No meio da carne tinha
papelão
No prelúdio do século XXI, a segurança alimentar
constitui um fator fundamental para um Brasil mais saudável. Nesse sentido, o
Estado falha em realizar uma regulamentação efetiva da integridade dos
alimentos em circulação. Como consequência desse fato, a qualidade de vida do
brasileiro é intrinsecamente afetada.
O que tem acontecido nos últimos anos é a presença
de uma regulamentação estatal dos alimentos pobre em efetividade e rica em
negligências. Segundo a Polícia Federal, mais de 40 empresas alimentícias no
Brasil eram participantes do esquema de propina que, juntamente com fiscais
agropecuários, permitiam a circulação de alimentos com produtos químicos e
pedaços de papelão. Assim, o que se percebe desse processo é um poder estatal
relapso em relação a segurança alimentar da população e, como lembra José
Graziano, presidente da FAO, a segurança alimentar é parte integrante da saúde
pública do Brasil e responsabilidade do Estado.
Segundo a terceira Lei de Newton toda ação possui
uma reação. No caso brasileiro, a reação para a negligência na regulamentação
dos alimentos é sinônimo de descuido com a qualidade de vida da população. Da
má formação congênita, passando por lesões hepáticas até as intoxicações
crônicas, o brasileiro é, desde a tenra idade, exposto a uma série de alimentos
que ao invés de contribuir deterioram sua saúde. Sobre isso, um Estudo do
Instituto de Nutrição da USP aponta que dos agrotóxicos até substâncias não
regulamentadas presentes em alimentos de consumo cotidiano dos brasileiros, se
houvesse leis mais severas a redução seria de até 70%. Dessa forma, é
perceptível que o bem-estar da população brasileira tem como “Calcanhar de
Aquiles” sua proteção nutricional.
Destarte, a falta de segurança alimentar representa
uma pedra no meio do caminho do desenvolvimento brasileiro. Seguindo essa
lógica, é essencial uma regulamentação mais efetiva por parte do Estado no
concernente aos alimentos da população como condição de cidadania. Isso se dará
a partir de políticas que tornem as fiscalizações mais rígidas e recorrentes,
de modo a evitar o comércio de alimentos com substâncias prejudiciais bem como
a criação de leis mais específicas no âmbito federal para a proteção alimentar
que acompanhem o processamento de alimentos em todas as suas dimensões. Além
disso, faz-se mister o papel da mídia como disseminadora de informação, de modo
a garantir que as informações sobre alimentos cheguem até os consumidores,
garantindo que esses passem, também, a exercer o papel de fiscais dos alimentos
consumidos uma vez que a consciência é um passo essencial na melhoria que
qualquer questão. Desse modo, a falta de segurança alimentar não será a causa
mortis do desenvolvimento brasileiro. (Louise Gramacho- aluna de medicina da Bahiana)
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