sábado, 22 de junho de 2013

Bahiana 2013 - Automedicação

Tema: Os profissionais da saúde se auto-medicam
 Ensaio
Ao longo da história, a exposição do homem a diversas enfermidades foi crucial para a aproximação dos remédios no sentido de aplacar suas dores.  No entanto, no transcorrer da pós-industrialidade - marcada pela velocidade no panorama da vida - cresce a cultura de automedicação nos leigos e, sobretudo, nos profissionais da saúde, que amparados pelo envolvimento no meio hospitalar e pelo conhecimento médico, acabam por transformar os medicamentos em outro algoz para a saúde humana, ao invés de promotores da expectativa de vida.
No compasso da contemporaneidade, evidenciada pela rapidez e proletarização do tempo, a atividade automedicamentosa é bastante difundida no Brasil, abrangendo cerca de 80 milhões de adeptos, dos quais 20% são médicos, enfermeiros ou farmacêuticos. Essa parcela percentual cresce de modo particular, graças a sensação de confiança em seu saber, às vezes falho, à facilidade de acesso aos medicamentos em sua jornada de trabalho ou ao descuido com a própria saúde, de acordo com Margareth Chan – presidente da OMS.
De fato, nesse sentido, tal prática se torna perigosa, uma vez que pode conduzir a reações adversas, mascarar diagnósticos importantes de doenças que acabam por se agravar no futuro, ou ampliar o quadro de intoxicações hospitalares por fármacos, que na atualidade somam cerca de 30% ao ano segundo o Ministério da Saúde. Por outro lado é preciso também ressaltar que a automedicamentação vai de encontro à ética hipocrática e, tais condições são conclusivas para que a formação acadêmica dos futuros profissionais seja revista e guiada à luz da ciência do cuidado.
Para Zilda Arns, nunca em toda história assistimos a possibilidade de construção de uma saúde possível, como agora, entretanto, muitas vezes ela é enclausurada por atitudes arbitrárias, a exemplo das tentativas imprudentes de medicação própria. Nessa perspectiva, é preciso apostar no resgate da conduta médica, violada nessa conjuntura, e no emprego racional do conhecimento desses profissionais hospitalares na garantia de uma saúde mais clarividente para eles e seus paciente, ao invés de suplantá-la.

Lucas Viana Rocha, Vitória da Conquista – BA.

Nenhum comentário: