E se para passar no vestibular você fosse convidado a escrever sobre o Porquê? Não chore não!!!! A gente te ajuda! Redija um texto opinativo
destacando com argumentos concisos os
motivos que o levou a escolha da profissão médica.
Que sejas bem-vinda na minha vida
Desde já afirmo que não
sei exatamente o momento no qual tive certeza que queria ser médica.
Provavelmente deve ter sido lá na minha infância quando eu ia ao médico e
disputava com meus irmãos quem seria o primeiro a ser atendido ou quem sabe
quando comecei a estudar e fiquei fascinada por tudo que envolvia a área de
saúde. Isso pouco importa quando penso o que me espera. Os motivos e fatos que
me influenciaram estão misturados em minha mente e transformá-los em palavras é
uma tarefa meio complicada.
Dizer que eu quero fazer medicina para ajudar ao próximo não me
basta, todos os médicos devem estar cientes que às vezes, mais vale uma ajuda e
um conforto do que a cura, desse modo é incompreensível gostar de medicina e
não adorar auxiliar. Assim também é o dinheiro e o reconhecimento, não me
preocupo com eles, pois eles serão frutos do meu trabalho, não importa qual.
Não associo medicina a riqueza, mas o ser bem-sucedido a um retorno econômico.
Afinal, reconhecido é aquele que faz o que gosta.
Ocasionalmente quando
paro e reflito sobre o futuro me vejo com o tão desejado jaleco branco, entre
os corredores de um hospital, em uma verdadeira correria, visitando internados
e socorrendo os que de assistência precisam. E assim que meu futuro está
pintado – a menina que quer mudar o mundo com seu jaleco e sonhos. Sei, porém,
que a vida de médico não é nada fácil, é necessário abdicar de tempo e muitas
coisas da sua vida pessoal. A rotina é maluca, ou melhor, quase não há rotina,
e é preciso estar atento ao máximo e evitar que erros ocorram. O papel social
do médico vai além de salvar vidas, inclui também a interação médico-paciente e
a maneira como lidar com as diferenças. Não dá para elencar os motivos, mas
nasci para isso porque acho que ser médico não se explica, se torna.
Sei, mas do que o
porquê quero ser, o que devo ser: aprendi que a profissão médica é sinônimo de
compromisso e responsabilidade perante a sociedade e não é que se encaixa
perfeitamente comigo? Sei que a saúde é
um direito de todos e seguir esta carreira é a melhor forma de estar perto das
pessoas e fazer valer esse direito e não é que eu posso proporcionar justiça? Sei
que o médico, diante do acordo firmado com o social, deve ter a consciência de
curar quando plausível, aliviar sempre que necessário e consolar sempre e não é
que entendo isso?
Então, não sou Gabriela, mas eu nasci assim, vou crescer assim e
quero ser sempre assim – medica que muda o mundo.
Médica esclarecida
Machado de Assis apregoava
que a sociedade capitalista humanizou as coisas e coisificou o homem. Apesar de
reconhecer na sua fala o que vejo nas práticas médicas atuais, ao escolher
Medicina, quero fazer a diferença em meio a um contingente de médicos que ao
buscar serem "oficiais maiores da ciência e
gerentes de biotecnologias complexas", desconsideraram a genuína arte de
curar quando possível, mas cuidar sempre.
A meu ver, é incontestável
os patentes benefícios que o conhecimento científico trouxe aos cuidados com a
saúde. Porém, não sou a favor da prática mecanicista, que não leva em conta o papel dos fatores sociais ou a
subjetividade individual do paciente. Por isso espelho-me em médicos como Bernard
Lown e William Osler, que concluíram que não se podem aferir os males que
afligem as pessoas tão somente pelas respostas dadas pelas máquinas de
diagnosticar. Assim, Escolhi Medicina, no intuito de fazer da minha profissão instrumento
de melhorias de vida.
Muitos
não entendem que o sacrifício não é feito apenas pelo trabalho, dinheiro ou
reconhecimento. Apaixonei-me pela mistura, cheia de falhas e dificuldades, de
ciência e cuidado. A escolha que fiz, foi por uma filosofia, um desejo maior de
poder ser útil, de ajudar os que precisam. Portanto, buscarei
ser a médica com quem meus pacientes sintam-se à vontade quando descreverem
suas queixas, sem receio de serem submetidos a numerosos procedimentos, uma
médica para quem o paciente nunca é uma estatística e, acima de tudo, ser um
semelhante, um ser humano, cuja preocupação pelo outro é avivada pela alegria
de servir, pautada pela crença de que cuidar da saúde é garantir futuros.
O
que me move mesmo é a utopia, essa que foi delineada por Thomas Morus e
reiterada, nesse século pelo uruguaio Galeano quando sugere que mesmo que não
possamos adivinhar o tempo que virá, temos ao menos, o direito de imaginar o
queremos que ele seja. Portanto, escolher ser discípula de Hipócrates foi optar por exigir que princípios básicos do
humanismo no desempenho da missão sagrada de curar, continuem a fazer parte da
minha rotina, ao compreender, que tão importante quanto conhecer a doença que o homem tem, é conhecer o
homem que tem a doença.
Redações feitas pelos anjos da Oficina de Ciências Médicas
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