Pela retomada dos antigos valores
Stephanie dos Anjos
O
Realismo literário abandonou a idealização romântica pela proposta de uma análise
mais profunda da psique humana. Nesse contexto, o bem e o mal deixaram de ser
elementos excludentes, demonstrando a dificuldade em defini-los com base no
relativismo pós-moderno. Seguindo essa premissa, o conceito heroico do passado
foi desmistificado por uma concepção baseada nos princípios da era
contemporânea.
No limiar do século XIX, já estava
evidenciado que o ser humano abrigava uma complexidade muito maior do que o
embate bem X mal. O ideal proposto por Nicolau Maquiavel -os fins justificam os
meios- se faz completamente presente na sociedade que imprime importância
apenas na conquista de seus interesses, independentemente de utilizar-se de
atos bons ou ruins. Nessa perspectiva, a figura do herói medieval foi
abandonada pela valorização dos novos parâmetros – relativismo,
como base principal.
Partindo desses aspectos, percebe-se que
mesmo ocasionando na existência de opressores e oprimidos, o individualismo
capitalista consagra herói aquele que acumula as riquezas e detém o sucesso
pessoal típico desse modelo perverso. A Liga da Justiça está enfraquecida, já
que o indivíduo fechou-se em um mundo que só permite a entrada de si próprio,
incapacitando-o de agir em benefício do outro. Com base nessa égide, o egoísmo
exacerbado desfaleceu os caminhos do heroísmo verdadeiro, arruinando o âmbito
social.
A contemporaneidade traz em seu bojo um
heroísmo forjado. A carência do altruísmo torna fundamental a redescoberta dos
antigos heróis que se esvaziavam de si em função do seu semelhante ou de uma causa. Para tanto, é preciso estabelecer
como meta principal a conquista de um mundo não só melhor, como efetivamente
possível.
Tema inspirador:
Super-homem
Jorge Vercilo
Eu adoro andar no
abismo
Numa noite viril de
perseguição
Saltando entre os
edifícios
Vi você!...
Em poder de um
fugitivo
Que cercado pela
polícia
Te fez refém
Lá nos precipícios
Foi paixão à
primeira vista...
Me joguei de onde o
céu arranha
Te salvando com a
minha teia
Prazer!
Me chamam de
Homem-Aranha
Seu herói!...
Hoje o herói aguenta
o peso
Das compras do mês
No telhado,
ajeitando
A antena da tevê
Acordado a noite
inteira
Pra ninar bebê...
Chega de bandido pra
prender
De bala perdida pra
deter
Eu tenho uma ideia:
Você na minha
teia...
Chega de assalto pra
impedir
Seja em Brasília ou
aqui
Eu tive a grande
ideia:
Você na minha
teia...
Ideologia
Cazuza
Meu partido
É um coração partido
E as ilusões
Estão todas perdidas
Os meus sonhos
Foram todos vendidos
Tão barato
Que eu nem acredito
Ah! eu nem
acredito...
Que aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Frequenta agora
As festas do
"Grand Monde"...
Meus heróis
Morreram de overdose
Meus inimigos
Estão no poder
Ideologia!
Eu quero uma pra
viver
Ideologia!
Eu quero uma pra
viver...
Bem, as coisas mudam
rapidamente, nossos heróis são meras lembranças esfarrapadas e mofadas, com o
malvado tempo que passa ligeiro. Essa informação pode dar um nó na mente de
muitos, pode trazer novos elementos e paradigmas para outros, mas pode também trazer
em seu bojo uma conjuntura multifacetada que mobiliza ...para uma formulação
plural...
A pós-modernidade
gera uma gama de heróis que não tem clareza do que são, se são heróis ou não. A
relativização é uma fome constante de se observar um ser não ser, um não ser o
que não importa. Por isso os “nossos heróis morreram de overdose” (Cazuza).
Na TV era claro
identificar quem era o mocinho e quem era o bandido. Hoje não se vê mais
características afins do Brutus ou Lex Luthor, isso é realmente insano, pois os
heróis caíram do cavalo e se mostram não como um pólo único positivo, eles não
são mais capazes de morrer por sua missão, eles até dão um jeitinho para
vencerem, mesmo que isso não seja correto.
Essa relativização é
alienante, pois gera um grupo de pessoas que não teem uma formulação concreta
de axiomas.
Mataram nossos
heróis, mas pelo menos lembramo-nos deles. O que fazer com essa geração sem
super-heróis? O que pensar de alguém que
não terá como paradigma o super-homem-de-aço que destrói o inimigo e tudo fica
em paz? O que vivenciar em uma geração que não sabe que lado (bem ou mal) está
o personagem central de seus quadrinhos? O que pode nascer? Desesperança? Caos?
