A
regra de ouro
Milton
Santos apregoava que nunca na história da humanidade houve condições técnicas e
científicas tão favoráveis à construção de um mundo da dignidade humana.
Entretanto, a ótica capitalista impôs à sociedade uma globalização perversa e
redirecionou a formação e atuação do médico, modificando também sua visão do
paciente como pessoa.
As
condições tecnológicas existentes, apesar de mudarem o panorama ideológico
estrutural, não foram capazes de alterar o cenário perverso do
capitalismo. Assim, o sociólogo polonês Zygmunt
Bauman, define o mal-estar da pós-modernidade como “tempos líquidos”, em
consequência da dissolução de todos os valores “sólidos” que nos acompanharam
ao longo de nossa história. Pode-se observar então, que as transformações
políticas, econômicas e sociais trazidas com a implantação do sistema
capitalista, ao mesmo tempo em que ampliaram a produtividade do trabalho,
também instalaram uma nova ordem mundial caracterizada pelo tom de
individualismo, abandono da solidariedade e a desumanização em nome do capital.
A saúde, mesmo sendo produzida sobre a premissa do altruísmo socializante
sucumbiu ao capitalismo como valor absoluto.
Nesse contexto, as
universidades estão preparando cientistas da saúde habilitados a diagnosticar e
curar, mas sem capacidade de demonstrar
consideração, compaixão e benevolência frente a seus pacientes. Partindo desse
pressuposto, o médico atual se vê em uma realidade paradoxal, pois nunca a
Medicina avançou tanto na diagnose e no tratamento como nas últimas cinco
décadas, e nunca o ser humano enfermo foi tão malcuidado. Nessa perspectiva, a maioria dos médicos perdeu a arte de
curar, que vai além da capacidade do diagnóstico e da mobilização dos recursos
tecnológicos e se depara com a exagerada ênfase que as escolas médicas
empregam na formação técnica de profissionais em detrimento da formação
pautada na humanização.
Para Machado de Assis, a sociedade capitalista
humanizou as coisas e coisificou o homem. Partindo dessa égide, o
jovem médico é mais exposto à alta tecnologia e menos ao lado humanístico e
filosófico da Medicina. Portanto, é cada vez mais necessário ter a coragem de
rever e mudar este cenário para resgatar o valor maior do ato de ser médico,
que é ver o paciente como um ser humano único e respeitá-lo como tal, para
poder entender e tratar sua doença e garantir seu bem-estar.
Redação Produzida pelos Anjos da Oficina de Ciências Médicas do Curso Eu Quero Passar
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