Tema: Os profissionais da saúde se auto-medicam
Ensaio
Ao longo da
história, a exposição do homem a diversas enfermidades foi crucial para a aproximação
dos remédios no sentido de aplacar suas dores.
No entanto, no transcorrer da pós-industrialidade - marcada pela
velocidade no panorama da vida - cresce a cultura de automedicação nos leigos
e, sobretudo, nos profissionais da saúde, que amparados pelo envolvimento no
meio hospitalar e pelo conhecimento médico, acabam por transformar os
medicamentos em outro algoz para a saúde humana, ao invés de promotores da
expectativa de vida.
No compasso da
contemporaneidade, evidenciada pela rapidez e proletarização do tempo, a
atividade automedicamentosa é bastante difundida no Brasil, abrangendo cerca de
80 milhões de adeptos, dos quais 20% são médicos, enfermeiros ou farmacêuticos.
Essa parcela percentual cresce de modo particular, graças a sensação de confiança
em seu saber, às vezes falho, à facilidade de acesso aos medicamentos em sua
jornada de trabalho ou ao descuido com a própria saúde, de acordo com Margareth
Chan – presidente da OMS.
De fato, nesse
sentido, tal prática se torna perigosa, uma vez que pode conduzir a reações
adversas, mascarar diagnósticos importantes de doenças que acabam por se
agravar no futuro, ou ampliar o quadro de intoxicações hospitalares por
fármacos, que na atualidade somam cerca de 30% ao ano segundo o Ministério da
Saúde. Por outro lado é preciso também ressaltar que a automedicamentação vai
de encontro à ética hipocrática e, tais condições são conclusivas para que a
formação acadêmica dos futuros profissionais seja revista e guiada à luz da
ciência do cuidado.
Para Zilda
Arns, nunca em toda história assistimos a possibilidade de construção de uma
saúde possível, como agora, entretanto, muitas vezes ela é enclausurada por
atitudes arbitrárias, a exemplo das tentativas imprudentes de medicação
própria. Nessa perspectiva, é preciso apostar no resgate da conduta médica,
violada nessa conjuntura, e no emprego racional do conhecimento desses
profissionais hospitalares na garantia de uma saúde mais clarividente para eles
e seus paciente, ao invés de suplantá-la.
Lucas Viana Rocha, Vitória da
Conquista – BA.
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