Olá....
Segue o material de I Juca Pirama e algumas questões de Periodização. Não se esqueça que na obra não haverá somente obras.
Segue o material de I Juca Pirama e algumas questões de Periodização. Não se esqueça que na obra não haverá somente obras.
Primeiras Palavras:
Para trabalhar bem essa obra é
preciso ter em mente a importância dela no contexto de construção da literatura brasileira. Ela
representa a primeira tentativa de construção do herói nacional no momento em
que estávamos nos transformando em
nação. Entender Juca –Pirama isolado de
seu contexto literário (Romantismo) e dos objetivos de seu
autor ( Gonçalves Dias – 1º geração romântica) é deixar passar elementos
essenciais na construção dessa obra.
Diferente do que
vocês imaginam o livro Juca Pirama só tem de difícil a linguagem,
não muito comum a nós. Para facilitar sua compreensão antes de ler o livro leia
algum comentário sobre a história. Assim você se localizará melhor quando estiver fazendo
sua leitura.
Procure, quando estiver lendo, fazer
anotações sobre o que você entendeu e sobre possíveis perguntas para o
vestibular. Não deixe de anotar, assim, quando você precisar revisitar o texto
já vai ser de uma
maneira mais fácil.
Vale ressaltar que o tema desse livro abre
leque para uma série de discussões
ressalto aqui algumas para você
começar a refletir quando estiver lendo:
1. Macunaíma
é uma construção de herói que
tenta corrigir o índio que os
românticos apresentaram como
herói.
2. O
índio do Romantismo é diferente do índio do Quinhentismo? Tentar estabelecer relações. Leia pelo menos
um resumo da prosa indianista alencariana.
3. Caramuru
– a invenção do Brasil (filme e livro ) também relata de ritual antropofágico. O que há de diferente?
4. Qual
a situação do índio hoje?
5. Veja
que o índio do texto é típico herói romantizado, perfeito, sem mácula que
desperta bons sentimentos no homem burguês leitor. Aproveite e pesquise um
pouco sobre a entrada dessa burguesia na leitura do século XIX. A literatura
teve que se adaptar a ela de que maneira?
“ I –Juca – Pirama”, poema escolhido pela UESC para o
seu vestibular de 2012, integra o livro Últimos Cantos e deve ter sido escrito
entre 1848 e 1851, ano da publicação de Últimos Cantos, ou seja cerca de 161
anos atrás.
I-Juca-Pirama[1]
I
No
meio das tabas de amenos verdores, [2]
Cercadas
de troncos — cobertos de flores,
Alteiam-se
os tetos d’altiva nação;
São
muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis
na guerra, que em densas coortes
Assombram
das matas a imensa extensão.
São
rudos, severos, sedentos de glória,
Já
prélios incitam, já cantam vitória,
Já
meigos atendem à voz do cantor:
São
todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu
nome lá voa na boca das gentes[3],
Condão
de prodígios, de glória e terror!
As
tribos vizinhas, sem forças, sem brio,
As
armas quebrando, lançando-as ao rio,
O
incenso aspiraram dos seus maracás:
Medrosos
das guerras que os fortes acendem,
Custosos
tributos ignavos lá rendem,
Aos
duros guerreiros sujeitos na paz.
No
centro da taba se estende um terreiro,
Onde
ora se aduna o concílio guerreiro
Da
tribo senhora, das tribos servis:
Os
velhos sentados praticam d’outrora,
E os
moços inquietos, que a festa enamora,
Derramam-se
em torno dum índio infeliz.
Quem
é? — ninguém sabe: seu nome é ignoto,
Sua
tribo não diz: — de um povo remoto
Descende
por certo — dum povo gentil;[4]
Assim
lá na Grécia ao escravo insulano
Tornavam
distinto do vil muçulmano
As
linhas corretas do nobre perfil.
Por
casos de guerra caiu prisioneiro
Nas
mãos dos Timbiras[5]:
— no extenso terreiro
Assola-se
o teto, que o teve em prisão;
Convidam-se
as tribos dos seus arredores,
Cuidosos
se incubem do vaso das cores,
Dos
vários aprestos da honrosa função.
Acerva-se
a lenha da vasta fogueira
Entesa-se
a corda da embira[6]
ligeira,
Adorna-se
a maça com penas gentis:
A
custo, entre as vagas do povo da aldeia
Caminha
o Timbira, que a turba rodeia,
Garboso
nas plumas de vário matiz.
Em
tanto as mulheres com leda trigança,
Afeitas
ao rito da bárbara usança,
O
índio já querem cativo acabar:
A coma
lhe cortam, os membros lhe tingem,
Brilhante
enduape[7] no corpo
lhe cingem,
Sombreia-lhe
a fronte gentil canitar,
II
Em
fundos vasos d’alvacenta argila
Ferve o cauim;
Enchem-se
as copas, o prazer começa[8],
Reina o festim.
O
prisioneiro, cuja morte anseiam,
Sentado está,
O
prisioneiro, que outro sol no ocaso
Jamais verá!
A dura
corda, que lhe enlaça o colo,
Mostra-lhe o fim
Da
vida escura, que será mais breve
Do que o festim!
Contudo
os olhos d’ignóbil pranto
Secos estão[9];
Mudos
os lábios não descerram queixas
Do
coração.
Mas um
martírio , que encobrir não pode,
Em rugas faz
A
mentirosa placidez do rosto
Na fronte audaz!
Que
tens, guerreiro? Que temor te assalta
No passo horrendo?
Honra
das tabas que nascer te viram,
Folga morrendo[10].
Folga
morrendo[11];
porque além dos Andes
Revive o forte,
Que
soube ufano contrastar os medos
Da fria morte.
Rasteira
grama, exposta ao sol, à chuva,
Lá murcha e pende:
Somente
ao tronco, que devassa os ares,
O
raio ofende!
Que
foi? Tupã mandou que ele caísse,
Como viveu;
E o
caçador que o avistou prostrado
Esmoreceu!
Que
temes, ó guerreiro? Além dos Andes
Revive o forte,
Que
soube ufano contrastar os medos
Da fria morte.
III
Em
larga roda de novéis guerreiros
Ledo
caminha o festival Timbira,
A quem
do sacrifício cabe as honras,
Na
fronte o canitar sacode em ondas,
O
enduape na cinta se embalança,
Na
destra mão sopesa a iverapeme,
Orgulhoso
e pujante. — Ao menor passo
Colar
d’alvo marfim, insígnia d’honra,
Que
lhe orna o colo e o peito, ruge e freme,
Como
que por feitiço não sabido
Encantadas
ali as almas grandes
Dos
vencidos Tapuias, inda chorem
Serem
glória e brasão d’imigos feros.
"Eis-me
aqui", diz ao índio prisioneiro;
"Pois
que fraco, e sem tribo, e sem família,
"As
nossas matas devassaste ousado,
"Morrerás
morte vil da mão de um forte."
