Sei que um dos grandes desafios de vocês é escrever numa modalidade textual que não seja dissertação. Vamos aprender?
Salvador, 04 de outubro de 2015
Ao V.Exa. Marcelo Castro
M. D., Ministro da Saúde brasileiro,
Como vai Vossa Excelência? Imagino
que ocupado em assumir o grande desafio que é o da pasta da saúde com cortes de
gastos e tantos desgastes governamentais envolvendo a saúde pública brasileira.
Mas imagino-o bem apto para o cargo já que o senhor tem mais de 5 mandatos com
deputado e, com certeza, já domina a arte da gestão pública. Com uma história
tão longa envolvida com as políticas nacionais não preciso lembrar a V. Ex.ª,
Senhor Ministro, que em 1988, votamos a criação do Sistema Único de Saúde
(SUS), e com ele afirmamos a atenção em saúde para o cidadão brasileiro. Porém,
é inegável que persistem problemas a serem enfrentados para consolidá-lo como
um sistema público universal que teve sua base construída nos moldes dos
tradicionais sistemas de proteção social existente nos países europeus.
Na prática, prezado ministro,
os propósitos de universalização, integralidade e equidade prevista
constitucionalmente não foram atingidos e os recursos governamentais, destinados
à manutenção da saúde dos mais de 200 milhões de brasileiros, têm sido cada vez
mais insuficientes. Reconheço o protagonismo do Ministério da Saúde em prol da
luta para fazer valer o direito do povo brasileiro e das grandes ações
reconhecidas internacionalmente em medicina preventiva. Porém, o senhor deve
concordar que os atuais gastos com a saúde pública no país ficam muito abaixo
do que é investido por nações que também oferecem o mesmo direito, como Reino
Unido, Alemanha e Canadá.
Apesar das mudanças
significativas como a queda da mortalidade infantil e da eliminação de várias
doenças infecciosas, a verdade é que o impasse entre o público e o privado mina
o conceito do SUS. Como deve ser do seu conhecimento, os investimentos no nosso
Sistema de Saúde, quando comparado aos dos países desenvolvidos, apresenta uma
defasagem de 30 anos, relativamente. E, quando comparado por números absolutos,
em PIB per capita, talvez tenha uma defasagem de até 50 anos. Assim, apesar de
ter sido inspirado no modelo de saúde britânico, em nada temos de uma saúde
digna. O seu contrário é que aparece estampado em jornais: falta profissionais,
falta infraestrutura e as filas gigantescas para conseguir atendimento revelam
na saúde pública brasileira a falta da dignidade humana para com os que pelo
Estado brasileiro precisam ser assistidos.
O modelo
atual de prestação de serviços de saúde, apesar de toda a evolução do SUS,
ainda é ineficiente e não cumpre o desiderato apontado na Constituição, de que
é dever do Estado oferecer ao cidadão todos os meios para que ele goze de boa saúde. Assim, diante de tais fatos, é de suma importância que o senhor
repense conceitos, possibilidades, objetivos e necessidades do sistema público
nacional para atender aos doentes desse gigante chamado Brasil.
Atenciosamente,
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