aceito pelas sociedades. Paliativos como a melhoria da infraestrutura e gestão da água, como também maior articulação e ação governamental devem ser tomados para amenizar os efeitos danosos causados pela escassez da mesma.

Ensaio de um novo consumo
Ao longo de seu curso histórico, a humanidade foi pautada na usurpação desordenada de seus recursos hídricos, sobretudo, os de matriz hídrica. No entanto, em ares da era da sustentabilidade, cuja demanda por água de qualidade aumenta e a população expande-se, o mundo caminha sob o desafio de estabelecer um novo paradigma de consumo para esse bem, em direção a um futuro de incertezas.
Assim, desde a Revolução Industrial, com o crescimento urbano e a instituição da água nos processos produtivos, o ciclo hidrológico vem sendo comprometido. Nesse âmbito, em países que vivenciam seu surto de metropolização, a exemplo da China, os riscos de escassez são cada vez maiores, graças ao alto consumo e à poluição dos mananciais decorrentes da ausência de saneamento básico. Aliados ao fenômeno da urbanização, a distribuição pouco equitativa dos afluentes e efluentes potencializa o algoz da falta de água, que de acordo com a ONU atinge cerca de 1/7 da população mundial, sobretudo, na África Subsaariana e no Oriente Médio.
Num mundo pós-moderno que assiste a um salto exponencial em sua população e vive a iminência de um colapso hídrico, grandes levas de água são empregadas na produção de alimentos. Seguindo essa lógica, no Brasil, 70% de seus recursos hídricos alimentam o agrobusiness - responsável por metade do PIB nacional. Mediante esse cenário, é preciso ressaltar que o desfecho para o fantasma da escassez pressupõe, a princípio, a desaceleração da máquina econômica do Estado e alterar seu panorama de desenvolvimento.
Para o teólogo Leonardo Boff, o paradigma da água consiste numa crise silenciosa e democrática – pois atinge a pobres e ricos – que enfatiza a proteção pelos recursos hídricos. Por este viés, é preciso repensar o mecanismo de exploração dessa matriz natural e persistir nas políticas de subsidio ao consumo racional desde as escola aos ambientes de trabalho, no sentido de garantir o aproveitamento racional da água no presente e, sobretudo, no futuro - ainda que isso represente uma retração econômica. Produzida por alunos do Curso Eu Quero Passar

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