Vem a
terreiro o mísero contrário;
Do
colo à cinta a muçurana desce:
"Dize-nos
quem és, teus feitos canta,
"Ou
se mais te apraz, defende-te." Começa
O
índio, que ao redor derrama os olhos,
Com
triste voz que os ânimos comove[12].
IV
Meu
canto de morte,
Guerreiros,
ouvi:
Sou
filho das selvas,
Nas
selvas cresci;
Guerreiros,
descendo
Da
tribo tupi.
Da
tribo pujante,
Que
agora anda errante
Por
fado inconstante,
Guerreiros,
nasci;
Sou
bravo, sou forte,
Sou
filho do Norte;
Meu
canto de morte,
Guerreiros,
ouvi.
Já vi
cruas brigas,
De
tribos imigas,
E as
duras fadigas
Da
guerra provei;
Nas
ondas mendaces
Senti
pelas faces
Os
silvos fugaces
Dos
ventos que amei.
Andei
longes terras
Lidei
cruas guerras,
Vaguei
pelas serras
Dos
vis Aimoréis;
Vi
lutas de bravos,
Vi
fortes — escravos!
De
estranhos ignavos
Calcados
aos pés.
E os
campos talados,
E os
arcos quebrados,
E os
piagas coitados
Já sem
maracás;
E os
meigos cantores,
Servindo
a senhores,
Que
vinham traidores,
Com
mostras de paz.
Aos
golpes do imigo[13],
Meu
último amigo,
Sem
lar, sem abrigo
Caiu
junto a mi!
Com
plácido rosto,
Sereno
e composto,
O
acerbo desgosto
Comigo
sofri.
Meu
pai a meu lado
Já
cego e quebrado,
De
penas ralado,
Firmava-se
em mi:
Nós
ambos, mesquinhos,
Por
ínvios caminhos,
Cobertos
d’espinhos
Chegamos
aqui!
O
velho no entanto
Sofrendo
já tanto
De fome
e quebranto,
Só
qu’ria morrer!
Não
mais me contenho,
Nas
matas me embrenho,
Das
frechas que tenho
Me
quero valer[14].
Então,
forasteiro,
Caí
prisioneiro
De um
troço guerreiro
Com
que me encontrei:
O cru
dessossêgo
Do pai
fraco e cego,
Enquanto
não chego
Qual
seja, — dizei!
Eu era
o seu guia
Na
noite sombria,
A só
alegria
Que
Deus [15]lhe
deixou:
Em mim
se apoiava,
Em mim
se firmava,
Em mim
descansava,
Que
filho lhe sou.
Ao
velho coitado
De
penas ralado,
Já
cego e quebrado,
Que
resta? — Morrer.
Enquanto
descreve
O giro
tão breve
Da
vida que teve,
Deixai-me
viver!
Não
vil, não ignavo,
Mas
forte, mas bravo,
Serei
vosso escravo:
Aqui
virei ter.
Guerreiros,
não coro
Do
pranto que choro[16]:
Se a
vida deploro,
Também
sei morrer.
V
Soltai-o!
— diz o chefe. Pasma a turba[17];
Os
guerreiros murmuram: mal ouviram,
Nem
pode nunca um chefe dar tal ordem!
Brada
segunda vez com voz mais alta,
Afrouxam-se
as prisões, a embira cede,
A
custo, sim; mas cede: o estranho é salvo.
Timbira,
diz o índio enternecido,
Solto
apenas dos nós que o seguravam:
És um
guerreiro ilustre, um grande chefe,
Tu que
assim do meu mal te comoveste[18],
Nem
sofres que, transposta a natureza,
Com
olhos onde a luz já não cintila,
Chore
a morte do filho o pai cansado,
Que
somente por seu na voz conhece.
— És
livre; parte.
— E voltarei.
— Debalde.
— Sim,
voltarei, morto meu pai.
— Não voltes!
É bem
feliz, se existe, em que não veja,
Que
filho tem, qual chora: és livre; parte!
—
Acaso tu supões que me acobardo,
Que
receio morrer!
— És livre; parte!
— Ora
não partirei; quero provar-te
Que um
filho dos Tupis vive com honra,
E com
honra maior, se acaso o vencem,
Da
morte o passo glorioso afronta.
—
Mentiste, que um Tupi não chora nunca,
E tu
choraste!... parte; não queremos
Com
carne vil enfraquecer os fortes.
Sobresteve
o Tupi: — arfando em ondas
O
rebater do coração se ouvia
Precípite.
— Do rosto afogueado
Gélidas
bagas de suor corriam:
Talvez
que o assaltava um pensamento...
Já
não... que na enlutada fantasia,
Um
pesar, um martírio ao mesmo tempo,
Do
velho pai a moribunda imagem
Quase
bradar-lhe ouvia: — Ingrato! Ingrato!
Curvado
o colo, taciturno e frio.
Espectro
d’homem, penetrou no bosque!
VI
— Filho
meu, onde estás?
— Ao vosso lado;
Aqui
vos trago provisões; tomai-as,
As
vossas forças restaurai perdidas,
E a
caminho, e já!
— Tardaste muito!
Não
era nado o sol, quando partiste[19],
E
frouxo o seu calor já sinto agora!
— Sim
demorei-me a divagar sem rumo,
Perdi-me
nestas matas intrincadas,
Reaviei-me
e tornei; mas urge o tempo;
Convém
partir, e já!
— Que novos males
Nos
resta de sofrer? — que novas dores,
Que
outro fado pior Tupã nos guarda?
— As setas
da aflição já se esgotaram,
Nem
para novo golpe espaço intacto
Em
nossos corpos resta.
— Mas tu tremes!
—
Talvez do afã da caça....
— Oh filho caro!
Um quê
misterioso aqui me fala,
Aqui
no coração; piedosa fraude
Será
por certo, que não mentes nunca!
Não
conheces temor, e agora temes?
Vejo e
sei: é Tupã que nos aflige,
E
contra o seu querer não valem brios.
Partamos!...
—
E com mão trêmula, incerta
Procura
o filho, tateando as trevas
Da sua
noite lúgubre e medonha.
Sentindo
o acre odor das frescas tintas,
Uma
idéia fatal ocorreu-lhe à mente...
Do
filho os membros gélidos apalpa,
E a
dolorosa maciez das plumas
Conhece
estremecendo: — foge, volta,
Encontra
sob as mãos o duro crânio,
Despido
então do natural ornato[20]!...
Recua
aflito e pávido, cobrindo
Às
mãos ambas os olhos fulminados,
Como
que teme ainda o triste velho
De
ver, não mais cruel, porém mais clara,
Daquele
exício grande a imagem viva
Ante
os olhos do corpo afigurada.
Não
era que a verdade conhecesse
Inteira
e tão cruel qual tinha sido;
Mas
que funesto azar correra o filho,
Ele o
via; ele o tinha ali presente;
E era
de repetir-se a cada instante.