Pânico? Talvez ninguém queira saber mais do Capitão América ou do Lanterna
Verde, mas nós sabemos e sabemos de que lado eles estão.
Proposta
de Redação: Considerando as reflexões
acima e seus conhecimentos acerca do
tema produza um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema:
Vivemos num mundo sem heróis?
·
Seu texto deve conter aproximamente 30 linhas
·
Não é permitido cópia da coletânea
·
Dê título ao seu texto
Tema de Redação –
Vivemos em um mundo sem heróis
Barema simplificado
Discussões esperadas:
( ) Tratou da
pós-modernidade e da dificuldade em definir o bem e o mal
( ) Fez alusão
histórica a construção dos heróis do
passado e de eu o mundo hoje traz novos conceitos de heróis .
( ) trabalhou o
conceito da ausência de herói fazendo um recorte da geração de hoje que não tem
envolvimento político e não se interessa por questões sociais.
( ) Trabalhou a
ideia do capitalismo e individualismo que cria homens preocupados com seus próprios interesses e não abre
espaço para o conceito de heroísmo.
( ) escreveu
sobre jovens que ao invés de mudar o mundo hoje desejam só conquistas
materiais.
( ) Produziu
outra que poderia ser cabível para o tema.
Discussões não
aceitas
( ) Tratou da ideia
de pai como herói fazendo uma leitura de
trechos do texto de Jorge Vercilo.
( ) Tratou apenas
da questão do herói no âmbito do Brasil
( ) Tratou dos
heróis da infância sem uma relação com a resposta a pergunta do tema que
baseava-se no hoje.
( ) Não escreveu sobre esses recortes, mas
produziu discussões não cabíveis para o
tema.
Aspectos gramaticais – (200)
( 0,5) -
Escreveu no formato ideal do texto
dissertativo respeitando margem, linhas, letras legível e parágrafos divididos
entre introdução – desenvolvimento – conclusão.
(0,5) – Texto com
pontuação adequada e uso de conectivos
que auxiliam na construção do sentido do texto.
(0,5) – Texto com satisfatória apresentação de palavras com grafia correta.
(0,5) – concordâncias
verbal e nominal adequadas.
Estrutura e fontes –
várias áreas do conhecimento (200)
( 2,0) – A introdução apresenta com clareza o argumento + exemplos
pertinentes correspondentes a campos como arte/ filosofia/ história/
atualidades/ argumento de autoridade.
(1,5) – A introdução
apresenta o argumento e esse é bem explicado e possui exemplos.
(1,0) – Há uma relação entre argumento da introdução +
explicação + exemplos, porém as fontes dos exemplos são senso comum ou a
explicação não ficou muito clara.
(0,5) Não há relação direta entre o argumento da introdução
e a explicação do desenvolvimento.
(0,5) O argumento foi explicado, mas sem os exemplos para fundamentá-lo.
(0,5) Há exemplos
pertinentes, mas não há uma ligação entre o desenvolvimento e a introdução.
Desenvolvimento e
análise de fontes e
conhecimento de mundo (200)
( 2,0) – A introdução apresenta com clareza o argumento + exemplos
pertinentes correspondentes a campos como arte/ filosofia/ história/
atualidades/ argumento de autoridade.
(1,5) – A introdução
apresenta o argumento e esse é bem explicado e possui exemplos.
(1,0) – Há uma relação entre argumento da introdução +
explicação + exemplos, porém as fontes dos exemplos são senso comum ou a
explicação não ficou muito clara.
(0,5) Não há relação direta entre o argumento da introdução
e a explicação do desenvolvimento.
(0,5) O argumento foi explicado, mas sem os exemplos para fundamentá-lo.
(0,5) Há exemplos
pertinentes, mas não há uma ligação entre o desenvolvimento e a introdução.
Conclusão (2,0)
(0,5) Há uma relação entre a introdução e a conclusão.
(0,5) Há uma síntese dos desenvolvimentos.
( 1,0) Há um ponto de vista
pertinente que responde ao questionamento da presença do herói na
contemporaneidade.
Originalidade (2,0)
(0,5) – No texto há construções que demonstram uma escrita
peculiar que foge do padrão de dissertações por esquema.
(0,5) Exemplos do desenvolvimento 1 que fogem das linhas
comuns e se adequam a linha mestra sugerida.
(0,5) Exemplos do desenvolvimento 2 que fogem das linhas
comuns e se adequam a linha mestra sugerida.
(0,5) Título pertinente e bem relacionado ao texto.