Olhar Shakespeariano
Ao sentir a presença da corrupção em seu reino Hamlet disse: há
algo podre no reino da Dinamarca. A análise de Shakespeare pode ser estendida
ao Brasil do século XXI: nesse “reinado” a impunidade e a falta de consciência
do cidadão tornam a corrupção uma chaga crônica e irremediável para a
democracia do país.
Possuindo um amplo aparato jurídico e uma das constituições mais
completa do mundo, a República brasileira falha quando se trata de punir a
ilegalidade dos seus políticos. Um exemplo disto foi a permanência do Deputado
Federal Eduardo Cunha no poder entre outros exemplos de impunidade que
estabelecem uma crise de credibilidade no país, desertificando assim, a
esperança da população em viver numa sociedade justa e igual para todos.
Concebendo, porém, que a crise política é extensão de um
comportamento da sociedade é preciso entender os políticos como reflexo do
próprio povo que elegeu ‘seus pastores’, ‘seus médicos’ e ‘seus humoristas’
para serem reflexos do que eles são.
Para o filósofo Foucault a corrupção nasce na base da sociedade, ou
seja, no próprio cidadão e, à medida em que o povo exige melhorias políticas,
ele deveria participar de tais mudanças como não sonegar impostos, não
ultrapassar o sinal vermelho e não furar filas. Dessa forma, a consciência que
a ilegalidade emerge na sociedade e que ela se enraíza por toda estrutura
social é fundamental para a melhoria dos princípios éticos nacionais.
Os ‘novos Skakespeares’ - brasileiros conscientes - estavam certos: há algo de podre no Brasil.
Este problema deve ser encarado com a perspectiva da aplicação da lei e da
obediência da ética e da moralidade. A corrupção encontra-se no poder e na
rotina da sociedade, sendo necessário o combate à cada célula delitiva, no
país. Para isso, a mudança de postura parlamentar, punindo a corrupção da
classe política e o exercício de uma cidadania coerente com os princípios
constitucionais são a pedra angular da mudança que o país precisa. Além disso,
importa entender que exemplos éticos são construídos desde a infância então, se
queremos um país honesto, precisamos formar, no seio da família e da escola,
crianças honestas que aprendem com seus preceptores. Afinal, a palavra
convence, mas o exemplo arrasta. (Tércio
Prado)
* Redação adaptada pela Equipe do Eu Quero Passar
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