A dor
passada, a previsão futura
E o
presente tão negro, ali os tinha;
Ali no
coração se concentrava,
Era
num ponto só, mas era a morte!
— Tu
prisioneiro, tu?
— Vós o dissestes.
— Dos
índios?
— Sim.
— De que nação?
— Timbiras.
— E a
muçurana funeral rompeste,
Dos
falsos manitôs quebraste a maça...
— Nada
fiz... aqui estou.
— Nada! —
Emudecem;
Curto
instante depois prossegue o velho:
— Tu
és valente, bem o sei; confessa,
Fizeste-o,
certo, ou já não fôras vivo!
— Nada
fiz; mas souberam da existência
De um
pobre velho, que em mim só vivia....
— E
depois?...
— Eis-me aqui.
— Fica essa taba?
— Na
direção do sol, quando transmonta.
—
Longe?
— Não muito.
— Tens razão: partamos.
— E
quereis ir?...
— Na direção do acaso.
VII
"Por
amor de um triste velho,
Que ao
termo fatal já chega,
Vós,
guerreiros, concedestes
A vida
a um prisioneiro.
Ação
tão nobre vos honra,
Nem
tão alta cortesia
Vi eu
jamais praticada
Entre
os Tupis, — e mas foram
Senhores
em gentileza.
"Eu
porém nunca vencido,
Nem
nos combates por armas,
Nem
por nobreza nos atos;
Aqui
venho, e o filho trago.
Vós o
dizeis prisioneiro,
Seja
assim como dizeis;
Mandai
vir a lenha, o fogo,
A maça
do sacrifício
E a
muçurana ligeira:
Em
tudo o rito se cumpra!
E
quando eu for só na terra,
Certo
acharei entre os vossos,
Que
tão gentis se revelam,
Alguém
que meus passos guie;
Alguém,
que vendo o meu peito
Coberto
de cicatrizes,
Tomando
a vez de meu filho,
De
haver-me por pai se ufane![21]"
Mas o
chefe dos Timbiras,
Os
sobrolhos encrespando,
Ao
velho Tupi guerreiro
Responde
com tôrvo acento:
— Nada
farei do que dizes:
É teu
filho imbele e fraco!
Aviltaria
o triunfo
Da
mais guerreira das tribos
Derramar
seu ignóbil sangue:
Ele
chorou de cobarde;
Nós
outros, fortes Timbiras,
Só de
heróis fazemos pasto. —
Do
velho Tupi guerreiro
A
surda voz na garganta
Faz
ouvir uns sons confusos,
Como
os rugidos de um tigre,
Que
pouco a pouco se assanha!
VIII[22]
"Tu
choraste em presença da morte?
Na
presença de estranhos choraste?
Não
descende o cobarde do forte;
Pois
choraste, meu filho não és!
Possas
tu, descendente maldito
De uma
tribo de nobres guerreiros,
Implorando
cruéis forasteiros,
Seres
presa de vis Aimorés.
"Possas
tu, isolado na terra,
Sem
arrimo e sem pátria vagando,
Rejeitado
da morte na guerra,
Rejeitado
dos homens na paz,
Ser
das gentes o espectro execrado;
Não
encontres amor nas mulheres,
Teus
amigos, se amigos tiveres,
Tenham
alma inconstante e falaz!
"Não
encontres doçura no dia,
Nem as
cores da aurora te ameiguem,
E
entre as larvas da noite sombria
Nunca
possas descanso gozar:
Não
encontres um tronco, uma pedra,
Posta
ao sol, posta às chuvas e aos ventos,
Padecendo
os maiores tormentos,
Onde
possas a fronte pousar.
"Que
a teus passos a relva se torre;
Murchem
prados, a flor desfaleça,
E o
regato que límpido corre,
Mais
te acenda o vesano furor;
Suas
águas depressa se tornem,
Ao
contacto dos lábios sedentos,
Lago
impuro de vermes nojentos,
Donde
fujas com asco e terror!
"Sempre
o céu, como um teto incendido,
Creste
e punja teus membros malditos
E
oceano de pó denegrido
Seja a
terra ao ignavo tupi!
Miserável,
faminto, sedento,
Manitôs
lhe não falem nos sonhos,
E do
horror os espectros medonhos
Traga
sempre o cobarde após si.
"Um
amigo não tenhas piedoso
Que o
teu corpo na terra embalsame,
Pondo
em vaso d’argila cuidoso
Arco e
frecha e tacape a teus pés!
Sê
maldito, e sozinho na terra;
Pois
que a tanta vileza chegaste,
Que em
presença da morte choraste,
Tu,
cobarde, meu filho não és."
IX
Isto
dizendo, o miserando velho
A quem
Tupã tamanha dor, tal fado
Já nos
confins da vida reservara,
Vai
com trêmulo pé, com as mãos já frias
Da sua
noite escura as densas trevas
Palpando.
— Alarma! alarma! — O velho pára!
O
grito que escutou é voz do filho,
Voz de
guerra que ouviu já tantas vezes
Noutra
quadra melhor. — Alarma! alarma!
— Esse
momento só vale a pagar-lhe
Os tão
compridos transes, as angústias,
Que o
frio coração lhe atormentaram
De
guerreiro e de pai: — vale, e de sobra.
Ele
que em tanta dor se contivera,
Tomado
pelo súbito contraste,
Desfaz-se
agora em pranto copioso,
Que o
exaurido coração remoça.
A taba
se alborota, os golpes descem,
Gritos,
imprecações profundas soam,
Emaranhada
a multidão braveja,
Revolve-se,
enovela-se confusa,
E mais
revolta em mor furor se acende.
E os
sons dos golpes que incessantes fervem,
Vozes,
gemidos, estertor de morte
Vão
longe pelas ermas serranias
Da
humana tempestade propagando
Quantas
vagas de povo enfurecido
Contra
um rochedo vivo se quebravam.
Era
ele, o Tupi; nem fora justo
Que a
fama dos Tupis — o nome, a glória,
Aturado
labor de tantos anos,
Derradeiro
brasão da raça extinta,
De um
jacto e por um só se aniquilasse.
—
Basta! Clama o chefe dos Timbiras,
—
Basta, guerreiro ilustre! Assaz lutaste,
E para
o sacrifício é mister forças. —
O
guerreiro parou, caiu nos braços
Do
velho pai, que o cinge contra o peito,
Com
lágrimas de júbilo bradando[23]:
"Este,
sim, que é meu filho muito amado!
"E
pois que o acho enfim, qual sempre o tive,
"Corram
livres as lágrimas que choro,
"Estas
lágrimas, sim, que não desonram."
X
Um
velho Timbira, coberto de glória,
Guardou a memória
Do
moço guerreiro, do velho Tupi!
E à noite,
nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Dizia
prudente: — "Meninos, eu vi!
"Eu
vi o brioso no largo terreiro
Cantar prisioneiro
Seu
canto de morte, que nunca esqueci:
Valente,
como era, chorou sem ter pejo;
Parece que o vejo,
Que o
tenho nest’hora diante de mi.
