quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Redação UNIFACS 2015 e também para a UNIME - O mundo capitalista e o paradoxo financeiro, qual a real função do médico?

A regra de ouro

       Milton Santos apregoava que nunca na história da humanidade houve condições técnicas e científicas tão favoráveis à construção de um mundo da dignidade humana. Entretanto, a ótica capitalista impôs à sociedade uma globalização perversa e redirecionou a formação e atuação do médico, modificando também sua visão do paciente como pessoa.
       As condições tecnológicas existentes, apesar de mudarem o panorama ideológico estrutural, não foram capazes de alterar o cenário perverso do capitalismo.  Assim, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, define o mal-estar da pós-modernidade como “tempos líquidos”, em consequência da dissolução de todos os valores “sólidos” que nos acompanharam ao longo de nossa história. Pode-se observar então, que as transformações políticas, econômicas e sociais trazidas com a implantação do sistema capitalista, ao mesmo tempo em que ampliaram a produtividade do trabalho, também instalaram uma nova ordem mundial caracterizada pelo tom de individualismo, abandono da solidariedade e a desumanização em nome do capital. A saúde, mesmo sendo produzida sobre a premissa do altruísmo socializante sucumbiu ao capitalismo como valor absoluto.
       Nesse contexto, as universidades estão preparando cientistas da saúde habilitados a diagnosticar e curar, mas sem capacidade de demonstrar consideração, compaixão e benevolência frente a seus pacientes. Partindo desse pressuposto, o médico atual se vê em uma realidade paradoxal, pois nunca a Medicina avançou tanto na diagnose e no tratamento como nas últimas cinco décadas, e nunca o ser humano enfermo foi tão malcuidado. Nessa perspectiva, a maioria dos médicos perdeu a arte de curar, que vai além da capacidade do diagnóstico e da mobilização dos recursos tecnológicos e se depara com a exagerada ênfase que as escolas médicas empregam na formação técnica de profissionais em detrimento   da formação pautada na humanização.
Para Machado de Assis, a sociedade capitalista humanizou as coisas e coisificou o homem. Partindo dessa égide, o jovem médico é mais exposto à alta tecnologia e menos ao lado humanístico e filosófico da Medicina. Portanto, é cada vez mais necessário ter a coragem de rever e mudar este cenário para resgatar o valor maior do ato de ser médico, que é ver o paciente como um ser humano único e respeitá-lo como tal, para poder entender e tratar sua doença e garantir seu bem-estar.

Redação Produzida pelos Anjos da Oficina de Ciências Médicas do Curso Eu Quero Passar

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