"Eu
disse comigo: Que infâmia d’escravo!
Pois não, era um bravo;
Valente
e brioso, como ele, não vi!
E à fé
que vos digo: parece-me encanto
Que quem chorou tanto,
Tivesse
a coragem que tinha o Tupi!"
Assim
o Timbira, coberto de glória,
Guardava a memória
Do
moço guerreiro, do velho Tupi.
E à
noite nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Tornava
prudente: "Meninos, eu vi![24]".
VOCABULÁRIO
Acerbo:
azedo; áspero; cruel; desabrido;
Cervar-se:
fazer montes; acúmulos; grandes quantidades;
Acobardo:
acobardar; amedrontar; perder o ânimo;
Adunar:
reunir em um só; incorporar; congregar;
Alborotar:
alvoroçar; agitar; assustar; entusiasmar; entrasismar; entrar a fêmea no cio;
Assaz:
bastante; suficientemente;
Bagas:
gota;fruto carnoso indeiscente;
Canitar:
penacho; enfeite de penas; adorno para cabeça que os índios usavam nas suas
solenidades;
Cauim:
espécie de bebida preparada com a mandioca cozida e fermentada;
Coma:
cabeleira; juba; crinas; penacho; franças;
Embira:
qualquer casca ou cipó usado no mato para amarrar;
Enduape:
rodela de penas usadas nas nádegas pelos Tupinambás;
Entesar:
tornar direito; esticar; enrijar;
Execrado
(execrar): detestar; abominar; amaldiçoar; desejar mal (a alguém);
Exício:
perdição; ruína; morte;
Falaz:
ardiloso; fraudulento; enganador;
Fugaces:
fugaz – que foge com rapidez; rápido; veloz e transitório;
Ignavo:
idolente; fraco; covarde;
Ignóbil
: que não tem nobreza; vil; baixo; desprezível;
Imbele:
que não é belicioso; tímido;
Imprecação:
praga; maldição;
Ínvios:
em que não há caminho; intransitável;
Ivepereme
(ivirapeme): tacape (clara aos sacrifícios humanos, entre os índios;
Ledo:
risonho; contente; alegre; jubiloso;
Lúgubre:
relativo a luto; fúnebre; triste;
Maça:
clava – instrumento de maçar linho;
Manitôs:
designação que os índios algonquinos da América do Norte dão a uma força mágica
não personificada, mas inerente a todas as coisas; pessoas; fenômenos naturais e
atividades; gênio tutelar;
Maracás:
instrumento cocalhante que os índios usavam nas solenidades religiosas e
guerreiras;
Mendaces:
mendaz – mentiroso; falso;
Mister:
ocupação; emprego; serviço; trabalho; urgência; necessidade; aquilo que é
forçoso;
Mor:
forma sincopada de maior;
Muçurana:
cobra; corda com que os índios atavam os prisioneiros;
Nóvel:
novo; inexperiente; imperito; bisonho; principalmente;
Pejo:
pudor; vergonha; acabamento; impedimento;
Piagas:
pajé – chefe espiritual dos índios;
Prélio:
batalha; luta; peleja;
Pujante:
que tem grande força;
Punjir:
ferir; picar; causar grande dor mortala; afligir; toturar;
Rudo:
rude;
Sobrestar:
não prosseguir; passar; cessar; deter-se;
Sobrolho:
preocupação; atenção; sobrancelha;
Sopesar:
tomar o peso de... com mão; suspender com a mão;
Taciturno:
tristonho; que fala pouco; silencioso;
Talar:
destruir; devastar;
Torvo:
que causa terror; de aspecto carrancudo; pavoroso;
Transmontar:
passar por cima de; ultrapassar, exceder muito, ser superior a;
Trigança:
pressa; diligência;
Turba:
multidão em desordem; muitas pessoas reunidas; o povo;
Ufanar:
regizijar; orgulhar-se de;
Urgir:
ser preciso sem demora; fazer exigência;
Versano:
demente; insensato; delirante.
Juca – Pirama
Roteiro de Estudo
I
No
meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas
de troncos — cobertos de flores,
Alteiam-se
os tetos d’altiva nação;
São
muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis
na guerra, que em densas coortes
Assombram
das matas a imensa extensão.
São
rudos, severos, sedentos de glória,
Já
prélios incitam, já cantam vitória,
Já
meigos atendem à voz do cantor:
São
todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu
nome lá voa na boca das gentes,
Condão
de prodígios, de glória e terror!
As
tribos vizinhas, sem forças, sem brio,
As
armas quebrando, lançando-as ao rio,
O
incenso aspiraram dos seus maracás:
Medrosos
das guerras que os fortes acendem,
Custosos
tributos ignavos lá rendem,
Aos
duros guerreiros sujeitos na paz.
1. O
trecho acima apresenta a descrição do
grupo que aprisionou ou do grupo a que pertencia Juca-Pirama.
a) Transcreva versos que comprovem a descrição
como seguidora do ideal apresentado por Gonçalves Dias na Primeira geração
Romântica.
b) O que se poderia
entender do verso “ seu nome lá voa na boca das gentes”?
Quem
é? — ninguém sabe: seu nome é ignoto,
Sua
tribo não diz: — de um povo remoto
Descende
por certo — dum povo gentil;
Assim
lá na Grécia ao escravo insulano
Tornavam
distinto do vil muçulmano
As
linhas corretas do nobre perfil.
2. As impressões que os guerreiros tiveram de
Juca- Pirama estavam certas? Justifique com bases na narrativa.
Que
tens, guerreiro? Que temor te assalta
No passo horrendo?
Honra
das tabas que nascer te viram,
Folga morrendo.
Folga
morrendo; porque além dos Andes
Revive o forte,
Que
soube ufano contrastar os medos
Da fria morte.
3. É
correto afirmar que o valor apresentado acima difere do nosso modelo social?
Justifique.
"Dize-nos
quem és, teus feitos canta,
"Ou
se mais te apraz, defende-te." Começa
O
índio, que ao redor derrama os olhos,
Com
triste voz que os ânimos comove.
4. A
resposta para esse questionamento constrói o canto IV do poema Juca-Pirama.
Releia-o e apresente uma resposta para os questionamentos acima.
Assim
o Timbira, coberto de glória,
Guardava a memória
Do
moço guerreiro, do velho Tupi.
E
à noite nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Tornava
prudente: "Meninos, eu vi!".
5. Qual
a importância dessa personagem na história?
6.
Comente sobre a construção estrutural e temática da obra.
7. Retire um trecho que comprove que o foco narrativo é em terceira pessoa.
8. Juca
Pirama nos dá uma visão mais próxima do índio, ligado aos seus costumes,
convenhamos dizer que ainda é muito idealizado e moldado ao gosto romântico.
Apresente elementos do romantismo presentes no texto.
Texto I
A CARTA DE CAMINHA
Carta ao Rei de portugal
Eram
três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com
cabelos mui pretos pelas espáduas
E
suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que
de nós as muito bem olharmos
Não
tínhamos nenhuma vergonha
(Pero
Vaz de Caminha)
Texto II
AS MENINAS DA GARE
Eram
três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com
cabelos mui pretos pelas espáduas
E
suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que
nós a muito bem olharmos
Não
tínhamos nenhuma vergonha.
(Oswald
Andrade – Poesia Pau-Brasil)
9. Assinale a
alternativa que melhor explique as semelhanças e/ou diferenças entre os textos.
01.
Os textos são iguais, portanto não é
possível estabelecer distinção ente eles.
02.
Os textos guardam diferenças tênues percebidas pelo título. O primeiro é
dirigido ao rei de Portugal e o segundo para as meninas da gare.
03.
Os textos apresentam visões de mulheres brasileiras em tempos distintos. No
primeiro são as inocentes índias no segundo as prostitutas da estação de
trem.
04..
São diferentes porque foram escritos por pessoas diferentes.
05.
Oswald usa o texto de Pero Vaz para criticar a visão que os portugueses tiveram
da mulher brasileira.
Leia o texto:
"O
Brasil surge e se edifica a si mesmo, mas não em razão do desígnio de seus
colonizadores. Eles só nos queriam como feitoria lucrativa. Contrariando as
suas expectativas, nos erguemos imprudentes, inesperadamente, como um novo
povo, distinto de quantos haja, deles inclusive, na busca de nosso ser e de
nosso destino. (...) Somos um povo novo, vale dizer um gênero singular de gente
marcada por nossas matrizes, mas diferente de todas, sem caminho de retorno a
qualquer delas. Esta singularidade nos condena a nos inventarmos a nós mesmos,
uma vez que já não somos indígenas, nem transplantes ultramarinos de Portugal
ou da África." (Ribeiro, Darcy. O
Brasil como problema.1995.)
2.
Sobre o texto e a Carta de Caminha é correto afirmar que o ponto de vista
apresentado é antagônico ou idêntico ao
texto de Pero Vaz. Justifique.
Leia os
textos do livro
Mensagem de Fernando
Pessoa:
II.
HORIZONTE
Ó
mar anterior a nós, teus medos
Tinham
coral e praias e arvoredos.
Desvendadas
a noite e a cerração,
As
tormentas passadas e o mistério,
Abria
em flor o Longe, e o Sul sidério1
'Splendia2
sobre as naus da iniciação.
Linha
severa da longínqua costa-
Quando
a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em
árvores onde o Longe nada tinha;
Mais
perto, abre-se a terra em sons e cores:
E,
no desembarcar, há aves, flores,
Onde
era só, de longe a abstrata linha.
O
sonho é ver as formas invisíveis
Da
distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos
da esp'rança e da vontade,
Buscar
na linha fria do horizonte
A
árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte -
Os
beijos merecidos da Verdade.
1 - sideral , celeste
2 - splendia - do verbo esplender, o
mesmo que resplandecer, brilhar.
X.
MAR PORTUGUÊS
Ó
mar salgado, quanto do teu sal
São
lágrimas de Portugal!
Por
te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos
filhos em vão rezaram!
Quantas
noivas ficaram por casar
Para
que fosses nosso, ó mar!
Valeu
a pena? Tudo vale a pena
Se
a alma não é pequena.
Quem
quer passar além do Bojador
Tem
que passar além da dor.
Deus
ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas
nele é que espelhou o céu.
10. Sobre os
textos assinale a(s) alternativa(s) incorreta(s):
01.
Pessoa refere-se no texto
I ao fato de o mar, antes dos portugueses estar cercado de mitos criados
pelo homem medieval. E diz que o que antes era projeto tornou-se realidade.
Então a conquista se realiza ampliando-se os horizontes da pátria.
02.
Para Fernando Pessoa não foi importante
a capacidade dos portugueses de transformar "as
formas invisíveis" "as distâncias imprecisas" em Verdade.
04.
Um dos mais conhecidos poemas do livro Mensagem
retrata os sacrifícios feitos pelo povo português para que o mar pudesse ser do
seu povo. Em sua reflexão o autor responde ao grande questionamento "valeu a pena?".
08.
Passar além do bojador é ultrapassar o cabo que por muito tempo foi o limite
entre o que se conhecia e desconhecia do mar. Assim, passar além do bojador é
ultrapassar o inatingível e para isso é necessário ter em mente o quanto é
difícil: “tem que passar além da dor”.
16. Depois da glória veio a derrota portuguesa e
esse texto vai marcar essas perdas. O mar agora é de todos e o reconhecimento
de quem o possuiu já não existe.
PAÍS DO OURO
Todos têm remédio de vida
E nenhum pobre anda pelas portas
A mendigar como nestes Reinos.
11.
Sobre o
texto acima pertencente a Oswald Andrade pode-se afirmar:
01. Apresenta uma visão xenófoba do Brasil.
02. Tem caráter depreciador da forma governamental
da época.
04. Exalta o modo de vida nas terras brasileiras.
08. É uma visão modernista de uma Brasil que não
foi valorizado.
16. Critica o modo de vida presente na Europa.
12. . Sobre seus conhecimentos de Quinhentismo e a
charge acima apresente uma reflexão baseada na seguinte afirmação:
“Não existe cultura inferior.”
“Em sua formação, o Brasil é conhecido
mundialmente pela sua diversidade cultural. As várias etnias que compuseram, e
ainda compõem, a nação brasileira podem ser verificadas em todos os livros
didáticos que contam a nossa história. Porém, no que diz respeito aos povos
indígenas, essa pluralidade de povos e etnias sempre foi vista como uma ameaça
à soberania nacional, fato este que orientou o Estado a promover políticas
integracionistas visando a construção de um “ethos” (jeito de ser), onde toda
essa diversidade étnica seria progressivamente substituída por uma identidade
nacional.”
13. Assinale a alternativa que apresente
um texto que confirme essa visão:
a.
“(...) porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como
os de Entre –Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achamos como os de
lá.”
b.
“ Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse as
suas vergonhas. Traziam nas mãos arcos e setas.”
c.
“ De ponta a ponta é tudo praia redonda, muito chã e muito formosa.”
d.
“ e imprimir-se-á facilmente neles todo
e qualquer cunho que lhes quiserem dar.”
e.
“ eles passam de uma confraternização a
um retraimento, como pardais, com medo do cevadoiro.”
Canto
IX – I Juca Pirama
O
guerreiro parou, caiu nos braços
Do
velho pai, que o cinge contra o peito,
Com
lágrimas de júbilo bradando:
"Este,
sim, que é meu filho muito amado!
E
pois que o acho enfim, qual sempre o tive,
Corram
livres as lágrimas que choro,
Estas
lágrimas, sim, que não desonram".
(Gonçalves
Dias. Poesias Americanas)
14. Com relação à obra indianista de Gonçalves
Dias, e sobre este poema em particular, assinale o que não for correto.
01)
O herói do poema não é apenas um índio tupi: representa todos os índios
brasileiros ou ainda todos os brasileiros, uma vez que o índio foi durante o
Romantismo o representante de nossa nacionalidade.
02)
O poeta, ao pôr em discussão profundos valores e sentimentos humanos, como a
bondade filial e a honra, supera os limites da abordagem puramente indianista.
03)
O índio de Gonçalves Dias aproxima-se do de José de Alencar, não pela questão
da autenticidade do índio, mas por ser poético, e por trazer em sua cerne
elementos como heroísmo, dignidade, generosidade, bravura, maldição e tradição.
Na tentativa de, a partir dele, construir o herói nacional.
04)
Quanto aos aspectos formais, em "I-Juca-Pirama" Gonçalves Dias variou
a métrica de trecho em trecho. Teoricamente, o poeta teria desprezado a
metrificação. No entanto, do ponto de vista expressivo, a variação métrica
utilizada produz a iconicidade sonora do texto, construindo plasticamente o
poema como um significante rítmico do ritual narrado.
05)
I Juca Pirama significa "aquele que é digno de ser morto"; o poema
conta a história de um guerreiro tupi, aprisionado pelos Timbiras, que morre em
um festim canibal.
“Tu
choraste em presença da morte?
Em
presença de estranhos choraste?
Não
descende o cobarde do forte;
Pois
choraste, meu filho não és!
Possas
tu, descendente maldito
De
uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando
cruéis forasteiros,
Seres
presa de vis Aimorés.
Possas
tu, isolado na terra,
Sem
arrimo e sem pátria vagando,
Rejeitado
da morte na guerra,
Rejeitado
dos homens na paz,
Ser
das gentes o espectro execrado;
Não
encontres amor nas mulheres,
Teus
amigos, se amigos tiveres,
Tenham
alma inconstante e falaz!”
15.
O trecho do poema “ I-juca pirama” refere-se ao momento em que o filho
guerreiro volta para a sua tribo e se encontra com seu pai após ter pedido ao
líder da tribo inimiga, pela qual havia sido capturado, que o poupasse da morte
para que pudesse cuidar de seu pai amado, muito velho, até este morrer. Pensando nos valores defendidos pelo
Indianismo romântico no Brasil, pode-se dizer que a reação do pai ocorre porque
o filho:
01)
considerou-o um velho incapaz, evidenciando que não o amava de forma digna.
02)
demonstrou fraqueza diante da morte, o que representava falta de dignidade.
03)
usou-o como desculpa para escapar da morte, ou seja, não possuía nobreza de
sentimento.
04)
havia sido capturado pelos inimigos, tornando-se incapaz de continuar a ser um
guerreiro.
05)
era, na verdade, descendente de outra tribo, o que o tornava impuro para
conviver entre eles.
16. Pode-se
afirmar que noções como “fraqueza”, “não dignidade”, “falta de nobreza”,
“impureza” são renegadas na poética romântica indianista no Brasil. Isso
ocorreu devido:
01)
à necessidade de se desenvolver e moldar o sentimento de nacionalismo no Brasil
da época, que acabava de se tornar independente.
02)
à tentativa de compensar os índios mortos pelos primeiros colonizadores
europeus, resgatando seus valores primitivos.
03)
ao fato de os escritores da época se oporem à corrente do “mal do século”, com
seu sofrimento amoroso e culto à idealização.
04)
ao desejo de se igualar as principais raças do Brasil da época: portugueses
(nobreza), negros (força) e índios (dignidade guerreira).
05)
ao esforço de se criar um movimento literário forte, que anulasse os escritores
árcades, com suas tentativas fracassadas de independência.
Canção
do exílio
Minha
terra tem palmeiras, / Onde canta o Sabiá;
As
aves, que aqui gorjeiam, / Não gorjeiam como lá.
Nosso
céu tem mais estrelas, / Nossas várzeas têm mais flores, / Nossos bosques têm
mais vida,
Nossa
vida mais amores. / Em cismar, sozinho,
à noite,
Mais
prazer eu encontro lá; / Minha terra tem palmeiras,
Onde
canta o Sabiá. / Minha terra tem primores,
Que
tais não encontro eu cá; / Em cismar –sozinho, à noite–
Mais
prazer eu encontro lá; / Minha terra tem palmeiras,
Onde
canta o Sabiá. / Não permita Deus que eu morra,
Sem
que eu volte para lá; / Sem que disfrute os primores / Que não encontro por cá;
/ Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde
canta o Sabiá.
17. O texto acima pertence à Primeira Geração -
indianista /nacionalista a que pertence Gonçalves Dias, autor de I Juca-pirama.
Explique de que maneira esse texto também serve à causa da afirmação da
nacionalidade brasileira.
18. Todas as
características enunciadas a seguir pertencem à obra de ficção de Machado de
Assis, exceto:
a)
Preocupação em analisar o mundo interior das personagens.
b)
Sondagem dos motivos secretos do comportamento humano.
c)
Visão pessimista e desencantada do relacionamento humano.
d)
Análise do comportamento humano sempre à luz das teorias deterministas.
19. (UNEB-BA) Considere os seguintes
fragmentos:
I.
Combinam-se personagens e interesses com o exclusivo objetivo do casamento: é
assim que a ideologia burguesa acaba por condicionar as conveniências de
classe, mal disfarçadas pelo idealismo com base em virtudes abstratas, assumido
pelo escritor.
II.
Estruturalmente, a forma do romance busca renovação: a intriga cede lugar à
análise psicológica ou social, com vistas ao conhecimento das causas profundas
do comportamento seja do indivíduo, seja da classe a que pertence.
III.
Empresta-se um verniz medieval às façanhas de nossos nativos, como se a
civilização précabralina constituísse nossa gloriosa Idade Média.
As afirmações
a) I e
II referem-se à prosa realista, e III, à romântica.
b) I
refere-se à prosa romântica, e II e III, à realista.
c) I e
III referem-se à prosa romântica, e II, à realista.
d) I
refere-se à prosa realista, e II e III, à romântica.
e) I e
III referem-se à prosa realista, e II, à romântica.
20. Das afirmações abaixo, assinale a única que
pode ser considerada correta quanto ao Realismo.
a)
Apesar das intenções criticas, acabou fazendo a apologia da família burguesa e
do catolicismo.
b)
Desenvolveu uma literatura voltada principalmente para os problemas rurais,
denunciando o abandono e a pobreza do interior do Brasil.
c)
Criou o romance regionalista, exaltando a vida no interior do país e
valorizando as raízes nacionais.
d)
Procurou analisar com objetividade e senso crítico os problemas sociais e
humanos.
21. Com relação ao Naturalismo, é válido
afirmar que:
a)
Acentua a influência do meio ambiente para ressaltar que o ser humano é capaz
de superá-la e criar seu próprio modo de vida.
b)
Destaca bastante o papel do meio social e dos caracteres hereditários na
explicação do comportamento humano.
c)
É oposto ao Realismo, pois julga que a literatura não deve se preocupar com
problemas sociais.
d)
Demonstra grande preocupação em analisar o ser humano do ponto de vista
estritamente psicológico, isolando-o do meio social.
22 (UFPE) É
incorreto afirmar que, no Parnasianismo:
a) a
natureza é apresentada objetivamente;
b)
a disposição dos elementos naturais (árvores, estrelas, céu, rios) é importante
por obedecer a uma ordenação lógica;
c) a
valorização dos elementos naturais torna-se mais importante que a valorização
da forma do poema;
d) a
natureza despe-se da exagerada carga emocional com que foi explorada em outros
períodos literários;
e) as
inúmeras descrições da natureza são feitas dentro do mito da objetividade
absoluta, porém os melhores textos estão permeados de conotações subjetivas.
23. (ITA-SP) Assinale a alternativa
que caracteriza o Romantismo:
a) valorização do eu. O assunto passa a ser manifestado a partir do
artista, que traz à tona o seu mundo interior, com plena liberdade; esta
liberdade se impõe na forma. Sentimentalismo.
b) literatura multifacetada: valorização da palavra e do ritmo: temática
humana e universal.
c) literatura intrinsecamente brasileira; linguagem direta, coloquial,
livre das regras gramaticais, imagens diretas; inspiração a partir da
burguesia, da civilização industrial, da máquina.
d) literatura que busca inspiração no subconsciente, nas regiões
inexploradas da alma: para isso, usa meios indiretos a fim de sugerir ou
representar as sensações; funde figura, música e cor.
e) literatura que visa à perfeição da forma, à objetividade, ao
equilíbrio, à perfeição absoluta da linguagem; prefere os temas novos e
exóticos.
Cárcere das almas
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.
Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!
CRUZ E SOUSA, J. Poesia
completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de
Cultura /
Fundação Banco do Brasil, 1993.
24. Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural
do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e
Sousa, são
A) a opção pela abordagem, em
linguagem simples e direta, de temas filosóficos.
B) a prevalência do lirismo amoroso
e intimista em relação à temática nacionalista.
C) o refinamento estético da forma
poética e o tratamento metafísico de temas universais.
D) a evidente preocupação do eu
lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras.
E) a liberdade formal da estrutura
poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do
cotidiano.
O texto de Cruz e Sousa explora um tema universal — o do
sofrimento humano — de forma abstrata e
metafísica: apresenta a alma humana como encarcerada em
“prisões da Dor”. A forma poética escolhida pelo
autor também demonstra refinamento, já que o soneto é uma forma
consagrada pela literatura clássica. O caráter
vago e o uso de maiúsculas sem necessidade gramatical também
apontam para aspectos típicos do Simbolismo,
estética a que o poema pode ser associado.
Leia o texto:
Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por Tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra, o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa,
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa. ( Gregório de Matos)
25. Sobre o texto
pode-se afirmar:
a) Pertence à sátira gregoriana e tem a pretensão de tecer
críticas a Igreja que rouba e usurpa a liberdade dos que, no século XVIII,
pretendiam não ser nobres.
b) Crítica a sociedade de aparências do século XVII que era
regida por valores como riqueza em detrimento da nobreza de caráter e explica
como quem mais rouba não consegue se firmar socialmente.
c) O texto, construído em forma de soneto, deixa claro, no
último terceto, que o autor teria muito mais a dizer sobre a sociedade, mas a
poesia (Musa) termina porque sendo o soneto uma forma fixa, possui apenas dois
quartetos e dois tercetos.
d) “A flor baixa” no texto é uma sugestão dos que pertencem as
camadas menos nobres da sociedade que aparentam ou querem ser da alta sociedade
entendida com “tulipa”. Isto se dá por causa da forte mobilidade social do
século XVII proposta em “bengala hoje na mão, ontem galorpa”.
e) No trecho “ com a sua língua ao nobre o vil decepa” poderia
ser reconstruído sem a perda do sentido assim: o nobre decepa o vil com a sua
língua.
Extra :
O
“Contrato Social”, escrito em 1 762, por Jean-Jacques Rousseau inspirou nos
revolucionários franceses as idéias de soberania popular e de igualdade de
direitos.
“A
soberania não pode ser representada pela mesma razão por que não pode ser
alienada; consiste essencialmente na vontade geral e a vontade absolutamente
não se representa. E ela mesma ou é outra, não
há meio termo. Os deputados do povo não são, nem podem ser seus representantes; não passam de comissários
seus, nada podendo concluir definitivamente. É nula toda a lei que o povo diretamente não retificar. O povo inglês pensa ser livre e muito se engana, pois só o é durante a eleição dos membros do parlamento; uma vez estes eleitos, ele é escravo, não é nada. Durante os breves momentos de sua liberdade, o uso que dela faz, mostra que merece perdê-la.”
há meio termo. Os deputados do povo não são, nem podem ser seus representantes; não passam de comissários
seus, nada podendo concluir definitivamente. É nula toda a lei que o povo diretamente não retificar. O povo inglês pensa ser livre e muito se engana, pois só o é durante a eleição dos membros do parlamento; uma vez estes eleitos, ele é escravo, não é nada. Durante os breves momentos de sua liberdade, o uso que dela faz, mostra que merece perdê-la.”
1. Com base no texto, pode-se
afirmar:
I.
A soberania pode ser representada, porque é uma vontade geral.
II.
A vontade não pode ser representada.
Ill.
Somente os deputados podem representar a vontade do povo.
IV.
Sem a aprovação e correção do povo, as leis perdem a sua validade.
Estão corretas
a)
apenas I e IV.
b)
apenas II, III e IV.
c)
apenas II e IV.
d)
apenas I e III .
e)
apenas II e III.
Juca – Pirama / Periodização –
Gabarito
1. a) “ Alteiam-se os
tetos d´altiva nação.”, “São rudos, severos, sedentos de glória”, “São todos
Timbiras, guerreiros valentes!”
b) Que os Timbiras são
conhecidos por entre as pessoas.
Quem
é? — ninguém sabe: seu nome é ignoto,
Sua
tribo não diz: — de um povo remoto
Descende
por certo — dum povo gentil;
Assim
lá na Grécia ao escravo insulano
Tornavam
distinto do vil muçulmano
As
linhas corretas do nobre perfil.
2. Na cena do ritual de sua morte Juca apresenta-se
como aparentemente pacífico, chegando a ser tomado como pertencente a um povo
não conhecido pelos Timbiras. Ao longo da epopeia porém, revela o contrário: Pertence a uma tribo
guerreira denominada de Tupi que foi destruída pelos Timbiras e o motivo de sua
aparente passividade relaciona-se ao desejo de permanecer vivo – rompendo a
regra do ritual antropofágico – para cuidar de seu pai fraco e cego.
3. O texto proposto
deixa claro que para o grupo social que aprisiona Juca Pirama morrer é bom. E,
ser comido pelos seus pares, uma honra, uma vez que vai ser perpetuado entre os
demais. Para nossos olhos culturais a visão de morte não é tomada como algo que
comemoramos, tão pouco nos parece normal comer a carne de nossos semelhantes.
4. Juca afirma ter nascido
e crescido nas selvas e ser descendente de uma tribo outrora guerreira que
hoje, destruída, vive errante. Associa isso ao destino. Diz também ter
experiência de guerra, já ter caminhado muito e ter perdido amigos, inclusive o
seu melhor que morreu ao seu lado em uma batalha. Quando foi aprisionado cuidava do pai fraco e cego e termina o canto
pedindo para que ele seja libertado para cuidar de seu pai propondo que quando ele morrer retornaria para cumprir sua
sina. É importante ressaltar que faz isso entre lágrimas.
5. A base da
literatura/história indígena é oral. As línguas indígenas são quase todas,
ágrafas, portanto as histórias têm suas bases em contadores. Isso justifica a
importância do narrador - o velho timbira que aparece no último canto afirmando
que se trata de uma história verídica “eu vi” e está contando para uma geração
mais nova traduzida por “meninos”.
6. I-Juca-Pirama, composição
épico-dramática de configuração plástica e musical que o aproxima do bailado, em que Gonçalves Dias utiliza-se o
português arcaico com o intuito de atribuir ao texto um valor estético. Pode-se
perceber também, uma composição métrica variada – redondilhas, decassílabos e
alexandrinos – e da musicalidade acompanhando a narrativa. Assim o autor propõe versos curtos para o ritual de morte do índio
e versos longos para demonstrar a fala compassada do pai.
7. “Ele chorou de cobarde”;
8. O índio Gonçalviano é dotado de
uma beleza física, bravura e moral. Talvez, este modelo, é o ideal simbólico do
homem da nova nação emergente - Brasil. Na obra I Juca-Pirama, composta por
Cantos, observa-se a exaltação da figura indígena com a caracterização de
diversos adjetivos que demonstram sua força e coragem. Além disso, a ausência
do medo diante da morte em um ritual antropofágico e sua bravura numa batalha
confirma o seu aspecto heroico.
9. 03 10. 02+16
11. 04 + 08 +16
12. A viagem dos
portugueses ao nosso continente desembocando na descoberta do Brasil trouxe em
seu bojo a morte física e cultural das nações indígenas porque foram tomadas
como seres sem cultura a quem poderia imprimir-se tudo - segundo o relato de
Caminha em sua carta a El Rei. Não dar conta de que diferença não são defeitos
e que existem múltiplos modos de vivências, custou a vida de milhares de índios
que, por não submeter ao modo religioso, alimentar ou de trabalho foram
dizimados de suas terras.
13. d 14.
05 15. 02 16. 01
17. I Juca –Pirama, construído para a exaltação
dos indígenas no projeto de construção do herói nacional é um dos poemas
escritos por Gonçalves Dias - autor
pertencente à primeira geração romântica que trazia como égide a construção de
uma nação e a literatura estava a
serviço dessa causa. Assim, o poema acima, construído quando o autor estava em
Portugal, exalta a terra Brasil em seus elementos e serviu de inspiração também
para o hino nacional ao propor que nossa
natureza é maior e melhor que a de
outros lugares “tem mais vida” e que sentimos mais que qualquer gentes “nossa vida mais amores”.
18. d) 19 c) 20 d) 21. b) 22. c) 23. a) 24.
c) 25. c)
Extra: c)
[1] O que há de ser
morto. O que é digno de ser morto.
[2] Observe que o
autor, consciente que os leitores não
conhecem o ambiente, antes de apresentar
os “atores” apresenta o local. Tente transpor em suas palavras como seria esse lugar.
[3] Fica famoso.
Conhecido
[4] Observe que há índios pacíficos e guerreiros, não
correspondendo à primeira impressão
que teve
Caminha. No Quinhentismo.
[5] Tente perceber
como os Timbiras são apresentados no livro e perceber que essa valentia
é apresentada no Quinhentismo por escritores que vieram depois de Caminha, como Hans Staden.
[6] Corda que prendia o prisioneiro.
[7] Fraldão de penas
[8] Lembrar-se que o prazer tem uma relação com a
concepção para a morte do prisioneiro.
[9] Observe que a atitude do guerreiro não condiz com o ritual e depois saberemos o motivo.
[10] Essa é uma das muitas expressões que remetem a antropofagia do texto.
[11] Além dessa , existem outras expressões que demonstram o prazer com a morte. Tente localizá-las.
[12] Observe que a resposta para esses questionamentos é o
canto IV. Leia tendo em mente que você precisa
responder: O que ele diz sobre si
mesmo? Qual é a sua história?
[13] A supressão dessa e de
algumas sílabas ( na verdade português arcaico) no texto tem caráter
meramente estético. Não nos esqueçamos que além da preocupação
com a história, Gonçalves Dias também produz um poema
com variados cantos que se
relacionam com a narrativa. Inclusive na questão sonora. Pesquise um pouco
sobre o assunto. Há muita musicalidade haja visto o título [ Cantos ] por isto
esteja atento para as medidas poéticas [ decassílabos e alexandrinos ] isto
poderá ser tema de questão no vestibular. Lembre-se porém que a marca do Romantismo é a liberdade formal e
que essa forma poética não se aplica a todos os românticos.
[14] Não para guerrear, mas para encontrar alimento para o
pai.
[15] A presença do Deus cristão e não de Tupã só comprova que há no texto o índio, mas o autor, como a maioria dos
românticos da época, reproduzem o herói medieval cheio
de valores como ética, respeito à família, religião
cristã...
[16] Ele diz
não ter vergonha do seu pranto, mas seu choro envergonha a tribo Timbira e seu pai.
[17] Turba era a multidão de índios que nunca tinham visto
algo semelhante.
[18] Vale lembrar
que o motivo que fez o chefe soltá-lo não foi
comoção. Ele não queria “ com carne vil” enfraquecer os fortes.
[19] Essa medida de
tempo é usada pelo pai porque é
cego.
[20] cabelos
[21] Na morte do filho, outro índio cuidaria dele. Perceba
que o pai não está aqui revelando desamor pelo filho, mas honrando uma prática
cultural de sua tribo. Assim
como em Caramuru – a invenção do
Brasil faz Paraguaçu e Moema.
[22] Na leitura desse canto tente propor pelo menos uma
lista de dez maldições pregadas pelo pai. Eu começo: ser rejeitado, não ter
amor, não ter amigos leais...
[23] O pai também chora, mas seu choro não envergonha. Porque chora porque agora seu filho “é digno de ser morto.”
[24] Além de nos
apresentar o narrador da história, traz
autenticidade a ela. Quem conta,
conta uma história verdadeira.
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